sábado, 22 de outubro de 2011

Na ciranda de técnicos, Cuca é o mais rodado na era dos pontos corridos

Desde 2003, atual comandante do Atlético-MG passou por oito clubes diferentes. Muricy lidera o ranking de dias em atividade no período

Por Marcelo Baltar Rio de Janeiro
Há algo de infantil no futebol brasileiro. Não é a juventude de Neymar, sua magia e idolatria entre as adolescentes. Não são as dancinhas e coreografias, e muito menos o João Sorrisão. O que há de mais pueril é a imagem de uma brincadeira de criança: a ciranda. A inocência, no entanto, passa longe dos gramados tupiniquins, e a diversão é toda dos mais experientes: os treinadores.
ilustração matéria ciranda técnicos (Foto: arte esporte)
Não entendeu o jogo? Veja na prática como funciona. Muricy Ramalho deixou o Fluminense em março deste ano para assumir o Santos, onde trabalhou Adilson Batista até fevereiro. Adilson Batista foi demitido no último domingo do São Paulo, por onde passou Paulo César Carpegiani depois de treinar o Atlético-PR. Antes, porém, o mesmo Adilson Batista havia dirigido o Furacão, que também teve Renato Gaúcho, que há pouco estava no Grêmio, onde está Celso Roth, que iniciou o ano no rival Inter. Após Roth, o Colorado anunciou em agosto Dorival Júnior, ex-Atlético-MG, hoje comandado por Cuca, que estava no Cruzeiro antes de Joel Santana sair do Botafogo, assumir o comando da Raposa em junho, ser demitido após 72 dias e parar no Bahia.
Confuso, não? Mas é assim que funciona. Com poucos nomes no cenário dos principais clubes, o futebol brasileiro tornou-se nos últimos anos uma ciranda de treinadores. As trocas de comando são muitas, mas os nomes são quase sempre os mesmos. Dos 20 treinadores da Série A, nove (45%) já estiveram em outro clube da Primeira Divisão brasileira na atual temporada.

E as trocas têm sido constantes. No Campeonato Brasileiro deste ano, 12 dos 20 clubes já trocaram de comando técnico, sendo que seis – América-MG, Atlético-PR, Avaí, Cruzeiro, Grêmio e São Paulo – mais de uma vez. Se o período levado em consideração for toda a temporada 2011, o número aumenta para 16 agremiações (80%). Apenas quatro – Corinthians, Coritiba, Flamengo e Palmeiras - mantêm o treinador desde janeiro, sendo que todos, sem exceção, tiveram seu trabalho contestado em algum momento neste ano.

Nos últimos anos, aproximadamente 15 nomes se revezam entre os 12 principais clubes do sudeste e do sul do país (RJ/SP/MG/RS) e fazem uma espécie de dança das cadeiras no futebol brasileiro. O que não serve mais para um hoje pela manhã pode ser a solução do rival à tarde. Adilson Batista é um bom exemplo. Após quase dois anos e meio de estabilidade no Cruzeiro, achou que era hora de arriscar-se em outras praças. No entanto, em pouco mais de um ano, foi demitido de Corinthians, Santos, Atlético-PR e São Paulo.
A rodagem de Cuca
Cuca no treino do Atlético-MG (Foto: Bruno Cantini / Site Oficial do Atlético-MG)Cuca no Atlético-MG, seu oitavo clube desde 2003
(Foto: Bruno Cantini / Site Oficial do Atlético-MG)
Desde 2003, quando o Brasileirão adotou o sistema de pontos corridos, Cuca já treinou oito das principais equipes de Rio, SP, MG e RS. Alguns, como Botafogo, Flamengo e Fluminense, mais de uma vez. Logo abaixo, com seis clubes cada, Celso Roth, Joel Santana, Oswaldo de Oliveira e Leão vêm na segunda colocação (veja no infográfico abaixo, com os números desde 2003).

Dorival Júnior é outro integrante da roda. Prestigiado por trabalhos recentes bem-sucedidos, o treinador ficou desempregado por poucos dias nos últimos anos. Saiu do Vasco com proposta do Santos. Demitido após desentendimento com Neymar, assinou com o Atlético-MG quatro dias após deixar a Vila Belmiro. A história repetiu-se em agosto. Mandado embora do Galo no domingo (7/8), Dorival foi anunciado como novo treinador do Internacional na sexta-feira (12/8).

- Venho com um objetivo: cumprir meu contrato. Jamais quebrei um contrato. A situação do Atlético-MG foi desagradável, desgastante, mas o presidente resolveu tomar uma decisão, e eu respeitei – ponderou Dorival Jr., em sua apresentação no Beira-Rio.
lista técnicos nos clubes (Foto: arte esporte)Lista mostra técnicos mais rodados em RJ/SP/MG/RS desde 2003 (Arte Esporte)
Dorival, antes mesmo de deixar o Atlético-MG, já era especulado no Inter, que estava de olho numa possível queda do treinador. E é essa a rotina dos principais técnicos do país. Geralmente em baixa ao serem demitidos, chovem propostas em um mercado escasso, pelo menos na visão dos dirigentes. Vanderlei Luxemburgo é outro bom exemplo. Ao ser demitido do Galo em setembro do ano passado, disse que precisava de um tempo para reciclar-se. Pouco mais de uma semana depois, tinha em mãos uma bela proposta do Flamengo. Luxa não pensou duas vezes, esqueceu a “quarentena” e voltou ao clube de coração.
Muricy: o técnico que mais trabalhou
listas técnicos mais dias empregado - 2 (Foto: arte esporte)Técnicos mais tempo em atividade desde 2003
(Arte Esporte)
Com quase 2.900 dias empregado em cinco dos doze clubes considerados no levantamento desde 2003, Muricy Ramalho lidera o ranking, à frente de Vanderlei Luxmeburgo. Atual campeão brasileiro e da Taça Libertadores, o técnico do Santos acredita que falta uma legislação específica para evitar a instabilidade dos treinadores no país.
- Deveria haver alguma lei nesse sentido, mas é o tipo de coisa que jamais pegaria no Brasil. Outra coisa: o clube deveria ser obrigado a pagar o contrato todo do treinador caso o mandasse embora, mas isso dificilmente acontece. Só quando há multa rescisória no contrato - afirma.
Muricy, que em março deste ano deixou o Fluminense reclamando das condições de trabalho, ressalta que as diretorias costumam errar na escolha de técnicos e que isso ajuda a manter a ciranda rodando sem parar.
- A diretoria erra na avaliação, pois não analisa bem o perfil. Tem muito técnico que serve para um determinado time, mas não faz bom trabalho em outro. É preciso saber avaliar muito bem antes de contratar um profissional. Só assim essa coisa (dança de técnicos) vai começar a diminuir. Só que acho difícil essa situação mudar. Faz parte da cultura do futebol brasileiro.

