domingo, 4 de março de 2012

Sem arrependimento, Coutinho tenta recomeço no ‘primo pobre’ do Barça

Depois de deixar o Vasco aos 18 anos e viver altos e baixos no Inter de Milão, jovem quer levar Espanyol à Champions e ainda garantir vaga nas Olimpíadas

Por Victor Canedo Rio de Janeiro
Jogar em Barcelona tornou-se o objetivo profissional da maioria dos adolescentes que começou no futebol na última década. O destino colocou Philippe Coutinho lá, mas não foi dos mais generosos. No Espanyol, “primo pobre” do melhor time do mundo, a revelação que deixou o Vasco aos 18 anos tenta um breve recomeço.
Depois de um período de altos e baixos no Internazionale de Milão, o meia fará o seu quinto jogo seguido como titular neste domingo, diante do poderoso Real Madrid, no Santiago Bernabéu. Ele sabe que uma boa atuação dará cartaz suficiente para alimentar a sua maior meta de 2012: disputar as Olimpíadas de Londres com a Seleção Brasileira.
Philippe não se arrepende de nenhum passo dado na precoce carreira. Campeão mundial sub-20 na Colômbia, em agosto de 2011, o jogador de 19 anos ficará na Espanha por empréstimo até junho. Para ele, experiências que o recompensarão na frente por trilhar caminho oposto ao de colegas como Oscar, Neymar, Lucas e outros.
Coutinho poderá ajudar o Espanyol a conquistar uma rara vaga na Liga dos Campeões, mas terá de voltar para a Itália com o seu time ainda lidando com a crise. Ele prefere não pensar nisso e reforça que o agora é o que importa. De preferência com um resultado que surpreenda o líder do Campeonato Espanhol, toda a sua torcida e o técnico Mano Menezes. Confira a entrevista completa:
GLOBOESPORTE.COM: Como está essa vida nova no Espanyol? Você tem jogado, o que é importante e não acontecia muito no Inter de Milão...
PHILIPPE COUTINHO: Estou bastante feliz, todos me receberam muito bem desde o primeiro momento, grupo é bastante unido, o treinador (o argentino Pochettino) também me apoiou. Jogamos quatro jogos até agora e eu comecei os quatro. Estou tendo oportunidades, me sentindo muito bem. Quero é jogar.
philippe coutinho brasil sub 20 treino (Foto: Rafael Ribeiro / CBF)Coutinho em treino na sub-20 (Rafael Ribeiro/CBF)
Como funciona em Barcelona o tratamento ao Espanyol? A mídia praticamente só fala do Barça, mas e a torcida na cidade?
Os únicos dois jogos que eu pude participar em casa receberam ótimos públicos (média de 26 mil). E na rua também, aqueles que são torcedores mesmo pedem eu para tirar foto, dar autógrafos. O pessoal fala um pouco mais do Barcelona, mas isso é normal, não tem jeito de se comparar com eles (risos). Só que tem muito torcedor do Espanyol também.

E a cidade, neste pouco tempo livre que teve, conseguiu aproveitar os pontos turísticos?
Até agora não conheço quase nada da cidade, o treino é muito forte de manhã e de tarde, nem tive tempo para visitar nada. Mas conheci em um evento o Thiago (Alcântara), que é muito gente boa. Conversamos bastante, ficamos até de marcar algo, mas não saí muito ainda. Shopping é o lugar que mais freqüento. Moro perto da praia, mas o frio também não ajuda (risos). Daqui a pouco ficará calor e vou aproveitar esses dias lindos de sol que fazem por aqui. Por enquanto só engana, porque está frio mesmo.

Do que você pôde ver em campo, é impossível concorrer com Barcelona e Real Madrid? Até que os chamados pequenos têm feito jogos duros, o Barça já perdeu pontos, principalmente fora de casa...
Tenho um objetivo na minha cabeça que é ir para as Olimpíadas"
Philippe Coutinho
Ainda não tive oportunidade de jogar contra eles, nosso primeiro desafio será agora contra o Real Madrid. São uns monstros jogando. Os outros times também que joguei contra (Athletic Bilbao, Zaragoza, Getafe e Levante) são muito bons. O futebol é diferente da Itália. Lá é muita força física, aqui é mais técnica, toque de bola. Os times que a gente jogou contra são fortes, o campeonato é bem disputado fora Real e Barça.

Como foi quando você viu pela primeira vez a torcida aplaudir o minuto 21 inteiro em homenagem ao Dani Jarque (que morreu de ataque cardíaco em campo)?
É muito legal, uma homenagem bastante bonita mesmo. Dá para sentir a emoção dentro do campo. Quando cheguei ao clube a diretoria já havia comentado comigo, mas no calor do jogo eu não me liguei na hora. Do nada começaram a bater palmas, o nosso time tocava a bola, perdia e eu não entendia nada. Os meus irmãos estavam aqui e também estranharam, só depois que foram entender (risos).

O seu empréstimo é até o meio do ano. Como seria classificar o Espanyol para a Liga dos Campeões e voltar ao Inter de Milão fora? No mínimo uma sensação estranha...

Tenho visto alguns jogos do Inter, mas estou com a cabeça aqui. Torço bastante para eles, mas procuro fazer o meu papel. Tenho um objetivo na minha cabeça que é ir para as Olimpíadas. E de lá só vou acompanhando e torcendo. Só o tempo vai dizer mesmo o meu futuro. Não sei o que vai acontecer, sei que o certo são esses poucos meses até o meio do ano. Mais pra frente vamos ver o que vai rolar. Deixo que aconteça naturalmente.
Sonha disputar os Jogos Olímpicos de Londres? Afinal, você foi campeão mundial sub-20 (assista lances de Coutinho pela Seleção) e jogou em todas equipes de base do Brasil...
Idade eu tenho, lá no Inter é que não tinha oportunidades. Agora tenho visibilidade com o empréstimo. Foi por isso que pensei bastante em vir para o Espanyol, é um time que tem visibilidade boa, estou em um campeonato muito bom. Jogando bem por aqui as coisas tendem a acontecer da forma que almejo. Tenho o objetivo na minha cabeça, mas penso passo a passo. Ir bem no jogo de domingo, depois no próximo, e as coisas acontecem. Mas é claro que se for bem especificamente neste domingo (contra o Real Madrid) terá um peso maior (risos).
A propósito, você tem conversado com o Ney Franco?

Há muito tempo que não falo com o Ney, desde o Mundial Sub-20 que não tenho muito contato. Mas acredito que o Mano e o Ney Franco vão estar olhando em todos os lugares, cada um que jogar bem vai ter sua oportunidade.
Outro dia você esteve num evento com o Thiago Alcântara (meia ítalo-brasileiro naturalizado espanhol do Barcelona). Não seria bom fazer dupla com ele no meio-campo da Seleção Brasileira?

