Contra o bullying, Belfort lança projeto 'Escola da Paz' na Cidade de Deus
Peso-médio palestrou para crianças em escola municipal no
Rio de Janeiro e criticou Chael Sonnen por fazer 'bullying na luta', ao
provocar outros atletas
Por Alexandre Fernandes
Rio de Janeiro
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Na manhã desta terça-feira,
Vitor Belfort
foi à Escola Municipal Pedro Aleixo, na comunidade Cidade de Deus, no
Rio de Janeiro, para lançar o projeto "Escola da Paz - Contra o Bullying
e a Violência Escolar". Diante de aproximadamente 400 crianças, o
peso-médio falou sobre a importância de aplicar em sua vida particular
alguns princípios das artes marciais que estão diretamente ligados ao
mundo escolar, como a disciplina e o respeito, como mecanismo de
crescimento pessoal.
Ao revelar que sofria bullying quando criança por ser gago e muito
magro, Vitor Belfort comparou a prática com as promoções de combates,
quando um lutador provoca outro com a intenção de que seja casado o
confronto e, assim, crescer a expectativa do público com relação ao
duelo. Ao
Combate.com, o peso-médio lembrou que este seria um dos motivos de não integrar o time de
Chael Sonnen, caso fosse convidado para integrar a equipe do americano no TUF Brasil 3, em 2014, contra o brasileiro, porém rival,
Wanderlei Silva.
O falastrão americano é um dos maiores nomes na "arte" de promover
eventos, sendo muito lembrado em território nacional devido aos insultos
aos brasileiros na ocasião de suas lutas contra
Anderson Silva.
Vitor Belfort posa com crianças da Escola Municipal Pedro Aleixo (Foto: Reprodução / Instagran)
- Eu agradeceria o convite (caso fosse convidado por Sonnen), mas eu
não consigo ser "double agent" (agente duplo, em português).
Infelizmente, o que ele (Chael Sonnen) faz para promover a luta e chamam
de marketing, é na verdade uma forma de bullying na luta. Ele provoca,
insulta e xinga. E você revela sua personalidade quando você revela o
que faz por dinheiro. A gente conhece uma pessoa não quando ela está por
baixo, mas quando ela está por cima e o errado sempre é errado. O
errado não pode ser certo, nunca. Então, eu tenho meus princípios
irrevogáveis e você não vai ver um leão andando com um cordeiro ou uma
cobra com uma águia. Então, nesse grande negócio de hoje, você acaba
dando exemplos errados. E não só o Sonnen, porque também têm os falsos
humildes. Agora, o importante é a gente saber que a causa da "Escola da
Paz" é uma causa séria, que fala de respeito e se a gente não tiver
respeito até pelo seu maior adversário, na verdade a gente não tem nada -
disse Vitor Belfort.
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Impressionado pelo grande alcance que suas lutas no UFC têm entre os
brasileiros, Belfort reforçou por diversas vezes na escola a importância
de promover a paz entre os homens. Como exercício ilustrativo, o
lutador chamou dois alunos que brigaram momentos antes da palestra por
causa de uma lapiseira. Para colocar em prática o respeito pregado pelo
projeto "Escola da Paz", o peso-médio conversou com os "brigões" e
reiterou que ele nunca entra no octógono com a intenção de bater e
brigar, mas sim, com o respeito ao adversário e companheiro de
profissão. Novamente, o atleta explicou a importância de ser um "campeão
na vida".
Na Cidade de Deus, Vitor Belfort encontrou o rapper MV Bill (Foto: Reprodução Instagram)
- O projeto "Escola da Paz" é querer ensinar as pessoas a ser cidadãos.
É muito fácil fazer um campeão dentro do octógono. Mas o mais difícil é
fazer um campeão na vida. Então, o projeto quer ensinar as pessoas que a
verdadeira luta é travada fora do nosso ambiente de trabalho e eu acho
que esse é o meu compromisso com a sociedade. E não é só uma coisa local
para resolver. Eu preciso ir mais, ir além da escola, ser mundial -
comentou o atleta.
Ao falar para as crianças da escola a diferença entre sonho e desejo,
Vitor Belfort revelou que disputar o cinturão do UFC e poder sair como
campeão novamente da organização é seu maior desejo, já que o grande
sonho é conseguir fazer com que cada pessoa possa entender o poder da
transformação dentro de si mesmo para alcançar seus maiores objetivos.
Vitor Belfort interage com os alunos após a palestra contra o bullying (Foto: Alexandre Fernandes)
- As pessoas definem as outras pela cor, condição social e religião. E
essa definição acaba gerando o bullying. O agressor tem tantos problemas
quanto o agredido, por isso, se eu conseguir transformar o interior de
uma pessoa, para mim já vai ser a maior vitória conquistada, um sonho
realizado. E eu descobri que quando eu realizo meu sonho, todos os meus
desejos são realizados consequentemente. Meu grande sonho hoje em dia é
poder alcançar cada uma dessas crianças, das pessoas que me admiram como
lutador e como pessoa, e falar dos meus princípios irrevogáveis. E
conseguindo isso, com certeza, meus desejos se realizarão como a chance
de disputar um cinturão e conquistar o título do UFC novamente -
completou Vitor Belfort.
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