Quase fora do Rio 2016, brasileiras tentam sensibilizar federação por vaga

Único esporte que não está garantido nas Olimpíadas, hóquei sobre a grama não atinge nível mínimo exigido; atletas fazem abaixo-assinado e fazem apelo popular

Por Guilherme CostaSão Paulo

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Esporte menos desenvolvido entre as modalidades olímpicas do país, o hóquei sobre a grama não tem vaga automática para os Jogos de 2016, no Rio de Janeiro. Mesmo como país-sede, o Brasil precisa atingir um objetivo mínimo para que a Federação Internacional de Hóquei (FIH) autorize a participação dos donos da casa nas Olimpíadas: as mulheres precisam entrar no grupo das 40 melhores do ranking mundial, enquanto os homens, no top 30.

QEquipe brasileira de hóquei na grama (Foto: Reprodução facebook)

Atualmente, o Brasil aparece na 41ª posição entre as mulheres, apenas um posto atrás do objetivo inicial. Por isso, uma das líderes da seleção, a catarinense Patricia Boos, iniciou nesta quinta-feira um abaixo-assinado em um site para que a Federação Internacional aceite o Brasil nas Olimpíadas:
- A gente quer sensibilizar a Federação Internacional. Ficamos muito perto do objetivo, apenas uma posição abaixo e não temos mais chances de subir na classificação. Qualquer pessoa pode assinar e nos ajudar. Quanto mais gente assinar, melhor, para provarmos para a FIH que nosso esporte está crescendo no Brasil - disse a atleta.

Patricia Boos da seleção brasileira (Foto: Reprodução/Facebook)

Patricia pretende atingir, até o fim de novembro, a marca de 50 mil assinaturas. Até o momento, após algumas horas do projeto na internet, são mais de 300 nomes. Qualquer pessoa pode acessar a página, preencher alguns dados e ajudar a seleção brasileira feminina de hóquei a pleitear a vaga nas Olimpíadas. Entre no site!
O caminho para os Jogos de 2016 poderia ser feito dentro de campo, com uma boa campanha da seleção na etapa do México na Liga Mundial, no fim deste mês. Mas a Confederação Brasileira de Hóquei divulgou, em nota oficial na última quarta-feira, que a participação brasileira na competição estava cancelada. Sem patrocínio, a equipe não teve condições de viajar. Patricia garante que o nível técnico do time irá subir nos próximos anos:
- Nosso nível vai melhorar. A gente tem até 2016 para estar jogando ainda melhor, e isso a gente garante que consegue. Cada competição a gente mostra uma evolução, estamos cada vez melhor- disse a atleta.
O abaixo-assinado foi criado após a atleta ter lido uma matéria no GloboEsporte.com, que diz que a modalidade é a única que está ameaçada de não contar com representantes brasileiros nas Olimpíadas do Brasil. Segundo Patricia, o objetivo não é só jogar o Rio 2016, e sim criar uma tradição da modalidade no país:

Brasileiras fizeram parte do "Time Brasil" nos Jogos Sul-Americanos (Foto: Facebook)

- A gente não quer participar apenas por participar, por jogar as Olimpíadas. A gente quer mostrar o quão importante para nosso esporte é estar nas Olimpíadas. A gente precisa deixar um legado para o hóquei após os Jogos Olímpicos - disse Patrícia.
No Campeonato Sul-Americano deste ano, no Chile, o Brasil ficou na quarta posição. Sem nunca ter disputado uma partida oficial em outro continente, a seleção participou de uma edição dos Jogos Pan-Americanos, em 2007, no Rio de Janeiro, quando ficou na última colocação.
A Confederação Brasileira de Hóquei e a Federação Internacional de Hóquei ainda não confirmaram a ausência do país nas Olimpíadas. O anúncio oficial deve ser feito no fim de novembro e, caso siga o que foi combinado entre as entidades, a seleção feminina do país estará fora dos Jogos.
O caso masculino ainda pode ser mudado dentro de campo. O time é o 34º no ranking mundial e irá disputar a Liga Mundial no fim deste mês, com chances de conquistar pontos na classificação.

Seleção brasileira perdeu para a Argentina durante os Jogos Sul-Americanos (Foto: COB)