É uma pena, pois é um cara que joga muita bola, já tinha jogado contra ele quando era pequeno, no salão, desde ali já tinha visto a qualidade. Está jogando muito no Barcelona. É uma pena perder um jogador assim, que poderia dar tantas alegrias pra gente, para o povo brasileiro. Ainda não o vi no campo, mas dizem que a qualidade ainda é mais impressionante. E também falam o mesmo do irmão dele (Rafinha Alcântara). Para o Brasil seria muito bom que não seguisse os passos do irmão preferindo a Espanha.
Thiago Alcântara e Philippe Coutinho Espanyol (Foto: Site Oficial do Espanyol)Thiago Alcântara e Philippe Coutinho em evento em Barcelona (Foto: Site Oficial do Espanyol)
Como vê o ressurgimento do Vasco, trilhando caminho de títulos, disputando em cima? Quando você saiu ainda estava tentando se reerguer na volta da Segunda Divisão.
Eu sempre acompanho o Vasco daqui, vejo os jogos, notícias, tenho muitos amigos lá dentro e fico muito feliz porque o Vasco voltou a ser o gigante que sempre foi. Não merecia estar naquela situação. E hoje está disputando títulos, ganhando, brigando, sempre acompanhando. Vi a final da Taça Guanabara pela internet, é uma pena a derrota, pois a campanha tinha sido maravilhosa, mas são coisas que acontecem. Bola para frente, tem o segundo turno, a Libertadores. Mas nesse caso é bem difícil de ver, os jogos de noite lá são muito tarde aqui. Quando eu acordo vou logo para a internet me informar (risos).
Por falar em Vasco, se fizer um balanço hoje do rumo que levou a sua carreira, acha que poderia ter ficado mais tempo jogando no futebol brasileiro? Lucas, Neymar, Ganso, Damião... Todos estão ficando e até aparecendo mais por isso.

Daquilo que eu fiz de ter sido vendido cedo, ido para o Inter de Milão eu não me arrependo de nada. Todo mundo fala isso, que talvez se ficasse seria melhor, mas não me arrependo de nada. Nos anos em que fiquei no Inter de Milão eu aprendi bastante. Agora na Espanha também, tudo isso é diferente, estou ganhando mais em cultura, em experiência. O futebol jogado nos três países é diferente, ganhei muito com isso. No fim serei recompensado.
Você já não está mais no dia a dia, mas sabe da grande crise pela qual atravessa o Inter de Milão. Há explicações? Os críticos dizem que aquele time campeão envelheceu...
Philippe Coutinho e Neymar no aniversário jogador Vasco (Foto: Divulgação / Jackson Franklin)Coutinho e Neymar: sem arrependimentos de ter
ido cedo para a Europa (Foto: Jackson Franklin)
Tem condições pra melhorar, os jogadores que estão lá são super famosos, com nome, já ganharam tudo, então condições têm. Eu estou agora no Espanyol, bem focado. Procuro não me preocupar com as coisas lá, mas torço bastante daqui e espero que mude a situação o mais rápido. É difícil um time ganhar tudo e estar sempre lá em cima. O Inter é um time grande e precisa de tranquilidade. Vai ficar tudo bem.
Sentiu-se prejudicado por algum treinador no Internazionale de Milão?
Lógico que com o (Rafa) Benítez eu jogava mais, ele dava as oportunidades e me ajudou bastante. Mas não acho que alguém quis me atrapalhar. Todo mundo quer jogar, é claro, mas acho que foi bom o tempo em que passei lá, seja no banco, entrando no segundo tempo ou titular. Bom para mim é ganhar experiência, ainda mais eu que não tenho nem 20 anos.
E quanto aos brasileiros de lá, mantém contato nesse período difícil?

Tinha bastante contato com eles, estávamos sempre juntos, principalmente com o Lúcio. Ia na casa dele, ele ia na minha também... Às vezes nos falamos pelo telefone e por mensagem. É bom até para passar bons fluidos. O time está em uma situação difícil, mas torço para ganhar. Aqui também fizemos quatro jogos e não ganhamos nenhum. Tomara que seja nesse domingo.

Dieyson tem boa estreia e ganha vaga nos profissionais

Garoto chama a atenção no duelo contra o Olaria e Cristóvão já o garante na equipe principal

Por Thiago Fernandes Rio de Janeiro
Dieyson era um nome desconhecido da torcida cruz-maltina até este sábado, quando entrou em campo pela primeira vez como profissional, contra o Olaria. O lateral-esquerdo, que vinha se destacando na equipe de juniores, ganhou uma chance no time principal porque Cristóvão decidiu poupar os titulares e não conta com um reserva para Thiago Feltri. A boa atuação do garoto de 18 anos, entretanto, parece ter resolvido esse problema.
O lateral não só não se intimidou com a estreia nos profissionais como foi um dos melhores em campo, ao lado de Eder e de Tenório. Tanta desenvoltura chamou a atenção de Cristóvão Borges, que decidiu manter o jogador em seu elenco.
- Ele vai ter chance no profissional, sim. Vai ficar com a gente. Só temos o Thiago e ele foi muito bem. Mostrou que tem qualidade para permanecer na equipe.
Na saída de campo, Dieyson se mostrou tímido com os microfones. Muito requisitado para falar sobre sua atuação, o jogador apenas comemorou sua estreia e, ainda sem saber que Cristóvão o elogiaria, disse que sonhava em seguir com a equipe profissional.
- Graças a Deus, consegui fazer um bom jogo na minha primeira partida no profissional. Se Deus quiser, vou conseguir me firmar na equipe principal.
O Vasco volta agora suas atenções para a disputa do segundo jogo da Libertadores, contra o Alianza Lima (PER). A partida será disputada na terça-feira, em São Januário, a partir das 21h45m (horário de Brasília).


A torcedores, Dinamite diz ser difícil reintegração de Bernardo

Jogador deve chegar a um acordo com diretoria nesta segunda. Empréstimo para outro clube é opção para resolver questão

Por Thiago Fernandes Rio de Janeiro
Bernardo no desembarque do Vasco (Foto: Globoesporte.com)Bernardo esteve em São Januário logo depois
de entrar com ação (Foto: Globoesporte.com)
O presidente Roberto Dinamite esteve neste sábado em Moça Bonita para assistir ao jogo do Vasco contra o Olaria. O dirigente ficou na tribuna de honra do estádio, que tinha apenas um pequeno muro a separando das arquibancadas. Com isso, o dirigente foi abordado para tirar fotos, dar cumprimentos e recebeu o carinho dos vascaínos. Mas o contato com os fãs não ficou apenas na bajulação. Um grupo aproveitou a proximidade para tentar saber notícias de Bernardo. Mas a resposta ficou longe de ser positiva.
- Está difícil dele ser reintegrado – disse rapidamente o presidente.
- Tem que mandar embora. Ele só quis aparecer no Vasco e depois fez isso – respondeu um dos torcedores.
Dirigentes do Vasco e representantes do jogador se encontram nesta segunda para tentar entrar em um acordo. Bernardo entrou na Justiça cobrando salários e FGTS atrasados. O clube garante que já fez o pagamento e, por isso, o jogador não poderá deixar o clube de graça. Contudo, há a hipótese do meia ser emprestado com opção de compra pelo novo clube. O Gigante da Colina não quer perder o investimento feito no jogador (seu passe custou R$ 3 milhões em janeiro), mas sabe que o atleta vai enfrentar grande resistência da torcida depois de ter tomado a atitude de processar o clube.

