UFC 20 anos: reveja 20 momentos que marcaram a história do Ultimate
Do primeiro torneio ao nocaute de Chris Weidman em
Anderson Silva, estas lutas e eventos ajudaram a moldar a maior
organização de MMA do mundo
Por Adriano Albuquerque, Ivan Raupp, Klima Pessanha e Marcelo Russio
Rio de Janeiro
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Em 20 anos de história, o UFC produziu inúmeros momentos memoráveis, e
cada fã de MMA tem seu momento favorito, ou o que o fez começar a
acompanhar o campeonato. Com 252 eventos e quase 2.500 lutas disputadas,
é muito difícil definir quais são os mais importantes e marcantes da
história da companhia, mas o Combate.com aceitou o desafio e tentou.
Algumas horas antes do UFC 167, que comemora o 20º aniversário da
franquia e promete mais momentos inesquecíveis, apresentamos a lista dos
20 momentos que marcaram e ajudaram a definir a trajetória do Ultimate
Fighting Championship. Confira abaixo:
20- Shogun x Henderson, UFC 139 - 19 de novembro de 2011
Maurício Shogun e Dan Henderson estiveram envolvidos em várias das
melhores lutas da história do MMA, então quando os dois foram colocados
no evento principal do UFC 139, era de se esperar um grande combate. Mas
ninguém estava preparado para a batalha que se seguiu, em que ambos os
lutadores tiveram chances de encerrar o duelo em cada um dos três
primeiros rounds e foram até o final dos cinco previstos. Hendo acabou
levando a melhor graças aos seus melhores momentos nos três rounds
iniciais, e houve muita discussão se Shogun não merecia um 10-8 no round
derradeiro e um empate no placar final. O que não se discutiu, por sua
vez, foi o lugar do duelo no panteão das grandes lutas de MMA de todos
os tempos, e o combate foi comparado até ao "Thrilla in Manila",
histórico encerramento da trilogia entre Muhammad Ali e Joe Frazier,
tido por muitos como o melhor combate de boxe da história.
Maurício Shogun e Dan Henderson travaram uma guerra de cinco rounds no UFC 139 (Foto: AP)
19- Vitor Belfort nocauteia Wanderlei Silva, UFC Brazil - 16 de outubro de 1998
A primeira visita do UFC ao Brasil foi marcante por diversos motivos,
mas nenhum maior do que o nocaute de Vitor Belfort em Wanderlei Silva.
Os dois lutadores já faziam barulho no início de suas carreiras - Vitor
no próprio UFC, Wand no IVC - e seu confronto no Ginásio da Portuguesa,
em São Paulo, era muito esperado pelos fãs brasileiros de MMA. Porém, o
duelo terminou em apenas 44s, com uma sequência incrível de golpes retos
de Belfort. O nocaute permanece como um dos mais bonitos da carreira do
ex-campeão peso-meio-pesado, e é considerado pelos amigos de Wanderlei
como o ponto em que "nasceu" o "Cachorro Louco", que dominaria o Pride,
principal evento de MMA do mundo na primeira década dos anos 2000. Os
dois estiveram próximos de fazer uma revanche no UFC 147, em 2012, após a
primeira temporada do The Ultimate Fighter Brasil, mas uma lesão na mão
tirou Belfort do confronto.
18- UFC: Velásquez x Cigano 1 - 12 de novembro de 2011
O UFC comemorou 18 anos e chegou à maioridade tanto em idade quanto em
reconhecimento de mídia nesta luta realizada em Anaheim, nos EUA. A
disputa do cinturão dos pesos-pesados entre Cain Velásquez e Junior
Cigano marcou a estreia do Ultimate na TV aberta nos EUA, numa das
quatro maiores emissoras do país, e também sua primeira vez ao vivo na
Rede Globo no Brasil. Se 18 anos antes Royce Gracie assombrou o mundo ao
derrotar homens muito maiores e mais fortes, seu compatriota Cigano
surpreendeu ao derrotar o favorito Velásquez e se sagrar campeão com um
nocaute em apenas 64s. Seria o início de uma das mais bem sucedidas
trilogias da história da organização, na qual o americano Velásquez se
saiu melhor nas duas lutas seguintes.
