quarta-feira, 3 de julho de 2013

Entrevista no Jô, fã perseguidor: Alê tem vida de estrela além do handebol


Ponta brasileira conta mudanças dentro e fora de quadra após ser eleita melhor jogadora de 2012: 'É pesado e gratificante ao mesmo tempo'

Por Marcos Guerra São Paulo
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Alexandra Nascimento se prepara para o Programa do Jô (Foto: Marcos Guerra)Alexandra Nascimento tem vida de estrela e vai ao
Programa do Jô (Foto: Marcos Guerra)
“Está entre nós a melhor jogadora do mundo”. Alexandra Nascimento nem entendeu direito o que o técnico András Németh estava falando, ou o motivo de o húngaro ter interrompido o treino do time austríaco Hypo no dia 8 de janeiro. Só os gritos da amiga de time e de seleção brasileira, Dara, fizeram a ponta-direita perceber: acabara de ser eleita a melhor jogadora de handebol do mundo. O misto de sentimentos que começou com uma incredulidade não parou por aí. Quase seis meses depois de receber o título, ela passou por um turbilhão dentro e principalmente fora de casa. Alexandra se acostuma com a vida de estrela.
Veja outras atrações do Programa do Jô
- Foram muitos telefonemas na Áustria quando ganhei o prêmio, mas eu não sabia como estavam as coisas aqui no Brasil. Minha família falava que estava uma loucura, todo mundo querendo saber quando eu chegava. Quando cheguei, eu me senti mais ou menos uma estrela (risos). Quando vou aos shoppings as pessoas às vezes falam: “Alexandra?”. Eu falo: “Oi, sou eu”. E elas não sabem como se comportar, se vêm me cumprimentar. É bem gostoso isso - contou a ponta.
Eu me senti mais ou menos uma estrela"
Alê Nascimento
De férias em Vitória, sua terra natal, a jogadora aproveita esses momentos. Ela virou ídolo, principalmente para as crianças da escola infantil ao lado da casa de sua família, que chamam por ela todas as manhãs, com olhos brilhando. Alê ganhou os holofotes e também as câmeras. Algumas são mais comportadas, mas uma em especial assustou a jogadora: a de um fã atrevido.
- Os fãs são comportados em geral. Teve um caso de um homem que ficou me vigiando. Ele ficou em frente à casa da minha família, com uma máquina fotográfica. Nós havíamos saído, só tinha ficado uma tia minha em casa. Ela me avisou que tinha um rapaz vigiando, para eu tomar cuidado. Depois ele  me escreveu nas redes sociais, falando que foi à minha casa, mas eu não estava lá. Eu falei para ele não fazer isso, tomar cuidado (risos). Eles não são atirados, mas meu marido não fica com ciúmes. Ele me apóia muito e entende porque ele também é atleta, é muito mais fácil - disse Alê, com a imediata aprovação do marido Patrício Martinez, que é o ponta-direito da seleção chilena.
Alexandra Nascimento se prepara para o Programa do Jô (Foto: Marcos Guerra)Alexandra Nascimento relaxou ao fazer maquiagem antes do Programa do Jô (Foto: Marcos Guerra)
Na última quarta-feira, Alexandra encarou outra câmera, menos indiscreta, mas que lhe causou ainda mais frio na barriga. Ela foi entrevistada por Jô Soares para o talkshow do apresentador, que será exibido nesta madrugada pela TV Globo. No camarim, ao lado de Patrício, ela não escondia a ansiedade.
- Não tinha passado por uma entrevista assim, estou bem nervosa. Foi assim desde que recebi o convite para ir ao Programa do Jô. É mais fácil jogar do que dar entrevista - disse a melhor jogadora de handebol do mundo.
Alexandra Nascimento e o marido Patricio Martinez, da seleção chilena (Foto: Marcos Guerra)Alexandra tem o apoio do marido Patricio Martinez,
jogador da seleção chilena (Foto: Marcos Guerra)
Com o apoio do marido Patrício no camarim, Alê conteve os nervos à flor da pele e se saiu bem no famoso sofá do Jô (confira a entrevista na TV Globo, à 0h45). A maquiagem também ajudou a relaxar. Aliás, produção é algo que ela carrega até mesmo nos jogos.
