Dorlan Pabón, do Nacional-COL, é o goleador da
Libertadores da América (Foto: AP)
Orión, Bonet, Insaurralde, Lisandro López e Emiliano Papa; Ledesma,
Matias Rodríguez, Macnelly Torres e Riquelme; Cvitanich e Pabón. Dá um
time dos bons. Todos eles, e outros tantos, são nomes que circulam pela
Libertadores da América e que se apresentam ao mercado brasileiro, mais
rico do que o dos vizinhos, como alternativas de contratação. De apostas
a certezas, há atletas capazes de matar a carência dos clubes por aqui.
O destaque ganho por eles no continente deixou de ser impeditivo para
que venham ao Brasil, pelo menos quando se trata dos principais clubes
brasileiros. O Inter é um caso exemplar. Tem, em seu elenco, quatro
jogadores com passagens pela seleção argentina: D’Alessandro, Dátolo,
Guiñazu e Bolatti. Todos poderiam escolher entre os principais clubes de
seu país. Mas jogam no Brasil, onde ganham mais.
Ou seja: se algum dos gigantes brasileiros quiser buscar um gringo,
terá uma vantagem natural na concorrência. Para facilitar a vida dos
olheiros, o GLOBOESPORTE.COM analisou o elenco dos clubes dos países
vizinhos, observou o rendimento deles na Libertadores e pediu a opinião
de jornalistas para formar uma lista de possíveis reforços. Há jogadores
indiscutíveis, caso de Riquelme, e apostas mais arriscadas. Confira
abaixo.
Agustin Orión (Boca Juniors) – É um dos goleiros mais
expressivos dos últimos anos no futebol argentino. Passou por três
clubes de forte pressão: San Lorenzo, Estudiantes e Boca Juniors. Aos 30
anos, embora não seja unanimidade, vive um dos momentos mais sólidos da
carreira. No ano passado, teve a melhor média da história do Campeonato
Argentino ao sofrer apenas seis gols em 19 partidas. É o comandante da
defesa do Boca na Libertadores, com somente três gols levados. Goleiro
de bom posicionamento e eficiente nas saídas de bola, é uma opção cara,
mas de risco pequeno.
Marcelo Barovero (Vélez Sarsfield) – O goleiro titular
do Vélez Sarsfield demorou a marcar presença como um dos principais
jogadores da posição no país. Aos 28 anos, ele foi uma referência do
clube na ótima campanha da primeira fase da Libertadores, consolidando
aquilo que havia feito em temporadas anteriores – em 2008, foi o
arqueiro menos vazado do Campeonato Argentino. “É um goleiro que
raramente erra”, resume Juan Pablo Mendez, do jornal “Olé”.
Johnny Herrera (Universidad de Chile) – Talvez não
seja loucura dar uma segunda chance a Johnny Herrera no futebol
brasileiro. Afinal, lá se vão mais de cinco anos desde a passagem
apagada do goleiro pelo Corinthians. No Universidad de Chile, ele é
visto como referência, e isso não é pouca coisa. Foi campeão da
Sul-Americana de 2011 pelo time andino sem sofrer sequer uma derrota.
Acabou eleito o melhor goleiro do continente pelo jornal uruguaio “El
País”. É um jogador ágil, por vezes espalhafatoso, e costuma colecionar
polêmicas fora de campo. Está com 30 anos.
Sebastián Torrico (Godoy Cruz) – Uma opção mais
barata, e também mais arriscada, é Sebastián Torrico, do Godoy Cruz.
Apesar dos 12 gols sofridos na Libertadores, tem razoável cartaz na
Argentina. “Tem boa velocidade com as pernas e bom salto”, comenta Alan
Yajia, da Rádio Paternal de Buenos Aires. Quem optou por Torrico como
titular do Godoy Cruz foi Nery Pumpido, ex-goleiro da seleção argentina e
atual treinador do clube. O jogador tem 30 anos. Também defendeu o
Argentinos Juniors.
Miguel Samúdio (Libertad) – Se algum clube se
interessar pelo lateral-esquerdo Samúdio, terá que ter consciência
imediata de que contratá-lo não é uma tarefa exatamente simples. O
Corinthians que o diga. No ano passado, o clube paulista tentou adquirir
o jogador, sem sucesso. Não quis bancar os mais de R$ 6 milhões pedidos
pelo Libertad, do Paraguai. Samúdio faz sua segunda boa Libertadores
consecutiva pelo clube do Paraguai – classificado para as oitavas de
final como primeiro colocado do Grupo 5, à frente do Vasco. No ano
passado, o lateral foi um dos responsáveis pela eliminação do Fluminense
nas oitavas de final da disputa. Fez um dos gols da vitória de 3 a 0 em
Assunção. Tem 25 anos.
