Ídolo precoce na Itália, Juan vibra com chance na Seleção: "Estou pronto"
Vice-capitão do Inter de Milão com apenas 23 anos, zagueiro quer se livrar da fama de jogador maldoso e conquistar Dunga com muito trabalho: "Vou comer grama"
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A onda de
lesões na seleção brasileira obrigou Dunga a chamar novos jogadores para fazer
parte do grupo que encara a Argentina no dia 11 de outubro, no Superclássico
das Américas, e o Japão, no dia 14, em partida amistosa. Após os cortes de
Ramires, Jefferson e Ricardo Goulart, que deram lugar a Souza, Marcelo Grohe e
Kaká, foi a vez de o zagueiro Juan, do Inter de Milão, ser surpreendido com a
notícia da convocação. Chamado para a vaga do lesionado Marquinhos, do Paris
Saint-Germain, o zagueiro, em entrevista por telefone, não escondeu a
felicidade e afirmou estar preparado para encarar o desafio de defender a camisa
da Seleção.
- Cheguei
para treinar hoje de manhã e vieram me falando que eu tinha sido convocado. Eu
achei que eles estivessem doidos, já tinha saído a lista, mas aí me mostraram que
o Marquinhos se lesionou. Fiquei triste por isso, conheço ele, é um cara que
merece muito também, mas feliz ao mesmo tempo por ter sido chamado. Comemorei
bastante. Jogar pela Seleção sempre vai ser diferente. As coisas foram muito
rápidas para mim, sempre trabalhei muito e me dediquei 100%. Tudo aparece no
momento certo. Estou muito feliz, nunca imaginei que tudo seria assim tão
rápido, mas as coisas nos dias de hoje no futebol estão assim. Estou pronto,
como sempre estive.
Revelado nas categorias de base do Internacional, Juan foi cedo para a Europa e não se arrepende. Aos 23 anos e com pouco mais de duas temporadas no clube italiano, conquistou a confiança dos torcedores e do treinador, tornando-se vice-capitão e um dos principais nomes da equipe na temporada. Feliz pelo momento na carreira, o zagueiro destaca a evolução pessoal, aproveitando a boa sequência de jogos, e agradece o tratamento de "rei" por onde passa na Itália.
- Estou
crescendo cada dia mais no clube. O treinador me dá confiança, sou o único que
joguei os 90 minutos de todas as partidas na temporada. Sempre tive um espírito
de liderança muito grande. Eles me respeitam muito por aqui, os torcedores me
tratam como um rei mesmo (risos), tiram foto, são muito gentis. É outra
cultura, sou novo, mas já me respeitam como ídolo. Posso fazer 100 jogos em dois
anos e meio. Graças a Deus, tudo está dando certo.
De volta à
Seleção após a conquista da medalha de prata nas Olimpíadas de Londres, em
2012, sob comando de Mano Menezes, e com passagens pelas divisões de base do
Brasil, Juan enxerga nos jovens jogadores a oportunidade ideal para resgatar o
futebol brasileiro alegre e vitorioso.- A Alemanha é hoje o que o Brasil era antes, uma equipe alegre, com espírito aguerrido, mostrando paixão pelo jogo. O futebol te ensina muito, mostra que sempre tem que estar buscando o melhor, e o Brasil está fazendo isso. Hoje podemos ver como estão jogadores como o Lucas, muito bem no PSG, o Neymar, Philippe Coutinho aparecendo no Liverpool. São jovens com muito potencial, crescemos juntos nas divisões de base da seleção brasileira. Podemos trazer de volta esse espírito de vitória, nosso futebol precisa daquela alegria que estava em campo quando Ronaldo, Rivaldo e Denílson ainda jogavam, com drible, com vontade. O Brasil é isso, temos sempre que arriscar, fazer o diferente.
Durante
a
trajetória com camisa do Inter de Milão, o zagueiro chegou a ficar
marcado por
uma agressão ao brasileiro Jonas, em 2013, na goleada de 4 a 0 sofrida
para o Valencia, num torneio de pré-temporada nos Estados Unidos. Mesmo
afirmando já ter superado o episódio, inclusive com pedido de
desculpas ao compatriota, Juan discorda de parte da imprensa que,
segundo ele,
ainda o considera um jogador violento.
- O episódio com o Jonas acabou na hora mesmo, eu pedi desculpas no fim do jogo, nós nunca tivemos problemas. Nós estávamos tomando uma goleada, eu perdi a cabeça e vacilei. Sou muito tranquilo, mudei minha mentalidade, espero que agora tenham a oportunidade de ver que mudei totalmente, cresci, tenho mais responsabilidade. Sou vice-capitão da equipe, não posso ter essa imagem. Quando eu comecei no Internacional, eu queria mostrar muito serviço, com muita força de vontade. Às vezes acabava expressando de maneira errada em campo. A imprensa gaúcha pegava cenas separadas, lembravam muito das coisas que eram ruins. Nunca fui maldoso, sempre fui um cara correto. Já me excedi dentro de campo em certos momentos, mas são coisas diferentes. Cresci 100%. Aquilo era coisa de guri, que tinha muita vontade, mas pouca experiência.
