Familiares temem impunidade em caso de PM suspeito de matar surfista
Receosos com andamento da investigação policial, parentes e pessoas próximas
vão encomendar camisas com o rosto de Ricardinho para protestar e exigir justiça
A morte de Ricardo dos Santos,
que não resistiu à quarta cirurgia após ser baleado na manhã da última
segunda-feira, consterna familiares,
amigos e moradores da Guarda do Embaú, em Palhoça, Santa Catarina.
Diante do Hospital Regional de São José, na Grande Florianópolis, o
sentimento de indignação e tristeza com a tragédia, mas também o desejo
de que a
justiça seja feita em relação ao policial militar suspeito de cometer o
crime, ao disparar três vezes contra o
atleta de 24 anos.
Paraíso em luto: locais da Guarda do Embaú demonstram indignação com o caso (Foto: Caio Santos/Arquivo Pessoal)
Entre
choros e lamentos, as pessoas próximas ao surfista não se conformam com
a versão
dita em depoimento pelo policial militar de Joinville, que estava de
folga. Há o temor de que o caso não seja julgado de forma legítima, por
se tratar de um soldado. A versão do PM, que diz ter agido em legítima
defesa, difere totalmente dos relatos dos familiares. De acordo com o
tio do
surfista, uma discussão teria acontecido, mas sem níveis alterados, por
conta
da presença do carro estacionado sobre um cano em uma obra na residência
de Ricardinho. Depois de pedidos para
deixar o local, ele acabou alvejado três vezes. O soldado, no entanto,
diz ter sido atacado com um facão, apesar de nenhuma arma branca ter
sido encontrada no local pela polícia.Diante disso, um advogado, amigo paulista de Ricardo, deve acompanhar o desdobramento do caso, principalmente em relação ao inquérito policial. As incertezas em relação aos procedimentos internos da corporação faz com que amigos e familiares queiram dar mais destaque ao caso. Uma camiseta com o rosto do surfista morto será encomendada para uma manifestação de paz. O grupo quer reunir o máximo de amigos e moradores da Guarda do Embaú para um protesto nos próximos dias.
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Em
Palhoça, os moradores misturam sentimentos. Revolta, angústia, tristeza
e lamentações, mas há também a certeza de que o que Ricardo dos Santos
deixa para a região é um legado de coragem, força e perseverança em seus
sonhos. Com o falecimento do surfista, comerciantes fecharam suas
vendas, encerram o expediente e foram para a praça principal. Com
placas, cartazes e fotos de Ricardinho, a população manifestou o
sofrimento pela perda do jovem de 24 anos.- Eu vivia na Guarda, principalmente na infância. Eu tenho uma noção, mas não era tão próximo assim. Mesmo para quem é de fora, a vontade ao entrar aqui é de chorar, imagina para quem é muito próximo. Todo mundo está muito abatido, os nativos aqui estão muito sentidos, parece que morreu um irmão de todo mundo – disse Caio Santos, filho de empresários da região.
Cartazes foram espalhados pela praia da Guarda do Embaú (Foto: Caio Santos/Arquivo Pessoal)
AdeusO surfista Ricardo dos Santos morreu às 13h10 desta terça-feira, um dia depois de levar três tiros em frente à sua casa, na Guarda do Embaú. O atleta passou por quatro cirurgias no Hospital Regional de São José, mas perdeu muito sangue e não resistiu aos múltiplos ferimentos que atingiram pulmão e tórax. Ele acabou sofrendo uma parada cardíaca.
O corpo do surfista deverá ser cremado, e suas cinzas jogadas no mar da Guarda do Embaú, em Palhoça, Santa Catarina. A família aguarda a liberação do corpo do atleta pelo Instituto Médico Legal (IML) da região para ser transportado até uma paróquia, onde será realizado o velório. Apesar do desejo de jogar as cinzas de Ricardinho no mar, os parentes ainda não sabem quando isso poderá ser feito, uma vez que a morte envolve um crime, e ele ainda pode precisar passar por perícia.
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Placas em memória de Ricardo dos Santos (Foto: Caio Santos/Arquivo Pessoal)
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