Emiliano Papa (Vélez Sarsfield) – Tiro quase certo.
Aos 29 anos, virou uma referência do Vélez Sarsfield. Além da
competência como lateral-esquerdo, joga como volante. Tem experiência,
incluindo passagens pela seleção argentina, e combatividade. É admirado
pela torcida do clube que defende pela segunda vez, após passagem
apagada em 2006. Foi formado no Rosario Central. Tem dois títulos do
Torneo Clausura. Vasco e Atlético-MG sondaram o jogador no passado.
Facundo Roncaglia (Boca Juniors) – Caso algum clube
brasileiro esteja sofrendo com infiltrações pelo lado direito de sua
defesa e precise de uma solução para ali, pode olhar com carinho para a
casa amarilla,
sede do Boca Juniors. É o lugar onde treina Facundo Roncaglia, zagueiro
de origem, mas deslocado para a lateral direita na atual temporada. Foi
por ali que ele atuou nas duas partidas contra o Fluminense na
Libertadores – derrota de 2 a 1 na Bombonera e vitória de 2 a 0 no
Engenhão. O jogador é jovem, apesar de experiente, com passagens também
pelo Estudiantes e pelo Espanyol, de Barcelona. Tem 25 anos.
Carlos Bonet (Libertad) – Os tempos de crescimento do
Libertad coincidem com o fortalecimento de alguns jogadores. Bonet é
quase um sinônimo da equipe paraguaia. Símbolo de polivalência, ele já
era uma das referências da equipe na Libertadores de 2006, na campanha
que resultou em classificação para as semifinais da disputa, com
eliminação para o Inter. E ele jogava como lateral-direito. Depois, foi
deslocado para o meio – como volante e até como criador. É figura
costumeira na seleção paraguaia. O porém: já tem 34 anos.
Clemente Rodríguez (Boca Juniors) – É mais um caso de
jogador que atua preferencialmente como lateral (no caso dele, pela
esquerda), mas que também pode ser deslocado para o meio. Aos 30 anos,
Clemente Rodríguez faz parte de uma defesa que virou exemplo de solidez
na Argentina. Além do Boca, ele defendeu Spartak Moscou, Espanyol e
Estudiantes. Disputou a Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, mas só
foi a campo uma vez no time de Diego Armando Maradona. Em 2007, foi
tricampeão da Libertadores pelo Boca, como titular, batendo o Grêmio no
Olímpico por 2 a 0 – já havia vencido o torneio em 2001 e 2003.
Lisandro López (Arsenal) – Em 2011, em jogo contra o
Olimpo, Lisandro López foi até a área do rival. Era um escanteio. Em
tese, ele estava lá para aproveitar seu quase 1,90m em algum golpe de
cabeça. Acabou fazendo, de bicicleta, de primeira, um dos gols mais
bonitos do ano em todo o planeta – o que lhe rendeu a indicação ao
Prêmio Puskas, no qual foi superado por Neymar e sua pintura sobre o
Flamengo. Com apenas 22 anos, é um zagueiro promissor, titular do
Arsenal. Vale apostar nele.
Juan Manuel Insaurralde (Boca Juniors) – Uma das
grandes afirmações do Boca Juniors em seu período de novo fortalecimento
é Juan Manuel Insaurralde. Aos 27 anos, ele é a base de uma defesa
extremamente sólida. Acompanha o veterano Schiavi, ex-Grêmio, na dupla
de zaga xeneize. Faz mais de ano que o clube de Buenos Aires não perde
com os dois jogando juntos – na derrota de 2 a 1 para o Fluminense,
Schiavi estava fora. Ex-jogador de Newell’s Old Boys e Chacarita
Juniors, Insaurralde tem chances de jogar a Copa do Mundo de 2014. É um
atleta muito valorizado – consequentemente, caro.
Diego Braghieri (Lanús) – A derrota de 3 a 0 para o
Flamengo, na última rodada da fase de grupos da Libertadores, não deve
servir de parâmetro para o sistema defensivo do Lanús. O time argentino
não havia sofrido gols em três dos cinco jogos anteriores. E, em parte,
graças a Diego Braghieri, de 25 anos. Está longe de ser uma sumidade
técnica, mas é um jogador aguerrido, com capacidade para evoluir. É uma
aposta mais barata do que Lisandro López e Insaurralde. Ele também
defendeu o Rosario Central.
