Lewandowski faz quatro e lidera goleada do Borussia sobre Real
Polonês brilha nos 4 a 1 no Signal Iduna Park, e
aurinegros conquistam vantagem parecida com a do rival Bayern de Munique
diante do Barcelona
Por GLOBOESPORTE.COM
Dortmund, Alemanha
2455 comentários
Sobrenome complicado, futebol fácil. Robert Lewandowski, quase sempre
com um toque na bola, tornou a missão do Borussia Dortmund um tanto
quanto mais tranquila no sonho de disputar a grande decisão da Liga dos
Campeões. Dono de uma atuação perfeita, o centroavante marcou quatro
vezes e foi o grande nome da goleada sobre o Real Madrid, por 4 a 1,
nesta quarta-feira, no Signal Iduna Park, pelo primeiro jogo da
semifinal. Cristiano Ronaldo, ainda no primeiro tempo, chegou a empatar
para os merengues em 1 a 1, mas pouco conseguiu fazer na etapa final
para impedir a derrota.
Desta forma, o Borussia praticamente repete o feito do Bayern de
Munique na véspera ao atropelar o Barcelona, por 4 a 0, na Allianz
Arena. Em confrontos que se previa um equilíbrio sem favoritismo, a
Alemanha abriu uma vantagem no agregado de 8 a 1 contra a Espanha. As
partidas de volta serão disputados na próxima semana, terça e quarta,
respectivamente no Santiago Bernabéu e Camp Nou.
O time de José Mourinho pode dizer que está em situação menos
desconfortável. Ainda assim, terá de vencer por 3 a 0 para conquistar a
vaga na finalíssima de Wembley, no dia 25 de maio. A repetição do placar
a favor dos merengues leva o duelo para a prorrogação. O Borussia ainda
se classificará se perder por 5 a 2, 6 a 3 ou placares adiantes por
três gols de diferença.
Entre os brasileiros, Kaká, por alguns minutos na etapa final, foi o
único a pisar de fato no gramado, já que Marcelo, lesionado, sequer
viajou a Dortmund, e Casemiro não ficou no banco de reservas por opção
de Mourinho. Do lado do Borussia, o zagueiro Felipe Santana, herói
contra o Málaga, pelas quartas, comemorou bastante cada um dos quatro
gols de Lewandowski,
em quem apostou como candidato a destaque da vez em recente entrevista.
Para Mourinho, o jogo teve ainda outro motivo para se tornar um
pesadelo. Esta foi a segunda vez em toda a sua carreira que um time seu
sofreu quatro ou mais gols. Até o momento, apenas o Barcelona de Pep
Guardiola havia imposto tamanha humilhação ao português, justamente no
primeiro Superclássico contra o rival, por 5 a 0, no dia 29 de novembro
de 2010.
Robert Lewandowski assinala com as mãos quantos gols marcou no Real Madrid (Foto: AFP)
Pressão da 'Muralha Amarela'
Mais importante do que a aplicação tática, era não perder o foco por
qualquer instante que fosse. O Borussia Dortmund pode dizer que fez um
primeiro tempo próximo do ideal, marcando o Real Madrid na origem de
suas jogadas, impedindo Xabi Alonso de jogar. A ausência de Di María, no
banco de reservas por causa do nascimento de seu filho na véspera,
ainda complicou a saída para os contra-ataques por parte dos merengues.
Talvez com o atropelo do Bayern de Munique sobre o Barcelona na véspera
fresco na memória, os aurinegros se lançaram ao ataque desde o início. A
estratégia, sempre aliada à marcação sob pressão, logo surtiu efeito. O
primeiro lance de perigo na partida aconteceu aos seis minutos. Reus
fez bela jogada, avançou pelo campo merengue e chutou rasteiro no canto
de Diego López, que espalmou. Lewandowski não conseguiu alcançar o
rebote.
Mas o goleiro definitivamente não seria um problema para o polonês na
noite. Como se viu na sequência, aos oito: Götze, o personagem do
pré-jogo por ter sido anunciado como reforço do Bayern de Munique na
véspera da partida, cruzou, e estava lá o camisa 9 para completar na
pequena área.
Cristiano Ronaldo comemora o gol de empate do Real após falha de Hummels (Foto: Reuters)
CR 50
O Real pouco produzia. Limitava-se, inclusive, a cruzamentos em faltas
da intermediária ou em finalizações de longe de Cristiano Ronaldo. Aos
24, o craque português arriscou em cobrança da direita e obrigou
Weidenfeller a espalmar para o lado. Do outro lado, Kuba quase ampliava
ao levar vantagem sobre Coentrão, mas foi atrapalhado pela marcação de,
vejam só, Higuaín, aos 31.
Se o argentino fez até mais do que o seu papel exigia, Hummels nem
isso. Aos 43 minutos, o zagueiro cobiçado por outros gigantes europeus e
de grandes atuações nas últimas temporadas, vacilou e permitiu que o
Real tivesse a chance de ir para o intervalo sorrindo. Recebeu após
cobrança de lateral, não conseguiu recuar e deixou Higuaín livre. O
centroavante apenas rolou para Cristiano Ronaldo completar, fazendo seu
12º gol na atual edição e 50º na era moderna da Liga dos Campeões,
igualando-se ao francês Thierry Henry entre os quatro maiores (Ruud van
Nistelrooy, Lionel Messi e Raúl completam a lista).
Lewandowski acaba com a defesa de Mourinho
José Mourinho viu uma equipe sua voltar a sofrer
quatro gols pela segunda vez na carreira (Foto: AP)
Por ironia, o gol sofrido tornou-se apenas um pequeno detalhe diante do
que estava por vir. O segundo tempo no Signal Iduna Park mostrou que o
Real não é exatamente um time com uma defesa confiável, especialmente em
confrontos decisivos. Depois de vacilar repetidamente contra o
Galatasaray, pelo jogo de volta ainda das quartas de final, o setor que
costuma ser o ponto forte das equipes de Mourinho falhou e permitiu que o
Borussia, assim como o Bayern, desse um gigantesco passo rumo à
classificação.
O show dos donos da casa novamente teve gol no início. Aos quatro, Reus
pegou sobra na entrada da área e chutou rasteiro. Lewandowski conseguiu
dominar no meio do caminho e tirou com categoria de Diego López. Sergio
Ramos protestou, mas a jovem revelação Varane dava condição perto da
pequena área.
A Muralha Amarela já estava em êxtase com a vitória parcial, mas acabou
deixando o estádio com uma goleada daquelas, muito melhor do que o
triunfo por 2 a 1 e o empate por 2 a 2 dos confronto diante do Real na
fase de grupos da Champions. Aos dez, Schmelzer arriscou finalização do
lado esquerdo, e a bola sobrou para Lewandowski. O polonês se livrou de
Pepe com um lindo drible, e fuzilou a meta dos espanhóis.
Gündogan, aos 16, por pouco também não deixou o seu. O volante driblou
dois adversários com uma "meia-lua" e chutou forte, para linda e precisa
defesa de Diego López. A noite parecia destinada a ser toda de
Lewandowski, que selou o placar de pênalti, aos 22, após Xabi Alonso
derrubar Reus na grande área. Um chute forte, seco, no meio do gol,
liberava os alemães para se imaginarem em Londres no dia 25 de maio. O
que só foi ratificado com as defesas de Weidenfeller diante da pressão
do Real nos minutos finais.
Jogadores do Borussia agradecem a torcida da 'Muralha Amarela' (Foto: Reuters)