sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Amanda Nunes sobre primeira defesa de título: "Tem que ser com a Ronda"

Primeira campeã brasileira do UFC torce por duelo com a ex-judoca para continuar a fazer história no esporte: "Vai fechar com chave de ouro, se for ainda esse ano"

Por Las Vegas, EUA

Primeira brasileira a se tornar campeã peso-galo do UFC, Amanda Nunes já tem planos de voltar ao octógono. Em entrevista exclusiva ao Combate.com, a "Leoa" contou que segue com os treinos na American Top Team e que aguarda uma definição do Ultimate sobre seu futuro e sobre um possível duelo no último card do ano.
No início do mês, o presidente do UFC, Dana White, declarou que há uma grande chance da baiana fazer a sua primeira defesa de título contra Ronda Rousey, ainda em 2016. Amanda jura que ainda não recebeu oferta para o combate, mas torce para que o duelo se concretize, pois quer continuar a fazer história no esporte:
-Acho que os fãs estão esperando a Ronda Rousey voltar e é uma luta que faz sentido pra mim, porque eu fiz história no UFC 200 e quero continuar fazendo história. Para a minha próxima luta ser grande e ser a luta principal de um evento, tem que ser contra a Ronda Rousey. Juliana Peña ainda não é ninguém nessa divisão. Não tem como vender uma luta com ela. Então, faz sentido para mim enfrentar a Ronda porque ela fez muito por esse esporte. Estou esperando... Vai ser uma luta imensa, um evento histórico que vai fechar com chave de ouro, se for esse ano.
Amanda Nunes (Foto: Gustavo Pereira)Amanda Nunes: "Não estou correndo de ninguém, sou a campeã e posso escolher quem eu devo enfrentar. Vou escolher o que é melhor pra mim e a Ronda seria “a” luta principal" (Foto: Gustavo Pereira)
Durante o bate-papo, a brasileira explicou que já se prepara para enfrentar a ex-judoca há muito tempo e que acredita que tenha as habilidades necessárias para anular o jogo de "Rowdy". Amanda também falou sobre o que mudou em sua  vida desde que se tornou campeã e garantiu que não vai deixar o cinturão mudar de mãos até se aposentar:
- Hoje eu treino na American Top Team, que é a maior academia de MMA do mundo, e para tomar esse cinturão de mim vai ser muito complicado. A Ronda sabe o que é ter esse cinturão nas mãos, sabe a força que esse cinturão tem. Acho que é por isso que ela está demorando para assinar esse contrato, viu?
Confira a entrevista, na íntegra:
Carrossel Amanda nunes X Ronda Rousey UFC (Foto: Editoria de arte)Amanda Nunes espera poder enfrentar Ronda Rousey ainda em 2016 (Foto: Editoria de arte)
Você já sabe quando deve voltar a lutar? Já tem adversária em vista?
Eu já voltei a treinar, mas não estou treinando pesado. Estou mais mantendo, fazendo um pouquinho de preparação física. Só estou indo na academia uma vez por dia, às vezes eu vou duas vezes, mas bem leve, só para manter mesmo. Não sei ainda quando volto a lutar. Acho que final do ano é bem provável, talvez no último evento do ano. Estou esperando. Mas espero que seja contra a Ronda, claro. 
Tem preferência por lutar no último card do ano ou no Super Bowl Weekend
Eu não sei, acho que qualquer evento vai ser “o evento”. É só esperar mesmo pra ver, mas não tenho muita preferência de data, pode ser qualquer um, mas tem que ser com ela.

O UFC já te mandou algum contrato? 

Não sei de nada ainda, estou esperando só a ligação (risos). É bem provável, né? Essas meninas estão uma loucura... A Juliana Peña falou que eu estou correndo dela, a Valentina Shevchenko falou que eu estou correndo dela também, agora ela está falando que a Juliana Peña está correndo dela. Eu não gosto de joguinho. Se me perguntarem quem eu quero enfrentar, eu vou dizer que quero lutar com a Ronda. Não estou correndo de ninguém, sou a campeã e posso escolher quem eu devo enfrentar. Vou escolher o que é melhor pra mim e a Ronda seria “a” luta principal, por isso que tem que ser com ela, tem que ser com a Ronda.
Se essa luta acontecer, como você vê os estilos de vocês se casando nesse combate?