17- Royce Gracie x Dan Severn, UFC 4 - 6 de dezembro de 1994
Para muitos, é a vitória definitiva de Royce Gracie. Após passar por
Ron Van Clief e Keith Hackney nas primeiras fases, o campeão dos
primeiros dois Ultimates encontrou na final do UFC 4 o enorme wrestler
Dan Severn, de 1,88m de altura e 113kg. Acreditava-se que Severn, que
passou com facilidade por Anthony Macias e Marcus Bossett, teria a
combinação de jogo de chão e força para neutralizar o jiu-jítsu Gracie, e
o americano comprovou essa teoria por 15 minutos, período em que quedou
Royce e permaneceu por cima, fazendo pressão com os braços e golpeando.
No 16º minuto, porém, o brasileiro encontrou abertura para um
triângulo, e Severn bateu em desistência com 15m49s de combate. O duelo
fez a duração do evento estourar o limite da janela de pay per view em
dois minutos, e os organizadores tiveram de reembolsar os fãs que não
puderam ver o fim da luta ao vivo. Isso apenas aumentou o interesse pelo
Ultimate, e muitos especularam inclusive que havia sido feito de
propósito como golpe de marketing, algo que os criadores do torneio
negam até hoje.
16- Anderson Silva x Chris Weidman 1, UFC 162 - 6 de julho de 2013
Em 28 de dezembro, Anderson Silva e Chris Weidman farão uma das
revanches mais esperadas da história do MMA, e Dana White já afirmou que
espera que o UFC 168 seja o maior evento de toda a trajetória da
companhia. Isso se deve ao chocante primeiro confronto entre os dois
lutadores, em julho passado. O jovem Weidman, com apenas nove lutas
profissionais, era considerado uma ameaça séria ao Spider no chão, por
seu pedigreé no wrestling e jiu-jítsu, mas ninguém esperava que Anderson
fosse derrotado em pé. Foi o que aconteceu, num combate bizarro, em que
o brasileiro, invicto em 16 lutas dentro do octógono, ficou focado em
atrair o adversário, mas perdeu o tempo do contra-ataque. Segundos
depois de dobrar os joelhos e virar os olhos "de mentira", o então
campeão dos pesos-médios não conseguiu se esquivar de um gancho de
esquerda que conectou certeiro no queixo e caiu no chão desacordado,
agarrando as pernas do árbitro Herb Dean, enquanto a plateia da MGM
Grand Garden Arena observava boquiaberta ao primeiro nocaute sofrido
pelo paulista na sua carreira.
O público quase não acreditou quando Weidman derrubou Anderson Silva no UFC 162 (Foto: Getty Images)
15- Chuck Liddell x Wanderlei Silva, UFC 79 - 29 de dezembro de 2007
Por anos, a rivalidade entre os dois maiores eventos do mundo, Pride e
Ultimate, foi personificada por Wanderlei Silva e Chuck Liddell,
campeões de categorias correspondentes nos dois eventos e grandes ídolos
dos dois torneios. Acordos entre as duas organizações para um combate
entre os dois estiveram próximos de serem fechados inúmeras vezes, mas
nunca se materializaram. O sonhado duelo enfim se tornou realidade
quando o Pride faliu e foi comprado pela Zuffa, empresa proprietária do
UFC, em 2007. Nesta altura, Liddell não era mais o campeão do Ultimate e
Wand não era mais campeão do Pride, mas a luta correspondeu às
expectativas. Os lutadores trocaram bombas por todo o combate e cada um
teve um momento em que pareceu estar perto do nocaute. No final, Liddell
saiu vencedor por decisão unânime (29-28 e duplo 30-27), e o combate
foi considerado o melhor do ano.
14- Chuck Liddell x Tito Ortiz 2, UFC 66 - 30 de dezembro de 2006
A revanche entre Chuck Liddell e Tito Ortiz, no penúltimo dia de 2006,
atraiu o interesse de milhões de fãs de MMA no mundo inteiro, e marcou a
primeira vez em que um evento do UFC vendeu mais de 1 milhão de pacotes
de pay per view. Foram aproximadamente 1.050.000 pacotes comprados, até
hoje a terceira maior marca da história da companhia. O duelo também
estabeleceu de vez Liddell como o rosto da franquia, após a vitória por
nocaute técnico aos 3m57s do terceiro round sobre o antigo rival Ortiz. A
torcida foi ao delírio conforme o "Homem de Gelo" punia o "Bad Boy de
Huntington Beach" no chão, até Mário Yamasaki encerrar a luta.
