Restos do velho Maracanã vão parar nos mais inusitados e variados locais
Com meta de reaproveitar pelo menos 75% dos entulhos, lixo da obra vai parar até mesmo nas casas das pessoas. Lama, por exemplo, vira churrasqueiras

Fatiado, o velho Maracanã não ficará apenas nas lembranças dos torcedores, mas também terá os mais variados e inusitados destinos. Em busca do certificado verde, exigido pela Fifa e pelo BNDES – financiador das obras de nove dos doze estádios para a Copa do Mundo de 2014 -, o consórcio que toca os trabalhos no Maracanã busca desviar de aterros e lençóis freáticos 75% dos entulhos gerados durante toda a reforma.
Da lama à picanha
- O processo de fundação normalmente gera muita lama. A solução que achamos foi essa, para evitar que a lama fosse para o aterro e gerasse poluição. É algo inovador. A característica da lama do Maracanã também ajudou e proporcionou sua reutilização como cerâmica. A lama do Maracanã, assim como o próprio estádio, é especial. E leva um pouco da emoção dos jogos – brincou o geólogo Felipe Drummonut, um dos responsáveis pelo processo.
Churrasqueiras feitas da lama do Maracanã(Foto: TV Globo)
O material recebido das obras do Maracanã, até o momento, foi de 958 m3 de solo arenoso, que já foi transportado e depositado na Fazenda Modelo, em Guaratiba, onde a secretaria de Meio Ambiente conduz a produção de mudas. O solo vem ajudando a secretaria a manter o trabalho de mais de 20 anos de reflorestamento nos morros cariocas.
A grama do Maracanã, no entanto, não pôde ser reaproveitada, uma vez que tem data de validade e enfrentava problemas com pragas.
Antigas cadeiras do Maracanã estão espalhadas por diversos estádios do Rio (Foto: Divulgação) saiba mais
O que mais gera entulhos são as britas e ferros da destruição das arquibancadas. Alguma coisa deu para ser reaproveitada na própria reforma do Maracanã, mas a maior parte foi doada. Foram 90 toneladas, que geraram aço e ferro, cedidos para uma grande indústria de aço brasileira, que conta com o certificado ecológico.- Um equipamento separa automaticamente a brita dos ferros – revelou o técnico em meio ambiente do Maracanã, Rafael Kyoshi.
Traves com o futuro incerto
Já as cadeiras do Maracanã tiveram 40 destinos diferentes. Quem mais recebeu foi a prefeitura de Petrópolis, que cedeu 8 mil assentos para o estádio Atílio Marotti, onde joga o Serrano. O estádio Cláudio Moacyr de Azevedo, em Macaé, vem em seguida, com 7 mil. Diversos clubes pequenos, como Bangu, São Cristóvão, CFZ, Nova Iguaçu, Olaria, Bonsucesso, Boavista, Americano, entre outros, também receberam assentos. Até times grandes, como Botafogo, Fluminense e Flamengo também foram beneficiados. O Rubro-Negro, por exemplo, ganhou mil cadeiras. Boa parte delas foi instalada no estádio de basquete, na sede do clube, na Gávea.
As traves do Maracanã, instaladas em 2007, esperam destino (Foto: Marcelo Baltar / Globoesporte.com)Se têm muita história para contar, as traves ainda não têm um destino certo. Estão encostadas em um canto num galpão, no ginásio do Maracanãzinho. A idéia inicial é que sejam reaproveitadas em um possível museu do Maracanã. O projeto, porém, ainda é embrionário.
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