Elias Silvério acaba 'jejum' do Brasil no UFC em 2014 e vence Vallie-Flagg
Brasileiros não venciam desde 28 de dezembro na
organização. No card preliminar do evento em Atlanta, apenas uma
finalização e cinco decisões
Por Combate.com
Atlanta, EUA
Comente agora
Foram necessárias três
lutas e um lutador saído de Pirapora do Bom Jesus, interior de
São Paulo,
para o Brasil sair do zero em 2014 no UFC. Após derrotas de Bruno
Carioca e Luiz Besouro no primeiro evento da organização no ano, o
peso-leve
Elias Silvério
acabou com o jejum do país ao vencer o americano Isaac Vallie-Flagg por
decisão unânime (triplo 29-27) nesta quarta-feira, em Atlanta, EUA,
pelo card preliminar do
UFC:
Rockhold x Philippou. Silvério dominou o combate graças à sua boa
trocação e a um chão de qualidade, comandados por um córner formado
pelos faixas-pretas de jiu-jítsu Tiago Alves e Roan Jucão e pelo
treinador de boxe Ivan "Pitu" de Oliveira.
Elias Silvério golpeia Isaac Vallie-Flagg: brasileiro dominou combate do início ao fim (Foto: Getty Images)
Vallie-Flagg começou andando para frente e pressionando Silvério, mas o
brasileiro mantinha o rival à distância com chutes e jabs. Quando o
americano conseguiu chegar e acertar um gancho de esquerda, Silvério
aproveitou a aproximação, pegou no single leg e quedou. "Xuxu" caiu por
cima, mas fez pouco e Vallie-Flagg se levantou. Os dois voltaram à
trocação e Silvério acertou um grande gancho de direita que derrubou o
americano. O paulista aproveitou o bom momento e tomou controle lateral
do adversário no chão. Ele encaixou um gancho por dentro das pernas e
castigou no ground and pound. Vallie-Flagg conseguiu se levantar, mas
ainda levou diretos e ganchos de Silvério até o final do primeiro round.
Xuxu continuou mantendo o adversário à distância com jabs e diretos no
início do segundo round. Vallie-Flagg suingou muito aberto e o
brasileiro partiu
para cima
com uma boa sequência, clinchou e colocou para baixo. Por cima, golpeou e
transitou para um triângulo de mão. Quando o americano se levantava,
porém, Silvério vacilou e deu uma joelhada na cabeça com o adversário
ainda sobre três apoios, um golpe ilegal. Por causa disso, o árbitro
interrompeu o combate e deduziu um ponto do brasileiro. Ele pareceu se
desconcentrar e demorou um pouco para voltar ao combate, mas logo partiu
para cima buscando o nocaute, derrubou e voltou a comandar as ações por
cima, na meia-guarda, até o fim do assalto.
Disposto a impedir que o ponto perdido o prejudicasse, Silvério partiu
com tudo para o ataque no início do terceiro round. Ele acertou chutes
no corpo e mais jabs e diretos, derrubou e montou. Vallie-Flagg girou e
deu as costas, mas o paulista não buscou uma finalização, apenas atacou
com golpes. Quando o americano girou de volta com a barriga para cima,
Silvério atacou, ameaçou buscar um kata-gatame e conseguiu a montada com
cerca de um minuto restando. Vallie-Flagg voltou a ceder as costas e
Silvério fechou um mata-leão. Não houve tempo de finalizar, mas foi o
suficiente para garantir a vitória.
Foi a nona vitória de Elias Silvério como profissional e a primeira
como peso-leve no UFC. Ele está invicto no MMA. Seu triunfo foi também o
primeiro de um brasileiro no Ultimate desde que William Patolino bateu
Bobby Voelker, também por decisão unânime, no UFC 168, em 28 de
dezembro. Desde então, foram seis derrotas brasileiras, incluindo a de
Anderson Silva para Chris Weidman.
Confira os demais resultados do card preliminar do UFC: Rockhold x Philippou:
Ramsey Nijem levou a melhor sobre Justin Edwards (em primeiro plano) (Foto: Getty Images)
Ramsey Nijem domina Justin Edwards
No confronto entre ex-companheiros de equipe no TUF 13, o
palestino-americano Ramsey Nijem derrotou o americano Justin Edwards por
decisão unânime dos jurados (30-27, 29-28 e 29-28), na última luta do
card preliminar. Nijem começou atacando, mas Edwards justificou seu
apelido de "Fast Eddie" ("Eddie Rápido") e contragolpeou com velocidade.
