segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Súmula, possível punição e fim das promoções: Goiás age após briga

Presidente esmeraldino lamenta confusão nas arquibancadas em vitória
contra o Atlético-PR e deve tomar medidas drásticas: 'Nem comemoramos'

Por Goiânia
206 comentários
“Não comemoramos a vitória”. Foi com pesar que o presidente do Goiás, João Bosco Luz, comentou a briga generalizada nas arquibancadas do Serra Dourada, no último domingo, contra o Atlético-PR. A gravidade do episódio é tão grande que até mesmo o ótimo resultado de 3 a 0 contra o terceiro colocado do Brasileirão ficou em segundo plano. Reincidente em casos de indisciplina, o time goiano só atuou em casa na última rodada após conseguir um efeito suspensivo, já que tinha perdido um mando de campo.
A punição foi dada depois de um torcedor ter usado raio laser na partida contra o São Paulo, na 23ª rodada da Série A. A mesma “sorte” o clube não deve ter nos próximos julgamentos, quando deverá ser punido. Existe até mesmo o temor por parte da diretoria esmeraldina que o Goiás não atue mais em Goiânia nesta temporada. Além de quatro jogos previstos no Campeonato Brasileiro, a equipe ainda pode avançar na Copa do Brasil e ser prejudicada pelos atos de violência fora das quatro linhas – na próxima quinta-feira o Goiás visitará o Vasco, no Rio de Janeiro, em duelo que apontará um dos quatro semifinalistas.
Diante dos problemas, João Bosco Luz promete ser radical nos próximos jogos em que o Esmeraldino for mandante, independente do local em que as partidas forem realizadas. As primeiras medidas devem atingir o bolso dos torcedores. No último domingo foi feita promoção na venda de ingressos, mas o público de 13.713 pagantes ficou bem abaixo do esperado. Além disso, o presidente do Goiás pretende acabar com a promoção “Nota Show de Bola”, na qual o torcedor troca notas fiscais e doa alimentos para ter direito a entrar no estádio (veja o vídeo acima).
Goiás x Atlético-PR - briga na torcida (Foto: Cristiano Borges / O Popular)Goiás x Atlético-PR: show esmeraldino em campo e horror nas arquibancadas (Foto: Cristiano Borges / O Popular)
- Ainda não está decidido, pois nós tomamos as medidas em conjunto, por pelo menos quatro pessoas. Ainda vamos conversar com a Federação Goiana de Futebol, com o Tribunal de Justiça Desportiva e de Goiás e com o STJD. Precisamos de ajuda, esta é uma questão que extrapola nossas forças e nossa capacidade. Mas a primeira medida deve ser a suspensão da “Nota Show de Bola” e também de qualquer tipo de promoção. Ainda não sabemos também se vamos manter os preços dos ingressos a R$ 40 (arquibancada) e R$ 80 (cadeira). Não sabemos nem se o Goiás poderá jogar no Serra Dourada, porque já fomos denunciados inúmeras vezes. Mas estas medidas deverão ser tomadas em qualquer lugar onde formos o mandante – desabafou João Bosco Luz.
A primeira medida deve ser a suspensão da “Nota Show de Bola” e também de qualquer tipo de promoção. Ainda não sabemos também se vamos manter os preços dos ingressos"
João Bosco Luz
- Nós fazemos de tudo pelo torcedor. Acabamos com a divisão do estádio pela metade em partidas contra grandes equipes. Aumentamos o espaço da nossa torcida. Fizemos várias promoções. Contra o Atlético-PR, os ingressos custavam R$ 20 nas arquibancadas e R$ 40 nas cadeiras. Mesmo assim, quem fosse ao estádio com a camisa do Goiás ainda pagaria meia-entrada. Apesar disso, não tivemos uma resposta satisfatória, com o público de 13 mil pagantes. Portanto, devemos tomar algumas atitudes – completou o presidente do Goiás.
Súmula da partida e possível perda de mandos