Daniel Freitas diz que Vasco prioriza contratação de atacante

Dirigente garante Dieyson na equipe principal e deixa busca por lateral-esquerdo para depois

Por Thiago Fernandes Rio de Janeiro
A lesão de Tenório, que o deixará seis meses longe dos gramados, mudou o planejamento do Vasco para o início da temporada. Antes preocupado em contratar um lateral-esquerdo para dar opções a Cristóvão Borges, que tem apenas Thiago Feltri para a posição, o clube admite mudar seu foco neste momento. A busca, agora, é para contratar um jogador de frente que sirva como referência no ataque.
- Já estamos trabalhando para isso. O Vasco é um time grande, que tem objetivos grandes. Temos que agir para repor a saída do Tenório da Libertadores. Infelizmente, aconteceu a lesão com o jogador e temos que encontrar um homem que possa jogar como referência no ataque – disse Daniel Freitas.
A busca por um lateral-esquerdo vai, com isso, esperar mais um pouco. A boa atuação do jovem Dieyson trouxe mais tranqüilidade em relação a isso. O garoto de apenas 18 anos já está integrado aos profissionais e será opção para o lugar de Feltri.
- A gente vem observando os jogadores e tem esse contato com os juniores e, na medida do possível, vamos integrá-los aos profissionais. Mas tem que ser com calma para não queimar etapas. O Dieyson já faz parte da nossa equipe, mas não podemos jogar essa responsabilidade nas costas dele. Ele foi bem contra o Olaria, correspondeu às expectativas, mas não pode assumir essa responsabilidade.
O Vasco volta suas atenções para a disputa do segundo jogo da Libertadores, contra o Alianza Lima (PER). O jogo será disputado na terça-feira, em São Januário, a partir das 21h45m (horário de Brasília).
 
Na 'estreia' do filho de Neymar, Peixe acaba com invencibilidade do Timão
Em partida com briga de torcidas fora do estádio, craque entra em campo pela primeira vez com filho, mas Ibson é quem brilha, ao fazer gol da vitória
 
 
A CRÔNICA
por Leandro Canônico e Marcelo Hazan
Fora do estádio, o clássico deste domingo começou de forma lamentável, com uma briga feia entre corintianos e santistas nos arredores da Vila Belmiro. Uma pena. Dentro do campo, porém, a história foi outra. A começar pela presença de Davi Lucca, filho de Neymar, no gramado da Vila pela primeira vez. E o garoto deu sorte ao entrar em campo com o pai. O Santos venceu o Corinthians por 1 a 0, na reabertura da Vila Belmiro, pela 12ª rodada do Campeonato Paulista. O gol da vitória foi marcado por Ibson, após lindo passe de Paulo Henrique Ganso.
Muito esperavam, aliás, que Neymar e Adriano fossem os protagonistas do clássico. O santista até que tentou, mas não brilhou como está acostumado. Já o corintiano mal foi visto em campo. Com o Imperador “ausente” e carecendo de criatividade na armação de jogadas, o Corinthians foi derrotado pela primeira vez no estadual. Até então, tinha vencido nove vezes e empatado duas.
Ainda assim, o Timão segue na liderança isolada da competição, com 29 pontos, dois a mais do que o Peixe, que assumiu a segunda colocação depois do empate do Palmeiras com o São Caetano. Em sua reabertura, após reforma do gramado, a Vila Belmiro recebeu 12.818 torcedores, com renda de R$ 284.240,00.
Os próximos jogos de Santos e Corinthians são pela Taça Libertadores. Na quarta-feira, no estádio do Pacaembu, o Timão recebe o Nacional, do Paraguai, às 21h50m (horário de Brasília). No mesmo dia, só que às 19h45min, o Santos recebe o Internacional, na Vila.
Pelo Campeonato Paulista, o Corinthians joga no sábado, às 18h30m, contra o Guarani, no Pacaembu. No mesmo dia e horário, o Santos visita o Mogi Mirim.
Ibson toca por baixo de Julio Cesar e faz 1 a 0 Santos (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Ibson toca na saída de Julio Cesar para anotar o gol do Santos (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Neymar ofusca Adriano
Neymar com o filho no colo antes do clássico (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Neymar com Davi Lucca no colo, antes do clássico
(Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Se fora de campo o clássico deste domingo começou de forma lamentável, com a briga entre torcedores, a presença de Davi Lucca, filho de Neymar, no gramado da Vila pela primeira vez foi uma cena bonita para a reabertura da Vila. Outra imagem interessante para o clássico foi o abraço de Neymar em Adriano. Durante a semana, os dois foram apontados como os protagonistas da partida.
E no primeiro tempo, pode-se dizer que o garoto do Peixe foi quem fez jus a tal rótulo. As melhores jogadas do Santos saíram dos seus pés. Neymar chutou a gol, recuou para buscar jogo, deu passes, bateu escanteio. Enquanto isso, Adriano, embora fosse a referência dos corintianos, pouco fez.
Sim, a bola chegou algumas vezes ao Imperador. Mas o atacante não mostrou o seu melhor. Aos 22 minutos, por exemplo, o atacante teve ótima chance após Rafael dar rebote em chute de Alex. Porém, não soube aproveitar. Já Neymar, fazendo parecer simples o seu refinado repertório, era perigoso.
Fã de clássicos, o garoto tentou entrar na área driblando, apareceu bem posicionado para receber alguns cruzamentos, deu a assistência para o gol de Durval, bem anulado, aos 35 minutos, e tabelou lindamente com Ganso, aos 36, quando já na grande área bateu de bico, pela linha de fundo.
No geral, o primeiro tempo do clássico foi até equilibrado. Mas a melhor chance mesmo foi do Corinthians. Não por mérito dos seus armadores, mas por falha do goleiro Rafael, que, aos 42 minutos, deu uma bola de presente para Jorge Henrique. Na hora da finalização, apareceu Durval para salvar.
Adriano em ação no clássico na Vila Belmiro (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Adriano recebe a marcação de Henrique na Vila Belmiro (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)
Ganso comanda; Ibson executa
Sem nenhuma alteração dos dois lados, o roteiro do segundo tempo foi basicamente o mesmo: o Santos melhor, tomando a iniciativa da partida, e o Corinthians esperando um erro do adversário para tentar o contra-ataque. Só que o Peixe foi mais efetivo e logo de cara balançou a rede. Mas o lance foi bem anulado, mais uma vez.
Aos três minutos, após cruzamento de Juan, Neymar tentou uma bicicleta e a bola sobrou para Borges. Impedido, ele colocou no canto esquerdo de Julio Cesar e a torcida santista, mais uma vez, ficou frustrada com a invalidação do lance. Um gol válido do Santos, porém, parecia ser apenas questão de tempo. E foi.
ibson santos x corinthians (Foto: Marcos Ribolli/GLOBOESPORTE.COM)Ibson vibra com o gol da vitória do Peixe no clássico
(Foto: Marcos Ribolli/GLOBOESPORTE.COM)
Melhor em campo e se arriscando muito mais no ataque, o Peixe conseguiu abrir o marcador aos 12 minutos, com Ibson. Paulo Henrique Ganso, até então discreto, despertou com um lindo passe entre os zagueiros corintianos e encontrou o meia, que tocou por baixo das perndas de Julio Cesar: 1 a 0.
Aos 24 minutos, Tite resolveu mexer no ataque do Timão. Sacou Adriano e colocou Elton. Praticamente ao mesmo tempo, Muricy Ramalho colocou Elano no lugar de Ibson. Sorte do Imperador, que escapou das vaias dos santistas, que aplaudiram de pé o autor do gol do Peixe no clássico.
O Corinthians bem que tentou o empate se arriscando um pouco mais. Primeiro com Alex, em cobrança de falta, e depois com Jorge Henrique, em cabeçada. Mas com Ganso inspirado na etapa final, ficou mais difícil. Aos 31, ele iniciou boa jogada, que passou por Arouca e terminou com chute de Neymar. Julio defendeu.
Para tentar surpreender o Santos, Tite tentou uma última cartada com a entrada de Paulinho no lugar de Weldinho. Mas não deu certo. O Peixe controlou bem a partida e segurou a vitória por 1 a 0, pulando para a vice-liderança e impondo ao Corinthians sua primeira derrota no Campeonato Paulista.
Flamengo passa sustos, mas bate o Duque graças a pênalti bobo no fim
Em jogo marcado pela contusão de Felipe - que deixou o gramado de ambulância -, R10 tem atuação discreta, mas garante o triunfo rubro-negro
 
