Brasil supera fantasma das quartas e vai a semifinal histórica no Mundial
Depois
de bater na trave no Mundial de 2011 e nas Olimpíadas de Londres,
seleção vence Hungria em jogo de duas prorrogações e continua na briga
por medalha inédita
Por Thierry GozzerDireto de Belgrado, Sérvia
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Alexandra Nascimento comemora vitória sobre a Hungria e vaga inédita na semifinal (Foto: AP)
O
Brasil precisou bater na trave duas vezes para conseguir espantar o
fantasma das quartas de final. Na tarde desta quarta-feira, na Arena
Belgrado, a
seleção brasileira
feminina de handebol derrotou a Hungria por 33 a 31 e chegou às
semifinais do Mundial da Sérvia, para fazer a melhor campanha da
história da modalidade no país. Após o tempo normal terminar empatado em
26 a 26, foram necessárias duas prorrogações (29 a 29 ao fim da
primeira) e muito sofrimento. Mas a equipe verde e amarela superou os
traumas de 2011, quando caiu diante da Espanha nas quartas do Mundial de
São Paulo, e de 2012, em mais uma derrota nas quartas, dessa vez para a Noruega, nas Olimpíadas de Londres.
Confira galeria com imagens do jogo.
A artilheira do jogo foi a brasileira e melhor jogadora do mundo
Alexandra Nascimento,
com dez gols. Duda ainda fez outros seis para o Brasil. Com sete,
Zsuzsanna Tomori foi a goleadora da Hungria. A adversária das
brasileiras na semifinal será a Dinamarca, que eliminou a Alemanha nesta
quarta. Na primeira fase, o selecionado do Brasil
bateu as dinamarquesas por 23 a 18.
Na outra semi, a Polônia bateu a França, atual vice-campeã do mundo, e
pega agora a Sérvia, que tirou a atual campeã Noruega. Os finalistas
serão conhecidos na próxima sexta-feira, às 15h e às 17h45m. A partida
entre Brasil e Dinamarca será a segunda do dia.
Acabou a maldição das quartas de final. Chega!
Alê
-
Foi muito duro, difícil, 60 minutos, depois mais dez minutos e mais dez
minutos. Conversamos que não íamos sair da quadra sem vencer o jogo.
Não importava o amanhã, só o hoje. Conseguimos. Já joguei
Liga dos Campeões,
Mundial, Olimpíadas, mas esse Mundial é especial, por esse grupo, por
sempre confiarem no nosso trabalho. Acabou a maldição das quartas de
final. Chega. Entramos na história, como entramos na história em 2011.
Mas agora isso não significa muita coisa. Precisamos festejar até
meia-noite e depois temos que pensar na partida das semifinais, que vai
começar tudo do zero - disse Alê.
Ao
contrário dos outros jogos, Brasil e Hungria conseguiram logo o gol. No
primeiro ataque, as húngaras saíram na frente com Tomori, mas Alexandra
empatou em tiro de sete metros, tudo isso antes do primeiro minuto.
Alê, aos três, virou para 2 a 1. E com ela de novo, a seleção abriu dois
gols, em novo sete metros. O Brasil conseguiu abrir 5 a 1, enquanto a
Hungria tinha dificuldades para vencer a defesa verde e amarela. O
segundo gol das europeias só veio aos nove, com Szusanszki. Mas Duda fez
6 a 2. Aos 15, o placar era de 7 a 4, com Babi bem no gol em um jogo
equilibrado e nervoso.
Aos
17, a arbitragem penalizou a goleira Babi com dois minutos por não
deixar a bola no chão quando a posse de ataque era das húngaras,
retardando o jogo. Mayssa entrou em seu lugar, mas pisou em quadra antes
da saída de uma jogadora de linha e, por isso, o Brasil sofreu outra
punição, ficando dois minutos sem duas jogadoras. Mesmo assim, Samira,
no contra-ataque, abriu 9 a 5. Triscsuk diminuiu. E a arbitragem viu
outra penalidade, desta vez de Deonise, fazendo a seleção ficar 30
segundos com três a menos. Mesmo com desvantagem numérica, Mayssa pegou
um sete metros de Gorbicz, mas a Hungria diminuiu para 9 a 8, com Tomori
duas vezes. Até Duda voltar a marcar para a seleção: 10 a 8.
Em jogo duro, Duda tenta se livrar da marcação de duas húngaras (Foto: Cinara Piccolo / Photo&Grafia)
Em
contra-ataque, aos 24, Samira fez 11 a 9 para a seleção. Do banco de
reservas, Morten pedia paciência e foco, mesmo com as meninas reclamando
muito da arbitragem. Ana Paula, em tiro de sete metros, voltou a
colocar o Brasil com três gols de vantagem: 12 a 9. No minuto final, com
gols de Redei e Szamoransky, o Brasil terminou na frente, mas a Hungria
trouxe a diferença para apenas um gol: 12 a 11.
emoção e empate no fim dos 60 minutos
O
segundo tempo começou equilibrado. Nos primeiros cinco minutos, a
Hungria conseguiu igualar em 16 a 16, mas Samira, na ponta, colocou a
seleção de novo na frente. Anita Gorbicz, até então muito bem marcada,
anotou seu primeiro gol e empatou de novo. Colocando pressão na seleção,
as húngaras fizeram o Brasil errar bolas que até aquele momento não
aconteciam, e virou o jogo com Gorbicz: 18 a 17, com Deonise sendo
suspensa por dois minutos em seguida.
