Tito Ortiz avalia carreira, elogia Cyborg e revela que volta a lutar pelos filhos
Lutador explica volta ao octógono pelo Bellator e elogia
Jon Jones: 'Se alguém que merece quebrar meu recorde no UFC, esse alguém
é o Jones'
Por Evelyn Rodrigues
Direto de Las Vegas, EUA
27 comentários
Tito Ortiz estava no córner de sua sua cliente,
Cris Cyborg, durante a sua
estreia no Lion Fight,
competição de muay thai que aconteceu em Las Vegas, nos EUA, na última
sexta-feira, 20 de setembro. Circulando tranquilamente pela Freemont
Street, famosa rua que reúne os cassinos mais antigos da cidade e que
abrigou o evento, ele atraiu olhares curiosos de fãs ao se misturar com a
plateia e conversar animadamente com todos que se aproximavam, com
muita simplicidade.
Tito Ortiz garante que está concentrado em sua carreira de lutador novamente (Foto: Evelyn Rodrigues)
O americano parece mesmo estar se distanciando cada vez mais da imagem
de "bad boy" que cultivou no passado. Longe do octógono desde julho de
2012, quando perdeu o duelo para Forrest Griffin no UFC Silva x Sonnen 2
e anunciou a sua aposentadoria, o ex-campeão dos pesos-meio-pesados
finalizou a sua carreira com 16 vitórias, 11 derrotas e um empate depois
de ter perdido sete dos últimos nove combates. Em conversa com o
Combate.com, no entanto, ele afirmou que o desejo de pendurar as luvas
foi precipitado, e aconteceu por conta de uma má fase em seu
relacionamento com a então esposa e ex-atriz pornô Jenna Jameson:
- Sim, estou voltando a competir, e isso tem a ver com o meu atual
momento, pois tudo está bem dentro da minha casa. Eu consegui sair de um
péssimo relacionamento, que tinha me deixado para baixo, pois eu tinha
que me preocupar com duas pessoas e não conseguia focar em mim mesmo. Eu
não tinha que me preocupar com outro adulto, mas isso aconteceu e me
levou ao fundo do poço. Mas eu saí desse relacionamento, estou solteiro e
quero focar nos meus filhos, pois tenho a custódia dos meus dois
garotos. Posso dizer que tudo mudou e agora eu consigo ver claramente
que me aposentar foi uma decisão precipitada, que eu cai de rendimento
por uma péssima situação causada por esse relacionamento. Nos meus
treinos hoje eu fico pensando onde foi que eu estava esse tempo todo. Eu
fiz muita coisa estúpida, me perdi, quase abdiquei do meu sonho, mas eu
me reencontrei, estou me dedicando, voltei a me divertir enquanto
treino e eu redescobri o meu amor pela luta. Eu só quero voltar a
competir e cuidar dos meus filhos, e é lutando que eu consigo fazer
isso.
O ex-campeão volta a lutar no próximo dia 2 de novembro contra Quinton
Rampage Jackson pelo Bellator, principal concorrente do UFC, e não
descarta um retorno definitivo ao octógono:
- Essa é uma luta de retorno, vamos ver como vai ser, como meu corpo
vai se comportar. O treinamento tem sido bastante duro, é claro que eu
não sou mais tão jovem, mas essa é uma daquelas situações em que você
não tem opção, a não ser dar o seu melhor. Vamos ver como vou me sair e o
que virá depois.
Ortiz ainda aproveitou para falar sobre a parceria com Cris Cyborg e
sobre a sua versão sobre a saída prematura dela do UFC. O americano
ainda fez um retrospecto de sua carreira e rasgou elogios ao atual
campeão dos meio-pesados do UFC,
Jon Jones, que neste sábado ultrapassa o seu recorde de maior defesas de títulos da divisão:
- Oh meu Deus, já chegou esse dia? Uau! (risos) Foi tão rápido! Mas
falando sério, se tem alguém que merece quebrar esse recorde, esse cara é
o Jon Jones. Eu gosto dele, acho que é um excelente atleta, um campeão
sensacional e eu vou ficar feliz de vê–lo fazer isso!
Empresário de Cris Cyborg, Ortiz acredita que ela é a melhor lutadora do mundo (Foto: Evelyn Rodrigues)
Confira a entrevista na íntegra:
Combate.com: Como você avalia a carreira da Cris desde que você se tornou empresário dela?
Tito Ortiz: Ela na verdade está indo muito bem. Cris parece
estar muito feliz, e é como se ela fosse parte da minha família. Eu
estou tentando tomar conta dela e garantir que tenha um futuro decente.