 
A CRÔNICA
por GLOBOESPORTE.COM
Não foram poucos os sustos que o Flamengo levou até um apagado Ronaldinho Gaúcho garantir a vitória por 2 a 1 sobre o Duque de Caxias, na noite deste domingo, em Macaé, pela segunda rodada da Taça Rio. A euforia com o gol de Vagner Love no início virou apreensão com o goleiro Felipe, que foi parar no hospital após levar uma pancada de Gilcimar na cabeça.
E esta era apenas a primeira de outras complicações que o time viria a enfrentar: o gol de empate de Rodrigues do meio da rua - com a colaboração de Paulo Victor -, a expulsão-relâmpago de Bottinelli, a rotineira falta de criatividade do meio-campo... Até que um pênalti infantil de Romário em Love, já na parte final da partida, deu ao time rubro-negro os primeiros três pontos no segundo turno do Campeonato Carioca (clique aqui e assista aos melhores momentos).
Com o suado triunfo, o Flamengo ocupa a quarta colocação do Grupo A, atrás de Botafogo e Macaé, com seis pontos cada, e Resende, com quatro pontos. O Duque de Caxias segue sem pontuar e ocupa a sétima posição do Grupo B.
O Flamengo agora volta a entrar em campo na próxima quinta-feira, contra o Emelec, às 19h30m (de Brasília), no Engenhão. O jogo é válido pela segunda rodada da fase de grupos da Libertadores. O Duque de Caxias joga somente no próximo sábado, às 16h (de Brasília), contra o Nova Iguaçu, no Laranjão.
Passe de Deivid, gol de Love e susto de Felipe
O Flamengo começou a partida disperso. Prova disso foi que, com menos de cinco minutos de jogo, o Duque de Caxias chegou duas vezes. A primeira não assustou, mas a segunda investida obrigou Felipe a realizar uma difícil defesa em chute forte de longe de Arílson.  Mas, aos poucos, o Rubro-Negro passou a controlar as ações.
Em contra-ataque, Deivid mostrou nova faceta: a de garçom. Como um autêntico camisa 10, o atacante colocou Vagner Love na cara do gol. A bola passou entre a defesa do Duque e encontrou os pés do camisa 99, frente a frente com o goleiro Fernando. Love deu um toque sutil e viu a bola carimbar a parte interna da trave. No rebote, a bola voltou em sua direção e ele só tocou para a rede. Na comemoração do seu quarto gol consecutivo pelo Fla, chamou os companheiros e puxou a dancinha: 1 a 0.
Estreante da noite, o zagueiro chileno Marcos González mostrava bom desempenho nos desarmes por baixo. O Fla, porém, relaxou e viu o Duque de Caxias assustar com uma bola na trave após cobrança de escanteio. Em seguida, um susto ainda maior. Felipe se antecipou para cortar um cruzamento da direita e acabou se chocando com Gilcimar. Imediatamente, ele ficou desacordado e teve de deixar o estádio na ambulância. Paulo Victor entrou em seu lugar.
O fato chegou a assustar os jogadores do Flamengo, mas não atrapalhou o desempenho. Com um meio-campo formado essencialmente por jovens promessas - Muralha, Luiz Antônio e Camacho -, o time mostrou mais agilidade. A ligação com o ataque deveria ficar a cargo de Ronaldinho Gaúcho. No entanto, o camisa 10 esteve apagado na etapa inicial.
Com dez em campo, o apagado Ronaldinho decide. E dança!
O segundo tempo começou como o primeiro. O Duque de Caxias teve maior iniciativa de jogo e buscou o tempo inteiro o gol de empate. Percebendo que o time era dominado, Joel Santana resolveu dar mais velocidade ao ataque sacando Deivid, que tinha atuação regular, e lançando Negueba. Minutos depois de entrar em campo, no entanto, o atacante viu o Duque de Caxias empatar o jogo. Em cobrança de falta, Rodrigues surpreendeu o mal posicionado Paulo Victor. Na cobrança, ele encobriu o goleiro, que esperava um cruzamento. A bola bateu no travessão, nas costas do camisa 20 e morreu no fundo das redes.
O Flamengo carecia, principalmente, de criatividade. Ronaldinho Gaúcho seguia apagado, apresentando-se pouco para armar as jogadas. De perigo, apenas um lance no qual recebeu a bola na área, trouxe para a perna esquerda, mas o chute acabou saindo por cima. Depois, uma cobrança de falta defendida por Fernando.
Novamente Joel tentou corrigir a deficiência: sacou Galhardo, deslocou Luiz Antônio para a direita e lançou Bottinelli. O argentino entrou bem, com vontade, mas não soube dosar o ímpeto pela vitória. Pouco tempo depois de entrar, o apoiador deu um carrinho atabalhoado em Arílson e levou o cartão vermelho direto do árbitro Péricles Bassols.
Com dez em campo, o Flamengo acabou achando o gol da vitória graças a um lance infantil do volante Romário. Ele segurou Vagner Love, quando a bola já estava quase na linha de fundo. Ronaldinho deslocou o goleiro e desempatou. Na comemoração, mais dancinha. Desta vez o funk "Que isso, novinha?" embalou os jogadores.
Nos últimos minutos, o Duque quase voltou a empatar. Paulo Victor fez boa defesa em nova cobrança de falta de Rodrigues e assistiu a uma bola passar rente à trave após chute de Danilo, que desviou na zaga. Depois de tantos sustos, só o apito final aliviou a torcida rubro-negra em Macaé.
Cícero marca no fim e garante vitória são-paulina sobre o XV de Piracicaba
Jogo se encaminhava para um melancólico 0 a 0, mas o talismã tricolor garante o triunfo nos últimos minutos. Time de Piracicaba segue na lanterna
 
 
A CRÔNICA
por Marcos Guerra
Cícero está se consolidando com o talismã tricolor. Mais uma vez, graças a um gol do polivalente jogador, o São Paulo conseguiu três pontos no Campeonato Paulista. Na noite deste domingo, no estádio Barão de Serra Negra, em Piracicaba, o meia garantiu o magro triunfo sobre o XV, por 1 a 0, aos 44 minutos do segundo tempo.
Com o resultado, o Tricolor foi a 25 pontos e termina a rodada na quarta colocação, a quatro do líder Corinthians. Já o XV segue na lanterna do estadual, com apenas cinco.
O Tricolor volta a campo na quarta-feira para estrear na Copa Brasil, contra o Indepentente-PA, às 22h (de Brasília), em Belém. Pelo Paulistão, o time do Morumbi joga domingo, contra a Portuguesa, às 16h, em casa. Já o XV enfrenta o Linense no sábado, às 16h, em Lins.
cortez xv piracicaba x são paulo (Foto: Fernando Calzzani/ Futura Press)O são-paulino Cortez é cercado pela marcação do XV de Piracicaba (Fernando Calzzani/ Futura Press)
Tricolor remendado

