"Kaká já está sendo um divisor de águas na MLS", diz diretor do Orlando
Novo CEO do clube, Alexandre Leitão exalta chegada do craque brasileiro. Liga completa 20 anos e cinco cidades brigam por quatro novas franquias de clubes
Ainda não dá para dividir a atenção com o Super Bowl, grande
decisão do futebol americano que ocorre daqui a menos de dez dias. Mesmo assim,
a chegada de Kaká ao Orlando City tem feito barulho no cenário esportivo dos
Estado Unidos. O momento do futebol no país, o crescimento da principal liga local (Major League
Soccer) e o plano
de exposição cada vez maior fora da América fazem o brasileiro chegar na hora
certa para ser considerado o novo embaixador do esporte.
Em franco crescimento nos últimos anos, a MLS pode decolar de vez com a chegada do astro brasileiro, que faz seu
primeiro treino pela equipe de Orlando nesta sexta-feira. Ele quer ser o divisor
de águas da história da liga, de acordo com quem o conhece e participou da
negociação para sua contratação. Afinal, Kaká chega aos EUA num momento de
amadurecimento do futebol local, com alcance maior do que nomes como David
Beckham, Thierry Henry e Landon Donovan – maior ídolo da seleção
americana.
Em 2014, a MLS teve a sexta melhor média de público entre
todas as ligas nacionais do mundo – 18.594 pagantes por jogo. Entre todos os
esportes, sua média supera a NBA e a NHL, ligas tradicionais de basquete e
hóquei no gelo nos EUA. No mesmo ano, três emissoras de TV assinaram contrato para
pagar US$ 720 milhões por oito anos de direitos de transmissão. É um caminho
sem volta.
- Sempre disse que no dia em que o maior esporte do mundo
batesse com o maior mercado do mundo, eu não saberia dizer onde isso pode
parar. É o que acho que vai acontecer a partir de agora, e o Kaká chega no
momento certo para isso. Ele disse que quer ser, mas na verdade já está sendo um
divisor de águas nesta liga – afirmou Alexandre Leitão, ex-presidente da
Octagon e novo CEO (Chief Executive Officer, diretor executivo) do Orlando
City.
Anunciado nesta semana como dirigente, Leitão foi um dos
principais responsáveis pela contratação de Kaká, ainda no ano passado, antes
do empréstimo ao São Paulo. A apresentação do jogador em Orlando lotou um pub
no centro da cidade com mais de 4 mil torcedores. Suas camisas estão à venda há
meses, mesmo sem o time nunca ter entrado em campo pela MLS – a estreia é em
março.
O segredo para o crescimento da liga é a parceria entre
todos os clubes envolvidos. Em 2015, 20 equipes vão disputar o campeonato. Mais
dois times estão confirmados para 2017 – sem contar o Miami FC, que tem David
Beckham como um dos donos, mas ainda busca acordo para a construção de um
estádio específico para o futebol.
– É uma liga muito jovem, que completa 20 anos em 2015. A
partir do entendimento do esporte, você atrai patrocinadores, televisão. Agora
a MLS está consolidada. E todos os clubes se protegem para o negócio crescer.
Brincamos com dirigentes de outros clubes que somos concorrentes dentro de
campo, mas sócios fora dele. Quando trago um Kaká, outros 20 caras estouram
garrafas de champanhe. É bom para a liga – explicou Alexandre Leitão.
O amadurecimento da liga causou um movimento inverso ao que
ocorria no fim dos anos 90, pouco depois da Copa do Mundo de 1994, realizada no
país. Antes, os dirigentes da MLS se cansavam de procurar cidades interessadas
em um time de futebol. Hoje, pelo menos cinco cidades brigam por uma franquia a
ser inaugurada daqui a quatro ou cinco anos: Minneapolis, St. Louis, Las Vegas,
Sacramento e San Antonio. Por enquanto, a liga quer ter apenas 24 times.
Por isso, os critérios são cada vez mais específicos para
quem quiser colocar uma equipe na MLS. A principal regra é a construção de um
estádio específico para o futebol, e na região central da cidade. Por isso, o
Orlando City, de Kaká, vai inaugurar uma arena para 20 mil pessoas em 2016 – quase
ao lado do Amway Center, ginásio que abriga o Orlando Magic, da NBA.
A força recente da liga faz a MLS, o Orlando City e o
próprio Kaká acreditarem que ele pode expandir ainda mais a marca americana
fora do país. O desempenho da seleção nacional também ajuda. Os EUA chegaram às
oitavas de final da Copa de 2014, no Brasil, e deram continuidade ao trabalho
do técnico alemão Jurgen Klinsmann. Astros daquela seleção estão de volta ao
país: Jermaine Jones disputou a MLS pelo New England Revolution, enquanto Jozy
Altidore assinou contrato com o Toronto FC, mesmo clube de Michael Bradley,
outro titular da seleção.
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