Não tem muito segredo. A Ronda vem do judô, é uma judoca forte que é boa no que faz. Com certeza, vou estar preparada para esse momento. Eu sei que ela vai querer agarrar o tempo todo, porque ela não vai querer trocar comigo. E se trocar, Ronda vai fazer uma escolha que não sei se vai ser muito boa pra ela. Mas lutar contra a Ronda é estar preparada para tudo. Então, no dia em que eu lutar com ela vou estar preparada para todos os momentos da luta.
Você veio de Pojuca, uma cidadezinha lá do interior da Bahia, passou por poucas e boas, mas chegou ao topo. É nordestina, se consolidou como a primeira mulher gay a se tornar campeã do UFC. Você se considera um ícone?

Com certeza eu estou realizada. Todo o trabalho, toda a dedicação e todo crescimento pessoal que eu tive me fazem (me sentir assim). Agora só falta defender esse título e mostrar realmente que eu sou campeã, que vim para ficar e que não vou perder esse cinturão, que vou me aposentar campeã. Espero ajudar. Por eu ser gay e campeã, acho que estou ajudando muitas pessoas. Tem muita gente que não consegue se expor ainda pra sociedade, tem muita gente que tem medo de conversar com o pai, com a mãe, com o irmão, os amigos. Acho que, através disso tudo, de mim e das minhas atitudes, eu vou conseguir ajudar mais pessoas e é isso que importa.
Amanda Nunes dormindo com o cinturão (Foto: Reprodução/Twitter)Amanda Nunes dormiu com o cinturão na primeira semana em que se sagrou campeã (Foto: Reprodução/Twitter)
Quanto tempo demorou para cair a ficha de que você era a campeã peso-galo do UFC?
Demorou uma semana. Foi uma semana acordando, olhando para o cinturão e pensando: “Caraca! Está aqui!”. Foi uma semana sem dormir, na verdade. Eu assisti a luta várias vezes, 360 vezes e um pouquinho mais. É uma sensação maravilhosa, sem explicação. Ele agora está aqui na sala, porque toda vez que eu assisto TV fico olhando pra ele. É uma motivação até pra Nina (Ansaroff), porque ela vai ser a próxima campeã peso-palha  do UFC e pode ter certeza disso.
Você mal pegou o cinturão e todo mundo já começou a te desafiar. Como você vê a divisão e quais são as possíveis desafiantes na sua opinião, claro sem contar a Ronda?

É engraçado porque eu já passei por isso. Já fui desafiante e hoje eu sei como a campeã olhava pra gente, da forma como eu estou olhando agora, sem me preocupar. Até a número 20 do ranking agora vai ficar de olho. E eu só preciso manter o foco, o treinamento, tudo direitinho, que é uma coisa que gosto de fazer. Com certeza viagens acontecem bastante, pois no UFC você tem que trabalhar. Quando você pega o cinturão, você tem que viajar, mas faz parte do trabalho. Nessa divisão, se a Ronda não voltar, (a desafiante) certamente será a Juliana Peña. Não tem outra ali. Eu já bati em Valentina Shevchenko, o que que ela quer mais? Que a luta foi três rounds e eu cansei no terceiro, não importa. Eu ganhei a luta na decisão unânime. Foram dois rounds a um e no último eu ainda estava na luta. Até para me finalizar, eu estando debilitada no último round, ela não conseguiu. Imagina se eu estivesse 100% ali no final, eu ía acabar com ela. Mas ela vai ser uma futura desafiante com certeza, porque é uma menina dura. Vamos esperar para ver. Mas acho que essa luta com a Ronda sai. Com certeza ela volta.
Você disse que ainda não voltou a treinar pesado, mas o que mudaria no seu treinamento se essa luta contra a Ronda se confirmar?

