“Não adianta ter poder de nocaute se
não puder usá-lo na luta”, diz Jones
Campeão peso-meio-pesado do UFC diz que mãos de Glover
Teixeira não oferecem mais perigo do que as de Machida, Belfort ou
Rampage Jackson
Por Adriano Albuquerque, Evelyn Rodrigues e Marcelo Russio
Direto de Baltimore, EUA
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Campeão peso-meio-pesado do UFC,
Jon Jones
já quebrou praticamente todos os recordes da divisão, seja em número de
defesas de título bem sucedidas (já foram seis) ou no maior número de
vitórias consecutivas de um lutador no Ultimate (ele tem 10 trunfos em
10 lutas). Neste sábado, o americano colocará novamente o seu cinturão
em jogo, desta vez contra
Glover Teixeira
no UFC 172, que acontece em Baltimore, nos EUA. O brasileiro, que vem
de cinco vitórias seguidas no UFC, não sofre um revés na carreira há 20
lutas e é conhecido pela mão pesada, tendo 14 vitórias por nocaute na
carreira. Mas Jones não acredita que os socos potentes do lutador
mineiro vão atrapalhar os seus planos de continuar com o título da
divisão:
Para Jon Jones, pode de nocaute de Glover não é maior que o de outros rivais (Foto: Evelyn Rodrigues)
- O Glover tem um perigoso poder de nocaute, porque tem as mãos
pesadas. Acho que esse é o maior perigo que ele traz. Ao mesmo tempo,
não posso dizer que ele seja o nocauteador mais perigoso que eu já
enfrentei. Rampage Jackson tem um poder de nocaute muito bom, Lyoto
Machida e Vitor Belfort também. Eu já enfrentei muitos caras com poder
de decidir a luta em um soco, mas não adianta nada ter poder de nocaute
se ele não puder usá-lo durante a luta. Não adianta o Glover ter
condições de finalizar a luta em um golpe se ele não conseguir acertar
um soco sequer e eu não vou deixar que ele me acerte - garantiu, em
entrevista ao
Combate.com.
“Bones”, que também detém o título de campeão mais jovem da história do
UFC, disse estar bastante tranquilo para o duelo deste sábado e mostrou
muito respeito pelo brasileiro, apontado por muitos especialistas como
aquele que pode colocar um fim em seu reinado:
- Eu acho que o Glover merece essa expectativa toda que se está criando
em cima dele. O UFC está tentando vender a luta e, ao mesmo tempo, ele
está se saindo muito bem, já venceu muita gente e está vencendo há
muito tempo. Então eu acho que ele merece esse marketing todo em cima
dele. Eu respeito muito o Glover Teixeira e não o estou subestimando.
Treinei muito duro para enfrentá-lo porque o estou levando muito a
sério. Eu sei que ele é realmente perigoso, mas me sinto muito bem.
Estou em forma, me sinto forte e pronto para o desafio.
Jon Jones voltoou acriticar postura de Gustafsson após perder a luta entre os dois (Foto: Getty Images)
Jones ainda falou sobre a preparação para o combate deste sábado, o
relacionamento com os fãs e com as pessoas que não o apoiam, a admiração
por Anderson Silva e voltou a criticar Alexander Gustafsson, a quem
derrotou em setembro do ano passado:
- O Gustafsson se permitiu ficar cansado no quarto e no quinto rounds e
perdeu a luta ali. Ele deveria estar bravo consigo mesmo e deveria
voltar para a fila. Acho que ele está orgulhoso por ter conseguido levar
a luta de uma forma tão equilibrada, mas não há nada pra se orgulhar
quando você perde uma luta equilibrada. Ele deveria ficar chateado por
ter perdido uma luta tão parelha e buscar recomeçar o caminho pelo
título em vez de ficar por aí se gabando.
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Confira a entrevista na íntegra:
Combate.com: Estamos tão perto do duelo contra o Glover
Teixeira. Você pode falar um pouco sobre essa reta final de preparação
para essa luta?Jon Jones: A preparação
foi ótima. Tive uma ótima dieta, cheguei no peso há mais de um mês, me
sinto mais rápido, mais forte, o meu tempo de reação está excelente e a
minha estratégia está plenamente ensaiada. O Glover é um ótimo lutador,
não perde há bastante tempo, mas eu também me considero invicto, então
estou muito confiante e planejo ser o primeiro cara a dominar o Glover
Teixeira.
Glover Teixeira vem de 20 vitórias, com 14 nocautes,
mas não assusta o campeão (Foto: Getty Images)
O Glover é conhecido por ter as mãos pesadas, já nocauteou 14
adversários na carreira e finalizou nove de suas últimas 10 lutas. Ele
tem sido apontado por muitos especialistas como o cara a te destronar.
Você acha que toda essa expectativa em cima dele é justificável?
Sim, eu acho que o Glover merece essa expectativa toda que está sendo
criada sobre ele. O UFC está tentando vender a luta e, ao mesmo tempo,
ele está se saindo muito bem, já venceu muita gente e está vencendo há
muito tempo. Então eu acho que ele merece esse marketing todo em cima
dele. Eu respeito muito o Glover Teixeira e não o estou subestimando.
Treinei muito duro para enfrentá-lo e o estou levando muito a sério. Eu
sei que ele é realmente perigoso, tem as mãos pesadas, o que significa
um enorme poder de nocaute, mas me sinto muito bem. Estou em forma, me
sinto forte e pronto para o desafio.
