Faber relembra início difícil na carreira: 'Não tinha categoria para mim'
Californiano também analisa adversário deste sábado e se
sente aliviado porque o duelo entre Cruz e Barão finalmente vai
acontecer
Por Evelyn Rodrigues
Sacramento, EUA
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Urijah Faber
não consegue esconder o orgulho de ver três de seus companheiros de
time lutando no mesmo card em que ele enfrentará Michael McDonald neste
sábado, em Sacramento, nos EUA. Além de
Joseph Benavidez, que faz a luta principal contra Demetrious Johnson pelo cinturão dos pesos-moscas,
Chad Mendes tem duelo marcado contra Nik Lentz e Danny Castillo enfrenta o brasileiro
Edson Barboza, pelo card preliminar.
Líder e fundador do time Alpha Male, o californiano recebeu o
Combate.com no QG do time nesta terça-feira e relembrou, com certo saudosismo, toda a trajetória de seus companheiros de equipe.
- É muito especial poder lutar no mesmo card que esses caras, porque
eles são como se fossem parte da minha família. Danny Castillo era meu
amigo no colegial, já o Chad Mendes eu recrutei quando era treinador do
time wrestling na faculdade e ele ainda estava cursando o ensino médio.
Eu conheço esses caras há muito tempo e os recrutei porque eram
talentosos e disciplinados. Alguns fazem parte da minha vida desde o
começo de tudo - conta, lembrando que fundou o time porque precisava de
mais estrutura para se dedicar ao esporte:
Líder da Alpha Male, Urijah Faber falou sobre seu início difícil no MMA (Foto: Evelyn Rodrigues)
- Na verdade, eu comecei o time logo depois da segunda luta da minha
carreira. Na época, eu estava apenas procurando parceiros de treino. Eu
era o treinador de wrestling da UC Davis (campus da Universidade da
Califórnia em Davis) e comecei a recrutar alguns dos meus amigos que eu
achava bons, caras que eu achava que dariam bons lutadores. Em 2003
ninguém conhecia o esporte e os centros de treinamentos voltados ao MMA
praticamente não existiam, então eu treinava um pouco de jiu-jítsu e um
pouco de tudo, mas tinha que passar por quase todas as academias da
cidade para conseguir treinar. Então, tudo começou a partir da
faculdade. Eu treinava todos os dias e, com o tempo, passei a fazer
camisetas com o nome Alpha Male e a vendê-las para ajudar nas minhas
despesas. Me lembro que tirava em torno de 200 dólares (cerca de 430
reais) por luta, então tinha que me virar e esse foi o jeito que
encontrei de fazer dinheiro e de continuar treinando - relembra.
O MMA não estava na TV, havia em torno de três lutas por ano e não tinha categoria de peso em que eu me enquadrasse"
Urijah Faber
Se a parte financeira não era uma aliada na época em que abriu a
academia, o futuro no MMA era uma incerteza maior ainda. Isso porque só
as categorias mais pesadas tinham espaço no esporte. Mas nem isso fez
Urijah desanimar:
- Por incrível que pareça, eu sempre achei que teria sucesso nessa
carreira desde o começo. Acho que eu até delirava um pouco por causa do
meu amor pelo esporte. O MMA não estava na TV, havia em torno de três
lutas por ano e não tinha categoria de peso em que eu me enquadrasse.
Mas ainda assim eu acreditava no MMA e achava que teria o meu lugar ao
sol. Eu sempre tive essa confiança e comecei a minha academia, a minha
linha de roupas e a minha empresa antes mesmo de ter sucesso, de ser
conhecido. Eu fiz isso porque era o que eu queria fazer. Eu vi a
oportunidade, me dediquei e o sucesso foi acontecendo. Aos poucos mais
caras bons acabaram entrando no time e eu tentava ajudá-los a se
desenvolver e a melhorar…foi um processo bem longo que já completou 11
anos.
O 'quase-desencontro' com Benavidez
Se boa parte dos membros do Alpha Male foram recrutados por Faber
quando ainda estavam no colegial, a ida de Joseph Benavidez para o time
foi bem diferente e um tanto curiosa. Natural do estado do Novo México,
nos EUA, Benavidez lutou em alguns eventos menores na região e viajou
para Sacramento determinado a conhecer Urijah e seguir carreira no MMA,
mas como não conseguiu localizar a academia do californiano, acabou
visitando uma outra academia em Roseville - área metropolitana da
cidade. Lá suas habilidades impressionaram membros e instrutores o
suficiente para que eles o recomendassem a Faber.
O
californiano não esconde o orgulho por ver parceiros de treino lutando
no mesmo card de seu combate contra Michael McDonald(Foto: Evelyn
Rodrigues)
- Ele veio do Novo México para cá para assistir o UFC, em 2006. Eu
tinha aberto a minha academia e ele tinha um amigo aqui na cidade e veio
tentando me localizar, mas não conseguiu, então ele foi até essa outra
academia na esperança de que eles fossem recomendá-lo. Lá ele
basicamente ‘passou o carro’ em todo mundo no treino. O engraçado é que
ele ía deixar a cidade sem ter me conhecido, mas teve uma segunda
chance, porque o vôo de volta para o Novo México foi cancelado e então
ele decidiu procurar a minha academia de novo e, dessa vez, acabou
encontrando - conta, sorridente.
