Para veteranos, Medina levará título e terá futuro brilhante: "Difícil segurar"
Ex-surfistas Rico de Souza, Fábio Gouveia e Teco Padaratz repercutem vitória de Gabriel Medina sobre Kelly Slater na final de Teahupoo e apostam em conquista maior
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uma diferença de apenas 3 centésimos na pontuação, Gabriel Medina
chegou à sua terceira conquista na temporada ao bater na final de
Teahupoo, no Taiti, ninguém menos que o americano Kelly Slater, 11 vezes
campeão mundial no WCT. Com isso, alcançou
46.150 pontos na liderança do ranking em 2014 contra 38.350 do
adversário. De longe, ele contava com a torcida de veteranos do surfe
brasileiro, como Rico de Souza, Fabio Gouveia e Teco Padaratz. Eles
afirmam que, durante anos, lutaram para que o país tivesse um campeão
mundial e, agora, o jovem paulista de São Sebastião tem a chance de
concretizar esse sonho.Apenas quatro etapas separam Medina da conquista. A próxima será disputada a partir de 9 de setembro, em San Clemente, na Califórnia, nos Estados Unidos. Depois, há ainda França, Portugal e Pipe Masters (Havaí), fechando a temporada. E os ex-surfistas brasileiros estão otimistas. Na opinião de Rico de Souza, pioneiro no surfe profissional e dono de inúmeros títulos, o paulista está brilhando até onde não era sua especialidade. Por isso, se mantiver o que vem fazendo na temporada, bastará comemorar. Além disso, para ele, o jovem de 20 anos tem um diferencial.
- O Medina vem mandando bem até nas ondas grandes, nos buracos. Isso é o que faltava para ele ser o campeão mundial. No surfe de competição, nas manobras modernas, ele é o cara, é o homem a ser seguido. Fico muito feliz. O Brasil tem grandes campeões, grandes esportistas, mas poucos atletas brilham na hora certa. E isso é o que faz a diferença no Medina. Quando você fala de um Pelé, de um Garrincha, é isso. Não adianta ir bem o tempo todo e, na hora da decisão, não fazer o gol. Eles estavam no lugar certo, na hora certa. Por isso, com o Medina, podemos concluir nosso sonho do título mundial - relatou o ex-atleta.
Campeão mundial amador em 1988 em Porto Rico e integrante dos top 45 em 10 temporadas no WCT (1992-1996 e 1999-2003), sendo um dos brasileiros com mais tempo de permanência na elite, o paraibano Fábio Gouveia, o "Fia", aposta na conquista de Medina. Para ele, o triunfo em Teahupoo mostra a evolução do jovem. Ele diz ainda que o paulista está apenas começando uma carreira que promete ser estrelada.
- Foi espetacular. Nem conseguiu dormir direito depois. Estava até conversando com uns amigos meus antes de começar o evento que, se o Medina ganhasse essa, seria difícil tirar o título das mãos dele. As ondas das etapas que vêm a seguir são o forte dele. É difícil segurar o bichinho agora (risos). E olha que ele ainda está em escalada, acho que ainda vai crescer muito. Ele é precoce, vai evoluir ainda mais - disse.
(Foto: Agência AFP)
- O mais impressionante de tudo é a concentração do Medina. Ele quer vencer, não está preocupado em dar show, está relaxado. Você vê nos olhos do competidor quando ele está em sua fase vencedora. Ele é um garoto, acabou de sair do video game e já vai ser campeão do mundo. Desde criancinha, ele pega ondas pesadas. Em Teahupoo, ele estava muito seletivo, escolheu bem suas ondas, quase não caía, pegava apenas tubo certo. Quando eles estavam lá no fundo, o Kelly ficava olhando para o Medina e não o contrário. Ele não se abala mais de ser o Kelly Slater na bateria. Não está preocupado com quem está na água com ele. Não tem rosto, não tem nome, é o cara da outra camiseta, o oponente e só isso. O que separa ele desse título é só ele. Se mantiver o trabalho dele, vai ganhar fácil e vai enfileirar mais três ou quatro títulos - comentou o atleta, acrescentando que, aos 20 anos, Medina não deve nem ter entendido tudo que está acontecendo com ele.
- Quando competi, eu não tinha noção das conquistas, do tamanho do que eu tinha alcançado dentro d'água. Só tenho essa noção hoje. Não sabia quanta gente acompanhava, não sabia onde isso chegava. Com 20 anos, acho que ele nem se tocou de como isso está repercutindo em todo o mundo. Mas ele tem tudo na mão, provou que é bom em todo tipo de onda - completou.
Veteranos alertam para "imprevisibilidade" de slater
(Foto: Kirstin Scholtz/ASP)
- Eu acho que o Kelly é imprevisível. Ele é f***. Você já o viu mudar baterias no último segundo. Mas independente do Kelly ou do Fanning, se ele fizer o surfe livre dele, ele vai ganhar. Os outros é quem tem que se coçar - completou Rico.
- Você precisa olhar para Pipeline, onde o caldo é grosso, a pressão é grande, há vários fatores em jogo, não só a bateria ou o oponente. O Kelly e o John John se dão muito bem lá. O Mick Fanning, se estiver perto, vai brigar, já disse que vai buscar. Agora é o momento mais importante para o Medina, mas eu acho que ele vai tirar de letra. Estou anunciando que ele vai ser campeão (risos) - acrescentou Teco.
É muito gratificante ver isso acontecer
Fábio Gouveia
- É muito gratificante ver isso acontecer porque crescemos sempre vendo o que vinha de fora. Um brasileiro com o potencial dele surfando tão bem, a gente vê que o mundo olha para o nosso surfe de outra maneira. Hoje você abre qualquer revista do mundo inteiro e vê o nome do Medina e do Adriano de Souza (Mineirinho) - opinou "Fia".
- Ninguém levava tanta fé no Brasil, e os caras estão mudando de opinião. É como se o Japão ganhasse a Copa do Mundo de futebol - finalizou Rico.
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