Belfort espera Spider ou Weidman: 'Tentaram tudo para me tirar, e liquidei'
Brasileiro reclama de política no UFC, rejeita ser escada
para outros atletas e diz que americano é o primeiro desde ele próprio a
ameaçar Anderson Silva
Por Ivan Raupp
Rio de Janeiro
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Vitor Belfort
vai estar com olhos grudados na televisão para ver o UFC 162, na noite
deste sábado. Dé férias no Rio de Janeiro, o peso-médio carioca está
convicto de que é merecedor de disputar o cinturão da categoria em sua
próxima luta, neste caso enfrentando o vencedor de
Anderson Silva x
Chris Weidman.
Afinal, ele vem de dois belos nocautes sobre nomes expressivos: Michael
Bisping e Luke Rockhold. Mas o Ultimate ainda não deu qualquer sinal
favorável a Vitor. Pelo contrário. O presidente
Dana White afirmou que o Spider, se vencer, vai fazer uma superluta na sequência e, se perder, terá a revanche imediata.
- Os caras (UFC) tentaram tudo para me tirar. Botaram todos os
campeões, todos os detentores, e eu liquidei - disse, em entrevista ao
Combate.com em sua academia na Barra da Tijuca.
Vitor Belfort mostra sua academia quase pronta na Barra da Tijuca (Foto: Ivan Raupp)
Belfort reclamou da política que existe na organização, principalmente
por parte de empresários, e rejeitou ser escada para outros atletas.
Perguntado se acha que está funcionando realmente como escada, ele
deixou bem clara sua opinião:
- Tem certas coisas que a gente não precisa nem falar, né? O meu
silêncio é a melhor resposta neste momento, a melhor arma. Conversei
muito com a Joana (Prado, sua esposa) sobre isso. Tenho pedido muito a
Deus para me dar as palavras sábias, até para não agredir ninguém.
Prefiro ficar em silêncio e aguardar a posição. Existe muita política. A
gente tem que falar a verdade. Os lutadores, com seus empresários,
ficam escolhendo, pedindo, ligando, insistindo, usando Twitter. E às
vezes o Dana White abraça isso. Então, vou fazer o contrário, e meu
silêncio vai ser minha resposta. Vai chegar a hora de eu falar.
É impossível hoje você não enfrentar brasileiro. Acho falta de
esportividade e até de humanidade eu tirar o sonho do outro porque eu
conquistei. Hoje existem vários amigos lutando na mesma categoria no
UFC"
Vitor Belfort, sobre declaração do Spider
Após as vitórias de Vitor Belfort, Anderson foi questionado sobre uma possível revanche e declarou que
"prefere não enfrentar brasileiros".
O carioca, que perdeu para ele no UFC 126, ressaltou que prefere
enfrentar estrangeiros, mas que isso não é um empecilho para que o duelo
seja realizado:
- Isso mostra que o Brasil é rico, está campeão, e que em luta de
brasileiro contra brasileiro o Brasil ganha. Não posso deixar de
conquistar meu sonho. Acho falta de esportividade e até de humanidade eu
tirar o sonho do outro porque eu conquistei. Hoje existem vários amigos
lutando na mesma categoria no UFC.
O lutador disse ainda que
Gegard Mousasi,
que tem pedido para enfrentá-lo, ainda não merece essa oportunidade e
que Chris Weidman é o primeiro, desde ele próprio, a oferecer perigo de
fato a Anderson Silva. Quanto ao polêmico tratamento de reposição de
testosterona (TRT), esclareceu que tudo teve início após a luta contra o
Spider, em fevereiro de 2011, e que provavelmente terá de fazer o
procedimento até o fim de sua vida. Vitor também explicou detalhes de
como vai funcionar sua academia no Rio, que tem previsão de inauguração
para daqui a um mês, e contou que não assistiu sequer a um episódio da
segunda temporada do reality show The Ultimate Fighter Brasil.
A seguir, veja a entrevista com Vitor Belfort na íntegra:
COMBATE.COM: Você não costuma ficar muito tempo no Brasil, e agora está passando férias aqui. Qual o motivo?VITOR BELFORT:
São férias de trabalho. As crianças estão de férias, e decidimos vir
para cá para ver os amigos, os avós deles. Enfim, eles sentem muita
saudade. E a gente está construindo essa academia. Sempre foi meu sonho
fazer essa academia voltada para a família, que poderá curtir o MMA de
uma maneira exclusiva para eles. O Belfort Team, o Belfort Team e o
Belfort Up serão aulas para adultos, crianças e adolescentes. Vamos
focar no treinamento funcional. A academia vai ter fisioterapia,
massagem, toda feita para cadeirante. A gente vai oferecer esses
serviços. Esse sempre foi o meu sonho.