Na verdade, eu sempre treinei um pouquinho pra Ronda Rousey. Esse sempre foi o meu foco, não é porque eu iria lutar com a Valentina Shevchenko ou a Sara McMann que eu deixava de pensar na Ronda. A minha estratégia era para a minha oponente, mas depois que eu treinava, eu sempre fazia um extra, umas quedas de judô, uns bloqueios, saída de chave de braço, todas essas coisas que são o forte da Ronda, essa estratégia dela que é agarrar. Eu assistia às lutas dela, via os erros tudo direitinho e treinava um pouco. Até com a Nina mesmo, a gente sempre fez uns extras em todos os treinos. Então, a Ronda Rousey já é meu foco desde quando eu entrei no UFC. Eu treinei judô desde quando comecei no jiu-jítsu, é uma coisa que já vem comigo desde o início e eu sei quando o quadril vai entrar, sei bloquear queda, sei contragolpear queda no judô. Eu só estou acordando agora, só fazendo que meu corpo relembre para ficar afiado para quando acontecer. Eu ainda não estou com estratégia, mas eu faço a minha estratégia na minha cabeça, o que vai dar certo e o que não vai dar, e quando fecha eu sento com os meus treinadores e a gente coloca as ideias em dia. Eles trazem as ideias dele, eu as minhas e a gente faz a estratégia. É bem bacana.
Amanda Nunes UFC 200 (Foto: AP)Amanda Nunes: "Claro que eu vou tentar nocautear a Ronda de qualquer jeito e, se a luta for para o chão, eu tenho chão também para a gente desenvolver uma boa luta" (Foto: AP)

Além de realização profissional e pessoal, o fato de você ter conquistado o cinturão te fez mudar a forma de treinar ou de encarar o esporte?

Hoje eu treino na American Top Team, que é a maior academia de MMA do mundo, e para tomar esse cinturão de mim vai ser muito complicado. A Ronda sabe o que é ter esse cinturão nas mãos, sabe a força que esse cinturão tem. Acho que é por isso que ela está demorando para assinar esse contrato, viu? Mas quando assinar o contrato, aí sim eu acelero os treinos e fica tudo certinho, tem a carga horária de treino, uma programação, meu dia de folga. É muito perfeito. Hoje, eu estou numa fase da vida em que estou treinando alegre. Além de treinar eu me divirto, e acho que faltava isso um pouquinho antigamente. Eu ficava muito focada em treinar e esquecia de me divertir e aproveitar. Eu treinava o tempo todo, se me mandassem tirar um dia de folga eu não tirava, e tive que aprender a me educar nessa parte.
A Ronda não luta desde novembro de 2015, quando sofreu a primeira derrota da carreira. O que você acha que está passando pela cabeça dela? Que Ronda você espera enfrentar dentro do octógono?

Eu acho que ela deve estar pensando, claro, porque voltar a lutar com uma pessoa que é de trocação, sendo que ela foi nocauteada, teve aquele problema todo com o maxilar...eu acho que ela está pensando nisso. Claro que eu vou tentar nocautear a Ronda de qualquer jeito e, se a luta for para o chão, eu tenho chão também para a gente desenvolver uma boa luta. Eu tenho jiu-jítsu e ela sabe disso, não sou alguém que ela vai levar pro chão e finalizar rápido, como aconteceu várias vezes. Acho que ela vai voltar, independente disso, e vai voltar mais consciente e cautelosa. Eu vou esperar a Ronda Rousey que gosta de agarrar, ir para cima e se ela parar na minha frente, vai ser melhor ainda. Mas, espero a Ronda que vai me abafar para tentar me colocar para baixo e tomara que ela não precise vir na loucura e venha pra gente trocar e fazer uma boa luta. Aí, vai ser perfeito.

Ronda Rousey é estrela maior do que Conor McGregor, garante Dana White

Presidente do UFC lembra duelo entre a americana e Bethe Correia no Brasil: "Torceram para a Ronda em vez da brasileira. Nunca tinha visto isso na minha vida"

Por Las Vegas, EUA
Ronda Rousey posa em frente ao painel pintado pelo Bicliteca sem Freio, Goiânia, Goiás (Foto: Hans Gutknecht )Ronda Rousey ainda é maior estrela do MMA, diz Dana (Foto: Hans Gutknecht )
Conor McGregor pode ser o nome do momento no UFC, mas ainda não chegou ao posto de maior astro do MMA. De acordo com o presidente da organização, Dana White, quem ocupa o primeiro lugar no ranking fictício de estrelas do esporte ainda é a ex-campeã dos galos Ronda Rousey.
- De longe. Não chega nem perto. De longe ela é a maior estrela. Ronda Rousey é uma estrela gigantesca. Quando você vai lutar no Brasil, eles não ligam para quem você é, eles querem que o brasileiro quebre sua cara. Quando a Ronda foi lá, eles torceram para a Ronda em vez da brasileira. Nunca tinha visto isso na minha vida, e provavelmente nunca mais vou ver. Isso mostra o quão grande ela é - garantiu o mandatário em entrevista ao site "Seven Sport". 
A luta citada por Dana ocorreu em agosto de 2015, no UFC 190, quando Ronda veio ao Rio de Janeiro para defender seu cinturão contra Bethe Correia e foi tratada como "popstar" pelo público brasileiro. A americana nocauteou Bethe aos 34 segundos do primeiro assalto.

