Aldo: "Quero bater todos os recordes no UFC e me tornar o maior de todos"
Campeão dos pesos-penas diz que seria um sonho enfrentar
Anthony Pettis, pede maior valorização aos lutadores e vai ver luta de
McGregor
Por Raphael Marinho
Rio de Janeiro
Aos 28 anos,
José Aldo
ainda tem uma boa estrada pela frente em sua carreira, que conta com 25
vitórias e apenas uma derrota. Os últimos 18 adversários foram batidos e
seu único revés foi em 2005. Pelo Ultimate, são sete lutas e sete
triunfos, sendo o último deles em uma batalha épica contra
Chad Mendes,
em revanche. Mas a fome do campeão dos pesos-penas é grande e ele sonha
alto: quer bater todos os recordes do UFC e se aposentar como o maior
nome da história do MMA.
José Aldo quer ser o maior da história do MMA (Foto: Raphael Marinho)
Em entrevista exclusiva ao
Combate.com, Aldo revelou que irá até Boston (EUA) para assistir o UFC: McGregor x Siver, dia 18 de janeiro. Em caso de vitória de
Conor McGregor
na luta principal, o irlandês pode se tornar o próximo desafiante dos
pesos-penas. Mas o campeão ainda não parece preocupado com isso e
garante que sequer parou para estudar o possível rival, porém, acha
bem-vinda a atenção que o falastrão atrai para a divisão até 66kg.
- Eu acho ótimo isso. Dá uma reviravolta muito grande. A categoria
estava estacionada, então surge um cara desses e todo mundo sai
ganhando, porque a venda será muito grande - afirmou.
Aldo também declarou que seria um sonho poder enfrentar
Anthony Pettis,
campeão dos pesos-leves (até 70kg), que bateu Gilbert Melendez no
último sábado, no UFC 181, mas evitou fazer campanha para que aconteça o
combate. Além disso, pediu uma valorização maior para os lutadores e
não quis comentar o
acordo entre Ultimate e Reebok.
Confira a entrevista:
Combate.com: Como está a sua rotina depois da luta contra o Chad Mendes?
José Aldo: A luta foi uma guerra, muito dura, então
agora estou só jogando futebol, aprendendo futvôlei, quero mais é
aproveitar as férias, curtir a família, porque os três meses de
treinamento são muito duros.
Depois da luta você ficou com o rosto bastante inchado. Como foi a reação em casa quando sua esposa e sua filha te viram?
Depois de três semanas já estava bem desinchada, não tinha tanto
espanto. No começo sim, minha filha tomou um susto nos primeiros dias,
mas depois eu falava que era brincadeira, ela botava esparadrapo no
braço e falava que estava dodói que nem o papai, mas isso faz parte da
profissão. A Viviane já está tranquila, sabe como é, já cheguei com a
cara inchada depois de luta no WEC. Quem ficou mais surpresa foi a minha
filha por nunca ter visto o pai tão inchado, mas foi bem tranquilo,
conduzimos bem a situação.
Qual a melhor coisa e a pior coisa de ser campeão do UFC?
O melhor são as portas que se abrem, é uma vantagem muito grande, de
tudo que me fazem por eu ser campeão. Não vejo qual é a pior coisa. Ser
campeão é um sonho. Se existe pior nisso, quero ficar com isso até
encerrar minha carreira.
José Aldo tem aproveitado as férias para aprender futvôlei (Foto: Raphael Marinho)
Como é olhar pra trás e ver tudo que você já conquistou?
É um momento de alegria, um momento de felicidade muito grande. Quem
está perto de mim sabe o tanto que ralei para chegar onde estou e
conquistar tudo que eu conquistei. Olho para trás e fico feliz por todo o
caminho que tive, mas procuro botar o pé no chão porque sei que estou
na metade e tem uma outra metade para fazer. Tenho que continuar o
trabalho no mesmo ritmo para não deixar a peteca cair
Apesar de você ter alguns anos de carreira pela frente ainda,
já dá pra dizer que você é um dos maiores nomes da história do MMA. Onde
você se colocaria nessa história e onde se vê chegando?
Como você falou, acho que agora estou passando pelo meio ainda. Mas com
certeza sou sim um dos melhores da história do MMA. Não vejo ainda onde
estou. Mas quando parar, quero parar e me tornar o maior de todos.
O que ainda falta para ser conquistado por você?
Muitas coisas ainda, recordes pessoais. O único campeão peso-pena no
UFC sou eu, quero manter assim até me aposentar porque aí vai ficar na
história. Também quero bater todos os recordes do Ultimate e aí sei que
deixarei meu nome gravado
Pela derrota do Barão, todos especularam muitas coisas. Falei que não
era assim, que não é o poste que mija no cachorro e sim o cachorro que
mija no poste"
Aldo, sobre rivalidade com o Team Alpha Male
O Chad Mendes foi o lutador que mais te exigiu na sua carreira?
Todos me exigiram bastante, não só pela forma de lutar lá em cima, mas
pelo treinamento, são três meses duros, ralando forte, é cansativo, mas
quem vê a luta fala que essa foi a mais difícil. Podem considerar, mas
já tive outras guerras também
Você acabou passando por situações que o público não estava
acostumado a ver, com o Chad Mendes levando perigo em alguns momentos e
inclusive conseguindo um knockdown no começo da luta. O quanto isso te
acrescentou como lutador?
