Werdum descarta cinturão se vencer Minotauro: 'Acho que não será agora'
Lutador crê que chance de disputa de título será dada a
vencedor de Cigano x Hunt. Gaúcho ainda comenta experiência como
treinador do TUF Brasil
Por Ivan Raupp
Rio de Janeiro
17 comentários
Werdum deu dinheiro para calouros de uma
universidade pública (Foto: Ivan Raupp)
Fabricio Werdum
revelou que não espera disputar o título dos pesos-pesados por
enquanto. Devido ao tempo dedicado às gravações do The Ultimate Fighter
Brasil, o gaúcho acredita que a oportunidade será dada ao vencedor da
luta entre
Junior Cigano e Mark Hunt. Em entrevista ao
SPORTV.COM, Werdum
comentou que a categoria ficou bastante saturada, com o fato de novos
nomes fortes terem surgido na divisão. Em relação à luta entre
Antônio Pezão e
Cain Velásquez,
o lutador ficou em cima do muro. Apesar de deixar claro que a vontade é
que o brasileiro vença, prefere enfrentar um estrangeiro a um
compatriota.
Fato é que Werdum está de olho no título e não está para brincadeiras. A
não ser quando se trata de desempenhar o papel de treinador do TUF
Brasil. O peso-pesado admitiu que o lado extrovertido prevaleceu na
edição do reality show, mas garantiu que sabe a hora certa de ter
seriedade. Werdum ainda rebateu quaisquer tipo de críticas e comentou
que suas atitudes dentro da casa apenas serviram para reforçar suas
características e sua personalidade, sem a necessidade de interpretar um
personagem ou aparecer à frente das câmeras.
Em sua vinda ao Rio de Janeiro, o atleta do UFC fez a felicidade de fãs
em Copacabana e contribuiu, inclusive, com 20 reais para ajudar
calouros de uma universidade pública. Ele ainda comentou sobre as
polêmicas e rivalidades da segunda temporada do programa no país e as
expectativas para a revanche contra
Rodrigo Minotauro.
Comandantes das equipes no TUF Brasil 2, Werdum e Minotauro se
enfrentam em uma revanche da luta de 2006 do Pride, vencida pelo baiano.
O evento marca a decisão do reality show, em Fortaleza, no dia 8 de
junho.
Como você está se sentindo se vendo todo domingo na TV? Esperava que isso ia acontecer um dia com você?
Eu esperava que ia ser convidado, quando vim para o Brasil. Vim para
ver a luta entre o Anderson e o Bonnar, o UFC me convidou para assistir.
O pessoal começou a dizer que talvez fosse eu e o Minotauro no TUF e
tinha quase certeza que era o Shogun e Lyoto, caras muito mais
conhecidos que eu, então não acreditava. Liguei para o meu empresário e
ele mandou mensagem para o Joe Silva e ele meio que confirmou, disse que
em dois dias me dava a resposta. Quando vi que aconteceu, fiquei feliz
demais, para a gente foi muito divertido, pudemos mostrar que somos
normais. As pessoas pensam que somos diferentes, mas a galera se dedica
muito, cada um chega com seu objetivo. Então, domingo é o paintball de
manhã e o resto do dia esperando pelo TUF.
Queria falar sobre alguns episodios sobre o TUF. Um deles foi
sobre o Jambo, que já tinha perdido para o Viscardi. Como você
explicaria essa situação?
Foi uma das polêmicas da casa, acho que teve uma vantagem ali para
eles. A verdade é que vinha o Tiago Bel. Mas o Minotauro fez certo, fez a
parte dele e foi perguntar para o Dana se podia escolher quem quisesse
para voltar. O Dana respondeu que ele era o cara e que podia escolher.
