O Flamengo trocou de treinador, mas não de rotina no Campeonato
Brasileiro. Após a demissão de Joel Santana, Dorival Júnior estreou
nesta quinta-feira à frente do Rubro-Negro, contra a Portuguesa, no
Engenhão, mas o que se viu foi uma atuação ruim do time carioca. Ao fim
dos 90 minutos, a Lusa foi quem esteve mais perto do gol, mas o placar
não foi alterado: 0 a 0. A torcida flamenguista, que no último jogo em
casa, diante do Corinthians (derrota por 3 a 0), virou as costas para o
campo, desta vez chamou o time de sem-vergonha.
Com o resultado, o Flamengo voltou ao décimo lugar na tabela de
classificação, agora com 16 pontos, enquanto a Portuguesa passou a ser a
primeira equipe fora da zona de rebaixamento, com dez pontos ganhos. O
próximo compromisso dos cariocas no Brasileiro é neste domingo, contra o
São Paulo, no Morumbi. No mesmo dia, a Lusa recebe o Náutico, no
Canindé.
Lusa é melhor no primeiro tempo
Apesar de Dorival Júnior ter estreado à beira do campo, o time que ele
escalou para o jogo foi aquele treinado pelo auxiliar Jaime de Almeida
ao longo da semana. Como novidade, o retorno de Welinton como
companheiro de zaga de González e a entrada de Mattheus no lugar de
Renato, no meio. O jovem deu suporte aos homens de frente, Adryan e
Vagner Love.
No lado da Portuguesa, depois de empatar com o Corinthians num esquema
com dois beques de área, o técnico Geninho resolveu optar por escalar
novamente um sistema com três zagueiros: Valdomiro, Gustavo e Rogério.
No meio, três volantes, dois alas e um homem de criação. O único
atacante do esquema foi Ricardo Jesus.
Love tenta cabeçada: atacante chega a sete jogos sem marcar (Foto: Alexandre Loureiro / VIPCOMM)
O Flamengo começou o jogo animado e chegou a dar a impressão de que
tinha condição de mandar no jogo. Logo aos 6, Adryan disparou pela
direita e cruzou para Vagner Love na área. A cabeçada, entretanto, saiu
nas mãos de Dida.
A Portuguesa, entretanto, não se acanhou e tratou de buscar seu espaço
na partida. O ala Luis Ricardo, com muito espaço pela direita, tirou o
sono da defesa rubro-negra. Até a metade do primeiro tempo, o time
paulista colecionou chances para abrir o placar. Foram pelo menos
quatro. Na melhor delas, Ricardo Jesus carimbou o travessão de Paulo
Victor.
Houve ainda um lance polêmico a favor da Lusa na etapa inicial. Após
confusão na grande área, Héverton preparava-se para concluir quando
Welinton fez carga por trás, tirando a bola. A arbitragem entendeu que o
lance foi legal e mandou seguir, mas os jogadores da Portuguesa
reclamaram de pênalti no lance.
No lado do Flamengo, antes do intervalo, acumularam-se jogadas sem
sucesso e tentativas frustradas. A melhor chance de gol se deu aos 29
minutos. Após falta batida em elevação para a área, Vagner Love, em
posição legal, recebeu absolutamente livre dentro da pequena área, mas
emendou por cima do travessão e perdeu gol feito.
Renato no lugar de Ibson
Na volta para o segundo tempo, o Flamengo foi a campo com uma
modificação: Ibson deu lugar a Renato. O veterano entrou com a
incumbência de melhorar a marcação pelo setor esquerdo, que no primeiro
tempo foi muito utilizado pelo ataque da Portuguesa.
Embora o Flamengo tenha melhorado timidamente, a Lusa seguiu sendo
perigosa quando ia à frente. O time da casa, na base da vontade, tentou
criar chances, mas somente aos 14 minutos conseguiu um lance de perigo.
Mattheus recebeu na meia-lua e bateu de chapa, procurando o ângulo
direito de Dida, mas a bola foi para fora.
Foi o último lance do filho de Bebeto na partida. Ele saiu para a
entrada de outro jovem, Thomás, que não jogava desde abril, pelo
Campeonato Carioca. O meia entrou empolgado e fez logo uma boa jogada,
que resultou em escanteio. Ele pediu apoio da torcida com as mãos, e a
galera correspondeu.
Aos poucos, o ímpeto da arquibancada diminuiu. Embora com menos posse
de bola, a Portuguesa conseguiu em boa parte do tempo não correr riscos
na partida. Quando ia à frente, o perigo sempre rondava a defesa
rubro-negra. A Lusa teve uma falta perto da área do Fla, aos 22, mas
Ricardo Jesus bateu rasteira, com pouca força, e Paulo Victor defendeu.
Aos 26 minutos, Dorival Júnior, após consultar o auxiliar Jaime,
queimou sua última substituição: Adryan saiu para a entrada de
Bottinelli. O panorama do jogo, porém, pouco mudou. A Portuguesa, com
boas trocas de passes, seguiu controlando a partida, porém sem criar
grandes chances. O Flamengo, perdido, esbarrava na defesa do time
paulista.
A partir dos 30 minutos, Geninho começou a fazer suas mexidas. Primeiro
saiu Ricardo Jesus para a entrada de outro atacante, Diego Viana.
Depois, Henrique tomou o lugar de Héverton. Com novo sangue, a Lusa
ainda deu um último gás e teve chances com Luis Ricardo, que bateu
fraco, e Diego Viana (cabeçada para fora), mas o zero não saiu do
placar.
No fim, a torcida do Flamengo, irritada, cantou "vergonha, vergonha,
time sem-vergonha" e vaiou muito os jogadores. Foram 8.184 presentes
(5.732 pagantes, para uma renda de R$ 145.875).