Na verdade, para mim nem foi knockdown, foi um desequilíbrio. Eu estava
jogando o braço, ele jogou também, e dei uma desequilibrada. Por isso
já levantei e fui para cima. Mas isso me motiva, estou alerta para tudo o
que pode acontecer e já sei o caminho que tenho que seguir.
O Dana White criticou a sua atuação contra o Ricardo Lamas e
disse que contra o Chad Mendes foi a melhor luta que ele já viu você
fazer. O público em geral fez comentários parecidos sobre suas últimas
duas atuações. Acha que estava faltando alguém que te tirasse da zona de
conforto como o Chad fez?
Podemos considerar isso sim. Até pelo fato de que a luta (contra o
Lamas) estava tranquila, então não vou me arriscar, tenho muita coisa a
perder. Luto com o livro de regras debaixo do braço. Se não exigirem de
mim, sei que estou ganhando, vou levar assim até o final. O Chad Mendes
veio mais para cima, já tinha passado pela primeira luta, tentou
arriscar mais, fez uma luta boa, exigiu bastante e tive que mostrar
realmente meu potencial.
Pra vocês da Nova União, essa vitória teve uma sensação de que
estavam recolocando ordem na casa na rivalidade com o Team Alpha Male?
Com certeza. Pela derrota do Barão, todos especularam muitas coisas.
Falei que não era assim, que não é o poste que mija no cachorro e sim o
cachorro que mija no poste.
José Aldo travou batalha de cinco rounds contra Chad Mendes (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Você já ganhou duas vezes do Mendes. O Dedé disse que considera
o Frankie Edgar merecedor de ser seu próximo adversário, mas você
também já o venceu. Tem o Conor McGregor surgindo também. Que desafios
você vê dentro dos penas ainda?
A categoria está dando uma remexida, isso equilibra de novo a
categoria, mas quem eles colocarem vou treinar da mesma maneira, vou
lutar e vou vencer.
Com tudo isso, acha que depois da vitória do Pettis sobre o Melendez, é o momento ideal pra vocês finalmente fazerem essa luta?
Para mim seria um sonho. Se marcarem será ótimo, mas deixo com eles,
quem eles colocarem vou aceitar. Já tem o russo (Khabib Nurmagomedov) na
fila lá também, é um cara merecedor. Eu sou o cara de ficar esperando e
se colocarem para mim será ótimo, senão continuo no peso-pena
normalmente
Você disse que quer ser campeão dos penas até o fim da
carreira, mas já esteve perto de subir para os leves. Ainda passa isso
pela sua cabeça?
Subir ou não, depende também do Ultimate. Já esteve próximo de
acontecer e não aconteceu. Se não acontecer, sigo de pena até o fim da
carreira sem problema nenhum
Depois de sua última luta, o Dedé Pederneiras disse que achava
que agora você ia começar a receber valores do nível que merece. Acha
que é por aí?
Assim espero. Não só eu, mas todos os lutadroes são merecedores. Temos
que nos valorizar sim, somos pouco valorizados, quem dá o show são os
atletas. Eles merecem ser bem melhores remunerados. Estamos passando por
uma transição muito grande, os atletas merecem, têm uma equipe em volta
que ajuda o atleta a chegar lá e dar seu melhor, então pelo meu lado
não vejo que a gente é tão bem remunerado e precisamos sim de uma
melhora financeira no salário.
Temos que nos valorizar sim, somos pouco valorizados, quem dá o show
são os atletas. Estamos passando por uma transição muito grande, os
atletas merecem, têm uma equipe em volta que ajuda o atleta a chegar lá e
dar seu melhor, então pelo meu lado não vejo que a gente é tão bem
remunerado e precisamos sim de uma melhora financeira no salário."
José Aldo
Mas você já domina a sua divisão há algum tempo. Por que acha que não recebeu ainda essa valorização?
Não só eu, tem outros atletas dando duro todos os dias, dão o máximo e
não são valorizados. Pelo fato de eu ser campeão, todo mundo tem esse
foco, mas não falo por mim, falo por todos. Precisam ser valorizados
Acredita que esse acordo do UFC com a Reebok vai melhorar a vida dos lutadores do Ultimate?
Falo sobre isso depois do dia 18, quando eu voltar dos EUA, aí falo melhor.
Aproveitando que você comentou sobre sua ida para o evento do
dia 18 de janeiro, é bom para a categoria ter um cara como o Conor
McGregor, que atrai mais atenção para a divisão?
Eu acho ótimo isso. Dá uma reviravolta muito grande. A categoria estava
estacionada, então surge um cara desses e todo mundo sai ganhando,
porque a venda será muito grande.
Acha que ele te oferece algum perigo?
Como lutador não estudei ainda o jogo dele, só ouço falar. Quando marcarem vou estudar e aí vou saber responder melhor
Para encerrar, pensa em voltar a lutar quando?
Não sei quando volto ainda pelo fato de ninguém falar um cara concreto
para mim, mas a partir do momento que eles ventilarem algum nome, vou
estar trerinando com certeza. Esse fim de ano estou tirando para ficar
com a família para, quando virar janeiro, treinar 100%