Há também os técnicos regionais. Quando estava em alta, Leão pulava de rival para rival em São Paulo. Celso Roth é sinônimo de bombeiro em Porto Alegre, enquanto Renato Gaúcho demorou a ter sua primeira chance longe do Rio de Janeiro.
Falta de opção ou de criatividade?
Recém-promovido da Série C para a Série B com o Joinville, o técnico Arthurzinho critica a repetição de nomes no comando dos principais clubes do futebol do país:
-  Sou bem franco: não tenho empresário, marketing e nem assessor de imprensa. Às vezes, outros profissionais não têm o meu currículo, mas os dirigentes buscam no mercado sempre os mesmos nomes para dar satisfação à torcida. Aí é mais fácil errar, tirando um pouco a responsabilidade deles (cartolas). Sou vencedor e tenho currículo. São seis títulos (dois baianos pelo Vitória, um goiano pelo Vila Nova, duas Copas do Nordeste - uma pelo Vitória e outra pelo América-RN -, além de uma Copa Santa Catarina). Sempre treinei mais equipes do Nordeste, espero que possa ser mais visto agora em Santa Catarina.
Mas afinal, são poucas as opções no mercado ou os dirigentes preferem o certo ao duvidoso? Na visão do blogueiro do GLOBOESPORTE.COM José Ilan, são vários os fatores que influenciam os dirigentes brasileiros no momento de contratar um comandante para seu time.
- Os nomes são sempre os mesmos porque há um mercado de técnicos numa ciranda restrita, onde fatores como idade, empresário influente, bom relacionamento e boa reputação nos clubes onde passou pesam e se espalham no meio do futebol. Como numa dança das cadeiras, estes técnicos correm em torno dos cargos. Aqueles que estão fora da brincadeira há algum tempo geram desconfiança dos empregadores. Geram dúvidas se estão mesmo atualizados, se conhecem os clubes, os elencos e se vão se enquadrar nas estruturas atuais – frisou Ilan, que acredita que as trocas, na maioria das vezes, não são feitas baseadas na busca de um profissional mais qualificado, mas sim visando a dar uma nova motivação aos elencos, já desgastados com um treinador.
- É, sim, uma insegurança de quem contrata. Os que estão habitualmente empregados oferecem a sensação de que é mais seguro apostar neles, mesmo que tenham acabado de fracassar com outra camisa. A aposta em geral é na ideia de que o simples fato da troca de comando motiva os jogadores, renova o ambiente. E nesta linha, muitos acabam mesmo dando minimamente certo, nem que seja por pouco tempo. E mesmo que acabem saindo em algumas rodadas, se não fizerem trabalhos desastrosos em sequência, sempre vão achar alguém disposto a lhe dar mais uma chance.

O certo é que, com poucas opções ou não, não é fácil entrar na ciranda. Novos nomes geralmente não contam com o respaldo dos dirigentes e muito menos com a tolerância dos torcedores. No fim de 2009, parecia que o panorama mudaria. Andrade levou o Flamengo ao título brasileiro que não o clube não conquista havia 17 anos. Na temporada seguinte, os clubes apostaram. O Vasco foi de Gaúcho, o Inter buscou o uruguaio Jorge Fossati, o Grêmio tirou Silas do Avaí, e até o Flamengo tentou repetir a receita e efetivou Rogério Lourenço no lugar do próprio Andrade, demitido cinco meses após o hexacampeonato. Nenhum deles teve sucesso.

Em 2011, novas apostas, novos fracassos. O Grêmio trouxe Julinho Camargo, auxiliar de Falcão no rival Internacional. Sem respaldo e resultados, o treinador ficou um pouco mais de um mês no Olímpico. Até mesmo Falcão, maior ídolo da história do Colorado, não teve cem dias de tolerância no Beira-Rio. Foi demitido 99 dias após assumir o comando da equipe.
Os “esquecidos”
Leão ex-técnico do Goiás (Foto: Ag. Estado)Leão: mais de um ano sem emprego (Ag. Estado)
Se não é fácil entrar na ciranda, o mesmo não pode ser dito quanto a sair dela. Uma sequência de trabalhos mal-sucedidos pode fazer com que nomes até então badalados sumam do mapa dos grandes clubes.

Geninho, Oswaldo de Oliveira e Jair Picerni são alguns nomes, mas Emerson Leão, talvez, seja o melhor exemplo. Na década passada, comandou a Seleção Brasileira, foi campeão nacional com o Santos - quando ajudou a revelar a geração de Diego e Robinho -, e passou por Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Cruzeiro e Atlético-MG. Era visto como um técnico caro e polêmico, mas nunca lhe faltaram propostas. Desde 2009, no entanto, não circula entre os grandes do futebol brasileiro. Seu último trabalho foi no Goiás, em 2010, de onde saiu há um ano após críticas à diretoria do Esmeraldino pelo atraso no pagamento dos salários.

Leão, entretanto, não acredita que seu perfil polêmico e seu histórico de confusão sejam os motivos por estar afastado do futebol há um ano.

- O meu perfil é de cobrar caloteiro. Estou errado? Dirigentes que te dão cheques e depois sustam. Infelizmente isso não acontece só comigo. Grandes treinadores empregados estão cobrando de clubes grandes... Tive três convites da Série A, mas não foram legais. Penso em voltar a qualquer momento.
Sobre a dança das cadeiras e a experiência de quem é treinador no futebol brasileiro há quase 25 anos, Emerson Leão é duro nas palavras ao falar sobre a alta rotatividade no comando dos clubes do Brasil.