- Tem sim delicadeza. Não podemos perder nosso lado feminino. Na hora do jogo, não penso se passei um rímel. Estou 100% em quadra. Mas antes o cabelo tem que está perfeito, tem de pintar as unhas, é muito importante. Não estou acostumada com muita maquiagem, mas eu tento estar sempre bem arrumadinha - disse a jogadora, exibindo as unhas decoradas com um coração e a mensagem de amor em espanhol: “Alê y Pato”.
Alexandra deixa claro que esse lado pop em ser ídolo fica em segundo plano para ela. O que ela mais gosta agora é da função que assumiu junto às crianças. A jogadora virou a “mãe Alê”, um espelho para as futuras gerações do handebol brasileiro.
- O que mudou foi o compromisso, a responsabilidade com as crianças. Tive muitos eventos com a seleção. Fui a escolas e vi os olhinhos das crianças brilhando de estarem perto do ídolo. Esse assédio de saber que sou real, não estou só na TV. Dentro do coração, tinha a vontade de querer ajudar, de colocar na cabeça das crianças que é possível ser o melhor do mundo. Se você tem fé, você tem um sonho e se entrega. Hoje a Alexandra não é mais só a jogadora, não é só na quadra. Agora sou a mãe Alê - disse a ponta.
Essa responsabilidade pesou também quando ela entrou em quadra. A princípio, ela não sabia como lidar com a situação, mas aos poucos foi aprendendo.
- Pouco a pouco a ficha vai caindo, mas quando paro para pensar e leio a frase “melhor jogadora do mundo”, é pesado, mas é gratificante. Você pensa na responsabilidade que tem e de tudo que passou para conseguir isso. Quando ganhei o prêmio, tem tudo aquilo do não vou poder jogar mal. É a primeira coisa que vem à cabeça. Na verdade, tem de ver que outros atletas que já ganharam esse prêmio e continuam jogando, cometendo erros e fazendo gols bonitos. A vida do atleta é a mesma coisa, tentar dar seu máximo e treinar 100% para se entregar na hora do jogo. Assim não tem como jogar mal - disse Alê, que já liderou a seleção na conquista do Pan-Americano depois do título de melhor do mundo.
Alexandra Nascimento se prepara para o Programa do Jô (Foto: Marcos Guerra)Entre calos, Alexandra cuida d visual e faz declaração ao marido: 'Alê y Pato' (Foto: Marcos Guerra)
A rotina de treinos não mudou muito, mas fora de quadra agora ela terá um apoio e tanto. Patricio trocou o time alemão do Aschrsleben pelo austríaco Gänserndorf. Muita apegada ao chileno, ela voltará a ter seu cozinheiro por perto.
- Nós passamos uma temporada separados. Ainda bem que vamos passar uma temporada juntos. Espero que mais um monte. É triste ficar sem meu marido por perto. Também não gosto de cozinhar e meu marido cozinha para mim. Ele faz um macarrão com legumes que é uma delícia. Eu gosto muito de massa, e ele sabe fazer muito gostosas. Nós nos completamos muito. Respiramos handebol - disse a jogadora.
Bem nutrida, Alê vai se preparar para comandar o Brasil no Mundial da Sérvia, em dezembro. A anfitriã será uma das adversárias na primeira fase, assim como a tradicional equipe da Dinamarca, a China, o Japão e a Argélia. A ponta acredita que a seleção pode superar o quinto lugar do Mundial de 2011, em casa, e conquistar a inédita medalha. A disputa não será fácil, mas potencial para isso as brasileiras têm.
- Temos muitas atletas jogando na Europa agora. Os jogos que fizemos no último Mundial e nas Olimpíadas foram muito bons. Isso tudo ajudou para que os europeus vissem que temos o potencial de estar aprendendo. Não somos o país do handebol, mas temos o potencial para disputar contra eles. O respeito está lá e crescendo.

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