Na sua academia vai existir uma equipe de lutadores de MMA, que seria o Belfort Team? Como vai funcionar isso?
Não. Minha equipe de MMA é a Blackzilians. Aqui vai ser uma sede da
Blackzilians. Quando os lutadores de lá estiverem no Brasil e precisarem
treinar, aqui é a casa deles. A academia é feita para o mensalista,
para a família, crianças, adultos, para que eles possam participar de
aulas. Tudo o que aprendi a vida inteira me fez ter um método de criança
até adulto. Fora isso teremos aulas de jiu-jítsu, judô, boxe, muay
thai, tudo focado no treinamento funcional.
Lutador vem grande nocaute contra Luke Rockhold em Jaraguá do Sul-SC (Foto: Agência Getty Images)
O Alex Gazé (treinador de muay thai) vai ser o responsável por treinar esses atletas da Blackzilians aqui no Brasil?
O Gazé quer muito fazer. Acho que é um cara capaz. Estamos conversando
com vários profissionais. A gente ainda não definiu toda essa parte. Eu
dou meus pitacos, mas não sou quem contrata. Não tenho essa função.
Minha função é trazer as ideias, investir, trazer minha visão. Aprendi
uma coisa importante: cada macaco no seu galho. É o relacionamento entre
as pessoas. É importante cada um estar na sua função, no seu lugar.
Esse não é meu lugar no empreendimento, até porque teremos filiais no
Brasil todo. Tem muita gente querendo, pedindo, mas é uma coisa que
estou fazendo com muito carinho, não pode se tornar uma franquia só para
ganhar dinheiro. A função é oferecer serviços. Acho que a melhor coisa
que você pode fazer na vida por alguém é dar uma oportunidade e oferecer
um bom serviço. É isso que estou fazendo.
A última luta dele não foi convincente. Ele está querendo pular à frente de muita gente. Primeiro ele vai ter que entrar
no bandejão para depois ter o
prato principal"
Sobre Gegard Mousasi
Fica pronta daqui a quanto tempo?
Daqui a um mês.
Qual será o nome da academia?
Está entre dois nomes: Up Gym e Fort Fit. Estamos decidindo, e levará
minha assinatura. Esse é o modelo de negócio que estou criando. É
importante eu assinar a academia, mas ela tem que ser a própria
identidade. Ela está criando essa identidade porque é um negócio. O
Vitor Belfort é um lutador, um empreendedor. Esse é um empreendedorismo
que estou fazendo. O sonho é que isso cresça, que um fundo possa
comprar, levar isso para todas as cidades. Quando a academia estiver
pronta, terá o modelo dela, as cores, tudo certinho. Você entra aqui e
acha motivador ver tudo branco. Sou um cara da paz, a cor branca é a cor
da paz.
Qual a sua situação neste momento? Está à espera de uma posição do UFC? Espera pegar o vencedor da luta deste sábado?
É uma boa pergunta. Falou tudo, estou à espera. Quando lutei contra o
Bisping, se ele ganhasse lutaria pelo cinturão. Mas, como tinha avisado:
arruma outro, liquidei a fatura. Depois trouxeram o campeão do
Strikeforce, liquidei. Agora acho que todos os lutadores estão querendo
uma oportunidade. "Poxa, deixa eu tentar minha vez". Já está meio chato.
Até os fãs já estão: "Que saco, o cara ganha de todo mundo e o UFC não
dá o direito dele?". Então, não tem nada melhor do que a voz do povo. A
voz do povo é a voz de Deus. Estou esperando a posição deles. Não tenho
mais nada a falar. Já fiz. Algumas pessoas pedem, e outras exercem o
merecimento. Foi assim que aprendi, que meu pai e minha mãe me
ensinaram. A gente tem que ser merecedor. Assim que ensino para os meus
filhos. Tem coisas que são negociáveis, coisas que não são negociáveis, e
coisas que a gente tem que conquistar. Meu filho falou para mim:
"Papai, quero dormir mais tarde". Eu mostrei para ele uma seleção de
contas e falei: "Filho, está aqui. No dia em que você pagar uma delas
você vai ter o direito". Tudo é merecimento na vida. No esporte não é
diferente. Eu mereço meu lugar e estou esperando para ver qual será o
comunicado deles (UFC). Tenho uma equipe que cuida disso. Meu trabalho é
treinar, me divertir, cuidar dos meus negócios.