Péricles Bassols, árbitro do jogo entre Goiás e Atlético-PR, precisou interromper a partida em duas oportunidades devido à confusão nas arquibancadas. O juiz relatou os fatos na súmula e descreveu ainda que uma pedra, supostamente atirada por torcedores do Furacão, foi lançada ao gramado. João Bosco Luz acredita que mais um episódio de indisciplina não será aceito pelo STJD.
Súmula - Goiás x Atlético-PR (Foto: Reprodução)Súmula de Péricles Bassols relata confusão no Serra Dourada (Foto: Reprodução)
- Nossa ficha no tribunal é horrorosa. Temos várias denúncias da procuradoria, que pede a perda de mandos de campo por atos de vandalismo. São pessoas que se fingem de torcedores. Já fomos multados várias vezes por conta destes atos, sofremos uma perda de mando e conseguimos entrar com o recurso. Com certeza não passaremos em branco mais uma vez. Nem comemorei a vitória ontem (domingo). Aliás, nem vi o segundo tempo. Durante as brigas nós já iniciamos algumas ligações para saber quais providências poderiam ser tomadas - afirma João Bosco Luz.
O presidente esmeraldino ainda isentou a maioria da torcida da culpa.
- É uma parte pequena que provoca um estrago muito grande. Acredito que menos de 10% dos torcedores que foram ao Serra Dourada protagonizaram aquela briga que me deixou horrorizado. Hoje o Goiás é a sensação dentro de campo, mas é também marcado pelo lado negativo fora das quatro linhas. Isso é uma vergonha, a ponto de o próprio torcedor comum ter vaiado aqueles bandidos e arruaceiros que foram ao estádio.
  •  
Goiás x Atlético-PR - briga na torcida (Foto: Cristiano Borges / O Popular)Torcida do Furacão também se envolveu em briga em Goiânia (Foto: Cristiano Borges / O Popular)
A confusão
Aos 17 minutos do segundo tempo, Péricles Bassols interrompeu o jogo antes de uma falta para o Atlético-PR devido às explosões de bombas nas arquibancadas. Em seguida, quando o lance foi autorizado, o zagueiro Luiz Alberto mandou a bola para o fundo das redes, mas o gol foi anulado, já que o atleta estava impedido. Neste momento, um torcedor, supostamente do Furacão, atirou uma pedra ao gramado. Enquanto isso o clima continuava tenso do outro lado, já que torcedores do Goiás brigavam entre si.
O juiz se viu obrigado a paralisar novamente a partida aos 27 minutos e contou com ajuda dos jogadores do próprio Goiás, que pediam para que a confusão fosse encerrada. O sistema de alto-falante do estádio reforçava o coro. O atacante Walter, autor do terceiro gol esmeraldino e craque da rodada #30, sequer comemorou, em protesto aos episódios de violência.
- Isso é uma palhaçada. Não é torcedor. Nosso time está brigando pela Libertadores, podemos pensar nisso, já que a parte de baixo da tabela ficou para trás. Mas com essa torcida não vamos chegar. Hoje (domingo) era jogo para 30 mil pessoas. As poucas que vieram (13.713 pagantes) ainda fizeram isso – desabafou Walter após a partida.
A rixa entre torcedores do mesmo time se tornou recorrente em Goiânia, não só em partidas do Goiás. Recentemente duas facções da torcida do Vila Nova se enfrentaram em jogos da equipe colorada na Série C do Campeonato Brasileiro. Segundo o major Clauber Freitas, responsável pelo policiamento no Serra Dourada, o mesmo ocorre com a Organizada do Goiás.
- Já sabemos que a torcida do Goiás está dividida em várias frentes. Ontem (domingo) houve conflito entre a subdivisão noroeste e a subdivisão leste. A briga principal ocorreu nos fundos do estádio, e a Polícia Militar se fez presente. Mas no segundo tempo vimos aquela barbárie, que deve prejudicar muito o time.

Nenhum comentário:

Postar um comentário