Cris Cyborg: fenômeno, determinação, talento nato ou obsessão por treinos?

Lutadora de MMA mais temida do planeta durante anos, brasileira alcança status 
de estrela no UFC e combina ingredientes capazes de fazê-la um exemplar raríssimo

Por Las Vegas e Rio de Janeiro
Cris Cyborg (Foto: Getty Images)Cyborg: lutadora soma 15 nocautes em 17 vitórias, tem apenas uma derrota e está invicta desde novembro de 2005 (Foto: Getty Images)
Cyborg é um apelido que se encaixa bem a Cristiane Justino. Ela não tem peças biônicas, mas possui a resistência de quem parece forjada no aço e força sobre-humana quando comparada com a das adversárias. A fala tranquila, carregada no sotaque curitibano, e a educação com que trata o próximo contrastam com a aparência bruta. Ironizada anos atrás por Dana White, Cris Cyborg virou uma das estrelas da companhia e segue imparável - em novembro, completa 11 anos de invencibilidade. Afinal, o que explica uma carreira tão vitoriosa nas artes marciais mistas, capaz de deixar especialistas em dúvida sobre a existência de alguma rival à altura para vencê-la?
A estatura privilegiada - Cyborg mede 1,73m - é notória desde que a curitibana era criança. A família sempre conta que a menina era bem maior do que as amigas. A força física não tardou a aparecer e Cyborg entrou no handebol. A carreira esportiva era questão de tempo - até que a arte marcial entrou na vida da curitibana.

Responsável por lapidar Cris Cyborg, Rudimar Fedrigo, líder da lendária Chute Boxe, em Curitiba, vê a lutadora como um misto de ingredientes que resultam em uma receita de sucesso. O técnico destaca a valentia da atleta, destemida e batalhadora desde os seus primeiros passos na equipe, conhecida por ter formado inúmeros astros, como Wanderlei Silva e Mauricio Shogun.
A Cris gosta de treinamento, de pegar duro e sempre foi assim. Sangue nunca foi problema para ela. É uma lutadora agressiva e, em quatro anos, na academia se tornou melhor do mundo.
Rudimar Fedrigo
- Há três fatores que fizeram a Cyborg: dom, talento e empenho. Todos foram fundamentais. Ela é uma pessoa que incorpora o espírito do muay thai, do lutador que entra no combate e se entrega sem receio. Não pensa: "Ah, e se eu encontrar isso?" ou "Ah, e se eu encontrar aquilo?" Ela não tem receio do que vai acontecer. A técnica dela é muito boa, é agressiva em pé, vem treinando bastante o corpo a corpo, gosta muito de treinar e competir no jiu-jítsu. É uma atleta. A Cris gosta de treinamento, de pegar duro e sempre foi assim. Sangue nunca foi problema para ela. É uma lutadora agressiva e, em quatro anos na academia, se tornou a melhor do mundo. É uma atleta fantástica, a maior de todos os tempos na minha opinião. Escreveu o nome na história do MMA feminino. Vai ser difícil aparecer alguém para bater nessa mulher (risos) - conta Rudimar, em entrevista ao Combate.com.
A decantada agressividade de Cyborg na trocação foi sentida recentemente por Lina Lansberg, nocauteada no segundo round no combate principal do UFC Brasília, no último sábado. A sueca teve o nariz quebrado em três partes, reforçando o poder de fogo da brasileira.
- A Cyborg é uma lutadora fenomenal, com uma potência insana nas mãos. Em nenhuma das minhas 85 lutas de muay thai e oito de MMA eu senti aqueles tipos de soco. Meu nariz quebrou em três pedaços logo após os dois primeiros socos. Acho que tem uma primeira vez para tudo... Antes de aceitar essa luta eu sabia sobre o peso dela, nível de habilidades e recursos para finalizar oponentes no primeiro round - declarou Lansberg nas redes sociais.
Cris Cyborg Lina Lansberg UFC Brasília (Foto: Getty Images)Brasileira bateu Lansberg, que demonstrou capacidade impressionante de absorver golpes, em Brasília (Foto: Getty Images)


O cartel de Cris Cyborg no MMA é quase perfeito: ela soma 17 vitórias, um "No Contest" (a vitória por nocaute em 16 segundos contra a japonesa Hiroko Yamanaka ficou sem resultado após a brasileira ser flagrada no exame antidoping por uso de estanozolol) e uma derrota. O único revés da carreira da curitibana no MMA se deu justamente em sua estreia, no Showfight 2, em maio de 2005, contra Erica Paes, que a finalizou no round inicial.