O palestino-americano se arriscou na trocação, ponto forte de seu
adversario, e foi surpreendentemente bem, conectando joelhadas e chutes
rodados e escapando de sequências rápidas de Edwards. O primeiro round
terminou com os dois em guarda 50/50, tentando chaves de calcanhar.
No segundo round, Nijem enfim tentou quedar, mas caiu direto numa
guilhotina bem encaixada. Ele passou por apuros e inicialmente defendeu
errado, mas conseguiu escapar. Ao sair da posição, o palestino-americano
acertou alguns golpes no ground and pound e quase acabou pego num
triângulo. Os dois se levantaram e voltaram à trocação. Nijem apertou o
ritmo novamente, acertou boa sequência de chutes e diretos e quedou
Edwards. No chão, dominou: passou à montada, pegou as costas e ameaçou
pegar o estrangulamento várias vezes, mas foi incapaz de ajustar a
posição antes do fim do round. No terceiro round, ele continuou melhor,
derrubando o adversário e ainda abrindo um corte no olho do adversário.
Edwards, porém, não desistiu e continuou atacando, acertando inclusive
um bom chute rodado no corpo. Ele arriscou alguns golpes rodados e
tentou outra guilhotina ao ser quedado mais uma vez. Nijem escapou com
facilidade e "Fast Eddie" partiu para uma chave de panturrilha, bem
defendida pelo oponente.
Trevor Smith sangra abundamente sobre Brian Houston: decisão polêmica (Foto: Getty Images)
Trevor Smith venceu Brian Houston em luta de altos e baixos
Em uma luta que começou emocionante e terminou em câmera lenta, o
peso-médio Trevor Smith venceu Brian Houston por decisão dividida dos
juízes (29-28, 28-29 e 29-28). A vitória foi a 11ª de Smith em 15 lutas,
enquanto Houston sofreu sua segunda derrota em seis combates. Mostrando
mais medo de perder do que vontade de ganhar, Houston deixou escapar a
vitória por não mostrar uma postura mais agressiva no terceiro round,
quando Smithn estava nitidamente cansado e sem forças para ameaçá-lo.
A luta começou com Smith buscando os chutes baixos, enquanto Houston
atacava com socos de direita. Smith buscou surpreender o adversário
buscando a queda, mas Houston defendeu-se bem, evitando ter o pescoço
dominado e, em seguida, buscando a derrubada. A luta voltou a ser
disputada em pé, e Trevor Smith manteve a estratégia de tentar os chutes
baixos e buscar as derrubadas. Na terceira tentativa no round, Smith
conseguiu encaixar o katagatame, mas errou na posição da cabeça,
permitindo a defesa por parte de Brian Houston. Ainda por cima no chão,
Smith se manteve em vantagem na luta até o fim do round. No segundo
período, os lutadores mantiveram-se lutando em pé, e Trevor Simith
buscou a derrubada após ter um corte aberto em sua testa, que sangrava
abundantemente enquanto os atletas lutavam na grade. Mais atento às
tentativas de queda, Houston defendia as tentativas de Smith de levar o
combate para o chão e contragolpeava principalmente com a direita.
Aparentando cansaço, Smith já não tinha a mesma potência de ataque, nem a
mesma velocidade. Houston se aproveitava para acertar chutes baixos e
conectar chutes baixos. No terceiro round, com melhor preparo físico,
Brian Houston aproveitava o cansaço de Trevor Smith e aplicava bons
golpes, ainda que sem muita contundência. A luta era disputada em câmera
lenta por parte dos dois atletas, com poucos momentos de emoção. Mesmo
muito cansado, Smith tentou derrubar Houston, que fez o sprawl e
defendeu o golpe, levando a luta novamente para cima.
Louis Smolka acerta um overhand de direita em Alptekin Ozkilic (Foto: Getty Images)
Smolka vence boa luta contra Ozkilic
Em uma das melhores lutas da noite, válida pelos pesos-moscas, o
estreante americano Louis Smolka venceu por decisão unânime dos juízes o
turco Alptekin Ozkilic (triplo 29-28). O combate teve muita ação, com
os dois lutadores conseguindo aplicar bons golpes e tendo chances de
vencer a disputa. Esta foi a segunda derrota de Ozkilic em 11 combates,
enquanto Smolka chegou à sétima vitória em sete lutas na carreira. A
luta começou com Smolka tentando um chute alto, aproveitando a diferença
de 8cm de altura em seu favor. Ozkilic reagiu buscando um upper e, em
seguida, levou a luta para o chão, ficando por cima. Smolka segurava a
nuca do turco, que aplicou socos antes da luta voltar a ser disputada em
pé. Ozkilic aplicou um bom golpe de direita que quase derrubou o
havaiano. Mostrando resistência, Smolka recuperou-se rapidamente, mas
Ozkilic voltou a encurtar a distância e derrubar o havaiano, ficando
novamente por cima. Melhor na defesa no chão, o havaiano levantou-se e
buscou uma joelhada voadora muito perigosa, desviada pelo turco, que
conseguiu uma nova derrubada antes do fim do primeiro round.