Sem contar com os volantes titulares, Denilson e Casemiro, ambos suspensos, o técnico Emerson Leão teve de remendar o meio-campo tricolor. Ele recuou Cícero para o posto de segundo volante e trouxe Lucas de volta para o meio. Assim, sobrou uma vaga no ataque são-paulino para Fernandinho.
A estratégia era clara: atacar sempre. Só que quem começou tomando as iniciativas foi justamente o dono da casa. Mesmo com o XV de Piracicaba na lanterna, a torcida do Nhô Quim encheu o estádio Barão de Serra Negra. A festa nas arquibancadas estava bonita e empolgou o anfitrião, que partiu para cima, apostando numa marcação pressão e nos contra-ataques de Paulinho e Adilson.
Porém, aos poucos, o remendado São Paulo foi se encontrando em campo. O meio do primeiro tempo foi um verdadeiro bombardeio da artilharia tricolor. Willian José tentou, Jadson, Cortez e Rodrigo Caio também ameaçaram. Fernandinho chegou a acertar a trave, mas a pontaria são-paulina não estava das mais calibradas.
O XV acordou com 30 minutos de jogo. Empurrado pela torcida, o time cresceu, deixou a retranca e se lançou ao ataque. Foram do time alvinegro as melhores chances da etapa inicial. Denis sofreu para brecar Diguinho, que pegou sobra de um escanteio, e também Paulinho, que ameaçou em um contra-ataque. Foram duas grandes defesas do goleiro tricolor que garantiram o 0 a 0 sem muitas emoções no primeiro tempo.
No desespero
Com o São Paulo sendo pressionado pelo lanterna, Leão resolveu agir. Ele sacou o apagado Jadson para promover a entrada de Maicon. O time do Morumbi voltou do vestiário com aquela mesma artilharia pesada do meio da etapa inicial, só que a pontaria também era a mesma, fraca. Aos cinco minutos, Lucas arrematou de longe. Gilson defendeu, e Willian José pegou o rebote. Embaixo da trave, com o goleiro caído à sua frente, o atacante fez o mais difícil e mandou a bola por cima do travessão, num lance digno do "Inacreditável Futebol Clube".
Com exceção feita a uma cobrança de falta venenosa de Ricardinho, aos 13 minutos, o segundo tempo foi de duelo entre o ataque tricolor e a defesa do XV. Sobrava agressividade, mas faltava organização ao visitante, que subia aos trancos e barrancos. Até de bicicleta Cícero tentou, mas acabou furando a bola.
Nada funcionava, e o São Paulo entrou em desespero. Os ânimos exaltados levaram o técnico Leão a discutir com um gandula que tentava atrasar a partida. O fim do sufoco para os são-paulinos veio aos 44 minutos. Osvaldo fez boa jogada pela esquerda e cruzou para Cícero apenas escorar. Uma ducha de água fria para o XV. Um longo suspiro de alívio para o São Paulo
Sem gols, sem graça: em jogo ruim, Verdão e Azulão ficam no zero
Palmeiras tem tarde pouco inspirada e para na marcação do São Caetano: 0 a 0. De bom, apenas a volta de Valdivia e a manutenção da série invicta
 
 
A CRÔNICA
por Diego Ribeiro
A tarde deste domingo se desenhava alviverde, mas o fim ficou longe do esperado. Com recorde de público no Pacaembu nesta temporada – 19.437 pagantes –, o Palmeiras ficou no 0 a 0 com o São Caetano em um jogo estranho, daqueles atípicos. Marcos Assunção não acertou quase nada, Barcos jogou mal, e o Verdão esteve longe de suas melhores atuações. De bom, apenas a volta de Valdivia depois de seis jogos fora. O Mago entrou no intervalo, na vaga de Daniel Carvalho.
O Palmeiras sofreu com a forte marcação do São Caetano e quase saiu derrotado após dois contra-ataques no segundo tempo, ambos salvos por Deola. Com o empate, o time de Luiz Felipe Scolari vai a 26 pontos e fica em terceiro lugar, ainda invicto e aumentando sua série sem perder para 17 jogos oficiais – sem contar o amistoso do começo do ano com o Ajax.
Já o Azulão, bastante satisfeito com o empate sem gols, vai a 14 pontos e fica em 11º. A equipe de Márcio Araújo foi forte no sistema defensivo e irritou os palmeirenses com excesso de cera no segundo tempo.
O Palmeiras volta a jogar no próximo domingo, às 16h (horário de Brasília), contra o Botafogo, em Ribeirão Preto. Já o São Caetano recebe o Mirassol também no domingo, às 18h30m.
Ficou no quase
A costumeira pressão no começo dos jogos do Palmeiras foi neutralizada pelo congestionamento no meio de campo armado pelo São Caetano. Com dois volantes plantados e três meias em linha um pouco mais à frente, a equipe de Márcio Araújo forçou o Verdão a apostar na ligação direta entre defesa e ataque. Com Daniel Carvalho muito marcado, coube a Márcio Araújo e João Vitor o papel da armação de jogadas do Verdão.
Lá na frente, Hernán Barcos se irritava a cada chute errado. O argentino, que entrou em campo com o filho Emílio, criou duas chances, uma com cada pé, mas passou longe de suas melhores exibições. Já Maikon Leite, caindo mais pelo lado esquerdo, praticamente não apareceu.
barcos PALMEIRAS X SÃO CAETANO (Foto: Luis Moura/Agência Estado)Barcos tem tarde pouco inspirada no Pacaembu (Foto: Luis Moura/Agência Estado)

Mesmo assim, o Palmeiras logo tomou o controle do jogo. Quando o Azulão teve a bola, não soube o que fazer com ela. Geovane ficou isolado no ataque, sem ajuda dos meias.  Apesar do domínio, o Verdão tinha problemas para finalizar. Parecia que não era dia de a bola entrar para a equipe de Luiz Felipe Scolari.
Dois lances comprovam essa tese. De falta, Daniel Carvalho exigiu defesa dificílima de Luiz, que espalmou a bola nos pés de Barcos – o argentino chutou com força, mas o goleiro do Azulão fez milagre ao desviar com o pé. Minutos depois, foi a vez de Henrique ter a bola quase em cima da linha final e esbarrar em Luiz. A torcida se empolgou, mas esfriou após o susto de uma bola na trave de Marcelo Costa, no único bom lance do São Caetano no primeiro tempo.
Mago volta, mas Palmeiras não engrena
Logo que o Palmeiras subiu ao gramado para o segundo tempo, a torcida se mostrou bem mais animada e passou a gritar. O motivo? Valdivia. Depois de seis jogos fora do time, para se recuperar  de uma lesão muscular na coxa direita, o Mago entrou na vaga de Daniel Carvalho e voltou endiabrado. Logo no primeiro toque na bola, calcanhar para Maikon Leite. O camisa 10 do Verdão queria jogo.
O ímpeto, porém, durou pouco. O jogo seguiu amarrado, igualzinho ao primeiro tempo. Felipão tentou abrir o time ao lançar Patrik no lugar de João Vitor, substituição que deu maior volume de jogo ao Palmeiras. Mas os erros constantes nos passes derrubaram a estratégia alviverde. Dia atípico de Marcos Assunção, que acertou pouca coisa. Só Márcio Araújo produziu, mas não o suficiente para fazer o Verdão abrir o placar.
O São Caetano viveu de contra-ataques esporádicos, e por isso o Palmeiras passou a martelar. Só que, a cada bola perdida, os palmeirenses se irritavam mais. Até Barcos foi “cornetado” quando perdeu um gol que não costuma errar, chutando a bola no tobogã do Pacaembu.
Com o relógio a favor, o Azulão valorizou a posse de bola e tentou o que pôde para ganhar tempo – inclusive cera. O goleiro Luiz, experiente, não fez qualquer questão de apressar a partida. E mesmo com tudo isso, foi o time do ABC quem quase venceu o jogo. Em dois chutes consecutivos, um de Geovane e outro de Isael, o goleiro Deola salvou o Palmeiras e teve o nome gritado pela torcida. Não era dia do Verdão, mas ao menos a invencibilidade continua por pelo menos mais uma semana.