Pablo Frontini (Bolívar) – Caso algum clube brasileiro
tenha pouco dinheiro, carência de líderes e consciência de que não vai
contratar um craque, Pablo Frontini, do Bolívar, pode ser uma boa opção.
Aos 28 anos, o argentino chegou à Bolívia depois de ser revelado pelo
River Plate, perambular por clubes menores de seu país e tentar a sorte
no Chipre. Faz uma boa Libertadores pelo Bolívar, classificado às
oitavas de final como segundo colocado do Grupo 3. Tem bom
posicionamento e sabe se antecipar às jogadas. É pouco técnico.
Charles Aránguiz (Universidad de Chile) – Com 23 anos,
Charles Aránguiz é um atleta no qual apostar provavelmente não será má
ideia. Titular do Universidad de Chile, o jogador foi apontado pela
Pluri Consultoria como um dos 25 mais valiosos do continente – foi o
único chileno na lista. É um volante que marca forte e sai bem para o
ataque, com boa qualidade no passe. Também defendeu o Colo Colo, rival
de La U no país, além de Cobreloa e Cobresal e do Quilmes, da Argentina.
Foi eleito o melhor jogador da decisão da Sul-Americana de 2011.
Pablo Ledesma (Boca Juniors) – A tradição da linha de
quatro meio-campistas na Argentina permitiu que Pablo Ledesma ganhasse
características tanto de marcação quanto de criação. Pode jogar como
segundo volante ou como articulador mais recuado. Faz muitos gols. É
especialista em jogadas de bola parada. Aos 28 anos, é um jogador muito
experiente, com passagem de três anos pelo futebol italiano, no Catania.
Tem nove títulos pelo Boca, incluindo uma Libertadores.
Matías Rodríguez (Universidad de Chile) – Um dos
destaques de La U está a um passo da seleção argentina. E como
lateral-direito. O argentino Matias Rodríguez é mais um caso de jogador
polivalente. Dependendo do esquema, pode atuar mais pelo flanco ou mais
centralizado. É lateral e volante – até como zagueiro já atuou. Aos 26
anos, tem passagens por dois dos principais clubes do continente: o Boca
Juniors, da Argentina, e o Nacional, do Uruguai.
Leandro Somoza (Boca Juniors) – Jogador de experiência
e liderança. É peça importante no meio-campo do Boca Juniors, mas sofre
com uma lesão que deve deixá-lo fora dos gramados até maio. Tem forte
capacidade de marcação e também sabe chegar ao ataque. Foi dele o gol
marcado contra o Fluminense na derrota de 2 a 1 na Bombonera, pela
Libertadores. Já tem 31 anos. Vestiu a camisa da seleção argentina e
também defendeu Villarreal e Betis, da Espanha, além do Vélez Sarsfield,
com quem ganhou dois Clausuras.
Damián Lizio (Bolívar) - Rápido, usa a habilidade com o
pé direito para se desvencilhar dos adversários em um pequeno espaço.
Cai bastante pelos lados do campo e parte para cima sempre com dribles
curtos. Uma das principais jogadas é a chegada pela lateral, seja
direita ou esquerda, penetrando na área e buscando um companheiro em boa
condição. Apesar dos 22 anos, já passou por River Plate, Córdoba e
Anorthosis, além do Bolívar. Tem um gol na Libertadores - um golaço, por
cobertura, marcado contra o Universidad Católica na última terça-feira
Macnelly Torres (Nacional-COL) - Costuma jogar de
frente para o gol, controlando as principais ações ofensivas do time.
Macnelly é dono de lançamento preciso e passes que deixam seus
companheiros na cara do gol. Apesar de também cair pelos lados do campo,
geralmente frequenta a faixa central. Arrisca chutes potentes de fora
da área com o pé direito e já deu trabalho ao Palmeiras quando defendia o
Colo Colo. Aos 27 anos, também rodou por Junior Barranquilla e Cúcuta,
da Colômbia, e San Luís, do México. Foi especulado em alguns clubes
brasileiros, mas ficou marcado por uma polêmica declaração sobre o
interesse do Vasco, questionando a grandeza do time carioca. Também foi
apontado na mídia chilena como pivô de uma dicussão com o treinador do
Colo Colo, o argentino Diego Cagna.
Diego Valeri (Lanús) - O meia é quem puxa o ritmo do
Lanús em campo. Destaca-se pela habilidade e pelas assistências. Foram
dele, inclusive, dois dos passes para os gols nas vitórias por 1 a 0 e 2
a 0 sobre o Emelec, pela terceira e quarta rodadas da primeira fase.
