O campeão gentil: para Del Bosque, Brasil é mais favorito que a Espanha
Técnico da Fúria, em entrevista exclusiva, elogia seleção brasileira, fala sobre estrutura que encontrou no país e defende estilo de jogo da Fúria
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Em entrevista exclusiva nesta sexta-feira, no hotel onde a Espanha está concentrada no Recife, Del Bosque encheu a bola da seleção brasileira. Destacou a presença de Felipão, observou que existe uma nova geração de talentos no país, sublinhou que percebe uma mescla de experiência e juventude. E, acima de tudo, lembrou que o Brasil joga em casa – e que o apoio à equipe pode ser decisivo.
Confira abaixo a entrevista com Vicente del Bosque. No domingo, ele comanda a Espanha contra o Uruguai, às 19h, na Arena Pernambuco, na estreia das duas equipes na Copa das Confederações.
O que o senhor pensa de estar no Brasil, um país tão forte no futebol e que parece tão especial para quem ama o esporte?
Estou encantado de vir disputar a Copa das Confederações. Queremos nos preparar da melhor forma possível para 2014, se merecermos estar aqui.
É uma vantagem estar aqui um ano antes do Mundial?
Acho que sim, que é conveniente. O mesmo aconteceu em 2009, antes de irmos ao Mundial. Tivemos a oportunidade de ir à África do Sul para a Copa das Confederações. Creio que serviu para nos aclimatarmos, conhecer todos os detalhes que depois encontraríamos no Mundial.
E o que o senhor acha desta competição? Qual a importância da Copa das Confederações?
Bem, penso que temos sete grandes seleções, se descartarmos o Taiti, que já tem todo o mérito de estar aqui. Quatro foram campeãs do mundo. O Brasil foi cinco vezes. O Uruguai, duas. A Itália, quatro. E nós também fomos recentemente. Também podemos acrescentar o México, recente ganhador de Olimpíada, a Nigéria, campeã na África, e o Japão, sempre muito complicado. Isso mostra a envergadura do campeonato.
Como vê o momento da seleção brasileira?
Há uma boa geração de jovens jogadores, que fizeram também uma boa Olimpíada. Há uma boa mescla. E está nas melhores mãos, as do atual treinador.
jogo da equipe espanhola (Foto: EFE)
Não. A verdade é que temos um plantel de futuro e, claro, alguns que já estão na fronteira dos 30 anos, mas que têm muito pela frente, e eu confio que praticamente todos eles podem chegar ao Mundial de 2014, caso nos classifiquemos. Foi uma temporada muito intensa para os espanhóis, especialmente para Real Madrid e Barcelona.
O senhor recebeu muitas críticas, especialmente na Eurocopa, antes de ganhá-la, sobre o estilo de jogo da Espanha, que seria um pouco chato. Isso lhe fez pensar em mudar algo?
Viemos assim desde a Eurocopa de 2008. Praticamente não mudou nada. Claro, mudaram alguns ou outros jogadores, porque é a lei do futebol, mas como estilo, de 2008 a hoje, pouco mudou. Creio que as coisas não saíram mal com esse estilo de jogo.
Victor Valdés, em entrevista coletiva, tratou Casillas como capitão. Eles disputam posição. É um problema Casillas não ter jogado tanto no Real Madrid?
É um problema para ele, claro. Ele estava acostumado a jogar praticamente desde que chegou ao Real Madrid, exceto um ou outro episódio. O normal sempre foi ter muita continuidade. Essa linha se alterou nos últimos meses. Bem, mas aqui está, e está sendo um modelo de comportamento.
E já decidiu qual deles vai jogar?
Não, ainda não. Temos tempo para isso.
com a estrutura (Foto: AP)
Viemos aqui em 2000, para o Mundial de Clubes, com o Real Madrid. É um país futeboleiro, com admiração pelo que cerca o futebol, e que nos recebeu com enorme carinho por onde vamos. Estamos muito contentes. Não temos nenhum problema. E tenho certeza de que essa Copa das Confederações vai ser um êxito e que, no futuro, a Copa do Mundo de 2014 também vai ser.
Até agora, a estrutura que recebeu a Espanha foi boa?
Bem, não tenho muito do que me queixar. Devemos contemplar as diferentes oportunidades que nos são oferecidas e ser generosos com todo mundo. Queremos ficar cômodos e ter bons campos. O resto não tem muita importância.
Qual a força da seleção brasileira?
O Brasil tem individualidades muito boas. Alguns são veteranos, outros são mais jovens. É uma boa seleção. Jogamos aqui, e pela tradição que tem o Brasil, pelo passado e pelo presente, é normal que vocês sejam os máximos favoritos para ganhar a Copa das Confederações.
O Brasil? Mais do que a Espanha?
Bom, veremos no campo. Mas em princípio, com seu público, com o apoio de todo mundo, com a emoção de jogar em seu país, com tudo que representa o futebol aqui, é natural que sejam favoritos.
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