13- UFC 7 - 8 de setembro de 1995
O carioca Marco Ruas é reconhecido como o primeiro artista marcial
misto a vencer um torneio do UFC, graças à sua trajetória no sétimo
evento da companhia. O "Rei das Ruas" já era conhecido no Brasil por
treinar em diversas disciplinas e por sua campanha por um duelo contra
Rickson Gracie, e demonstrou todo seu repertório no dia 8 de setembro de
1995, em Buffalo, EUA. Ruas finalizou Larry Cureton na primeira rodada
com uma chave de calcanhar, forçou Remco Pardoel a bater em desistência
após obter vantagem na montada, e conquistou o título ao derrotar o
gigante Paul Varelans, de 2,03m e 140kg. Para derrubar o "Urso Polar", o
brasileiro usou pisões e chutes na perna, e conseguiu o nocaute técnico
após 13m17s de luta.
12- Estreia de Bruce Buffer, UFC 8 - 16 de fevereiro de 1996
Hoje, Bruce Buffer é reconhecido como a "Voz do Octógono" e seus
bordões "We are live!" e "It's Time" são partes inseparáveis do UFC, mas
o apresentador só fez sua estreia oficial na organização com mais de
dois anos de existência, em seu 9º evento, e teve de batalhar para
garantir seu emprego. Buffer já havia levado seu irmão Michael, famoso
announcer do boxe e do pro wrestling, para anunciar três eventos do UFC,
mas vinha tentando convencer Bob Meyrowitz, dono do torneio na época, a
lhe dar uma chance. Esta oportunidade veio no UFC 8, em Bayamon, Porto
Rico. Os bordões de Buffer ainda não estavam lá, mas o apresentador
deixou sua marca, se revezando com o até então apresentador oficial,
Rich "G-Man" Goins. Ele teve aparições esporádicas até fazer uma ponta
no seriado de comédia "Friends", em que anunciava uma luta entre Tank
Abbott e um dos personagens da série. Bruce usou sua aparição para
convencer Meyrowitz de que, a partir dali, todos os telespectadores o
associariam ao evento, e se tornou o apresentador oficial a partir do
UFC 13.
O apresentador Bruce Buffer perdeu apenas um UFC nos últimos 10 anos (Foto: Getty Images)
11- UFC 52 - 16 de abril de 2005
O UFC 52 está entre os melhores torneios de todos os tempos da
organização por uma série de motivos: a inclusão de Dan Severn no Hall
da Fama, a vitória de Georges St-Pierre sobre Mayhem Miller, e o nocaute
devastador de Chuck Liddell em Randy Couture, o que lhe deu o cinturão
dos pesos-meio-pesados que muitos achavam que já devia lhe pertencer há
anos. Porém, o que mais marcou no UFC 52 foi a revanche entre Matt
Hughes e Frank Trigg no coevento principal, considerada entre as
melhores lutas de todos os tempos do MMA. Uma joelhada ilegal de Trigg
nos primeiros minutos balançou Hughes, que caiu com um golpe de
esquerda. No chão, o desafiante deu socos, conseguiu as costas e fechou
um mata-leão. Parecia que o reinado de Hughes na divisão meio-médio
estava prestes a terminar, mas o americano mostrou ter o coração de um
campeão, escapou e se levantou. Ele pegou Trigg, o carregou através do
cage e o derrubou, levando a plateia ao delírio. A partir daí, só deu
Hughes, que finalizou Trigg com um mata-leão sob uma ovação de pé da
torcida.
