sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Alegria fracionada, dano financeiro e justiça: o bronze oito anos depois

Rosemar Coelho, Lucimar de Moura, Thaissa Presti e Rosângela Santos celebram medalha herdada após doping russo, mas lamentam perder pódio e premiações

Por Rio de Janeiro
Rosemar, Thaissa e Lucimar herdaram bronze olímpico oito anos depois (Foto: Arquivo Pessoal)Rosemar, Thaissa e Lucimar herdaram bronze olímpico oito anos depois (Foto: Arquivo Pessoal)
A espera foi longa, mas Rosemar Coelho Neto, Lucimar  de Moura, Thaissa Presti e Rosângela  Santos enfim podem dizer que são medalhistas olímpicas. Oito anos depois do revezamento 4x100m rasos dos Jogos de Pequim, o Comitê Olímpico Internacional (COI) oficializou nesta sexta-feira que as brasileiras herdaram o bronzepor causa do doping de uma atleta da Rússia, que perdeu o ouro. As novas medalhistas olímpicas comemoram mais um passo para conseguir a medalha, que ainda será entregue pelo COI, mas lamentaram as oportunidades perdidas por não terem subido ao pódio na China.
- Está sendo uma alegria bem fracionada. Não é a forma que o atleta espera que seja. Acho que essa medalha não vai ter o poder de inspirar novos atletas, jovens. Se você olhar e falar: "Nossa, ganhar medalha oito anos depois, talvez não seja tão atrativo". Mas o que é legal nessa história é mostrar que vale a pena jogar limpo. A verdade aparece. Fico feliz em ver uma movimentação na busca por um esporte limpo - disse Thaissa.
Desde que o escândalo de doping da Rússia ganhou as manchetes no ano passado, as velocistas ficaram atentas, viram a possibilidade de herdar a medalha. Antes elas até desconfiaram do porte físico das rivais russas, mas não imaginavam que depois de tanto tempo o doping fosse revelado. Uma destas reanálises feitas pelo COI e pela Agência Mundial Antidpoing (Wada) indicou uso das substâncias Estanozolol e Turinabol pela atleta russa Yuliya Chermoshanskaya. Por isso, todo o quarteto do país foi desclassificado. A Bélgica herdou o ouro, e a Nigéria a prata.
Thaisa recebe o bastão de Lucimar na final olímpica de 2008 (Foto: Divulgação/COB)Thaisa recebe o bastão de Lucimar na final olímpica de 2008 
(Foto: Divulgação/COB)
- Infelizmente a gente perdeu aquele calor de subir ao pódio. A gente fica um pouco chateada porque todo atleta sonha em subir ao pódio, ganhar uma medalha e ver a comemoração, como vai ser feita, como a gente vai reagir durante o calor da medalha, e isso a gente perdeu. A medalha veio agora depois de oito anos. Graças a Deus a justiça foi feita, e eles estão começando a olhar o esporte limpo. Isso nos favoreceu - disse Lucimar.
O fato de ficar fora do pódio do Ninho do Pássaro não foi o único dano causado pelo doping russo às brasileiras. O bolso também sofreu. Elas deixaram de receber as premiações pelas medalhas.
- A gente teve bastante dano, principalmente financeiro, de premiações. Na época se eu tivesse ganhado a medalha, com certeza financeiramente teria sido melhor, outras portas teriam se aberto. Esses eram os danos. Mas continuei treinando, não desisti. Mesmo para a gente atleta um quarto lugar fica a desejar. Você pode pensar que é quarto nos Jogos, mas para quem chega em uma final é muito triste, porque quer a medalha. Mas meu clube na época continuou o mesmo, continuei mais quatro anos - disse Rosemar.
Formada em educação física, Rosemar hoje se prepara para coordenar um projeto de iniciação ao atletismo da Prefeitura de Miracatu, cidade de São Paulo. Lucimar também deixou as pistas e hoje se dedica à família. Thaíssa tentou uma vaga na Rio 2016, mas não conseguiu e agora pensa em parar também. Rosângela foi a única a se classificar para os Jogos do Rio, mas também cogitou se aposentar depois de ficar fora da final dos 100m rasos. O Comitê Olímpico do Brasil ainda divulgará uma data para realizar uma cerimônia de premiação para as velocistas.
rosangela santos, corredora do brasil (Foto: REUTERS/Gonzalo Fuentes)Rosângela Santos disputou a Olimpíada do Rio de Janeiro (Foto: REUTERS/Gonzalo Fuentes)

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