- O futebol brasileiro, para variar, está uma dança de técnicos. Isso é um desrespeito muito grande com os treinadores. Não havíamos chegado nem ao fim do primeiro turno, e mais de 50% dos clubes já haviam mudado seus técnicos. Isso não é normal, isso não existe. Quase nenhum técnico consegue cumprir um ano de contrato.Tem muito treinador no Brasil, muitas pessoas que não estão credenciadas para isso, muitos palpiteiros – concluiu

Cruzeiro ingressa na zona de rebaixamento após vitória do rival

Atlético-MG vence Fluminense, no Engenhão, e ultrapassa Raposa. Time celeste precisa vencer Atlético-GO para sair do Z-4

Por GLOBOESPORTE.COM Belo Horizonte
vagner mancini cruzeiro treino (Foto: Fernando Martins/Globoesporte.com)Mancini prevê mais pressão para o Cruzeiro.
(Foto: Fernando Martins/Globoesporte.com)
O Cruzeiro está na zona de rebaixamento. E da pior forma possível: a equipe foi ultrapassada pelo Atlético-MG, que venceu o Fluminense no Engenhão, neste sábado, e chegou aos 33 pontos, pulando do 17º para o 15º lugar. Com 31 pontos, a Raposa agora abre o Z-4.
O time celeste, porém, recupera sua posição se vencer o Atlético-GO neste domingo, às 18h, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Mas, como disse após o treino de quinta-feira, Vagner Mancini acha que os resultados põem mais pressão no Cruzeiro. Afinal, a equipe agora sabe que um tropeço significará a permanência entre os quatro últimos colocados. Outro ponto a pressionar a equipe é o jejum de 11 partidas sem vitória.
- É uma pressão a mais (saber os resultados de sábado). Preferia que todos os jogos fossem no mesmo horário. Até porque os atletas estão concentrados, mas ficam olhando os outros resultados, e temos que estar focados é no nosso trabalho. Temos de ter consciência de que só nós podemos sair desse problema. Ninguém vai fazer gol por nós.

O Atlético-GO entra em campo mais despreocupado nesse domingo. Com 42 pontos, está praticamente livre do rebaixamento e bem na briga por uma vaga na Copa Sul-Americana. O GLOBOESPORTE.COM traz a cobertura completa do jogo a partir das 17h30 (de Brasília).

brasileirão série a 2011

CLASSIFICAÇÃOPJVEDGPGCSG%
1
Corinthians
54
30
16
6
8
43
30
13
60
2
Vasco
54
30
15
9
6
47
35
12
60
3
Botafogo
52
31
15
7
9
48
37
11
55.9
4
Flamengo
51
30
13
12
5
49
38
11
56.7
5
Fluminense
50
31
16
2
13
44
40
4
53.8
6
São Paulo
48
30
13
9
8
45
38
7
53.3
7
Internacional
47
30
12
11
7
50
37
13
52.2
8
Figueirense
47
31
12
11
8
40
37
3
50.5
9
Grêmio
43
31
12
7
12
36
40
-4
46.2
10
Atlético-GO
42
30
11
9
10
39
34
5
46.7
11
Santos
41
30
12
5
13
42
44
-2
45.6
12
Coritiba
41
30
11
8
11
47
37
10
45.6
13
Palmeiras
41
31
9
14
8
36
32
4
44.1
14
Bahia
36
30
8
12
10
34
37
-3
40
15
Atlético-MG
33
31
9
6
16
37
48
-11
35.5
16
Ceará
32
30
8
8
14
36
51
-15
35.6
17
Cruzeiro
31
30
8
7
15
34
39
-5
34.4
18
Avaí
29
31
7
8
16
42
65
-23
31.2
19
Atlético-PR
28
30
6
10
14
29
45
-16
31.1
20
América-MG
25
31
4
13
14
40
54
-14
26.9
  • Sab 22/10/2011 - 18h00 Canindé
    PAL
    1 2
    FIG
  • Sab 22/10/2011 - 18h00 Engenhão
    FLU
    0 2
    CAM
  • Sab 22/10/2011 - 18h00 Ressacada
    AVA
    3 2
    BOT
  • Sab 22/10/2011 - 18h00 Arena do Jacaré
    AMG
    2 2
    GRE
  • Dom 23/10/2011 - 16h00 Morumbi
    SPO
    CFC
  • Dom 23/10/2011 - 16h00 Beira Rio
    INT
    COR
  • Dom 23/10/2011 - 16h00 Arena da Baixada
    CAP
    CEA
  • Dom 23/10/2011 - 16h00 Pituaçu
    BAH
    VAS
  • Dom 23/10/2011 - 18h00 Engenhão
    FLA
    SAN
  • Dom 23/10/2011 - 18h00 Arena do Jacaré
    CRU
    ACG
Taça LibertadoresSul-AmericanaRebaixados
P pontosJ jogosV vitóriasE empatesD derrotasGP gols próGC gols contraSG saldo de gols(%) aproveitamento
Firme na defesa, Atlético-MG bate o tenso e desfalcado Fluminense: 2 a 0
Time de Cuca tem pouca posse de bola, mas aproveita bem as chances e resolve o jogo na etapa inicial. Abel Braga sofre sem Fred e Deco
 