Em observação por uma semana, Felipe não pega Emelec nem Flu

Goleiro sofre concussão cerebral após choque com atacante do Duque de Caxias. Pelo Twitter, ele afirma que passa bem depois de levar pontos

Por Richard Souza Macaé, RJ
Felipe está fora do jogo do Flamengo contra o Emelec, quinta-feira, pela Libertadores e do Fla-Flu do próximo domingo, pela terceira rodada da Taça Rio. Após chocar a cabeça contra o joelho do atacante Gilcimar, Felipe foi retirado do campo de ambulância, usando um colar cervical, durante o primeiro tempo do jogo contra o Duque de Caxias. Pelo Twitter, após deixar o hospital, o goleiro disse que está melhor:
- Galera, estou bem. Tomei alguns pontinhos na cabeca, mas semana que vem estarei de volta!!! Graças a deus estou bem, e obrigado pela preocupação de todos!!! - escreveu Felipe.
Levado para a emergência do Hospital Público de Macaé (HPM), ele fez exames de tomografia computadorizada, que constataram uma concussão cerebral.  Desta maneira, Felipe terá que ficar uma semana sem fazer exercícios físicos.
- É um trauma, não teve lesão permanente. É como se fosse uma pancada na cabeça. Ele acordou, poderia ter um trauma mais sério, felizmente não teve - disse o médico Márcio Tannure.
Após o choque, Felipe desmaiou. A pancada provocou um corte na cabeça do goleiro, que foi acompanhado pelo fisioterapeuta Fabiano Bastos até o hospital. Cerca de duas horas depois, Felipe deixou o hospital caminhando e fez um sinal de positivo ao ser abordado pela reportagem:
- Tranquilo, tranquilo - disse o goleiro, que ainda vestia o uniforme do jogo e deixou o hospital de ambulância.
felipe duque de caxias x flamengo (Foto: Richard Souza/Globoesporte.com)Felipe deixa o hsopital em Macaé caminhando (Foto: Richard Souza/Globoesporte.com)
 
Botafogo 3 x 1 Volta Redonda
TAÇA RIO - 2ª RODADA
Jogo aéreo salva, e Botafogo passa pelo Volta Redonda em São Januário
Após início tranquilo, mas de gols perdidos, time leva empate e só se garante perto do fim. Invencibilidade no ano, liderança e 100% na Taça Rio mantidos
 
 
A CRÔNICA
por André Casado
A invencibilidade na temporada - agora com dez jogos na conta - e os 100% de aproveitamento na Taça Rio continuam. Mesmo longe de ser brilhante, o Botafogo superou o Volta Redonda por 3 a 1, neste domingo, em São Januário, e segue líder do Grupo A. Herrera perdeu chances, mas deixou dois e ajudou o time a superar o rival no sufoco, nos 15 minutos finais. Antônio Carlos fechou o placar, e Márcio Azevedo, contra, marcou para o Voltaço. A vitória veio na base do jogo aéreo, com dois gols de cabeça, ainda que Loco Abreu, a referência do estilo, não tenha participado.
O visitante volta para casa sem o pontinho esperado e, na próxima rodada, recebe o Bonsucesso, domingo que vem, no Raulino de Oliveira. No sábado, o Glorioso vai a Moça Bonita para defender a ponta contra o Bangu, em partida que deve marcar a reestreia de Jobson. No intervalo, com as dificuldades que a equipe vinha tendo, vários alvinegros gritaram pelo atacante, que estava em um dos camarotes.
Sonolência e gols perdidos
A qualidade do jogo no primeiro tempo foi diretamente proporcional ao interesse que os torcedores demonstraram. Com estádio quase vazio, Botafogo e Volta Redonda começaram em ritmo lento, como em um amistoso. Nos primeiros dez minutos, apenas toques para os lados, muita marcação e dois cruzamentos alvinegros que não causaram perigo.
Preocupado em defender, o visitante não tinha mais do que três jogadores no campo de ataque e não conseguia ficar com a posse de bola por mais de dez segundos. Tanto que o primeiro chute só foi desferido após os 25, quando o jogo já apontava desvantagem do Voltaço. Até lá, só deu o Glorioso, que abriu o placar aos 16, sem dificuldades, com Herrera, depois de passe de Loco Abreu, pelo meio da defesa. O argentino teve o trabalho de desviar do goleiro Douglas.
A variação de esquema desta vez não fez parte do leque de Oswaldo de Oliveira. A disposição tática do tradicional 4-4-2 ficou clara, com Fellype Gabriel pela esquerda e Felipe Menezes pela direita. As investidas do Botafogo, no entanto, predominavam pelo lado da sombra, com Herrera e Lucas. Foi com esta tabelinha que quase saiu o segundo. Mas o camisa 17 desperdiçou a bola rolada por Menezes, que agiu como um pivô, fazendo a função de Loco Abreu, aos 24.
herrera botafogo x volta redonda (Foto: Satiro Sodré/Agif)Time comemora um dos gols de Herrera na vitória sobre o Voltaço (Foto: Satiro Sodré/Agif)
Logo depois, sempre com o miolo de zaga aberto, de novo Herrera saiu na cara do goleiro, mas chutou à esquerda. Em lance idêntico, Loco, aos 32, se enrolou todo e parou em Douglas. E o caminhão de chances desperdiçadas acabou pesando nas costas quando Márcio Azevedo e Jefferson não afastaram a cabeçada do zagueiro Robson, aos 39, e a bola ultrapassou a linha. Empate, e gol contra anotado para o lateral alvinegro.
Diferentemente de outras ocasiões, em que se recuperou rapidamente do baque, o time de Oswaldo de Oliveira sentiu e baixou a cabeça, abrindo caminho para a evolução do Voltaço, que equilibrou o duelo. Até o fim da etapa, mais uma cabeçada para fora de seu centroavante e só. A monotonia contagiou até a torcida do Botafogo, que mal se manifestou na saída para o intervalo.
Pressão aérea define
A proposta de contragolpe da equipe do Vale do Aço foi ratificada com a substituição do atacante Jhonnattann pelo meia Julio Cezar. Mesmo assim, o único invicto do Carioca sofria para impor seu ritmo e não pressionava. Felipe Menezes se esforçava para armar, mas errava muito mais do que acertava. Herrera, o mais participativo, sumiu. A bola aérea, então, passou a ser o desafogo.
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felipe menezes botafogo x volta redonda (Foto: Satiro Sodré/Agif)Felipe Menezes se livra da marcação: meia teve
atuação irregular (Foto: Satiro Sodré/Agif)
Antônio Carlos, de bicicleta e mais tarde de cabeça, e Fábio Ferreira, de cabeça, assustaram, assim como dois chutes de Menezes, que pararam na zaga, já na pequena área, e na ponta dos dedos de Douglas, em pancada de longe. Aos poucos, o Alvinegro voltou a se acertar e animou sua torcida, que, em número bem reduzido, fazia o possível para empurrar. A entrada do veloz Caio no lugar do inoperante Fellype Gabriel, antes da parada técnica, surtiu efeito.
A superioridade se transformou em gol aos 31 minutos. Em nova bola cruzada, Antônio Carlos, em posição irregular, tocou de cabeça para Herrera voltar a brilhar e fazer 2 a 1. A desvantagem fez com que o Voltaço precisasse abandonar a postura retraída, mas a qualidade técnica não permitia sequer que o goleiro Jefferson fosse incomodado.
Ambos os lados ainda mudaram duas vezes, mas nada que mexesse com a estrutura da partida. Aos 43, Antônio Carlos, de tanto insistir no ataque, deixou o seu, também de cabeça, o primeiro gol dele na temporada, e deu números finais ao suado triunfo.
Grêmio estreia no segundo turno com vitória sobre o Cerâmica
Kleber Gladiador e Marco Antonio fazem os gols tricolores no triunfo por 2 a 1, primeiro de Vanderlei Luxemburgo no comando do Tricolor
 