10- UFC 129 - 30 de abril de 2011
O UFC 129 marcou o recorde de público da história da organização, com
55.724 pessoas presentes ao Rogers Centre, em Toronto, Canadá. Para
premiar tamanho amor demonstrado pelos fãs canadenses, Pablo Garza abriu
a noite com uma espetacular finalização com triângulo voador, e John
Makdessi conseguiu um dos mais belos nocautes da história com um soco
rodado que derrubou Kyle Watson. O melhor, porém, viria no card
principal. Em sua estreia no Ultimate, José Aldo defendeu o cinturão
peso-pena que trouxe do WEC com uma performance dominante contra o
canadense Mark Hominick. Pouco antes, o momento mais marcante da noite:
após ser ovacionado pelo público, Randy Couture foi mandado para a
aposentadoria com um devastador chute frontal voador de Lyoto Machida,
que utilizou a famosa técnica do clímax do filme "Karatê Kid". Um dente
de Couture voou com o chute, lembrando a primeira luta da história do
Ultimate, quando Gerard Gordeau fez o dente de Teila Tuli voar para fora
do cage.
9- UFC 3 - 9 de setembro de 1994
O Ultimate 3 foi o ápice da era "freak show" da organização. Sem
categorias de peso na época, a primeira luta teve o lutador mais pesado
da história do UFC, o sumô Emmanuel Yarborough, anunciado oficialmente
com 279,4kg. Um empurrão seu chegou a jogar Keith Hackney para fora do
octógono (a porta estava mal fechada), mas ele durou menos de dois
minutos contra o carateca, que o derrubou com uma série de uppers e
quebrou a mão ao desferir golpes no chão para encerrar a luta. Na quarta
luta da noite, Kimo Leopoldo entrou carregando uma cruz gigantesca,
como se fosse Jesus Cristo, e em seguida deu a Royce Gracie seu maior
teste até ali. O americano colocou o brasileiro para baixo e o encheu de
golpes. Royce fez o que pôde para sobreviver, até puxar o cabelo de
Kimo, e conseguiu a vitória graças a uma chave de braço com 4m40s de
luta. Exausto depois do combate, o carioca chegou a entrar no cage para
sua semifinal contra Harold Howard, mas seus irmãos jogaram a toalha
antes do início da luta, ao notarem que ele não teria condições. Ao
saber que não teria sua revanche na decisão, Ken Shamrock desistiu de
lutar a final e alegou ter se lesionado. No fim das contas, o reserva
Steve Jennum, que nem havia lutado até ali, conquistou o título ao
derrotar Howard, marcando a primeira vez que Royce Gracie não saiu de um
UFC como campeão.
8- Mirko Cro Cop x Gabriel Napão, UFC 70 - 21 de abril de 2007
O Ultimate teve um período incrível entre março e maio, com quatro
grandes zebras em evento principais, que incluíram três trocas de
cinturão. A única delas que não incluiu título rendeu um dos nocautes
mais espetaculares da história do UFC: o chute alto de Gabriel "Napão"
Gonzaga no lendário Mirko "Cro Cop" Filipovic, campeão do GP
peso-absoluto do Pride. Cro Cop era conhecido justamente pelo chute
alto, e muitos achavam que a luta no chão era a única chance do
brasileiro faixa-preta de jiu-jítsu. Foi dessa forma que Napão dominou a
maior parte do primeiro round: ele marcou o tempo de um chute no corpo,
botou o croata para baixo e abriu um corte na testa do adversário com
cotoveladas. Com 35s restando, os dois se recolocaram de pé. Quando veio
o aviso de 10s restando, o brasileiro arriscou e pegou Cro Cop
justamente com sua arma favorita, o chute alto na cabeça. O ex-campeão
caiu apagado, e a força da queda foi tão grande que ele lesionou o
joelho e o tornozelo. Ninguém esperava um nocaute daquela forma, e a
vitória rendeu a Napão uma oportunidade de disputar o cinturão dos
pesos-pesados.