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Por três anos o Joseph cuidou da recepção, limpava os tatames, os banheiros, foi o meu braço direito aqui na academia"
Urijah Faber
- Naquela época eu trabalhava na recepção, dava aula para a única turma
de luta agarrada que nós tínhamos aqui e limpava os tatames no final de
cada dia e ele chegou dizendo que queria fazer o mesmo que eu, que
tinha o sonho de se tornar campeão. Só que as coisas já estavam
difíceis na minha divisão, imagina no peso dele. Lembro que pensei:
“Esse cara tem 54 kg, não tem divisão para ele”, mas como nunca
desencorajei ninguém, então eu falei pra ele: “tudo bem, me avise quando
você decidir se vai voltar”. E ele pegou o meu número de telefone e
continuou me mandando mensagens de texto a cada semana que passava.
Quando o dia chegou, ele fez questão de me avisar que estava voltando
para Sacramento. Então eu o ofereci um trabalho. Por três anos o Joseph
cuidou da recepção, limpava os tatames, os banheiros, foi o meu braço
direito aqui na academia. Eu sempre digo que uma coisa é ter
oportunidades, que eu sempre busquei na vida, mas ver alguém como o
Joseph, que começou comigo, chegar aonde chegou…Eu realmente sinto que
ele sempre acreditou em si mesmo. Vê-lo disputar o cinturão pela segunda
vez, aqui em Sacramento, que foi onde tudo começou, é algo que me deixa
sem palavras para descrever. É muito bom ajudar a realizar as pessoas a
realizarem os seus sonhos!
Volta de Cruz e luta contra McDonald
Os companheiros de time tiveram papel fundamental na preparação de Faber para o duelo deste sábado contra Michael McDonald:
- Eles me ajudaram de várias formas, começando pela energia, que é
muito boa. Eu tenho companheiros de time que são alguns dos melhores
lutadores do mundo e eu treino duro com eles. O sparring aqui é uma
verdadeira guerra! Eu apanho do Chris Holdworth e do TJ Dillashaw na
minha categoria de peso. Fora isso tem o Chad, Benavidez, Danny e muitos
outros caras que me testam na academia todos os dias. O clima entre a
gente também ajuda, e ainda temos um bom ambiente, boa moral, bons
parceiros de treino, bons treinadores, boa mentalidade, e várias outras
coisas.
Faber se mostrou aliviado com a definição da data para luta entre Dominick Cruz e Renan Barão (Foto: Evelyn Rodrigues)
Número dois do ranking dos pesos-galos do UFC, o “Califórnia Kid"
confessa que se sentiu aliviado ao saber que o duelo entre Dominick Cruz
e Renan Barão, pela unificação dos cinturões da categoria, finalmente
vai acontecer em fevereiro do ano que vem.
- Eu não parei para pensar direito nisso ainda, porque não gosto de
focar muito em outras pessoas, mas estou feliz de ter a oportunidade de
me aproximar mais daquele cinturão, que estava meio que de lado por um
tempo com essa situação. É bom saber que a fila vai voltar a andar. Mas
por enquanto o meu foco está no duelo de sábado, contra o McDonald. Eu
nunca neguei uma luta e cheguei a pensar em descer de categoria há
alguns anos, mas não fiz isso porque eu estava tendo novas oportunidades
e lutas sendo agendadas. Eu sempre estou aberto a novas oportunidades e
não vai ser diferente contra ele. - diz, aproveitando para alfinetar o
adversário:
- Eu acho que o McDonald é muito bom, é um cara perigoso. Mas eu sempre
assisto esses caras lutando com outras pessoas e penso “Nossa ele é
realmente bom” e aí quando eles me enfrentam acabam não sendo tão bons
assim. Se você analisar as últimas cinco ou seis lutas dele, duas foram
para a decisão contra caras menores do que ele, que ele não conseguiu
finalizar. O Barão o derrotou e na luta contra o Brad Pickett, ele
venceu, mas deu tudo de si e não convenceu. Para mim, ele é apenas mais
um adversário, um cara como qualquer outro que eu já enfrentei. -
finaliza.
UFC Fight Night Combate: Johnson x Benavidez
14 de dezembro de 2013, em Sacramento (EUA)
CARD PRINCIPAL
Demetrious Johnson x Joseph Benavidez
Urijah Faber x Michael McDonald
Chad Mendes x Nik Lentz
Joe Lauzon x Mac Danzig
CARD PRELIMINAR
Court McGee x Ryan La Flare
Scott Jorgensen x Zach Makovsky
Danny Castillo x Edson Barboza
Bobby Green x Pat Healy
Abel Trujillo x Roger Bowling
Sam Stout x Cody McKenzie
Alp Ozkilic x Darren Uyenoyama