Muita gente acha que o UFC está te colocando como escada na categoria dos médios. Você concorda com isso?
Tem certas coisas que a gente não precisa nem falar, né? O meu silêncio
é a melhor resposta neste momento, a melhor arma. Conversei muito com a
Joana (Prado, sua esposa) sobre isso. Tenho pedido muito a Deus para me
dar as palavras sábias, até para não agredir ninguém. Prefiro ficar em
silêncio e aguardar a posição. Existe muita política. A gente tem que
falar a verdade. Os lutadores, com seus empresários, ficam escolhendo,
pedindo, ligando, insistindo, usando Twitter. E às vezes o Dana White
abraça isso. Então, vou fazer o contrário, e meu silêncio vai ser minha
resposta. Vai chegar a hora de eu falar. Só peço aos fãs que me ajudem e
torçam, porque já fiz tanto por esse esporte que não acho que estou
pedindo nada de especial. Estou pedindo que possam abrir os olhos e
entender, como nas passeatas (os protestos públicos pelo Brasil). A voz
do povo é a voz mais forte. Acho que tenho os fãs a meu favor. Tenho
caráter, não sou perfeito, tenho meus erros, mas acho que tenho a grande
virtude de reconhecê-los e melhorar, me aprimorar neles.
Vitor Belfort na casa de Zico, após jogar uma
pelada com os amigos (Foto: Ivan Raupp)
Se analisarmos a categoria dos médios agora, não aparece outro
nome da mesma força que você e o Weidman para desafiar o Anderson.
Enxerga algum nome que possa surpreender no futuro próximo, um lutador
que talvez valha a pena você enfrentar caso não dispute o cinturão na
próxima luta?
Pensando assim na minha agora, é difícil. Quando a gente exerce uma
posição, é difícil chegar para alguém e dizer: "Vou te promover. Você
merece e conquistou, fez a empresa crescer. Foi por você que nós
conquistamos. Mas agora que chegamos a um lugar maior, vou ter dar um
cargo menor". É difícil para mim isso. Não vivo do "se", vivo do que é.
Tenho certeza que o UFC vai tomar a decisão adequada. E confio muito em
Deus. Sei que Ele tem algo reservado para mim. Nunca escolhi nada, mas
quando você cresce pensa em ir para cima, não em retroceder. Espero
crescer, como todo mundo.
O Mousasi, que está baixando para a sua categoria de peso, está pedindo para te enfrentar. Na falta de opções, você consideraria esse duelo?
Ele vai ter que conquistar o lugar dele. Por enquanto, na categoria ele
não está nem entre os dez. Tem que entrar e batalhar pelo espaço dele.
Para você conquistar algo, tem que batalhar. A última luta dele não foi
convincente. Ele está querendo pular à frente de muita gente. Quer fazer
exatamente isso, usar uma escada. Acho isso falta de respeito com os
fãs e, principalmente, comigo. Acho que ele é um bom lutador, tem boas
qualidades, assim como vários do UFC têm. O desejo dele é que nem o
Hector Lombard, que baixou para os meio-médios. É o Lombard querer lutar
contra o Johny Hendricks agora. Ele está entrando e vai ter que
conquistar. O Demian Maia está conquistando o lugar dele. Acho que é
isso. Se com os brasileiros é assim, por que com os outros não é?
Primeiro ele vai ter que entrar no bandejão para depois ter o prato
principal. Com todo o respeito, acho que ele tem qualidades sim, mas da
mesma forma que ele quer olhar para cima eu também quero. Depois de um
cara trabalhar numa empresa, ter grandes conquistar e fazer a empresa
crescer, o dono chega e fala que você vai passar de diretor para
gerente? Na minha cabeça, não vejo isso acontecendo.
Você já declarou torcida pelo Anderson contra o Weidman, mas qual é o seu palpite? Como acha que essa luta vai se desenrolar?