Se tivesse a oportunidade, eu faria a mesma coisa. A situação é que o
Jambo já tinha perdido para o Viscardi, eliminou o cara para entrar na
casa e teve que lutar com ele de novo e nocauteou. Então, criou aquela
polêmica e parece que a galera ficou com uma má impressão sobre o
Viscardi, mas ele não é daquele jeito. Foi um desabafo mesmo, mas o
Minotauro conversou com ele depois e ficou tudo bem.
E em relação às brigas? Quer dizer, as guerras de objetos e
tudo aquilo. O Minotauro disse que vocês começavam e não tinha como
ficar quieto. Era por aí mesmo?
A brincadeira não tinha como evitar, imagina botar 32 atletas um de
cada estado, treinando muito, a galera se dedicava muito. Isso até foi
ofuscado pelas brincadeiras, mas era tudo natural, nada armado, era para
dar uma descontraída mesmo. Então teve essa polêmica, "Ah, a galera
está queimando o filme deles". Isso não tem nada a ver, as pessoas tem
que ver que os lutadores são pessoas normais. A galera vai gostar mais
ainda porque vai ter umas surpresas vindo por aí. Alguns falaram muito
sério, tipo o Patolino, mas ele era o pior de todos, ficava falando de
falta de respeito, mas ninguém aguentava ele na casa. O mais falado do
Viscardi foi sobre essa polêmica, mas a luta foi boa também. O
Albarracín também chegava e armava tudo, mas todo mundo tinha disciplina
no momento certo.
Isso foi o que o Anderson Silva falou e criticou. Ele deu uma
entrevista dizendo que os atletas não mostraram a essência do lutador. O
que você acha disso?
O Anderson também é outro, não dá para saber quando ele está falando
sério. As brincadeiras entraram em destaque, mas a verdade é que todo
mundo estava concentrado, treinando forte.
O
gaúcho disse que as brincadeiras e polêmicas do programa serviram para
descontrair o ambiente entre os lutadores (Foto: Ivan Raupp)
E da mesma maneira que o Minotauro escolheu o Jambo, quem você escolheria para voltar, entre os que perderam na eliminatória?
Acho que o Tiago Bel. Conhecia ele, é um jovem guerreiro, tem a
essência da Chute Boxe, de onde ele vem, ele vai para nocautear ou ser
nocauteado, queria dar uma chance para ele, esse garoto vai longe com
certeza, ele poderia ser uma opção.
No último episódio, teve aquela bronca do Wanderlei no Daniel
Gelo. Ele falou que o Besouro estava em um nível acima dos outros. Você
acha que o Wanderlei estava certo?
Com certeza, é sempre um prazer estar com o Wanderlei, um cara
brincalhão. Ele estava certo pelo fato de que o Gelo veio falar aquilo
em frente dos companheiros de equipe. O Besouro é um lutador excelente,
foi a primeira opção do Minotauro e seria a minha também, mas não era a
hora de falar aquilo, não se comenta isso no meio da galera, porque
teríam mais lutas e nosso pessoal estava ali. Se achava isso, ficava
para ele. Mas em um ponto, estou de acordo também: o Besouro é um cara
experiente, só que o Gelo falou aquilo na hora errada.
Você se arrepende de ter escalado o Pedro Iriê contra o Besouro, por ele ser tão bom?
Não tínhamos muitas opções, tinha o Besouro e o argentino (Santiago
Ponzinibbio). Acho que eles não queriam essa luta também, comentaram que
gostaram da escolha na hora, mas queriam o Iriê contra o argentino. Nós
tentamos fazer um jogo ao contrário deles, mas aconteceu. Não é em toda
luta que a gente acerta, acertamos ao escolher a luta, depois da
brincadeira da queimada, mas na luta o Besouro estava melhor.
Muitas pessoas estão criticando você, porque você é mais
brincalhão que os outros treinadores. O pessoal pode estar estranhando
porque o Vitor era mais sério na outra edição? É porque as pessoas não
convivem tanto com você?
