'Vale-tudo', TUF, MMA feminino... Os 20 anos do Ultimate em capítulos
Do início com poucas regras ao show de organização e entretenimento de hoje, sucesso do UFC se deve muito a um reality show e a alguns brasileiros
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O dia 12 de novembro de 1993 ficou marcado como a data da realização o UFC 1, mas bem antes disso um brasileiro teve papel fundamental no primeiro capítulo desta história. Rorion Gracie e os seus alunos Art Davie e John Milius buscaram parceiros para tornar real um projeto para fazer um campeonato com lutas entre atletas de diferentes estilos de artes marciais.
Regras mais rígidas e 'fim do vale-tudo'
O trio de idealizadores não tinha intenção de fazer mais de um evento, mas as circunstâncias - principalmente o sucesso das fitas de VHS - os fizeram continuar. A máxima de que "não existem regras" (na verdade elas eram poucas, mas existiam) acabou atrapalhando. O MMA chegou a ser proibido em 36 estados americanos, e aos poucos os organizadores viram que do jeito que estava o negócio não iria para a frente.
Aos poucos, com bastante negociação junto às comissões atléticas estaduais, muitas regras foram criadas, até que em novembro de 2000 foi realizado o UFC 28, o primeiro do Ultimate que foi sancionado. Àquela altura, Rorion Gracie já não figurava mais entre os dirigentes. Vendeu a sua parte no negócio, descontente com o rumo que a sua ideia tomou, cheio de regras contrárias ao que ele imaginava ser o correto.
Dana White e sócios salvam o Ultimate
No ano em que o vale-tudo ganhou regras e passou a ser chamado de MMA (sigla para artes marciais mistas, em inglês), a SEG (Semaphore Entertainment Group), empresa responsável por colocar o UFC no sistema de pay-per-view, estava perto da falência. Frank e Lorenzo Fertitta se juntaram ao parceiro de negócios Dana White para salvá-la. Eles compraram o Ultimate por US$ 2 milhões e criaram uma empresa para gerenciá-lo, a Zuffa.
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Lorenzo já foi membro da Comissão Atlética de Nevada e conseguiu
facilmente sancionar os eventos do Ultimate no estado, onde fica Las
Vegas, cidade famosa por suas apostas e realização de grandes lutas de
boxe. Era o lugar ideal para crescer.Só que esse crescimento não foi fácil. Quando a Zuffa assumiu, a organização tinha três categorias de peso - a criação dessas divisões foi uma das exigências dos governos, que não queriam saber dos duelos Davi x Golias para sancionar as lutas. A partir de 2001, os pesos-leves e médios se juntaram aos pesados, meio-médios e meio-pesados.
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Com mais campeões defendendo seus cinturões, mais regularidade de eventos, o Ultimate cresceu. Chegou a vender todos os ingressos do MGM Grand Arena e 150 mil pacotes de pay-per-view para o UFC 40, em novembro de 2002, duas grandes marcas para a época. Mas as dificuldades financeiras persistiam.
TUF, o salto para o sucesso
Uma ideia dos dirigentes fez com que a organização se fortalecesse de vez. Em agosto de 2005, começou a ser exibido na TV americana o The Ultimate Fighter, um reality show que colocava lutadores em início de carreira para viver na mesma casa e lutar entre si (no octógono) para dar ao vencedor um contrato de seis dígitos com o UFC.
Expansão de mercado
Apesar do sucesso do TUF, o UFC ainda vivia à sombra de uma outra organização. No Japão, o Pride surfou por muito tempo a onda da boa economia local, conseguia contratar os melhores lutadores e era considerado o evento mais estável e organizado do mundo. A rivalidade entre as equipes Brazilian Top Team, do Rio de Janeiro, e Chute Boxe, de Curitiba, era um dos pilares de sustentação desse sucesso da companhia japonesa.