7- Anderson Silva x Chael Sonnen 1, UFC 117 - 7 de agosto de 2010
Chael Sonnen prometeu por meses que daria uma batalha para Anderson
Silva, que havia irritado Dana White com sua performance desinteressada
contra Demian Maia, e o americano cumpriu a promessa no UFC 117, em
Oakland. A expectativa geral era que o Spider brincasse com o
"falastrão" em pé, mas Sonnen balançou o brasileiro com um direto de
esquerda, que abriu o caminho para que ele impusesse seu wrestling. O
americano botou Anderson de costas no chão e o massacrou com golpes no
ground and pound, terminando o primeiro round em clara vantagem de 10-8
nos cartões dos jurados. A partir daí, o roteiro se repetiria nos dois
rounds seguintes, com Anderson eventualmente ameaçando kimuras e chaves
de braço e contra-atacando com cotoveladas de baixo para cima, mas
Sonnen continuaria melhor. No quarto round, o campeão teve um ótimo
momento, com golpes fortes no corpo e uma cotovelada forte que balançou
seu adversário, mas o americano se recuperou, reverteu a situação e
voltou a ficar por cima. No quinto round, Anderson escorregou, caiu de
costas no chão e parecia que o cinturão iria trocar de mãos. Todavia, o
paulista conseguiu encaixar um triângulo com pouco mais de dois minutos
restando, e Sonnen bateu em desistência com 3m10s de round. A luta foi a
melhor de 2010, e Anderson mostrou ter "coração de campeão".
6- Georges St-Pierre x Matt Serra 1, UFC 69 - 7 de abril de 2007
Chris Weidman era uma grande zebra contra Anderson Silva no UFC 162,
mas seu mentor Matt Serra era uma zebra muito maior contra Georges
St-Pierre no UFC 69, em 7 de abril de 2007. Dana White brinca até hoje
que "nem a mãe de Serra acreditava nele" naquela noite. GSP havia
acabado de tomar o cinturão de Matt Hughes e já era visto como o futuro
do MMA, o atleta mais completo do mundo, enquanto Serra havia vencido um
TUF entre lutadores desacreditados e recebeu a oportunidade de disputar
o título. A vitória de Serra pagava 11 vezes o que o apostador tivesse
jogado, a maior diferença da história do UFC num combate valendo
cinturão. Em desvantagem de altura e de envergadura, o novaiorquino não
se intimidou e manteve-se calmo, defendendo os chutes e golpes de
St-Pierre e entrando e saindo de seu raio de ação para desferir golpes
no corpo. Num desses momentos, um direto de direita raspou a nuca de
GSP, que perdeu o equilíbrio. Serra sentiu o cheiro de sangue e partiu
para cima. Ele conseguiu mais dois knockdowns, e o canadense insistiu em
tentar lutar, em vez de tentar se recompor. No final, St-Pierre caiu de
costas no chão, Serra montou e desferiu golpes no rosto até o árbitro
John McCarthy encerrar o combate, com 3m25s de luta. Foi a maior zebra
da história do UFC.
5- UFC 100 - 11 de julho de 2009
O centésimo evento numerado do Ultimate foi o marco do que talvez foi o
melhor ano da história da companhia. O torneio bateu o recorde de
vendas de pay per view da franquia, com 1,6 milhões - recorde que
permanece até hoje. A marca foi obtida graças a um card repleto de
estrelas, incluindo as duas maiores do Ultimate, Brock Lesnar e Georges
St-Pierre. Lesnar fez uma esperada revanche contra Frank Mir e conseguiu
dar o troco ao nocautear o arquirrival com 1m48s de segundo round. GSP
dominou Thiago Alves no coevento principal, mesmo sofrendo uma lesão na
virilha no meio do terceiro round. O grande destaque da histórica noite,
todavia, foi o nocaute devastador de Dan Henderson no falastrão Michael
Bisping. Hendo acertou seu conhecido overhand de direita e mandou o
britânico para a lona, e finalizou com um soco voador antes que o
árbitro Mário Yamasaki pudesse interromper, com 3m20s do segundo round.
4- Primeira luta feminina, UFC 157 - 23 de fevereiro de 2013
Demorou quase 20 anos para as mulheres terem sua primeira chance no
Ultimate, mas elas enfim entraram no octógono para lutar em 23 de
fevereiro de 2013, em Anaheim, EUA. Ronda Rousey, que conquistou Dana
White graças às suas dominantes apresentações no Strikeforce e à sua
capacidade de conseguir mídia com declarações bombásticas, defendeu o
cinturão dos pesos-galos femininos contra Liz Carmouche, ex-fuzileira
naval que também fez história como a primeira lutadora abertamente
homossexual da franquia. As duas não decepcionaram e Carmouche ameaçou
chocar o mundo ao tomar as costas de Rousey e tentar um mata-leão. A
posição não encaixou muito bem, "Rowdy" conseguiu jogar a adversária
para o chão e dominou o restando do combate, até encaixar mais uma chave
de braço - posição com a qual venceu todas as suas sete lutas
profissionais de MMA - com 4m49s de primeiro round. Desde então, as
mulheres vêm impressionando, e Rousey atualmente é protagonista do The
Ultimate Fighter ao lado de sua arquirrival Miesha Tate.