Quero ensiná–la também o lado dos negócios, para ela ter dinheiro
suficiente para sustentar a sua família quando ela se aposentar. A Cris é
uma grande campeã e eu quero vê–la com uma carreira bem gerenciada como
atleta, então quero ter certeza de que estamos fazendo as coisas
certas. Nós já duplicamos o dinheiro que ela ganhava com o contrato do
Strikeforce e temos tentado promover muito a sua carreira, e mostrar a
verdadeira campeã que ela é, pois a Cris trabalha duro e é uma mulher
muito bacana e batalhadora, além de uma grande campeã. Ela sair do mundo
do MMA e vir aqui hoje competir em uma luta de muay thai mostra o
coração de lutadora que ela tem. Eu acho que muitos fãs no Brasil
respeitam isso porque, além de tudo, ela é uma mulher guerreira que
supera adversidades.
Como vocês começaram essa parceria? Como surgiu o interesse de empresariar a carreira dela?
Na verdade surgiu em uma das vezes em que estávamos treinando juntos.
Ela me deu um baita trabalho, me acertou e me jogou no chão e eu pensei:
"Isso é uma garota?" (risos). Mas eu falei com a Cris na época e ela
disse que queria ser a melhor no que faz. Logo depois se tornou campeã
do Strikeforce. Aí ela acabou terminando o relacionamento com o marido e
disse: "Olha, eu fui para casa agora que me tornei campeã, e a única
coisa que eu tenho hoje é o cinturão. Eu não tenho dinheiro guardado,
não tenho bens materiais, não tenho nada mais do que um cinturão de
ouro. Eu entendo que isso é um negócio. Eu amo lutar, mas eu quero tomar
conta de mim para viver de forma confortável". E eu disse a ela que eu
não podia prometer nada, mas que eu daria a ela todas as oportunidades
do mundo. E isso era o que ela queria. Demorou um pouco, mas nós
finalmente conseguimos um contrato que fazia sentido com o Invicta FC,
de três lutas e a oportunidade de ela se tornar campeã. E hoje ela tem a
oportunidade de defender esse cinturão e de continuar sendo uma das
melhores lutadoras do mundo.
Muitas coisas foram ditas sobre o contrato dela com o UFC e o
jeito como ele acabou. Dana White disse que ela não quis chegar a um
acordo para enfrentar a Ronda Rousey. Você poderia explicar o que aconteceu?
Bom, primeiro eles disseram que fariam quatro lutas no ano, com um
pagamento razoável. Aí nós aceitamos e dissemos que enfrentaríamos a
Ronda, mas que a primeira luta da Cris seria nos 65,7 kg, e que depois
nós tentaríamos trabalhar o peso dela para que ela baixasse de
categoria. Então o Dana foi até a Ronda e disse que estava tudo certo.
Porém, do nada, ele disse depois que o contrato teria que ser de oito
lutas. Eu não quis que ela ficasse presa a um contrato de oito lutas com
um pagamento que não era bom e sem eles terem certeza sobre o que
fariam com o futuro da Cris. Eu já lutei no UFC, já vi o que eles fazem
com os lutadores deles e, como empresário, achei que aquele não era o
melhor caminho para a Cris. E foi aí que eu tive que decidir entre esse
contrato "meia–boca" com o UFC e o contrato com o Invicta, que estava
nos oferecendo um bom dinheiro por um acordo de três lutas e a
oportunidade de ela lutar pelo cinturão já na segunda luta.
Então foi esse o motivo? Dana White havia dito que o UFC
continuaria pagando para Cris Cyborg lutar em outras promoções e até
mesmo no Invicta...
Sim, o salário que o UFC queria pagar para que isso acontecesse era bem
menor do que o que o Invicta estava nos oferecendo. Era metade do
dinheiro que ela está recebendo por luta agora. Além disso, tem a
questão do pay–per–view e várias outras coisas relacionadas ao contrato,
e isso é negociação. Eu e o mundo entendemos o quão valiosa é a Cris. O
Invicta também sabe o quanto ela vale, é só olhar os números do pay–per
–view da última luta dela. Eu acho que a promoção que a Cris recebeu
enquanto nós estávamos negociando o contrato foi a maior que ela já
recebeu na carreira. E quando finalmente ela venceu o cinturão, fez a
Marloes Coenen parecer que nem merecia estar na mesma jaula que ela. O
trabalho duro dela se pagou e eu disse para ela continuar lutando com o
coração, porque boas coisas acontecem para as pessoas boas. O Dana disse
que eu estava pedindo muito dinheiro e falou o quanto a Cris é
irrelevante para o esporte, mas veja como todo mundo fala dela. Ela está
recebendo um bom dinheiro para essa luta de muay thai hoje, com
transmissão ao vivo pela TV nos EUA, e nós só queremos mostrar que ela é
relevante. Ela é a melhor peso–por–peso do mundo hoje, e é quem todo
mundo quer ver lutar, porque ela é uma campeã e é uma lutadora dedicada.