No segundo round, Smolka buscava os chutes altos, enquanto Ozkilic
mostrava confiança na trocação, usando principalmente os golpes de
direita. No chão, o havaiano buscou o pescoço do turco com um triângulo
de mão, que se livrou do golpe girando o corpo, mas pareceu sentir
cansaço e também alguns golpes do americano. Smolka aproveitou o bom
momento e castigou o turco seguidamente, quase conseguindo o knockdown.
No fim, Ozkilic ainda conseguiu uma derrubada buscando a perna de
Smolka, mas o havaiano livrou-se do golpe e quase encaixou uma chave de
perna no turco. No terceiro round os dois atletas começaram buscando a
trocação em pé, e Smolka levou a melhor ao utilizar a sua envergadura.
Muito cansado, o turco recebia golpes e buscava a derrubada, mas não
tinha gás para manter a luta embaixo. Quando conseguiu ficar por cima no
chão, Smolka tentou um triângulo de mão sem sucesso, mas se manteve no
topo e terminou a luta castigando duramente Ozkilic, que resistiu e
evitou o nocaute técnico com muita raça.
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Vinc Pichel (dir.) acerta um chute em Garett Whiteley (Foto: Getty Images)
Pichel vence Whiteley por decisão unânime
Em duelo de americanos buscando recuperação, melhor para Vinc Pichel,
ex-TUF 15. O californiano de Lancaster venceu todos os três rounds
contra o compatriota Garett Whiteley, que perdeu a segunda luta
consecutiva no UFC por decisão unânime. Dos três assaltos, o primeiro
foi o mais equilibrado. Whiteley começou se movimentando muito e Pichel
demorou a encontrá-lo, fechar o clinche e derrubá-lo. Porém, Whiteley
surpreendeu e, numa raspagem, fechou um triângulo de mão. Seu adversário
esteve em perigo, mas escapou e, após levar alguns bons golpes no
corpo, terminou quedando de novo e atacando por cima.
Nos dois rounds seguintes, Pichel dominou com folgas. O wrestler
colocou o adversário para baixo, golpeou bastante no ground and pound,
passou a guarda algumas vezes e ameaçou finalizar, com um mata-leão no
segundo round e com um triângulo de mão no terceiro. Ele parecia ter a
vitória no bolso quando deu bobeira no clinche no minuto final e viu
Whiteley atacar uma chave de braço perigosa. Com calma, Pichel escapou
da posição e ainda terminou a luta aplicando um suplê. Após ter a
vitória anunciada oficialmente, o ex-TUF se empolgou e usou seu apelido,
"From Hell" ("Vindo do Inferno" em português) para fazer um desafio à
divisão peso-leve.
- O inferno voltou, ninguém está a salvo! - disse Pichel.
Beneil Dariush acerta o cruzado de esquerda que derrubou Charlie Brenneman (Foto: Getty Images)
Dariush estreia com finalização sobre Brenneman
O iraniano Beneil Dariush deixou ótima impressão em sua primeira luta
pelo UFC, no combate que abriu o card. Ladeado pelo treinador brasileiro
Rafael Cordeiro, o lutador entrou no octógono ao som de "Rock with
you", clássico de Michael Jackson, e recebeu muitos elogios nas redes
sociais. Do outro lado do cage, estava Charlie Brenneman, que fazia seu
retorno à organização após quatro vitórias. Ele tomou a dianteira e
atacou no começo do round. Buscou a queda, mas não conseguiu derrubar.
Com a guarda aberta, o cabeludo levou um cruzeiro certeiro de esquerda e
caiu. Dariush pulou em cima do adversário e rapidamente tomou suas
costas. Ele fechou um mata-leão e rapidamente conseguiu a finalização,
com 1m45s. A atuação mereceu elogios do presidente da companhia, Dana
White, no Twitter.
- Uau, Dariush pareceu muito bom! - escreveu o dirigente.