Compatriota de Cyborg, Erica acredita que o lastro no esporte seja um ponto a favor da ex-campeã do Strikeforce e atual dona do título dos penas do Invicta FC. O MMA é um esporte novo, e Cyborg, lutadora desde a época do Vale-Tudo, tem uma bagagem bem maior que boa parte de suas adversárias.
Ela tem treinado por anos, aperfeiçoado a técnica, e isso também dá uma auto-confiança maior. As adversárias dela são, em geral, garotas mais novas
Erica Paes
- Eu acho que é uma soma de fatores. Claro que a experiência conta muito. Ela tem treinado por anos, aperfeiçoado a técnica, e isso também dá uma autoconfiança maior. As adversárias dela são, em geral, garotas mais novas, com poucas lutas na carreira, com bem menos experiência. Além disso, tem o talento pessoal, que somado à técnica aprimorada pelos anos, resulta na ótima lutadora que ela é atualmente. 

Erica Paes, no entanto, discorda de Rudimar Fedrigo e não classifica Cyborg como a melhor de todos os tempos. Ela ainda espera o desenrolar da carreira da curitibana, de 31 anos de idade e ainda sem planos de "pendurar as luvas".
- Não acho que ela seja a melhor... Talvez ela seja melhor do que as que lutaram com ela até agora... Isso vai depender das próximas lutas. De quem serão suas adversárias. Não vejo a Cris pensando em aposentadoria agora.
Primeira brasileira a conquistar o cinturão do UFC, Amanda Nunes, atual campeã do peso-galo, enxerga as adversárias com receio de dividir o octógono contra Cyborg - possivelmente pelo retrospecto de nocautes da curitibana - são 15 em 17 vitórias, sendo nove no round inicial.

- A Cris é uma guerreira, é um nome das antigas. Eu estava na época que ela lutou no Strikeforce. Eu a acompanho bastante e ela merece tudo isso que o UFC está fazendo. Na categoria dela, é a melhor do mundo hoje, mas vamos ver para frente como vai ficar. A Cris tem muita coisa para acontecer na vida dela ainda. Ela põe um ritmo na luta que é muito difícil de as meninas acompanharem. Esse ritmo é o que faz com que ela domine a luta. As meninas se intimidam também por toda a história da Cris, tudo isso conta, a cabeça ali no momento. Se não estiver preparada para a pressão, não vai a lugar algum. As meninas ficam com medo.
Cris Cyborg (Foto: Getty Images)Cris Cyborg: popularidade crescente no Ultimate depois de duas lutas pela organização (Foto: Getty Images)

Comentarista do canal Combate, Luciano Andrade segue a linha de Rudimar Fedrigo para dissecar Cris Cyborg. Entretanto, não a vê com tanta técnica quanto o treinador da Chute Boxe defende.
- A Cyborg é um conjunto de coisas: é dom natural em termos de genética por ser muito explosiva e forte em relação ao peso. É muito dedicada, versátil, mas tecnicamente não é excepcional, não é a melhor, nem na luta em pé e muito menos no chão. É um conjunto de fatores. 
Em relação ao posto de maior lutadora de todos os tempos, Luciano Andrade põe Cris Cyborg no topo - embora defenda que a posição é mutável. Para ele, Ronda Rousey - ex-campeã dos galos - e Joanna Jedrzejczyk, dona do cinturão dos palhas, estão se aproximando da brasileira.
- A Cyborg é a melhor de todos os tempos, mas não é de larga margem sobre as outras. É uma condição que pode mudar em questão de duas ou três lutas. Até a Ronda perder para a Holly Holm, eu a considerava a melhor da história. Com aquela derrota, a Ronda ficou parada, enquanto a Cyborg está lutando, ganhando e a ultrapassou. A Ronda e a Joanna estão nos calcanhares dela. A Joanna, inclusive, é mais técnica que a Cyborg em pé, superior. A Cyborg é a melhor, mas pode perder esse posto. O MMA é um esporte novo.