A CRÔNICA
por GLOBOESPORTE.COM
No duelo do desfigurado aspirante ao título contra o ameaçado de queda, brilhou a estrela daquele que já ajudou o Fluminense em arrancada histórica na luta para se manter na Série A em 2009. Cuca aproveitou os desfalques de Abel Braga e armou um Atlético-MG traiçoeiro, explorando bem os contra-ataques, diante de um adversário nervoso na ausência de seu principal astro, Fred, suspenso. O Atlético-MG venceu por 2 a 0 no Engenhão, esfriou a boa fase tricolor e teve alívio momentâneo na tabela. Foi a primeira vitória de uma equipe mineira no estádio, inaugurado em 2007 - foram 28 jogos, sendo que o Alvinegro disputara nove, perdendo todos.
O resultado tira o Atlético-MG temporariamente da zona de rebaixamento, com 33 pontos, dois a mais que o Cruzeiro, primeiro do Z-4, e um à frente do Ceará, 16º colocado. O rival mineiro enfrenta o Atlético-GO neste domingo, às 18h, na Arena do Jacaré. Já os cearenses enfrentam o Atlético-PR, às 16h na Arena da Baixada..
O Galo seguirá fora da zona de rebaixamento caso Cruzeiro ou Ceará empate ou perca. Já o Fluminense, em quinto,  pode ser ultrapassado neste domingo se o São Paulo vencer o Coritiba neste domingo, às 16h, no Morumbi.
Na próxima rodada, o Fluminense vai a Fortaleza enfrentar o Ceará no sábado, às 18h. Já o Atlético-MG recebe o Palmeiras, domingo, às 18h.
Flu tem maior posse de bola, mas incomoda pouco
Abel Braga fez um treino secreto durante a semana, teve o segredo desvendado, e reclamou da imprensa antes de a bola rolar. Parecia sentir que a noite não seria tranquila. Mesmo com mais de 70% de posse de bola no primeiro tempo, o treinador viu a aplicada equipe de Cuca abrir 2 a 0 na etapa inicial. Um placar estranho pelo pouco volume de jogo dos mineiros, mas facilmente explicável pela falta de de poder de fogo tricolor. Sem Fred e Rafael Moura, o ataque formado por Martinuccio e Rafael Sobis quase não incomodou os defensores atleticanos. A ausência de Marquinho  também era sentida.
O Atlético Mineiro viajou ao Rio para se defender e explorar contra-ataques. Pela direita, Carlos Cesar tentava aproveitar os avanços de Carlinhos, com auxilio do experiente Mancini no setor. Na esquerda, Bernard disparava nos espaços deixados por Mariano. O veloz meia conseguiu uma jogada que deu tranquilidade ao Galo nos minutos iniciais. Prendeu a bola na área, driblou e caiu após disputa com Mariano. Daniel Carvalho pediu a bola para Mancini e abriu o placar de pênalti, cobrando rasteiro, aos 12.
Foi a senha para o Atlético se fechar ainda mais. Com mais espaço, o Fluminense passou a conseguir trocar passes no meio, algo que não vinha acontecendo até então. Apesar do volume, o time de Abel, em vez de buscar objetivamente o gol de empate, passou a procurar um pênalti. Primeiro, Carlinhos se jogou em disputa com Carlos Cesar. Depois, Martinuccio caiu abraçado a Pierre. O juiz José Pierre Lima mandou seguir o jogo nos dois lances.
A melhor jogada trabalhada pelo Fluminense só surgiu aos 42, quando Lanzini entrou na área, driblou Leonardo Silva e cruzou bem. Com o goleiro batido, Rodrigo não conseguiu chegar para a finalização. Para piorar, três minutos depois, Daniel Carvalho levantou a bola na área e André se antecipou de cabeça: 2 a 0. Márcio Rosário, que acompanhou o atacante na jogada, reclamou dos companheiros.
- O Abel tinha avisado. Nossos dois zagueiros marcariam os zagueiros deles. Tive de abandonar o meu e não consegui chegar (em André). Não pode deixar os caras livres na bola aérea - comentou.
Galo se fecha mais e segura  o placar
Abel Braga decidiu voltar para o segundo tempo com Araújo no lugar de Rodrigo. Mas a primeira chance foi do Galo. Márcio Rosário, que reclamara no intervalo, deu motivo para ser alvo de lamentações. Praticamente ajeitou uma bola de cabeça para Daniel Carvalho puxar contra-ataque. O meia esticou para Mancini, que avançou sem marcação e chutou por cima do travessão.
A torcida tricolor, irritada, pedia Souza. Rafael Sobis errou um chute, Carlinhos furou uma dominada. Os gritos de incentivo viravam vaias. Aproveitando o clima, Daniel Carvalho arrancou pelo meio e rolou para André chutar de novo. Diego Cavalieri espalmou de forma esquisita para frente. O clima era favorável a Cuca.
Aos 15, Abel decidiu mudar de novo. Tirou Fernando Bob, muito vaiado, e colocou Souza. Cuca respondeu com Richarlyson no lugar de Mancini - que não gostou de sair, apesar de cansado. As mudanças mantiveram o panorama do jogo, com o Fluminense tentando pressionar, mas criando pouco. O time insistia em levantar bolas na área, mesmo sem seus melhores cabeceadores, diante de um adversário com dois zagueiros altos.
Na última tentativa de mudar o cenário, Abel colocou Ciro no lugar de Martinuccio. Para insistir nos contra-ataques, Cuca escalou Neto Berola na vaga de Fillipe Soutto. O time mineiro seguiu seguro, e Richarlyson ainda acertou uma bola no travessão.
Aos 38, Leandro Euzébio sofreu falta na entrada da área. O juiz marcou, mas expulsou o zagueiro por reclamação (pediu amarelo para o adversário). Souza cobrou a falta nas mãos de Renan. Com um a mais, o Atlético-MG desperdiçou duas boas chances de ampliar, mas teve calma suficiente para segurar a preciosa vitória na luta contra a queda.
 
31ª RODADA
Avaí vence jogo dramático e impede o Botafogo de dormir líder: 3 a 2
Glorioso, que reclama de pênalti em Loco Abreu no segundo tempo, sai na frente, sofre virada, empata o jogo, mas perde com gol de Robert no fim
 
A CRÔNICA
por Thiago Fernandes
Não era tênis, mas o placar foi digno de uma decisão de Grand Slam:  Avaí 3 x 2 Botafogo, com Gustavo Kuerten, Larri Passos e Thomaz Bellucci assistindo de camarote, na Ressacada. Sobraram chances de gol, belas defesas, golpe de caratê e polêmicas: gol de bicicleta do Avaí em impedimento e um pedido de pênalti de Caçapa em Loco Abreu por parte dos cariocas, quando o Leão vencia por 2 a 1, no início do segundo tempo. O uruguaio, autor do primeiro gol, ainda discutiu com o árbitro Sandro Meira Ricci por conta de "cera" dos adversários. Renato fez o segundo do Bota, que teve Lucas expulso antes do terceiro gol do Avaí.
Do lado vencedor, palmas para a brilhante atuação do goleiro Felipe e ânimo renovado para a luta contra o rebaixamento à Série B em 2012. Robinho e Cleverson - de bicicleta - viraram o jogo na primeira etapa, e Robert fez o gol que levou o time à 18º colocação, com 29 pontos. No entanto, o Avaí ainda pode ser superado pelo Atlético-PR, que tem 28 e enfrenta o Ceará neste domingo.  Na 32ª rodada, a equipe catarinense encara o Corinthians, domingo, dia 30, em São Paulo.
Com 52, o Botafogo segue em terceiro, mas pode ser ultrapassado pelo Flamengo (51), que enfrenta o Santos neste domingo, no Rio de Janeiro. O time volta a campo pelo Brasileiro no próximo sábado, contra o Cruzeiro, no Engenhão. Na terça-feira, vai à Colômbia decidir a vaga nas quartas de final contra o Santa Fé.
Loco marca, Avaí pedala e vira
O Botafogo entrou em campo sabendo que dependia apenas de si para ser líder, mesmo provisoriamente. E, com Felipe Menezes no lugar de Elkeson, partiu para cima para buscar o primeiro lugar. A postura pareceu assustar o Avaí. Dominando as ações, o Bota pulou na frente rapidamente. Renato cruzou na medida para Loco. O atacante ajeitou para Antônio Carlos, que foi desarmado. Mas a bola voltou para o uruguaio guardar: 1 a 0.
O gol silenciou a torcida do Avaí, mas acordou os seus jogadores. E o Leão logo descobriu que o sistema defensivo do Botafogo não estava seguro. Pelas laterais, o time chegava facilmente e ainda contava com a distração do miolo de zaga. Foi assim que o time da casa virou o jogo sete minutos após o gol alvinegro. Fernandinho fez bonita jogada pela esquerda e tocou para a pequena área. Livre, Robinho recebeu e fuzilou Jefferson: 1 a 1.
Dois minutos depois, o ataque do Avaí trocou passes na defesa do Botafogo até que Junior Urso mandou pelo alto para Cleverson. Na pequena área - em posição de impedimento por um pé - o jogador matou no peito e mandou uma bonita bicicleta, para delírio de Guga e Larri Passos no camarote.
A partir daí, o Avaí passou a jogar mais tranquilo. O Botafogo sentiu a virada. Fábio Ferreira quase entregou o terceiro gol ao tentar dominar a bola e deixar na medida para Robinho. Jefferson foi mais rápido e impediu o gol. Movido por Maicosuel, melhor em campo até então, o Botafogo voltou a dominar o jogo. E poderia ter empatado antes de ir para o intervalo, não fosse a má pontaria de Herrera. Na cara do gol, na pequena área, chutou em cima do goleiro.