- O episódio com o Jonas acabou na hora mesmo, eu pedi desculpas no fim do jogo, nós nunca tivemos problemas. Nós estávamos tomando uma goleada, eu perdi a cabeça e vacilei. Sou muito tranquilo, mudei minha mentalidade, espero que agora tenham a oportunidade de ver que mudei totalmente, cresci, tenho mais responsabilidade. Sou vice-capitão da equipe, não posso ter essa imagem. Quando eu comecei no Internacional, eu queria mostrar muito serviço, com muita força de vontade. Às vezes acabava expressando de maneira errada em campo. A imprensa gaúcha pegava cenas separadas, lembravam muito das coisas que eram ruins. Nunca fui maldoso, sempre fui um cara correto. Já me excedi dentro de campo em certos momentos, mas são coisas diferentes. Cresci 100%. Aquilo era coisa de guri, que tinha muita vontade, mas pouca experiência.
Confira mais trechos da entrevista:
GLOBOESPORTE.COM:
Alguns jogadores vão muito novos para a Europa e acabam sumindo, não
conseguem ter uma boa sequência. Como foi essa mudança para você?
JUAN: A melhor
coisa que eu fiz foi ter vindo para a Itália ainda novo. Cheguei aqui, acabei
me casando, minha mulher é muito centrada. Às vezes chego de cabeça quente, e
ela me segura, me ajudou muito nessa minha mudança. Essa experiência só me fez crescer, estou tendo muitas oportunidades.
Sua
trajetória na seleção brasileira começou ainda nas divisões de base. O
que representou a conquista do Sul-Americano sub-20, em 2011, sob
comando do Ney Franco?
Aquela experiência
serviu como crescimento, eu era muito novo, ainda precisava aprimorar o
jogo. Foi gratificante, cresci como jogador e também como pessoa. Agora
já se passaram três anos, e isso muda muito a carreira. No
Campeonato Italiano, tem que se defender muito bem. Aquele torneio me
ajudou a melhorar.
Você estava nas Olimpíadas de Londres, em 2012. Quais são as lembranças daquela final?
Valeu muito a experiência, foi importante para mim. Fomos
confiantes que iríamos buscar a medalha de ouro. Aquele jogo ainda é um
pesadelo para mim até hoje. Nosso time era o mais forte, com Neymar, Oscar,
Thiago Silva, Marcelo. Era para ganhar, mas não deu.
O
futebol brasileiro hoje se destaca não mais pelos atacantes, mas sim
pela parte defensiva. São muitos os concorrentes por uma vaga?
O Brasil tem história de bons zagueiros, mesmo recente, com Juan e
Lúcio, que são nomes importantes. Atualmente temos o David Luiz, um cara muito
vibrante, Thiago Silva, com toda sua experiência, o Marquinhos, tido como um
dos zagueiros mais rápidos da Europa, o Miranda, sempre em alta no Atlético de
Madri. Essa concorrência é ainda melhor para mim, me força a mostrar trabalho,
fazer por merecer estar ali.
Ter jogado na base com alguns jogadores que hoje fazem parte do grupo do Dunga te faz chegar mais ambientado?
Claro. Sempre converso com o Neymar quando dá. Eu sou mais tranquilo, falo pouco, estou indo para mostrar serviço. Aquela
resenha sempre acontece, é bom reencontrar companheiros. Mas hoje volto mais
ambientado, não vou ter que sofrer como calouro, que tem que cantar no meio de todo mundo, como foi
na minha primeira vez, foi difícil (risos).
Sua carreira ainda está começando, mas já tem planos, sabe onde quer estar daqui a alguns anos?
Tenho muita coisa pela frente. Estou muito feliz no Inter de Milão,
apostaram todas as cartas possíveis, me deram uma confiança que eu não teria em
outro lugar. Quero fazer história aqui como fez o Zanetti. Quero até mais, mas, se eu
conquistar o que ele conquistou por aqui, já estou muito satisfeito.
A chance com o Dunga caiu no seu colo. Quais são os seus sonhos na Seleção?
Eu
espero me firmar na Seleção, ter a oportunidade de jogar com o Dunga e
me sair bem, mostrar para ele que estou pronto para defender a camisa
por muitos anos.
Quero ganhar a Copa do Mundo de 2018, ou 2022. A que vier eu aceito
(risos). Se
Deus quiser estarei presente nessa caminhada. Vou ter que trabalhar
muito, vou comer grama, David Luiz e Thiago Silva são muito respeitados,
mas estarei na
briga. Vou fazer de tudo para colocar meu nome na cabeça do Dunga.
*Por Igor Rodrigues, estagiário, sob a supervisão de Felipe Barbalho
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