Atlético-MG e Vasco entraram no gramado do Independência neste domingo
como líder e vice, respectivamente, separados por apenas um ponto.
Agora, a distância é de quatro (38 a 34) e pode aumentar, já que os
mineiros têm um jogo a menos na tabela por conta do adiamento do
confronto com o Flamengo. A vitória por 1 a 0 veio com gol de Jô e ótima
atuação de Ronaldinho Gaúcho no segundo tempo. Foi a primeira derrota
do Vasco fora de casa no Brasileirão. E, para piorar a vida dos
cruz-maltinos, o Fluminense bateu o Palmeiras neste domingo, por 1 a 0,
no Engenhão, e assumiu a segunda colocação, com 35 pontos.
Não bastasse a perda de uma posição na tabela, Fernando Prass viu
extinta a chance de bater a marca de Acácio, que ficou nove jogos sem
sofrer gols pelo Vasco - o atual goleiro completaria oito jogos neste
domingo se não tivesse sido vencido por Jô. O recorde no Brasileiro é do
Palmeiras, que ficou dez partidas sem ser vazado em 1973.
Na próxima rodada, o Atlético-MG vai encarar o Atlético-GO no Serra Dourada, quarta-feira, às 20h30m (de Brasília).
- Essa liderança representa a união do grupo. Quando a gente entra em
campo, tem de esquecer tudo. Entrou aqui é uma guerra, e a gente tem
conseguido vencer as batalhas - disse o zagueiro Leonardo Silva.
O Vasco recebe o Coritiba, quinta-feira, em São Januário, às 21h.
- Infelizmente, sabíamos que encontraríamos uma equipe de excelente
qualidade. Eles conseguiram impor um ritmo forte, e nós não apresentamos
o futebol que queríamos. O Atlético foi superior e mereceu a vitória -
admitiu o volante vascaíno Nílton.
Jô tirou a camisa ao marcar o gol da vitória atleticana e recebeu cartão amarelo (Foto: Lucas Catta Prêta)
Separados por apenas um ponto na tabela antes do apito incial, líder e
vice entraram em campo respaldados por sólidos retrospectos. O time da
casa, até então, vencera seis partidas e empatara uma atuando em seu
território. A equipe da Colina, por sua vez, sustentava a
invencibilidade fora do Rio, com três empates e quatro vitórias longe de
São Januário.
Confusão no Galo não influencia desempenho
Os mineiros, porém, viveram momentos de tensão antes do confronto, o
que explica a declaração de Leonardo Silva. O presidente do clube,
Alexandre Kalil, foi à concentração na sexta-feira cobrar o elenco e
teria se desentendido com a estrela da companhia, Ronaldinho Gaúcho. O
camisa 49 supostamente ficaria fora da partida por ordem do mandatário,
mas a escalação do Atlético-MG foi confirmada com força máxima. E o
craque acabou sendo decisivo, com a jogada para o gol de Jô. O técnico
Cuca minimizou o episódio na concentração.
- É um jogo do primeiro contra o segundo, então de caráter decisivo em
uma competição por pontos corridos. O time está mobilizado, focado,
vocês vão ver a resposta dentro do campo - afirmou o treinador.
E a resposta não tardou. O jogo começou quente no Independência, com o
líder partindo com tudo. Antes do primeiro minuto, Fernando Prass foi
obrigado a sair de soco do gol. Na sequência, em lance semelhante, a
bola chegou à área pelo alto, em lançamento partindo quase da linha
central, pelo lado esquerdo. Jô tentou da marca do pênalti, mas Dedé
bloqueou. Na sobra, Guilherme completou para fora.
O Vasco, contudo, suportou bem a pressão inicial, mas a preocupação
aumentou pouco depois, quando Eder Luis teve de deixar o gramado de
maca, sentindo dores nas costas. William Barbio iniciou o aquecimento,
mas o titular acabou retornando ao campo.
O Atlético-MG seguiu dominando as ações, com bom toque de bola que
obrigava a organizada defesa cruzmaltina - que àquela altura estava há
sete jogos sem ser vazada - a se deslocar mais do que o habitual e,
portanto, ceder espaços. No ataque, os cariocas não conseguiam a mesma
consistência. Além de uma cobrança de escanteio de Juninho Pernambucano,
que por pouco não terminou em gol de Douglas, o time pouco produziu do
meio para frente nos primeiros 15 minutos.