Felipe e Robert decidem
O Botafogo voltou para o segundo tempo com uma nova escalação e uma nova postura. Elkeson entrou no lugar de Herrera, e Léo substituiu Felipe Menezes. A intenção foi clara: liberar Maicosuel para atacar sem ter que voltar tanto. Deu certo. Os primeiros minutos foram de intensa pressão alvinegra. Em cobrança de escanteio, Fábio Ferreira ficou com o rebote, mas errou a cabeçada e perdeu chance de empate. Antônio Carlos quase devolveu a bicicleta depois de ficar com sobra de bola e arriscar a difícil jogada. A bola passou perto.
Com a mudança tática do Botafogo, o Avaí também resolveu mudar. Além de passar a jogar nos contra-ataques, começou a fazer a tradicional “cera”. O goleiro perdia o tempo que era possível quando tocava na bola. E os gandulas davam uma ajuda retardando o máximo possível a reposição de bola.
Irritado com a artimanha de Felipe, Loco Abreu chegou a lhe "dar um chega pra lá" em uma das lentas reposições de bola. Os dois discutiram, e o juiz pediu calma ao atacante. E o uruguaio ficou ainda mais aborrecido ao pedir pênalti numa duvidosa disputa dentro da área com o zagueiro Caçapa - o árbitro considerou o lance normal. Irritação uruguaia à parte, o Botafogo jogava bem, e o gol de empate não demorou a sair. Cortês levantou na área para Loco, que ajeitou para Renato fazer, de cabeça, seu primeiro gol com a camisa alvinegra e deixar tudo igual.
O próprio Renato poderia ter colocado o Botafogo em vantagem depois de desarmar Leandrinho e partir livre para o ataque. Mas o chute saiu fraco, e o goleiro pegou. A partir daí, foi uma sucessão de gols perdidos e defesas de Felipe. Maicosuel fez linda jogada e tocou para Loco na área. O atacante chutou, mas o goleiro defendeu. Depois de cobrança de escanteio, Fábio Ferreira cabeceou, Felipe defendeu e, no rebote, o goleiro voltou a pegar o chute de Marcelo Mattos.
Caio Jr. ainda lançou Caio no lugar de Maicosuel, que sentiu cãibras. O camisa 7 tentou voltar, mas o técnico confirmou a alteração. Na saída de campo, o Mago não escondeu a irritação.
Parecia que o gol da vitória do Botafogo sairia a qualquer momento. Até que Lucas fez falta dura em Gian e foi expulso com vermelho direto. No primeiro lance de ataque após a expulsão, o Avaí chegou à vitória. Lincoln chutou, Jefferson deu rebote, e Robert renovou as esperanças avaianas de permanecer na Série A em 2012.
Com facilidade, Figueirense bate Palmeiras e sonha com Libertadores
Figueira domina, faz 2 a 1 e se aproxima do G-5 no Brasileirão. Apático em campo e na arquibancada, Verdão já olha para parte de baixo da tabela
 
A CRÔNICA
por Diego Ribeiro
Uma constatação: o Figueirense, mesmo jogando no Canindé, entrou como favorito contra o Palmeiras e, com bela atuação, confirmou esse favoritismo, garantindo uma vitória tranquila, sem sustos. Feliz momento da equipe catarinense. Triste rotina alviverde no Campeonato Brasileiro.
Neste sábado, o Figueira manteve sua ótima fase na competição e, com enorme facilidade, fez 2 a 1 no Verdão. Há dez jogos sem perder, o time treinado por Jorginho vê cada vez mais vivo o sonho por uma vaga na Taça Libertadores. E até o palmeirense admite: deu a lógica.
O Figueira chegou aos 47 pontos, mesmo número do Internacional, e vai chegando nos ponteiros. Na rodada passada, o time comemorava o fim do risco de rebaixamento. Uma semana depois, a conversa já é outra, e bem mais animada. Os artilheiros Wellington Nem e Júlio César jogaram muito e deixaram um gol cada. Ricardo Bueno diminuiu nos acréscimos para o Palmeiras.
O time de Luiz Felipe Scolari segue com 41 pontos. A sete rodadas do fim, até a vaga na Copa Sul-Americana já está em perigo. Sem se encontrar no segundo turno, o Palmeiras completou o sexto jogo sem vitória. Nas arquibancadas, ninguém foi poupado. Todos saíram vaiados de campo - só Valdivia foi "poupado" por uma parte da torcida.
Na próxima rodada o Verdão tenta a reação contra o Atlético-MG no domingo que vem, às 18h (de Brasília), na Arena do Jacaré. No mesmo dia, o Figueirense recebe o Bahia no Orlando Scarpelli, às 16h.
maikon leite juninho palmeiras x figueirense (Foto: Agência Estado)Juninho, do Figueirense, e Maikon Leite, do Palmeiras, em disputa de bola (Foto: Agência Estado)