O Weidman falou uma coisa muito interessante, que as maiores armas do
Anderson são a autoestima e a autoconfiança dele. Esse é o grande
diferencial do Anderson, e o Weidman reconheceu isso. Acho que vai ser
um combate duro, muito parelho. A força do Weidman é o contrário da do
Anderson. O Weidman é um lutador de chão, tem bom wrestling. Mas ele é
diferente de um Chael Sonnen. Não te nada a ver com o Chael Sonnen. Ele
tem pegada, mais força, tem punch e está querendo. Mas luta é luta. Ele
vai encontrar o campeão do outro lado. Tem que ver quem vai estar
preparado no dia, quem vai acordar bem e fazer com que a autoconfiança e
o treinamento se unam e tragam a vitória. De todos os lutadores que
lutaram contra o Anderson depois de mim, ele é o único que oferece
perigo. Os outros (Yushin Okami, Chael Sonnen e Stephan Bonnar) eu dava a
vitória de olho fechado para o Anderson. Eram lutas boas, foram
vendidas, mas não via o cara merecer e oferecer algum perigo ao
Anderson. O Weidman oferece, mas acho que o Anderson tem todas as
qualidades. Na minha concepção, acho que ele leva vantagem.
O TRT não ensina ninguém a fazer o que
eu fiz"
Sobre tratamento
Com suas recentes vitórias, o Anderson recebeu várias perguntas
sobre lutar contra você de novo e respondeu que "prefere não enfrentar
brasileiros". O que você acha disso?
Eu não gosto de enfrentar brasileiro. É um esporte que tem diversos
americanos, russos e tal. Mas é impossível hoje você não enfrentar
brasileiro. Isso mostra que o Brasil é rico, está campeão, e que em luta
de brasileiro contra brasileiro o Brasil ganha. Não posso deixar de
conquistar meu sonho. Acho falta de esportividade e até de humanidade eu
tirar o sonho do outro porque eu conquistei. Hoje existem vários amigos
lutando na mesma categoria no UFC. Legal foi o caso do Dedé
(Pederneiras, líder da Nova União). O Dedé não pôde tirar o sonho de um
atleta dele por causa do outro (na luta entre Dudu Dantas e Marcos Loro,
ambos da equipe, no Bellator). Ele deu esse grande exemplo. Vai ter que
surgir muitas lutas de brasileiro contra brasileiro. Estou nesse
esporte para isso. Alguns estão ali só para ganhar dinheiro, para vender
luta. Eu estou ali para ganhar, para conquistar, deixar um legado. Tem
um lado ruim, por serem dois brasileiros, mas tem um lado bom. Eles têm
que se render. Os caras (UFC) tentaram de tudo para me tirar. Botaram
todos os campeões, todos os detentores, e eu liquidei. Então, provamos
que o Brasil está bom e continua criando campeões.
Você foi técnico do TUF Brasil e pode falar com propriedade. A
segunda edição do programa recebeu muitas críticas pelo suposto exagero
das brincadeiras dos lutadores na casa. O que achou disso tudo? Deixou a
desejar?
Eu vou te falar que não vi um capítulo. Não teve ninguém que chegou e
falou para mim: "Caraca, vamos ver! Estão acontecendo várias coisas
legais". Ao contrário, eu via só sempre críticas. Reality show é
conteúdo. O que vende é o conteúdo. O UFC vai ter que entender que o que
vende não é o nome, é o conteúdo. No passado eles tinham conteúdo.
Tinham o Wanderlei (Silva) de um lado, que, por mais que ele tenha
aquele jeitão dele e toda aquela rivalidade comigo, ele me respeitava e
respeitava os atletas. Ele tinha uma visão, e eu tinha outra. Teve coisa
boa, coisa ruim, é conteúdo. Não sei se foi editado da maneira errada.
Não vi e não posso julgar. Mas o que vende o reality show são os
técnicos e os atletas. Não sei o que houve. Sei que quem vende o
programa do Faustão é o Faustão. Quem vende o programa do Luciano Huck é
o Luciano. E os conteúdos que eles têm. Agora é aguardar para ver qual
mudança vai haver.
Vitor e o filho mais velho, Davi (Foto: Ivan Raupp)
Seria treinador do TUF Brasil de novo?
Com certeza.
Agora vamos à polêmica questão do TRT. As mesmas perguntas têm
sido feitas a você, e algumas coisas ainda não foram reveladas. Quando
começou o tratamento exatamente?