Gorbicz lidera o ataque da Hungria contra o Brasil no Mundial (Foto: Cinara Piccolo / Photo&Grafia)
Aos
12, a Hungria abriu dois gols, fez 20 a 18, e dominava as ações,
defendendo bem e atacando com velocidade. Duda descontou e voltou o jogo
para um gol de prejuízo. Um minuto depois, Fernanda igualou em 20 a 20.
Aos 16, a Hungria, com Redei e Szucsanszki, colocou as húngaras de novo
com dois gols de frente: 22 a 20. Mas Alê apareceu segundos depois para
diminuir. Aos 20, a seleção perdia por um gol, 23 a 22, e falhava no
ataque quando não podia.
Nos últimos dez minutos, o técnico
Morten Soubak perdeu a paciência quando Duda, ao arremessar, foi
derrubada, mas os árbitros mandaram seguir. Em seguida, no sete metros,
Gorbicz outra vez venceu Mayssa e abriu dois gols, faltando sete para o
fim: 24 a 22. Aos 25, Tomori manteve a Hungria à frente por dois gols, e
o Brasil corria contra o tempo com Duda, que diminuiu, e Fernanda, que
empatou: 25 a 25, faltando quatro minutos para o fim.
Com o
placar em 26 a 25 para as húngaras, Alê empatou em tiro de sete metros.
Faltando um minuto, o Brasil desperdiçou ataque e passou a posse da bola
para a Hungria, que pediu tempo. A seleção conseguiu segurar o ataque
rival até o cronômetro zerar. O árbitro marcou falta, e a Hungria teve a
última chance para matar o jogo. Na cobrança, bola para fora e
prorrogação.
vitória épica após duas prorrogações
Na
prorrogação, na primeira bola de ataque, Deonise, sozinha, foi parada
pela goleira Herr. No ataque seguinte, o Brasil também conseguiu
defender bem. Com as defesas funcionando, o primeiro gol foi húngaro,
aos dois minutos, com Kovacsics: 27 a 26. Assim terminou o primeiro
tempo. Na segunda parte, Alê empatou em 27 a 27 com um minuto. Em tiro
de sete metros, Gorbicz fez: 28 a 27. Szekeres, por falta em Dani
Piedade, levou dois minutos de punição, mas Fernanda desperdiçou a
chance de empatar em seguida. Deonise, em contra-ataque, empatou: 28 a
28. Alê, em bela trama com Deonise, virou: 29 a 28, faltando um minuto. A
Hungria empatou e uma segunda prorrogação foi necessária.
Nela,
Alê brilhou com um gol logo no início, fazendo 30 a 29 para o Brasil.
Mayssa, em bela defesa, manteve a seleção na frente. Deonise, ao levar a
terceira suspensão de dois minutos, foi expulsa automaticamente, e
Cifra empatou: 30 a 30. No último tempo de cinco minutos, Duda sofreu
sete metros aos dois minutos. Alê cobrou e colocou o a seleção de novo
na frente: 31 a 30. Mayara, faltando 30 segundos, fez um gol sofrido,
com a bola batendo na trave, nas costas da goleira e entrando: 32 a 30. A
Hungria ainda diminuiu de novo, com Bulath, mas Samira fez 33 a 31 e
confirmou a vitória espetacular e histórica do Brasil.
- Antes
de mais nada eu queria parabenizar esse grupo. As meninas não
desistiram em momento algum. Nem nos momentos bons, muito menos nos
momentos ruins. Essas meninas subiram um patamar no
handebol
mundial. Colocaram a bandeira do Brasil em outro nível dentro desse
esporte. Hoje, podemos dizer que o Brasil está entre os melhores do
mundo, e isso é resultado do trabalho dessas meninas - comemorou o
técnico Morten.
Brasil: Babi; Dara, Alê, Duda, Deonise, Fernanda e Ana Paula. Entraram: Samira, Amanda, Mayara, Mayssa e Dani Piedade.
Hungria:
Herr; Gorbicz, Szekeres, Zacsik, Tomori, Bulath e Bognar. Entraram:
Szucsanszki, Triscsuk, Szamoransky, Kovacsics, Cifra e Redei.
Quartas de finalBrasil 33 x 31 Hungria
Polônia 22 x 21 França
Dinamarca 31 x 28 Alemanha
Sérvia 28 x 25 Noruega
Semifinais (sexta-feira)15h - Polônia x Sérvia
17h45m - Brasil x Dinamarca