Entretanto, aos poucos foram surgindo notícias sobre a ligação dos dirigentes do Pride com a máfia japonesa. A organização perdeu sua principal fonte de renda, o contrato com uma emissora de TV do país, e então os dirigentes se viram obrigados a se desfazer do negócio.
Assim como fizeram com o UFC, os irmãos Fertitta e Dana White compraram o Pride. Não viram um cenário favorável no Japão e optaram por acabar com a organização em 2007.
Pouco antes do Pride, a Zuffa já havia comprado o World Extreme Cagefighting (WEC), outro concorrente do Ultimate, mas o manteve ativo até dezembro de 2010. Em 2011, Dana White companhia compraram também o Strikeforce, principal concorrente na época, aumentando ainda mais seu plantel de grandes lutadores.
Chance aos levinhos e às mulheres
As aquisições do World Extreme Cagefighting e do Strikeforce deu ao Ultimate a oportunidade de criar novas categorias. Estrelas do WEC, como José Aldo, Urijah Faber, Dominick Cruz, Renan Barão e outros deram o pontapé inicial dos pesos-penas e dos pesos-galos, em 2011. Em 2012 surgiu também o peso-mosca, que não teve relação com WEC, e assim chegou-se à oitava categoria masculina.
Já o MMA feminino sempre foi visto com ressalvas por Dana White. Mas ele se rendeu ao sucesso de Ronda Rousey e também absorveu para o Ultimate algumas das lutadoras que já estavam no Strikeforce. Apesar das desconfianças, as meninas não fizeram feio e hoje até estrelam uma edição do TUF, com a própria Ronda e Miesha Tate como técnicas da 18ª temporada.
Spider e GSP, as estrelas da companhia
contra Rich Franklin, em 2006 (Foto: Getty Images)
Logo na segunda luta, Anderson Silva já estava disputando o título do peso-médio. Ele derrotou o então campeão Rich Franklin em outubro do mesmo ano e a partir dali quebrou diversos recordes. Foi um domínio de quase sete anos, que se encerrou em julho deste ano com o nocaute que ele sofreu de Chris Weidman. Anderson é apontado como o melhor lutador de todos os tempos do UFC por Dana White, além de diversos outros lutadores e especialistas.
Praticamente ao mesmo tempo, só que em outra categoria, o peso-meio-médio Georges St-Pierre também construiu o seu reinado. Assim como Anderson, foram 11 vitórias em disputas de cinturão.
Carismático para os fãs masculinos e dono de um certo sucesso com as mulheres, St-Pierre se tornou um garoto-propaganda e tanto para o Ultimate no fim da década passada e início da atual. Foi com ele no card principal, por exemplo, que a organização teve seu maior público na história: 55 mil pessoas no Rogers Centre, em Toronto (CAN), quando ele enfrentou Jake Shields no UFC 129, em 2011.
Com Anderson Silva destronado por Chris Weidman, e Georges St-Pierre acusado por fãs, especialistas e outros lutadores de se tornar um lutador burocrático, que só entra no octógono para vencer por pontos, um outro campeão vem ganhando cada vez mais espaço. Jon Jones chegou ao UFC em 2009, aos 21 anos, mostrando que ainda tinha que evoluir. Só finalizou um lutador nas quatro primeiras lutas, e em uma delas ainda foi desclassificado em luta polêmica com Matt Hamill - o árbitro considerou que ele usou cotoveladas ilegais. Mas depois foi só alegria.
Jones bateu três adversários e ganhou a chance de desafiar o campeão Maurício Shogun. Em março de 2011, aos 23 anos e 242 dias de vida, passou a ser o campeão de divisão mais jovem da história do Ultimate. Na sequência, derrotou outros quatro lutadores que já foram donos do cinturão da categoria - Quinton Jackson, Lyoto Machida, Rashad Evans e Vitor Belfort - e até hoje domina o peso-meio-pesado, além de ser o número do ranking peso por peso.
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