CRÔNICA
por GLOBOESPORTE.COM
Após a decepção pela queda nas semifinais do primeiro turno do Campeonato Gaúcho, o Grêmio iniciou com vitória a busca pela vaga restante na decisão do estadual. Na tarde deste domingo, em Gravataí - no Estádio Vieirão -, a equipe treinada por Vanderlei Luxemburgo derrotou o anfitrião Cerâmica por 2 a 1. Foi a primeira vitória do técnico em dois jogos no Tricolor.
Kleber Gladiador, de pênalti, e Marco Antonio fizeram os gols gremistas. Zeferino descontou. Com o resultado, o Grêmio começou a Taça Farroupilha com 3 pontos no Grupo 2, enquanto o Cerâmica ainda não pontuou, na mesma chave.
Na próxima quarta-feira, às 22h, o Grêmio estreia na Copa do Brasil contra o River Plate-SE, em Aracaju. Pelo Gauchão, o time de Vanderlei Luxemburgo volta a jogar às 21h de sábado, contra o Novo Hamburgo, no Estádio Olímpico. No mesmo dia, Às 20h30m, o Cerâmica visita o Pelotas na Boca do Lobo.
leo gago cerâmica x grêmio (Foto: Wesley Santos/Futura Press)Léo Gago, com gastroenterite, sai no intervalo (Foto: Wesley Santos/Futura Press)
Bola parada
Com o calor próximo dos 40º na Região Metropolitana de Porto Alegre, o primeiro tempo arrastou-se, com muita lentidão. Sobraram faltas e passes errados, e faltou inspiração aos jogadores nas iniciativas ofensivas.
Neste contexto, quem se favoreceu foi Kleber Gladiador. O atacante gremista, sempre preferindo o contato físico, passou a cavar faltas nas imediações da área do Cerâmica, sempre perseguido de perto pelo volante Robson.
O atacante foi, inclusive, o autor do gol gremista na etapa inicial. Em lance de bola parada. Mas desta vez sem a sua presença na organização da jogada. Marco Antonio lançou Marquinhos, que mesmo sem ser tocado caiu na área. E o árbitro Márcio Chagas da Silva marcou pênalti. Na cobrança, aos 13, Kleber fez 1 a 0 para o Grêmio.
Bem melhor
As equipes voltaram do intervalo com alterações. No Grêmio, Léo Gago - com uma gastroenterite - deu lugar ao estreante Pará; e Marcelo Moreno, apesar de dores no ombro direito aplacadas por injeção de remédios, substituiu André Lima. No Cerâmica, Dinei saiu para o ingresso de Zeferino.
Uma das trocas do Grêmio surtiu efeito quase imediato. Aos 4, Marcelo Moreno puxou contra-ataque e tocou para Gabriel, que serviu Marco Antonio - 2 a 0 para o Grêmio, no primeiro gol do meia com a camisa tricolor.
Dez minutos depois, entretanto, a alteração do estreante Hélio Vieira também deu resultado. Zeferino entrou na área em velocidade e bateu forte, diminuindo o placar: 2 a 1. Na sequência, entraram Léo Mineiro e Marcão, para aumentar a pressão do time da casa.
O jogo melhorou, e a morosidade da etapa inicial se desfez. O Cerâmica passou a insistir pelo empate, criando chances, mas cedendo espaços ao contra-ataque tricolor. Para aproveitar o aumento da velocidade da partida, Luxemburgo promoveu outra estreia: a do rápido meia argentino Facundo Bertoglio, substituindo Marquinhos. Ele deu boa movimentação, e, com posse de bola ofensiva o Grêmio controlou a partida até o fim.
Atlético-MG vence Coelho de virada, mantém os 100% e se isola na ponta
Guilherme e Marcos marcam os gols da vitória do Galo, e Fábio Jr. faz o do América-MG, que tem jogador expulso e cai para a terceira colocação
 
 
A CRÔNICA
por Fernando Martins Y Miguel e Tarcísio Badaró
O Atlético-MG fez a quina no Campeonato Mineiro. Com a vitória por 2 a 1 sobre o América-MG, de virada, o time de Cuca chegou aos 15 pontos no estadual, abrindo três de vantagem para o arquirrival Cruzeiro e o próprio Coelho, que perdeu a invencibilidade e ainda caiu para o terceiro lugar na tabela. Fábio Júnior abriu o placar na Arena do Jacaré, na tarde deste domingo, e Guilherme e Marcos Rocha asseguraram o triunfo alvinegro.
As duas equipes voltam a campo no próximo sábado. O América-MG vai a Teófilo Otoni, onde enfrenta o América TO, às 16h (de Brasília), no Estádio Nassri Mattar. O Atlético-MG enfrenta o Nacional-MG, às 18h30m, novamente na Arena do Jacaré.
Pressão territorial do Galo, mas sem efeito
O tradicional "clássico das multidões" teve mais um capítulo inglório, sofrendo com a pouca presença de torcedores. Como o Coelho foi o mandante, a maior parte do estádio, destinada à torcida americana, ficou vazia. Em 2011, pelo returno do Brasileirão, os dois times fizeram o clássico de menor público da história do confronto: apenas 752 pagantes presenciaram o empate sem gols. Desta vez, 4.067 pessoas assistiram ao duelo.
Quando a bola rolou, sob forte calor em Sete Lagoas, o que se viu foi um Atlético-MG em cima, com maior posse e criando as melhores chances. Os atacantes André e Neto Berola levaram perigo ao gol de Neneca, que fez boas defesas em chutes da entrada da área.
Fechado, a proposta do América-MG era conter as investidas alvinegras e dar o bote no contra-ataque. Rodrigo Heffner chegou a assustar Renan Ribeiro em chute forte, de fora da área, mas o goleiro do Galo apareceu bem. Adeílson, com velocidade, também preocupava o setor defensivo atleticano.
Mas foi quando equilibrava as ações, no fim do primeiro tempo, que o Coelho ficou com um jogador a menos. O volante Leandro Ferreira entrou forte em Richarlyson, e o árbitro Igor Junio Benevenuto aplicou o cartão vermelho direto. Com a expulsão, o técnico Givanildo Oliveira colocou os jovens China e Kaio nas vagas de Adeílson e Luciano, respectivamente.
Supremacia númerica e em gols do alvinegro
O técnico Cuca tirou o volante Pierre, que já estava amarelado, e colocou Serginho, com o objetivo de buscar espaços, já que o Galo tinha um jogador a mais. Mas aconteceu o contrário. O América-MG foi quem encontrou campo livre, com Kaio lançando Moisés na cara de Renan Ribeiro. O goleiro não cortou, e a bola sobrou para o experiente Fábio Júnior abrir o placar.
O gol desestabilizou o time de Cuca, que fez mais duas alterações: Guilherme e Danilinho entraram nas vagas de Richarlyson e Mancini - o lateral-esquerdo deixou o campo visivelmente chateado com a substituição. As alterações não surtiram o efeito desejado, e o Atlético-MG mostrava muita confusão ofensiva. Os jogadores tocavam a bola para os lados, e ninguém conseguia penetrar com jogadas trabalhadas.
guilherme américa x atlético-mg (Foto: Bruno Cantini/Flick Atlético-MG)Jogadores do Galo comemoram o gol de Guilherme (Foto: Bruno Cantini/Flick Atlético-MG)
O Coelho levava perigo nos contra-ataques, pegando a defesa atleticana no mano a mano, com Rafael Marques e Réver tendo que se desdobrar para segurar os rápidos Kaio, Rodriguinho e Bryan. Mas o Atlético-MG, de tanto tocar a bola na entrada da área, chegou ao gol. Danilinho tabelou com Marcos Rocha e chutou, a bola desviou na defesa e sobrou para Guilherme mandar para as redes, aos 35 minutos. Foi o primeiro gol do atacante na temporada.
E pouco depois o Galo chegou à virada. Escudero fez a quinta assistência em cinco jogos pelo time alvinegro. O argentino cruzou, a bola passou por toda a área americana e encontrou a cabeça de Marcos Rocha, ex-América-MG: 2 a 1 e delírio alvinegro na Arena do Jacaré.
Com um a menos, perdendo o jogo e com maioria de atletas defensivos, o Coelho tentou chegar ao empate na base dos cruzamentos para a área, mas sem sucesso. O Atlético-MG teve chances de ampliar o placar, com Guilherme e Leandro Donizete, mas o placar já era suficiente para garantir a liderança isolada e os 100% de aproveitamento.