Alguém para o Wellington? Nem...
A timidez do atacante Wellington Nem na saída do gramado no primeiro tempo contrastou com seu comportamento dentro de campo. Endiabrado, ele foi peça-chave do Figueirense no Canindé e a todo momento segurou os zagueiros Maurício Ramos e Henrique apenas em sua marcação. Muito pouco para deter o jogador mais habilidoso da equipe catarinense.
O Palmeiras parecia tranquilo demais para uma equipe que só venceu uma partida no segundo turno do Brasileirão. A apatia alviverde foi rapidamente percebida pelo Figueirense, quando Jorginho deixou Túlio na proteção da zaga e liberou Jônatas para avançar. Sem marcação alguma no meio-campo, ele rapidamente se destacou e fez um lançamento primoroso para Wellington Nem.
Aos 10 minutos, o atacante deu corte seco em Henrique e abriu o placar com tranquilidade.
Sem reação alguma, o Palmeiras deu campo para Wellington Nem brilhar. Deu tempo de driblar, dançar e até ensaiar um chute no vácuo, marca registrada do palmeirense Valdivia. Henrique, Maurício Ramos e Cicinho não conseguiram parar o atacante, que foi soberano pelo lado esquerdo do ataque.
Mesmo sem brilhar, Valdivia foi o único a tentar algo diferente. Ricardo Bueno, escalado para dar mais opções de jogadas ao Mago, sequer conseguia acertar um chute na direção do gol. Só foi percebido quando prendeu a chuteira em uma placa de publicidade. Retrato de um Palmeiras completamente perdido e sem imaginação. Nas arquibancadas, o torcedor sentiu o golpe. Pouco vaiou a equipe na saída do gramado e se limitou a aplaudir o acesso da Portuguesa à Série A, anunciado pelo sistema de som do Canindé.
Irritação que só aumenta
Satisfeito com o 1 a 0, o Figueira começou o segundo tempo na dele, só esperando as investidas do Palmeiras. E com que dificuldade esse Palmeiras arma jogadas... Aos trancos e barrancos, em bolas divididas, e nas já famosas bolas paradas. Mesmo sem Marcos Assunção, o time apostou nas jogadas aéreas para tentar o empate. Muito pouco para animar os 3.897 pagantes que acompanharam o duelo no Canindé (renda de R$ 116.475,00).
Enquanto o Figueira tocava a bola com facilidade e embalava os gritos de “olé” dos poucos torcedores alvinegros no estádio, os palmeirenses já começavam a fazer contas. Se antes a preocupação era com título e vaga na Taça Libertadores, agora até mesmo a presença na Copa Sul-Americana passa a ser dúvida. Os mais pessimistas já olham até para a zona de rebaixamento.
A revolta aumentou aos 30 minutos, quando Wellington Nem (de novo), deixou Cicinho para trás e encontrou Júlio César sozinho na área: 2 a 0 Figueira, oito gols para Nem, nove para Júlio. No Figueira, a guerra é para saber quem vai terminar o Brasileirão como artilheiro da equipe.
No Palmeiras, a guerra e os problemas são bem mais profundos. Nome a nome, parte da torcida xingou todos os jogadores presentes em campo, inclusive Valdivia. Uma parte maior rebateu e começou a gritar o nome do Mago. Não deu nem para comemorar o golzinho de Ricardo Bueno, nos acréscimos. Nem nas arquibancadas os palmeirenses se entenderam, em mais um dia melancólico, em mais um dia que já vai se tornando rotina no cotidiano alviverde.
América-MG busca o empate com o Grêmio na Arena do Jacaré
Gaúchos venciam por 2 a 1 até os 41 do segundo tempo, quando Anderson igualou
 
A CRÔNICA
por GLOBOESPORTE.COM
Não foi desta vez que o Grêmio alcançou a meta estabelecida pela diretoria para assegurar a permanência na primeira divisão. A equipe gaúcha vencia de virada, fora de casa e com um jogador a mais desde o primeiro tempo, mas volta de Sete Lagoas frustrada pelo desfecho da partida. Neste sábado, América-MG e Grêmio ficaram no empate por 2 a 2, na Arena do Jacaré. Thiago Carleto marcou de falta, André Lima - duas vezes - colocou o Tricolor à frente, mas o zagueiro Anderson igualou no final. Marcos Rocha foi expulso.
Com o empate, o Grêmio soma 43 pontos, provisoriamente na 9ª colocação. A vitória levaria o time gaúcho aos 45 considerados suficientes para fugir do rebaixamento. O América-MG permanece na lanterna: é o 20º do Campeonato Brasileiro, com 25.
Pela 32ª rodada, os gaúchos recebem o Flamengo no Estádio Olímpico às 16h de domingo, 30 de outubro. No mesmo dia, às 18h, os mineiros visitam o Coritiba no Couto Pereira.
Quase
Embora fora de casa, o Grêmio não se constrangeu na Arena do Jacaré. Pelo contrário. Aproveitando-se da baixa presença de público, foi o time gaúcho que se propôs ao controle do primeiro tempo.
Com alta posse de bola - o índice ultrapassou 65% - e muitos passes trocados, entretanto, o Grêmio não conseguiu ultrapassar com intensidade o sistema defensivo do América-MG. E teve a falta de velocidade punida com o gol de Thiago Carleto, em forte cobrança de falta. A bola caiu antes de chegar a Victor, bateu no gramado molhado pela chuva insistente e surpreendeu o goleiro gremista, aos 11 minutos.
Coube ao Grêmio manter a estratégia inicial, posicionado no campo adversário, mas adicionando agressividade ao ataque. Escudero já havia perdido um gol (quase) imperdível, quando perseverava o 0 a 0 inicial, mas André Lima empatou concluindo com certa coragem uma bola dividida entre ele, o goleiro Neneca e um zagueiro - aos 34, dois minutos depois da expulsão de Marcos Rocha, pelo segundo cartão amarelo.
Porém, o próprio André Lima desperdiçou outra oportunidade clara. Aquele mesmo piso enlameado que enganara Victor desta vez desarmou o centroavante, prendendo a bola e fazendo o jogador do Grêmio perder o tempo ideal para o chute. O Grêmio encerrava a etapa quase vitorioso - e com boa perspectiva - mas também quase novamente surpreendido: Anderson cabeceou no travessão após cobrança de escanteio.
Quase, de novo
Temendo perder Fernando, amarelado no primeiro tempo, Celso Roth trocou-o pelo zagueiro Edcarlos no intervalo, passando Gilberto Silva ao meio-campo. O treinador do Grêmio fez boa análise da equipe até então, ligando a posse de bola restrita ao espaço entre as intermediárias e o número reduzido de finalizações - foram 7, apenas três claras. Ele pediu mais velocidade aos jogadores:
- Ter o controle do jogo não significa ter a posse de bola para o lado. Ter o controle do jogo significa ter a posse na direção do gol.
E o Grêmio encontrou o caminho idealizado por Roth. Aos 6, a bola cruzada desta vez driblou o barro. Caiu na grama. Sem a interferência do piso, André Lima conseguiu dominar, fez o segundo dele no jogo - o sétimo na competição - e virou para 2 a 1.
Confirmava-se a boa perspectiva para os gremistas. No segundo tempo, a posse de bola voltou a beirar os 65%, e a equipe tratou de fazer o tempo passar trocando passes, aproveitando a vantagem do jogador a mais. Givanildo Oliveira recorreu ao veterano centroavante Fábio Júnior e condicionou o time à pressão aérea. Deu certo: aos 41, de cabeça, Anderson fez o 2 a 2. Ficou no quase para o Grêmio.