3- Anderson Silva x Vitor Belfort, UFC 126 - 5 de fevereiro de 2011
Vendida como "a luta do século", o duelo entre os dois brasileiros mais
conhecidos do UFC não correspondeu às expectativas de que seria uma
"guerra", mas ainda assim marcou época com um nocaute que se tornou uma
das imagens-símbolo da companhia. O confronto entre o Spider e o
Fenômeno abriu os olhos da mídia brasileira para o potencial do UFC, e o
chute frontal que derrubou Vitor Belfort em apenas 3m25s assombrou o
mundo. A luta teve poucos golpes trocados; quando Belfort atacou com sua
veloz mão esquerda, Anderson mostrou seu incrível poder de esquiva.
Quando os dois pararam no centro do ringue, o paulista desferiu a
ponteira de esquerda que desmontou o carioca. Ele ainda acertou dois
socos no rosto antes de Mário Yamasaki encerrar o combate. A imagem do
chute será para sempre um dos "cartões de visita" do UFC.
O chute de Anderson Silva em Vitor Belfort virou capa de videogame (Foto: Getty Images)
2- Forrest Griffin x Stephan Bonnar, TUF 1 Finale - 9 de abril de 2005
Em termos de pura técnica, a primeira luta entre Forrest Griffin e
Stephan Bonnar, decisão do torneio peso-meio-pesado da primeira
temporada do reality show The Ultimate Fighter, não foi muito especial.
Porém, a raça e vontade demonstradas pelos dois lutadores fez do combate
um dos mais incríveis da história do UFC, e marcou o ponto de virada
para a franquia. Na época, os irmãos Fertitta já consideravam vender o
campeonato, após absorver mais de US$ 40 milhões de prejuízo desde que
compraram o torneio em 2001. A realização do reality show no canal de TV
a cabo Spike foi a última cartada da Zuffa, e deu certo. A luta entre
Griffin e Bonnar, porém, foi o que garantiu a renovação de contrato para
uma segunda temporada do TUF, e marcou o início da ascensão do UFC.
Durante a luta, os números de audiência do evento foram subindo, e
embora não haja uma informação exata sobre os números, Dana White diz
que o evento superou o Masters, um dos principais torneios de golfe dos
EUA, exibido em rede de TV aberta. Griffin foi anunciado vencedor por
decisão unânime, mas White ficou tão empolgado que declarou que não
havia um só vencedor e deu contratos com o UFC a ambos os lutadores.
1- UFC 1 - 12 de novembro de 1993
O torneio que começou tudo. Foram muitos momentos inesquecíveis: o
chute de Gerard Gordeau que fez o dente de Teila Tuli voar; a primeira
aparição do histórico "trenzinho Gracie" que levou Royce ao octógono;
Art Jimmerson com apenas uma luva; o histórico duelo entre Royce Gracie e
Ken Shamrock nas semifinais; a mordida de Gordeau na orelha de Royce; e
a vitória de Royce Gracie que chocou o mundo. O primeiro Ultimate
Fighting Championship foi o início da revolução das artes marciais a
caminho da criação do MMA, e não haveria Anderson Silva, Randy Couture,
Chuck Liddell, Vitor Belfort, Georges St-Pierre e outros sem Royce
Gracie, Ken Shamrock, Gerard Gordeau, Kevin Rosier, Art Jimmerson,
Patrick Smith, Zane Frazier e Teila Tuli, os oito homens que fizeram
parte daquele torneio "sem regras, sem categorias de peso e sem limites
de tempo".
Menções honrosas: Retorno do Ultimate ao Brasil no UFC
134; chute rodado de Edson Barboza no UFC 142; Corey Hill quebra a
perna no UFC Fight For The Troops 1; Murilo Bustamante finaliza duas
vezes no UFC 37; Tank Abbott nocauteia John Matua no UFC 6; Royce Gracie
e Ken Shamrock fazem luta de 36 minutos no UFC 5