Ortiz e sua equipe festejam vitória de Cris Cyborg no
Lion Fight, em Las Vegas (Foto: Evelyn Rodrigues)
Você acha que a luta com a Ronda Rousey vai acontecer um dia?
Essa luta só não vai acontecer por causa do Dana White. Não é por minha
causa. Eu adoraria ver essa luta. A outra razão é que eles querem que
ela aconteça nos 61 kg. Ronda desceu para a divisão dos galos para
fugir da Cris. Ela começou a carreira de judô nos 69,8 kg, depois lutou
na categoria da Cris e a desafiou dizendo que iria vencê–la. Mas depois
desceu para os 61 kg para não enfrentar a Cris. Quem está fugindo? Para
ela dizer que é a campeã e que a Cris tem que chegar ao peso dela...
Cris era a campeã, e ainda é, e a Ronda fugiu. Vamos fazer em peso
combinado então. Ninguém quer saber do cinturão, todo mundo quer ver
essa luta. Vamos deixar os juízes decidirem quem é a melhor lutadora do
mundo, quem é a melhor peso–por–peso do mundo.
Então a intenção não é disputar o cinturão?
Quem liga para o cinturão? A Ronda pode ficar com o título se é isso
que ela quer, mas ela vai apanhar ainda assim. As pessoas falam quão boa
a Ronda é, e eu sei quão boa a Cris é. Eu vi quão boa ela é quando
dominou a Marloes Coenen e a destruiu. A Cris pode ter levado alguns
golpes durante a luta, mas nada sério, ela nem se machucou. E é assim
que ela é nos treinos. As pessoas têm medo de enfrentar a Cris, ela
treina com os caras na academia, são eles que fazem as sessões de
sparring com ela, não as mulheres. É por isso que eu acho que o UFC está
protegendo a Ronda, porque eles não querem acabar com o reinado dela.
Você ainda treina com a Cris?
Eu treino um pouco, treino mais wrestling, a gente trabalha muito o
ground–and-pound. Eu sou bom em motivar as pessoas, sabe? Em colocar a
cabeça no lugar. E quando está lutando, a Cris acredita em si mesma como
nenhuma outra pessoa faz. Ela é a mulher com a mente mais forte que eu
já conheci. Ela perde 10 kg para lutar e as pessoas não sabem como esse
processo é terrível, ainda mais para mulher. Durante a perda de peso
você passa por muita coisa, sua cabeça pira, você chora, você pensa que
não vai conseguir. Você precisa de uma pessoa do seu lado para dizer que
tudo vai dar certo, que você é o melhor do mundo e que é por isso que
você está se sacrificando, pois você não vai sentir nenhuma dor quando
estiver lutando. E ela acredita nisso. Então, quando está dentro da
jaula, ela não tem medo de mais nada, ela é a pessoa mais forte
mentalmente que eu já vi, e eu quero o que ela continue indo bem e se
mantenha no topo como uma das melhores lutadoras do mundo, porque é isso
que ela é. Eu acho que ela é até um pouco melhor do que o Wanderlei
Silva no auge da carreira, porque ela tem uma cabeça aberta e está
sempre procurando aprender coisas novas e se aventura em áreas novas.
Ela quer realmente se aprimorar.
Tito Ortiz e sua ex-esposa, a ex-atriz pornô Jenna
Jameson, quando eram casados (Foto: Getty Images)
Apesar de ser um homem de negócios agora, você vai deixá-los um
pouco de lado para voltar ao octógono. O que te fez mudar de ideia com
relação a pendurar as luvas?
Sim, estou voltando a competir, e isso tem a ver com o meu atual
momento, pois tudo está bem dentro da minha casa. Eu consegui sair de um
péssimo relacionamento, que tinha me deixado para baixo, pois eu tinha
que me preocupar com duas pessoas e não conseguia focar em mim mesmo. Eu
não tinha que me preocupar com outro adulto, mas isso aconteceu e me
levou ao fundo do poço. Mas eu saí desse relacionamento, estou solteiro e
quero focar nos meus filhos, pois tenho a custódia dos meus dois
garotos. Posso dizer que tudo mudou e agora eu consigo ver claramente
que me aposentar foi uma decisão precipitada, que eu cai de rendimento
por uma péssima situação causada por esse relacionamento. Nos meus
treinos hoje eu fico pensando onde foi que eu estava esse tempo todo. Eu
fiz muita coisa estúpida, me perdi, quase abdiquei do meu sonho, mas eu
me reencontrei, estou me dedicando, voltei a me divertir enquanto
treino e eu redescobri o meu amor pela luta. Eu só quero voltar a
competir e cuidar dos meus filhos, e é lutando que eu consigo fazer
isso.
E seu retorno ao octógono vai ser contra o Rampage Jackson, seu amigo...