Os mineiros tiveram mais uma grande chance aos 17. Marcos Rocha deu
para Bernard, que achou Jô live na entrada da área. A finalização,
contudo, foi sem direção. No lance seguinte, Bernard escapou sozinho e
caiu diante de Auremir. Torcida, jogador e o técnico Cuca reclamaram
muito, mas o juiz mandou seguir. O treinador chegou a ser advertido pela
arbitragem e, nos minutos seguintes, se sentou no banco, deixando um de
seus auxiliares passar as instruções à equipe.
Vasco tenta explorar o contra-ataque
Sem volume de jogo, o Vasco aguardava para partir em contra-ataques com
Eder Luis pela direita ou Carlos Alberto pela esquerda, mas a zaga do
Atlético-MG se mostrava atenta e levava a melhor. Aos 31, os
cruz-maltinos tiveram a melhor chance. Carlos Alberto recebeu na ponta
esquerda, limpou dois marcadores e bateu para o gol. Réver bloqueou o
chute com o corpo, os vascaínos pediram toque de mão, mas a arbitragem
ignorou e mandou seguir.
Aos 39, em cobrança de escanteio, Leonardo Silva cabeceou sozinho para
grande defesa de Prass. Na sobra, Jô empurrou para a rede, mas estava
impedido. Por pouco, não foi encerrada a invencibilidade do goleiro
vascaíno. Ainda houve tempo, já nos acréscimos, para Guilherme achar
Bernard sozinho na área, mas a zaga chegou em cima e conseguiu o corte
providencial.
Para o segundo tempo, o Galo voltou inalterado, mas o Vasco mexeu no
ataque. Cristóvão Borges sacou Eder Luis, inoperante na etapa inicial, e
colocou Tenorio para atuar ao lado de Alecsandro. Logo no primeiro
minuto, o equatoriano passou em velocidade por Réver na esquerda e
cruzou rasteiro para Alecsandro, que, pressionado, não conseguiu
concluir. Um minuto depois, foi a vez de Guilherme avançar livre pela
direita e finalizar para fora, com Bernard sozinho na pequena área
reclamando de braços abertos.
Discreto no primeiro tempo, Ronaldinho Gaúcho foi decisivo na vitória do Atlético-MG (Foto: Flickr / Atlético-mg)
Ronaldinho Gaúcho, até então discreto, aparece para decidir
Aos oito, Ronaldinho, que participava da distribuição do jogo mas longe
de ser decisivo, deu passe de craque para Bernard, que cruzou para
desvio de Fernando Prass. No rebote, Marcos Rocha pegou mal na bola. O
time mineiro seguiu dominando as ações, com bom toque de bola, mas ainda
pecando nas finalizações. Foram diversos lances em que boas tabelas dos
atleticanos terminavam em falha sutil no último passe, permitindo a
recuperação da defesa rival.
Bernard teve nova chance ao receber grande bola de Guilherme, aos 15,
mas a conclusão novamente foi ruim. Cuca então tirou Guilherme para a
entrada de Escudero, sua primeira modificação na equipe. Pouco depois,
Cristóvão sacou Carlos Alberto e mandou o volante Fellipe Bastos a
campo.
Prass fez por merecer a invencibilidade aos 20, em nova defesa difícil
em cobrança de falta de Ronaldinho Gaúcho. Quatro minutos depois, porém,
o encanto foi quebrado. Ronaldinho driblou o marcador e cruzou. Prass
desviou parcialmente, mas Jô, de cabeça, enfim conseguiu empurrar para a
rede: 1 a 0. Pouco depois, Tenorio, que entrara no intervalo, sentiu
uma contusão e teve de ser substituído por William Barbio.
Prass seria novamente exigido por Ronaldinho aos 28, em nova cobrança
venenosa de falta. Aos 35, Juninho Pernambucano tentou também incomodar
Victor, mas mandou para fora. O Atlético-MG seguiu dominando a partida
até os minutos finais, com os vascaínos limitados a algumas tentativas
de contra-ataque enquanto a torcida rival reverenciava Ronaldinho
Gaúcho. Com 12 vitórias em 15 jogos, o Galo é líder cada vez mais
isolado no Campeonato Brasileiro.