Alison e Emanuel passeiam sob o sol de Puerto Vallarta e são ouro no Pan

Sem dificuldades, brasileiros batem os venezuelanos Hernández e Mussa
por 2 a 0 (21/17 e 21/12) e sobem ao lugar mais alto do pódio dos Jogos

Por João Gabriel Rodrigues Direto de Puerto Vallarta, México
Enquanto as duas duplas se aqueciam na areia, uma torcedora, com desidratação, era atendida por médicos e bombeiros na arena montada em Puerto Vallarta. Se o calor havia sido o grande rival durante a semana, a situação ficou pior neste sábado. Nem mesmo os jatos d’água em direção às arquibancadas aliviavam. Mas as dificuldades de Alison e Emanuel terminaram por aí. Sem tomar conhecimento dos venezuelanos Igor Hernández e Farid Mussa, os brasileiros passearam na final e levaram o ouro dos Jogos Pan-Americanos, no México, com 2 sets a 0, com parciais 21/17 e 21/12. Na partida preliminar, os argentinos Etchegaray e Suarez bateram os mexicanos Miramontes e Virgen por 2 a 1 (14/21, 21/19 e 15/11) e garantiram o bronze.
Alison e Emanuel vôlei de praia pan-americano guadalajara (Foto: Luiz Pires/VIPCOMM)Alison e Emanuel conquistam o ouro dos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara (Foto: Luiz Pires/VIPCOMM)
Foi a primeira medalha de Alison na competição. Emanuel, no entanto, já havia sentido o gosto do ouro quatro anos antes, ao lado do antigo parceiro Ricardo, no Rio de Janeiro.
Após a vitória na semifinal, Emanuel disse que pouco sabia sobre os venezuelanos, mas chamou a atenção para a força física dos rivais. Muito por isso, os brasileiros enfrentaram dificuldades no início da partida. A torcida, no entanto, estava quase toda do lado dessa vez.
Aos gritos de “Brasil”, a dupla começou a abrir vantagem após duas jogadas de Alison na sequência, uma deixadinha e um bloqueio: 8/6.
Alison e Emanuel vôlei de praia pan-americano guadalajara (Foto: Luiz Pires/VIPCOMM)Alison e Emanuel em ação na final do vôlei de praia
do Pan de Guadalajara (Foto: Luiz Pires/VIPCOMM)
Os venezuelanos não desistiam. Depois de duas recuperações sensacionais de Alison, que perdeu boné e óculos e arrancou aplausos da torcida, Mussa apenas devolveu, mas Emanuel fez golpe de vista, mas a bola foi na linha. Pouco depois, o mesmo venezuelano enganou o bloqueio de Alison e diminuiu a diferença para três pontos: 14/11 para os brasileiros.
Os venezuelanos tentaram reagir. Em uma bola cortada em cima de Alison, evitaram o primeiro set point dos brasileiros. Um erro de saque de Hernández na sequência, porém, deu números finais à parcial: 21/17.
No segundo set, os brasileiros abriram vantagem de 2/0 e os venezuelanos foram buscar. Não demorou muito e Alison e Emanuel tinham novamente uma boa folga no placar. Em bola no fundo de Emanuel, a dupla abriu 8/4 e voltou a controlar o set.
Com um erro de Mussa, os brasileiros ampliaram para 12 a 7. Na sequência, marcaram mais um ponto em ataque de Emanuel, explorando o bloqueio de Hernández. Em linda deixadinha de Emanuel após defesa espetacular, a parceria verde-amarela fez 20/12.
Para a torcida, tudo era festa: o jogo, a música e os jatos d'água. Ao perceber o esforço venezuelano em busca do ouro, aplaudiram. Mas o dia era mesmo dos brasileiros, que fecharam a vitória em ponto de Emanuel no corredor: 21/12 e ouro para o Brasil.

Agora a conta fecha: Lusa vence o Americana e está de volta à Série A

De virada, equipe do Canindé faz 3 a 2 e, depois de três anos, retorna à elite do futebol brasileiro. Festa portuguesa!

Por Adilson Barros Americana, SP
Agora, sim. A Portuguesa está de volta à Série A do Brasileirão, três anos depois do rebaixamento. A vitória por 3 a 2 sobre o Americana, de virada, neste sábado à tarde, no estádio Decio Vitta, em Americana, pela 32ª rodada, garantiu o acesso à Lusa, que já vinha festejando desde o triunfo sobre o Vitória, terça-feira passada, no Canindé. Agora, a matemática confirma o retorno do time rubro-verde, que foi o melhor da Série B desde o início da competição, destacando-se principalmente pelo ataque, com 68 gols em 32 jogos.
- Isso é muito bom para o clube, para a torcida e para nós, jogadores. Estamos vivendo um momento feliz, tudo deu certo. Mesmo quando jogamos contra uma equipe difícil, nós nos superamos e no final tudo dá certo. Agora é comemorar com a torcida - disse o meia-atacante Edno, um dos destaques da campanha.
A Portuguesa foi a 67 pontos e não sai mais do grupo dos quatro melhores, mesmo que perca todos os seis jogos que ainda tem pela frente. A equipe luta agora pelo título da Série B. O Americana permanece com 50, ainda em quarto, graças à derrota do Sport para o Goiás.
Jogadores da Portuguesa comemoram gol (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Jogadores da Portuguesa comemoram gol contra o Americana (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Lusa dorme, e Americana assusta
Com a classificação encaminhada, a Portuguesa entrou em campo distraída. Embora tivesse a bola e criasse boas chances, sempre em jogadas armadas pelo meia Marco Antônio, a equipe rubro-verde apresentava vacilos na marcação. Deixava um enorme espaço entre a defesa e o meio de campo, mas parecia não ligar muito para isso.
O Americana, precisando vencer para se manter no G-4, estava mais atento. Mesmo errando alguns passes no meio de campo, o time da casa apresentava uma ambição maior, tentando interromper uma sequência de quatro jogos sem vitórias. De técnico novo (Roberto Fernandes substituiu Sérgio Guedes, demitido na última terça-feira), o time do interior, mais incisivo, abriu o placar aos 22 minutos, quando Válber recebeu lançamento na direita, avançou, cortou para o pé esquerdo e chutou forte. A bola desviou na defesa da Lusa e enganou o goleiro Weverton.
O gol sofrido acordou o time do Canindé, que, enfim, passou a se interessar pela partida. Adiantou a sua marcação e começou a provocar erros na defesa americana, sobretudo no jogo aéreo. Os jogadores da Portuguesa ganhavam todos os lances pelo alto. Quando conseguiu alcançar um cruzamento da Lusa, o time da casa acabou jogando contra. Aos 27, Marco Antônio cobrou falta da esquerda. Léo Silva subiu e desviou para o próprio gol.
As coisas para a Portuguesa entrariam nos trilhos? Uma bola na trave em cabeçada de Leandro Silva parecia confirmar isso. No entanto, num novo cochilo da defesa lusitana, o segundo gol do Americana. Magal cruzou da esquerda, a zaga cortou, mas ninguém vigiava Marcinho que, aos 47, dominou e chutou de pé esquerdo.
Ainda não era possível à Lusa comemorar definitivamente a volta à Série A.
Virada garante acesso
Gol do Americana (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)O Americana chegou a estar na frente
(Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
A Portuguesa não é o melhor time da Série B à toa. Bastou um pouquinho de correção nos passes e uma porção maior de ambição para que o time comandado pelo técnico Jorginho garantisse a vitória e o acesso à Série A. Marco Antônio empatou aos 13, após dominar no peito, dentro da área, girar sobre o zagueiro e mandar o chute seco de pé direito. Aos 21, Ivo, que havia entrado no intervalo, disparou da direita para esquerda, abriu o espaço e mandou a bomba de pé esquerdo, de fora da área.
A torcida rubro-verde, que lotou cinco ônibus e não parou de gritar um segundo sequer, explodiu: "A Lusa voltou, a Lusa voltou". Mesmo faltando pelo menos mais 24 minutos (e mais os acréscimos) para o apito final. A vitória garantiria a volta à elite. O empate, não.
O Americana, que não tinha nada com a festa portuguesa nas arquibancadas, se mandou para o ataque e encurralou a Lusa. A bola vinha de todos os lados e o goleiro Weverton se virava para salvar. A pressão era enorme, a pronto de os jogadores rubro-verdes começarem a bater boca. Henrique e Marcelo Cordeiro discutiram após uma chance desperdiçada pelo time da casa, um achando que o outro falhou na marcação de Válber.
Apesar da pressão, o time da casa não foi capaz de igualar o placar. A Portuguesa, valente, se segurou bem e deu fim à angústia. Depois de três anos, a Lusa voltou.
Torcida da Portuguesa em Americana (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Torcida da Portuguesa marca presença em Americana (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