É difícil agradar todo mundo, não vou mostrar algo que não sou na
televisão, é uma tensão estar na casa, dois meses treinando, eu estava
treinando bastante para luta com o Minotauro também. Para criticar tem
muitos e para elogiar são poucos. Não ia fazer um personagem para ficar
bem com todo mundo, não ia negar uma brincadeira à galera. Fui o mais
natural possível, mas já estou aprendendo com isso, a crítica sempre vai
estar presente.
O atleta tirou fotos com fãs na praia de Copacabana no Rio de Janeiro (Foto: Ivan Raupp)
O Anderson tem uma rixa com o Vitor Belfort e quando ele fez
visita no primeiro TUF, nem falou com o Vitor, não visitou o vestiário
dos atletas dele. Agora teve a rivalidade entre você e o Cigano. Vocês
nem se cumprimentaram, a rivalidade entre vocês é grande assim mesmo?
Não, acho que a rivalidade era só naquela época que lutei com ele, foi
um momento difícil na minha vida, meu ego estava grande e o Cigano fez a
parte dele. Não tenho muito assunto com ele, principalmente porque é
meu rival, mas não tenho nada contra ele. É uma revanche que tenho
vontade de fazer, porque foi a única luta em que fui nocauteado na minha
carreira. Acho que o Cigano fez o papel dele, errei na parte do ego,
achando que ninguém ia me ganhar naquela época. Aprendi muito com aquela
luta, tenho que agradecer a ele em certo ponto, cresci muito com aquela
derrota, estou muito mais profissional agora, depois daquilo me mudei
para os Estados Unidos para focar mais no treinamento. Não tenho a mesma
vontade de fazer uma revanche com o Minotauro, é diferente.
Outro marco do episódio foi quando o Thiago Jambo quis tirar a
foto do Vitor e colocar no vestiário de vocês. Quando você viu aquilo,
falou: "Que nojo!". Depois, o Márcio Pedra explicou a rixa do Wanderlei
com o Vitor. Para o público, você pode explicar o porquê da implicância?
Na verdade, quem me conhece sabe que às vezes eu falo sério, mas estou
brincando. É uma expressão que eu uso muito. Não chego a conversar muito
com o Vitor, mas sei que ele treina e se dedica muito. O "que nojo" é
só uma expressão.
De maneira geral, como você acha que se saiu como treinador?
Acho que escolhi as pessoas certas, o Rafael Cordeiro, Fábio Gurgel,
meu irmão Felipe Werdum, Kenny Johnson. O treinamento não foi tão
ressaltado, não teria tanta audiência, a galera se esforçando para
perder peso. Em relação a isso, levei a equipe certa, é com quem eu
trabalho diariamente, são os melhores treinadores do mundo. E é aquilo
né, pouco tempo para treinar a galera e, ao mesmo tempo, uma tensão,
tudo muito intensivo, mas depois que entram no octógono, a gente tenta
atentar para eles fazerem a coisa certa, seguir a estratégia, não tem
como mudar um atleta em dois meses, ele entra para fazer o jogo dele,
cada um ali já veio pronto, são profissionais, não queríamos mudar o
jogo deles, fazer alguém do jiu-jitsu, passar para a trocação. Não é
algo que eu quero fazer no momento, ainda quero lutar, mas quero ser
treinador no futuro.
Você acha que a rivalidade com o Minotauro cresceu mais dentro
da casa? Você acha que, por conta das polêmicas que surgiram, a
rivalidade aumentou?
Acho que não, o Minotauro é um cara que admiro muito, não só eu como o
Brasil inteiro. Eu, especialmente, comecei por causa do Minotauro e do
Wanderlei, duas inspirações para mim, um pelo jiu-jitsu e o outro pela
agressividade. Hoje, o Wanderlei é meu amigo, e o Minotauro, não é como
acontece com o Cigano, eu consigo tirar um sorriso do rosto dele, faço
uma brincadeira com ele, mas acho que, vai ser um lutão. Conheço bem a
história dele, vai ter a rivalidade apenas na hora da luta, eu respeito
muito ele, mas tenho um objetivo que é o cinturão. Não posso interpretar
algo forçado com Minotauro ou forçado na casa.