Marcou uma única vez: na goleada por 6 a 0 sobre o Olímpia. Aos 25 anos,
destro, conduziu bem o time em campo com boas jogadas e ajudou o Lanús a
se classificar com a melhor campanha do Grupo 2. No entanto, em algumas
situações costuma sumir um pouco do jogo. Além dos argentinos, Valeri
já defendeu Almería, da Espanha, e Porto, de Portugal.
Augusto Fernández (Vélez Sarsfield) - Boa opção pelo
lado direito do campo, o meia costuma aparecer com frequência no ataque e
dar opções de gol. Destro, distribui bem o jogo e chuta com muita
força. Costuma balançar a rede com frequência. Nesta Libertadores,
porém, marcou uma única vez. Aos 26 anos, já defendeu o River Plate e o
Saint-Ettiene, da França.
Juan Román Riquelme (Boca Juniors) - Maestro e líder
do Boca Juniors, o argentino, de 33 anos, é o principal articulador do
meio de campo da equipe. Com habilidade e experiência, conduz bem a
bola, cadenciando a partida. Os chutes e cobranças de faltas são armas
infalíveis. Na vitória sobre o Zamora, na La Bombonera, ajudou a equipe a
vencer por 2 a 0 com um dos gols da partida. Sempre incluído nas listas
de transferências dos times brasileiros, Riquelme é uma boa opção para o
meio. Além do Boca, já defendeu o Villareal e o Barcelona, ambos da
Espanha.
Dorlan Pabón (Nacional-COL) – Seja jogando como meia
de chegada à frente, seja atuando como atacante, Dorlan Pabón mantém uma
característica: a capacidade de fazer gols. Ele é o artilheiro da
Libertadores de 2012, com sete gols, e foi um dos alicerces do Atlético
Nacional, clube que defende desde 2010, na boa campanha da primeira
fase. O jogador colombiano alia velocidade, força e chute potente. E é
jovem: 24 anos. Pode ser um grande achado para os clubes brasileiros.
Tem passagens pela seleção de seu país.
Emanuel Herrera (Unión Española) – É argentino o
principal destaque do Unión Española na Libertadores. Mas foi no Chile
que Emanuel Herrera se encontrou. Depois de se destacar pelo Deportes
Concepción, chegou no início do ano ao novo clube. E desandou a fazer
gols. São oito no campeonato local e outros cinco na Libertadores. Com
25 anos, 1,82m e 84kg, o jogador vem chamando a atenção pelo oportunismo
e pela versatilidade. Faz gols de cabeça e com os pés, em chutes fortes
ou colocados.
Junior Fernandes (Universidad de Chile) – Um dos
melhores nomes do Universidad de Chile na Libertadores tem apenas 23
anos. Junior Fernandes é uma boa aposta. É um jogador de área, bom de
cabeceio, mas também ágil na movimentação. Boa parte de seus gols nasce
de jogadas em profundidade, nos quais ele parte para cima da zaga – ou
aposta corrida com ela. Um eventual interessado brasileiro deve ter a
concorrência estrangeira. O Catania, da Itália, já observou o atleta.
Darío Cvitanich (Boca Juniors) – Não custa sonhar. Mas
contratar um dos comandantes ofensivos do Boca Juniors está longe de
ser simples. É uma questão que vai além da valorização natural que ele
teve no clube xeneize. O que pega mesmo é que Darío Cvitanich, de 27
anos, pertence ao Ajax, da Holanda, e está emprestado ao Boca, que
possui preferência de compra. Para alguém se intrometer na história,
terá que oferecer muito dinheiro. O atacante, parceiro do “Tanque” Silva
no ataque do gigante argentino, também tem nacionalidade croata. Um
pequeno detalhe: jamais perdeu uma partida com a camisa do Boca. Ele não
esteve em campo na vitória de 2 a 1 do Fluminense na Bombonera. Mas
esteve no troco – fez um dos gols do triunfo de 2 a 0 no Engenhão.
Matías Alustiza (Deportivo Quito) – Matías Alustiza é
mais um jogador que tenta a sorte continente afora depois de não brilhar
como gostaria em seu país. Aos 27 anos, o jogador defende o Deportivo
Quito, do Equador, e é um dos goleadores da Libertadores da América. Ele
marcou quatro vezes em um único jogo, na goleada de 5 a 0 sobre o
Chivas, na última terça-feira – antes, havia marcado outros dois no
torneio. É um jogador rápido, de drible fácil e chute forte. Mas é
baixo: tem 1,67m. Jogou também por Chacarita Juniors e Arsenal, da
Argentina, e Albacete e Xerez, da Espanha.