Você mencionou o poder de nocaute do Glover. Acha que ele é um dos nocauteadores mais perigosos que você já enfrentou?
O Glover tem um grande poder de nocaute, porque tem as mãos pesadas.
Acho que esse é o maior perigo que ele traz. Ao mesmo tempo, não posso
dizer que ele seja o nocauteador mais perigoso que eu já enfrentei.
Rampage Jackson tem um poder de nocaute muito bom, Lyoto Machida e Vitor
Belfort também. Eu já enfrentei muitos caras com poder de decidir a
luta em um soco, mas não adianta nada ter poder de nocaute se ele não
puder usá-lo durante a luta. Não adianta o Glover ter condições de
finalizar a luta em um golpe se ele não conseguir acertar um soco sequer
e eu não vou deixar que ele me acerte.
O que você acha do Glover como pessoa?
Eu acho que ele é uma boa pessoa, tem uma personalidade muito inocente,
está sempre sorrindo. Glover tem um espírito de criança e eu realmente
admiro isso nele. Ele parece ser um cara muito divertido de se ter por
perto.
Jon Jones se mostra incomodado com as críticas que
recebe por sua personalidade (Reprodução: Instagram)
Desde que você venceu o cinturão peso-meio-pesado do UFC, você
ganhou muitos fãs, mas também muitos críticos. O Dana White costuma
dizer que as pessoas não gostam da sua personalidade e ele não entende o
motivo. Essa legião de pessoas que não gostam de você te incomoda de
alguma forma?
Sim, me chateia, mas eu tento focar nas pessoas que me apoiam e eu
deixo as pessoas que não gostam de mim me motivar. No fim das contas, eu
sou muito agradecido por ser uma pessoa relevante e por ser duro e
conseguir concretizar meus objetivos através do meu esforço. A razão
pela qual eu não deixo essa negatividade me afetar é que muitas dessas
pessoas que falam mal de mim nunca me encontraram na vida, então elas
não me conhecem para poderem me julgar dessa forma. Eu tento olhar para
elas como se elas estivessem julgando o personagem Jones, tento não
levar isso para o lado pessoal. O que eu faço é usar isso como
motivação. Quanto mais elas me criticam, mais força eu tenho para
trabalhar duro e continuar alcançando os meus objetivos.
Você recentemente se mostrou incomodado com o fato do Alexander
Gustafsson continuar dizendo que acha que venceu o duelo entre vocês. O
fato de muita gente questionar o resultado daquela luta te chateia?
Gustafsson foi um oponente duro, tivemos uma luta parelha, mas o duelo
acabou sendo vencido por quem queria mais a vitória. A razão pela qual
eles julgam uma luta de MMA por rounds é porque vence quem é melhor nos
cinco rounds e eu fui o cara que quis mais essa vitória. É por isso que
eu sou o campeão hoje, porque eu tive mais coração durante o duelo. O
Gustafsson se permitiu ficar cansado no quarto e no quinto rounds e
perdeu a luta ali, ele deveria estar bravo consigo mesmo e deveria
voltar para a fila. Acho que ele está orgulhoso por ter conseguido levar
a luta de uma forma tão equilibrada, mas não há nada pra se orgulhar
quando você perde uma luta equilibrada. Ele deveria ficar chateado por
ter perdido uma luta tão parelha, buscar recomeçar o caminho pelo título
em vez de ficar por aí se gabando.
Por muito tempo você foi sondado para fazer uma superluta
contra Anderson Silva. Apesar de você sempre ter declarado abertamente
que é fã dele, dá um certo alívio saber que Anderson não é mais o
campeão dos médios, o que fez com que as pessoas parassem de especular
sobre essa superluta?
Não posso dizer que dá um certo alívio, pois fiquei chateado de as
coisas terem acontecido dessa forma. O Anderson sempre foi um cara que
eu respeitei muito, sempre foi um cara no qual eu me inspirei e é o
único lutador que me deixa feliz e empolgado quando está por perto. Eu
viro fã quando estou perto do Anderson, eu deixo de ser o Jon Jones
campeão dos meio-pesados. Outros lutadores não me fazem sentir assim. Eu
nunca quis enfrentar o Anderson Silva porque eu sempre o tive como um
ídolo. Eu não quero ser o cara a derrotá-lo e também não queria ser
derrotado por ele. Agora que ele se machucou, realmente não vejo essa
luta acontecer um dia. Acho que nós nunca iremos nos enfrentar porque um
dia eu gostaria de tê-lo como meu real modelo. Quem sabe um dia eu
possa treinar com ele?
Jones mostrou admiração pelo Spider, e revelou querer treinar com o brasileiro (Foto: Divulgação/UFC)
Você passou por alguns contratempos nessas últimas semanas.
Primeiro perdeu o seu gato selvagem de estimação e depois teve a sua
conta do Instagram hackeada. Isso te atrapalhou de alguma forma durante
essa fase final de preparação?
Não…nada me afetou de verdade. Eu estava treinando duro e essa foi a
parte mais importante, conseguir focar no que era mais importante. A
minha prioridade total é dominar Glover Teixeira, então tentei não levar
tão a sério os fatores externos, tentei ficar mais relaxado e resolver
as coisas com calma.