Werdum encara Rodrigo Minotauro no dia 8 de junho, em Fortaleza (Foto: Ivan Raupp)
O Dana White tinha te prometido que se ganhar, você disputaria o
cinturão. Ele falou que o vencedor de Cigano x Hunt também teria
chance. Você acredita que vai lutar pelo título?
Eu acho que não será agora. Acreditava antes, mas deu uma embolada na
categoria. Eu estava em segundo no ranking, agora o Daniel Cormier me
passou e estou em terceiro. Tem a luta do Pezão contra o Velásquez,
Cigano x Hunt, tem muito a acontecer ainda. Fiquei me dedicando ao TUF
esse tempo todo, fiquei quase um ano sem lutar também, não tem como o
UFC ficar me esperando para planejar a vida dos caras, eles sempre se
antecipam no planejamento. Acho que o Cigano terá oportunidade, talvez o
Hunt, se ganhar.
Você ainda considera que eles podem casar uma luta sua com o Cigano?
Pode ser que sim, para ver quem vai disputar o cinturão. Mas não vejo
isso, vai demorar um pouco para lutar. Ainda vão planejar o que farão
com o Cigano ou o Hunt e ainda tem o Cormier chegando forte. Mas, no
momento, só penso no dia 8 de junho, tem que esperar para ver, não tem o
que fazer. Ou você entra no sistema ou fica fora dele.
Você já enfrentou o Pezão, mas vocês se dão bem, são amigos. Você tem alguma preferência entre lutar contra ele ou o Velásquez?
Tomei uma blitz do Pezão quando lutei com ele, quase me nocauteou, o
juiz por pouco não parou a luta. Prefiro dez vezes enfrentar um
estrangeiro. O jogo do Velásquez casa com o meu, ele bota para baixo, eu
tenho uma guarda boa ali, consigo me manter bem, diferente dos outros
que caem e querem levantar. Por exemplo, na luta com o Overeem, eu
puxava para a guarda, não tinha força, meu corpo não respondia aos
movimentos. Claro que não faria isso com o Velásquez, se ele me
derrubasse eu atacaria no chão. O que o Cigano fez foi se preocupar
muito com as defesas de queda e esquecer de usar o boxe dele, que é seu
forte. Meu jogo casa com o do Velásquez e o Pezão, se tiver que lutar no
futuro, vamos lutar e depois nos abraçar e tomar uma cerveja.
Agora, qual o seu palpite para Pezão x Velásquez e Cigano x Hunt?
Pezão x Velásquez... Claro que quero que o Pezão ganhe, mas, ao mesmo
tempo, não quero ter que lutar com ele depois. Quem eu acho que vai
ganhar? Todo mundo fala do Velásquez, mas já lutei com o Pezão e sei que
se ele acertar uma mão no Velásquez, ele desce. É legal quando ele puxa
a força da Paraíba como ele fez com o Overeem (risos). A luta é muito
difícil, aquele jogo chato do Velásquez, não é bonito de se ver, mas o
Pezão pode surpreender. Se fizer a estratégia certa, botar para baixo,
sim. Porque o Hunt é muito experiente, é um cara que se faz de louco,
aguenta porrada e, se o Cigano vacilar, e o Hunt acertar a mão, vai
descer também. Hunt tem a direita muito forte, quebrou o maxilar do
último adversário, bom de jiu-jitsu, foi botar ele para baixo e não
conseguir pegar o Hunt. Cigano tem que fazer a estratégia correta, botar
o oponente para baixo, e bater por cima ou tentar finalizar. Desse
jeito, o Cigano leva a luta.
Blog UltiMMAto: confira notícias, vídeos e curiosidades sobre o mundo do MMA