Foi depois da luta contra o Anderson (em fevereiro de 2011). Tive que
fazer uma série de exames, e foi quando detectaram isso. A gente tentou
fazer a reposição de várias maneiras e não estava adiantando. Foi quando
começaram a desenvolver isso. "Vamos fazer uma forma para você, e vai
ter que fazer isso acho que até o resto da sua vida. Você tem uma
deficiência, e é difícil explicar a causa. É difícil não somente para o
seu rendimento físico". Para quem não não sabe, vários artistas de
Hollywood fazem. Eles chegam a uma idade em que não produzem direito o
hormônio e fazem para ter uma vida mais ativa. A vida da pessoa melhora,
a pele melhora, enfim... Hoje existe uma ciência por trás disso. É uma
deficiência que o seu corpo tem, e o tratamento te oferece a chance de
ter uma qualidade de vida melhor. Assim como hoje existem tratamentos
para bipolaridade, diabetes, até diabetes infantil. Não é uma doença, é
uma deficiência. Faço tudo legal, não escondo de ninguém. Mas acho que
não é superior aos chutes rodados e aos nocautes que tenho feito. O TRT
não ensina ninguém a fazer o que eu fiz. Acho que o foco tem que ser
esse.
Em relação à força e ao rendimento físico, é muita diferença da época em que você não fazia o TRT para agora?
Não, porque na verdade eu não tenho nada a mais. É para manter o que não tenho.
Mas antes você tinha menos...
Eu não tinha menos. Na época eu logo descobri que estava com a
deficiência. Foi a partir disso. Agora voltei ao que eu era antes. Não
sou um garoto de 20 anos, até porque meus hormônios estão muito mais
abaixo do que os de um garoto. Eu tenho que estar na média. Mas o que
muda mesmo é o treinamento. Muita gente está no TRT e muita gente usa o
próprio esteroide (anabolizante) e não tem rendimento. A ética mesmo é
isso. É o talento que Deus te dá e o que você faz com ele.
De todos os lutadores que lutaram contra o Anderson depois de mim, ele
é o único que oferece perigo. Os outros (Yushin Okami, Chael Sonnen e
Stephan Bonnar) eu dava a vitória de olho fechado
para o Anderson"
Vitor Belfort
Você faz isso só para as lutas ou não? Está fazendo agora, mesmo de férias?
Como eu falei, o médico disse que tenho que fazer isso até o final da
minha vida. É uma deficiência como a do diabético. Ele não faz só para
alguma coisa. Ele faz esse tratamento sempre e é acompanhado.
Quem cuida dessa parte é o Dr. Marcio Tannure?
O meu médico não é o Tannure. É outro médico que faz isso. O Tannure
cuida da Comissão Atlética Brasileira, então tenho que me referir a ele e
apresentar os meus exames de sangue praticamente mensais. Quando chega a
luta, como na última, faço exames de sangue semanais. O Dana White
falou que muitos lutadores usam e abusam, então quis mostrar que não era
um deles. Paguei do meu bolso. Fiz e mostrei quem eu era, que o
resultado e a execução estavam ali. Queria poder obter dele o respeito
de que estou fazendo algo da maneira correta.
Algumas comissões atléticas, como a de Nevada, não aceitam o
TRT. Dá para dizer então que você nunca mais vai lutar em Las Vegas?
Engraçado que eles aceitaram outros atletas, como Frank Mir e Randy
Couture. Não sei qual é o critério que eles usam. Diversos outros que
fazem uso do TRT já lutaram em Las Vegas. Não posso afirmar o porquê. O
grande problema da vida profissional é quando uma coisa se torna
pessoal. O esporte tem que ter igualdade. A diferença entre liderança e
tirania é que o líder lidera, e o tirano manda, exige, é do jeito dele.
No esporte não pode ter tirania, tem que ter liberdade. O cara conquista
a camisa 10, a posição de centroavante. Não é por que o técnico vai
mais com a cara de um ou de outro. Existem muitos conflitos de
identidade e interesse. Não pode não concordar por não concordar. Quando
você mostrou que tem o direito de ter... Assim como os protestos. O
brasileiro está entendendo que a voz do povo vale muito mais do um
partido corrupto. Sobre meu direito, todo brasileiro tem o direito de
protestar com respeito e dignidade. E aqui vai me protesto, com respeito
e com dignidade.