Sim. É estranho enfrentar um amigo, mas nós somos lutadores antes de
tudo. Espero que a gente consiga fazer um show e que essa luta termine
no primeiro round. Nós temos como provar que ainda conseguimos competir
em alto estilo. O meu trabalho é ir lá e dar um show, que é o que eu
sempre fiz, sem ligar para quem é o meu adversário, em qual lugar do
ranking ele está e etc e tal. Vou colocar o meu coração nas luvas, vou
lutar pelos fãs da melhor forma possível.
Chamada da Luta entre Rampage Jackson e Tito Ortiz pelo Bellator. (Foto: Reprodução / Facebook)
Esse é um retorno definitivo ao octógono ou é apenas uma última luta?
Essa é uma luta de retorno. Vamos ver como vai ser e como meu corpo vai
se comportar. O treinamento tem sido bastante duro, é claro que eu não
sou mais tão jovem, mas essa é uma daquelas situações em que você não
tem opção, a não ser dar o seu melhor. Vamos ver.
Você foi um dos mais temidos lutadores de MMA de todos os
tempos. Quando descobriu que tinha o potencial para se tornar um dos
melhores lutadores do mundo?
Eu acho que foi quando eu lutei o Frank Sharmock e perdi para ele no
quarto round. Ele era o campeão mundial e, naquele momento, eu
compreendi que tinha a chance de me tornar um campeão se eu dedicasse e
nunca mais parasse de treinar duro.
Então a luta contra o Frank Shamrock foi o ponto chave para uma reviravolta na sua carreira?
Com absoluta certeza. No final das contas eu treinei seis, sete
semanas, perdi e não conseguia entender que ainda tinha muito trabalho
para fazer. Depois dessa derrota eu passei a dar toda a minha vida para
cada luta. Eu treinava todo dia, corria, treinava de tudo um pouco para
ter certeza de que eu poderia chegar a ser o campeão. A luta contra o
Frank Shamrock valia o título, era a luta mais dura que eu poderia ter
naquela época, era o teste perfeito. E aí, quando eu entrei lá e perdi,
entendi que eu tinha que treinar cada vez mais, sempre. Foi por isso que
eu tentei uma revanche contra o Frank, mas ele se aposentou. E então eu
acabei enfrentando o Wanderlei Silva pelo título dos meio-pesados, e
venci.
Você teve outros pontos marcantes na sua carreira ou na sua vida que te ajudaram a ser quem você é hoje?
Eu tive vários, inclusive antes de iniciar a minha carreira. Tive que
aprender muito cedo a cuidar de mim. Minha família vivia em hoteis e
carros porque meus pais lutavam contra a dependência de drogas. Eu era
muito magro quando entrei no colegial, tinha 1,70m e pesava 54 kg.
Decidi começar a levantar peso depois do meu primeiro ano no colégio. Eu
estava cansado de sofrer bullying, e comecei a treinar wrestling quando
eu estava no segundo ano do colégio. Quando eu terminei a escola e
comecei a pensar sobre entrar na faculdade, me olhei no espelho e vi que
estava perdido, não conseguia sequer me reconhecer. Estava saindo
muito, indo a muitas festas e não me dedicava tanto a nada. Foi aí que
percebi que eu queria algo melhor para a minha vida, e tentei me
encontrar. Acabei ficando na Califórnia por dois anos treinando
wrestling, e cheguei pela primeira vez ao UFC. A partir daí uma coisa
levou à outra. Eu só tentei mostrar meu trabalho, minha dedicação, e
consegui alcançar o meu objetivo. E aí minha mente começou a se abrir e
eu passei a não querer ser conhecido apenas nos EUA, mas também no
mundo.
Você teve grandes rivais na sua carreira, como Ken Shamrock, Randy Couture e Chuck Liddell. Como você vê essas rivalidades hoje?
Todos esses caras eram super durões, mas o maior rival da minha
carreira foi mesmo o Ken Shamrock, porque era uma rivalidade verdadeira.
Eu gosto do Randy Couture, o UFC “vendeu” que eu odiava o Liddell e
vice-versa, mas eu achava que nós éramos amigos – nós treinávamos
juntos, não éramos inimigos. O único inimigo real que eu tinha era o Ken
Shamrock, e isso era 100% verdadeiro.
Quem foi o adversário mais difícil da sua carreira?
Vitor Belfort e Randy Couture.
Jon Jones, hoje, entra no octógono para quebrar o seu recorde
de maior defesas de títulos na divisão dos meio–pesados do UFC. O que
você tem a dizer sobre isso?
Meu Deus, já chegou esse dia? Uau! (risos) Foi tão rápido! Mas, falando
sério, se tem alguém que merece quebrar esse recorde, esse cara é o Jon
Jones. Eu gosto dele, acho que é um excelente atleta, um campeão
sensacional e eu vou ficar feliz de vê–lo fazer isso!
Mais Combate.com: confira as últimas notícias do mundo do MMA