Torcedores da Lusa brigam com palmeirenses no Canindé

Na festa do acesso à Série A, integrantes de organizadas vão ao estádio e encontram torcedores e seguranças do Verdão, que cogita mudar de ‘casa’

Por Diego Ribeiro São Paulo
Confusão após o jogo do Palmeiras no Canindé (Foto: Diego Ribeiro / globoesporte.com)Policiais chegam para acabar com a confusão no
Canindé (Foto: Diego Ribeiro / globoesporte.com)
O que deveria ser comemoração virou briga generalizada no Canindé. Um grupo de torcedores organizados da Portuguesa chegou ao estádio por volta das 20h30m em festa pelo acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, e encontrou a saída de torcedores do Palmeiras após a derrota por 2 a 1 para o Figueirense. Após provocações dos dois lados, a confusão começou nas ruas e foi parar no estacionamento do Canindé. Seguranças do Verdão também se envolveram na briga, e um deles saiu ferido.
A Polícia Militar chegou ao local minutos depois da confusão iniciada. Torcedores da Lusa atiraram paus e até grades contra os palmeirenses, e gritaram que a equipe alviverde seria rebaixada para a Série B na próxima temporada. Ainda houve uma tentativa de invasão ao estacionamento do ônibus do Palmeiras, que estava a poucos metros do centro da briga, mas os seguranças do Palmeiras se mobilizaram e conseguiram manter o portão fechado.
Segundo o gerente administrativo do Palmeiras, Sergio do Prado, a chegada dos torcedores da Lusa não era esperada. A PM já havia feito a varredura nos arredores do Canindé e tinha encerrado seus trabalhos – menos de 4 mil torcedores compareceram à derrota para o Figueirense.
Com a confusão, o ônibus com a delegação palmeirense teve sua saída atrasada em 15 minutos. Via rádio, o chefe da segurança do clube dava instruções à sua equipe e ordenou que todos fossem para o portão de saída do estacionamento para evitar possíveis atos de vandalismo contra jogadores e comissão técnica do Palmeiras.
Após o controle da situação, Sergio do Prado afirmou que o Canindé se tornou “um local de risco, e é hora de repensar o mando dos nossos jogos no estádio”. O time tem jogado sempre na casa da Lusa, e tem como opções o Pacaembu e a Arena Barueri.
O curioso é que, durante o intervalo do jogo entre Verdão e Figueirense, torcedores palmeirenses aplaudiram quando o sistema de som do Canindé anunciou a vitória da Lusa em Americana e o retorno à Série A do Brasileiro.
Segurança do Palmeiras é reforçada após confusão no Canindé (Foto: Diego Ribeiro / globoesporte.com)Segurança do Palmeiras é reforçada após confusão no Canindé (Foto: Diego Ribeiro / globoesporte.com)

Após a derrota, torcida promove quebra-quebra na Ilha do Retiro

Armados com pedras e pedaços de madeira, torcedores invadiram a sala de imprensa do clube

Por Elton de Castro Recife

No tumulto, ônibus do Sport foi depredado (Foto: Aldo Carneiro/GLOBOESPORTE.COM)No tumulto, ônibus do Sport foi depredado
(Foto: Aldo Carneiro/GLOBOESPORTE.COM)
A derrota por 1 a 0, para o Goiás, na tarde deste sábado, resultou em tumulto na Ilha do Retiro. Inconformados com o resultado, representantes de uma torcida organizada, armados com pedras e pedaços de madeira promoveram um quebra-quebra no estácionamento do clube.
O tumulto interrompeu a entrevista coletiva do treinador PC Gusmão, que foi retirado às pressas pelo assessor de imprensa do clube, Amauri Veloso, para não correr riscos de ser atingido.
Durante a confusão, os dois ônibus do Sport, que tiveram seus vidros quebrados. Parte dos jornalistas, que estavam presente na coletiva também tiveram seus veículos atingidos.
Seguranças do clube acabaram se ferindo (sem gravidade) na tentativa de conter os manifestantes.
O tumulto irritou o diretor de futebol rubro-negro, Wanderson Lacerda, que prometeu tomar todas as providencias para punir os responsáveis.
- Eu quero deixar bem claro que aqui não é Corinthians, onde as torcidas organizadas fazem o que querem. Eu conheço bem os presidentes das torcidas organizadas, e certamente o responsavel por isso terá uma punição.
Na confusão nenhum torcedor foi preso.

Batalhão de Choque foi acionado para conter o tumulto na Ilha (Foto: Aldo Carneiro/GLOBOESPORTE.COM)Batalhão de Choque foi acionado para conter o tumulto na Ilha (Foto: Aldo Carneiro/GLOBOESPORTE.COM)