Restos do velho Maracanã vão parar nos mais inusitados e variados locais

Com meta de reaproveitar pelo menos 75% dos entulhos, lixo da obra vai parar até mesmo nas casas das pessoas. Lama, por exemplo, vira churrasqueiras

Por Guilherme van der Laars, Marcelo Baltar e Tino Marcos Rio de Janeiro
A promessa é de que em fevereiro de 2013 o carioca receba um estádio novinho. Do lado de dentro, apesar da modernidade e da maior comodidade, a nova arena pouco lembrará o antigo Maracanã. Enquanto o novo cenário terá de construir suas próprias glórias - o que pode acontecer já em 2014 -, parte importante da história do futebol brasileiro ficará apenas na memória do torcedor. Ou não.

Fatiado, o velho Maracanã não ficará apenas nas lembranças dos torcedores, mas também terá os mais variados e inusitados destinos. Em busca do certificado verde, exigido pela Fifa e pelo BNDES – financiador das obras de nove dos doze estádios para a Copa do Mundo de 2014 -, o consórcio que toca os trabalhos no Maracanã busca desviar de aterros e lençóis freáticos 75% dos entulhos gerados durante toda a reforma.
Da lama à picanha
Grande parte da lama retirada do estádio, por exemplo, é reaproveitada e está nas casas de muitas pessoas, mesmo que elas não saibam. Quatro toneladas já foram retiradas e doadas para uma fábrica de cerâmica, em Tanguá, município localizado a 65 km da capital fluminense. O próprio consórcio custeia o transporte. Da lama, que no processo de fundação chega a ser retirada de uma profundidade de até 20 metros, já foram gerados 1.750 telhas e 465 mil tijolos que, em sua maioria, viraram churrasqueiras.
- O processo de fundação normalmente gera muita lama. A solução que achamos foi essa, para evitar que a lama fosse para o aterro e gerasse poluição. É algo inovador. A característica da lama do Maracanã também ajudou e proporcionou sua reutilização como cerâmica. A lama do Maracanã, assim como o próprio estádio, é especial. E leva um pouco da emoção dos jogos – brincou o geólogo Felipe Drummonut, um dos responsáveis pelo processo.
FRAME - churrasquerias criadas lama maracanã (Foto: TV Globo)Churrasqueiras feitas da lama do Maracanã
(Foto: TV Globo)
Se da lama saem churrasqueiras, o solo do Maracanã é reaproveitado para uma causa ainda mais nobre e pode ajudar a salvar vidas. Doado para a secretaria municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, ele está na Ilha de Guaratiba, em um viveiro de mudas de árvores da Mata Atlântica. Segundo os técnicos, o solo do Maracanã é rico, pois foi tratado durante anos com biofertilizantes. As mudas são tratadas numa espécie de berçário de árvores e depois plantadas nas encostas do Rio de Janeiro, no programa “Mutirão Reflorestamento”, diminuindo, por sua vez, o risco de deslizamentos.

O material recebido das obras do Maracanã, até o momento, foi de 958 m3 de solo arenoso, que já foi transportado e depositado na Fazenda Modelo, em Guaratiba, onde a secretaria de Meio Ambiente conduz a produção de mudas. O solo vem ajudando a secretaria a manter o trabalho de mais de 20 anos de reflorestamento nos morros cariocas.
A grama do Maracanã, no entanto, não pôde ser reaproveitada, uma vez que tem data de validade e enfrentava problemas com pragas.
MONTAGEM - cadeiras maracanã estádios bangu americano e bonsucesso (Foto: Divulgação)Antigas cadeiras do Maracanã estão espalhadas por diversos estádios do Rio (Foto: Divulgação)
O que mais gera entulhos são as britas e ferros da destruição das arquibancadas. Alguma coisa deu para ser reaproveitada na própria reforma do Maracanã, mas a maior parte foi doada. Foram 90 toneladas, que geraram aço e ferro, cedidos para uma grande indústria de aço brasileira, que conta com o certificado ecológico.
- Um equipamento separa automaticamente a brita dos ferros – revelou o técnico em meio ambiente do Maracanã, Rafael Kyoshi.

Traves com o futuro incerto

Já as cadeiras do Maracanã tiveram 40 destinos diferentes. Quem mais recebeu foi a prefeitura de Petrópolis, que cedeu 8 mil assentos para o estádio Atílio Marotti, onde joga o Serrano. O estádio Cláudio Moacyr de Azevedo, em Macaé, vem em seguida, com 7 mil. Diversos clubes pequenos, como Bangu, São Cristóvão, CFZ, Nova Iguaçu, Olaria, Bonsucesso, Boavista, Americano, entre outros, também receberam assentos. Até times grandes, como Botafogo, Fluminense e Flamengo também foram beneficiados. O Rubro-Negro, por exemplo, ganhou mil cadeiras. Boa parte delas foi instalada no estádio de basquete, na sede do clube, na Gávea.
trave maracanã (Foto: Marcelo Baltar / Globoesporte.com)As traves do Maracanã, instaladas em 2007, esperam destino (Foto: Marcelo Baltar / Globoesporte.com)
Por fim, as antigas traves do Maracanã. Elas não são tão velhas, mas já acumulam histórias. Instaladas em 2007 para a disputa dos jogos Pan-Americanos, estavam lá quando Elano marcou após a incrível jogada de Robinho, apelidada de “vai pra lá, que eu vou para cá”, na vitória da Seleção Brasileira por 5 a 0 sobre o Equador, em 2007, pelas eliminatórias da Copa. A outra trave, que ficava localizada à direita das cabines de imprensa, viu de perto a cabeçada de Ronaldo Angelim, que deu o título brasileiro ao Flamengo, em 2009, após 17 anos de fila.

Se têm muita história para contar, as traves ainda não têm um destino certo. Estão encostadas em um canto num galpão, no ginásio do Maracanãzinho. A idéia inicial é que sejam reaproveitadas em um possível museu do Maracanã. O projeto, porém, ainda é embrionário.