terça-feira, 16 de agosto de 2016

Ricardo Gomes cobra "conduta São Paulo" em seu retorno ao Morumbi

Técnico demonstra incômodo com a situação da equipe, 12ª no Brasileiro, agradece ao Botafogo e diz que volta ao time paulista pelas recordações que tem do clube

Por São Paulo

Ao lado do presidente Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, Ricardo Gomes foi apresentado na tarde desta terça-feira, no CT da Barra Funda, como novo técnico do São Paulo. Em sua primeira entrevista, demonstrou incômodo com situação da equipe, apenas a 11ª colocada no Brasileiro. 

+ Veja como foi o primeiro treino de Ricardo Gomes

– Se eu estou voltando para São Paulo, não é por acaso. Fiz coisas boas e não boas, mas tenho uma "conduta São Paulo". Desde o primeiro toque, você tem que exigir o "comportamento São Paulo". Comportamento, entrega... Quem não entendeu, está fora. Não dá para o São Paulo estar em 12º no Brasileiro. Dessa conduta não vou abrir mão – afirmou (assista à coletiva do treinador na íntegra no vídeo acima).

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Ricardo Gomes São Paulo (Foto: Luis Moura/WPP/Estadão Conteúdo)Ricardo Gomes foi apresentado nesta terça-feira
(Foto: Luis Moura/WPP/Estadão Conteúdo)
O técnico agradeceu ao Botafogo pela passagem clube carioca, mostrou estar muito feliz em retornar ao clube paulista e projetou um trabalho melhor do que aquele que realizou entre 2009 e 2010 no Morumbi – quando foi semifinalista da Libertadores.
– Agradeço a esta casa, a este clube que eu aprendi a gostar, isso antes de chegar ao São Paulo em 2009. Falei isso para os jogadores ainda hoje. Eu estou muito feliz, querendo fazer melhor ainda do que eu fiz na minha primeira passagem – disse o técnico.
 Questionado sobre a motivação para treinar o São Paulo, Ricardo Gomes lembrou que rejeitou uma proposta do Cruzeiro no primeiro semestre, mas o carinho pelo clube do Morumbi falou mais alto neste momento. 
– Eu tive um ano e um mês no Botafogo, foi muito importante na minha recuperação, voltar a trabalhar. Depois, teve uma proposta no início do Brasileiro, achei que tinha que continuar o trabalho no Botafogo, mas quando houve a proposta do São Paulo veio toda a memória, recordação do clube, que eu comecei a gostar na época da seleção brasileira. Conversei com o presidente do Botafogo, tivemos uma conversa franca, achei que seria melhor e ele permitiu. Uma conversa que resolveu – explicou. 
Se eu estou voltando para São Paulo, não é por acaso. Fiz coisas boas e não boas, mas tenho uma "conduta São Paulo". Desde o primeiro toque, você tem que exigir o "comportamento São Paulo"
Ricardo Gomes

O treinador também deu prazo para colocar suas ideias em prática na equipe:
– A forma de jogar vai ser introduzida neste primeiro mês. O esquema vale pouco. Já comecei a conversar bastante com o Pintado, com o Jardine. Isso está diagnosticado, mas não definido. Mas a forma de jogar tem que melhorar.
Ricardo Gomes também falou sobre a sua saúde. Depois de sofrer um AVC quando ainda era treinador do Vasco, ele voltou a trabalhar no ano passado, justamente com o Botafogo. Nesta terça, comentou sobre a condição física. 
– A saúde é o mais importante, tenho algumas sequelas, recuperei grande parte do lado direito, a parte lesionada é sensibilidade, tenho que estar sempre trabalhando, estimulando para trabalhar. Estou livre, sem contraindicação. Eu comecei no Botafogo em agosto, as sequelas eram ainda maiores, tinha maiores dificuldades de locomoção, melhorou com o trabalho. Sou extremamente grato ao Botafogo – revelou o técnico.
André Jardine Ricardo Gomes São Paulo (Foto: Marcello Zambrana/Agif/Estadão Conteúdo)Ricardo Gomes conversa com André Jardine em seu primeiro treino (Foto: Marcello Zambrana/Agif/Estadão Conteúdo)
VEJA OUTROS ASSUNTOS DA APRESENTAÇÃO DE RICARDO GOMES:   
ESTÁ ESPERANDO CONVITE DE SELEÇÃO? 
"Só se for da Costa Rica! (risos) Não... Quero ficar bastante tempo, fazer um trabalho com começo, meio e fim." (Nota da redação: recentemente, o São Paulo perdeu dois técnicos para seleções: Juan Carlos Osório foi para o México; Edgardo Bauza assumiu a Argentina).

SUPERAÇÃO DO AVC"Alguém quer ficar em casa com 50 anos? Não tem superação nenhuma. É um exemplo para que as pessoas se previnam. Só isso."

REAÇÃO NO BRASILEIRO"O São Paulo não pode estar em 12º. Sempre tem que lutar por título, Libertadores... Em 2009, cheguei no começo do primeiro turno, a situação era melhor. Agora, a recuperação tem que ser mais curta. O torcedor quer, no mínimo, Libertadores, e não vamos fugir disso."

O QUE VOCÊ SABE DESTE SÃO PAULO"Todo o primeiro semestre foi dedicado à Libertadores. Agora nós temos que encontrar um meio diferente para fazer o São Paulo subir na tabela. O moral dos jogadores também precisa de muito trabalho. Uma coisa é ver jogos pela televisão, outra coisa é ir ao estádio. Estou chegando ao clube no meio de um trabalho bem desenvolvido, mas aos poucos vou mexendo. Me dá esse mês aí para depois perguntar qual é o objetivo do São Paulo."

REFORÇOS E BASE
"Tenho boas recordações de jogadores formados aqui na base. O trabalho é bem feito, mas, se o presidente resolver reforçar o elenco, eu não vou reclamar."
PROMESSA DE RESULTADOS
"Eu tenho que receber informações. O que fazia Bauza, Jardine... Isso não vai acontecer do dia para a noite. Daqui a um mês eu posso falar se será possível brigar por títulos. Promessa, hoje, eu não quero fazer."

Ouro inédito! Robson bate francês e conquista título histórico no boxe

Brasileiro domina Sofiane Oumiha, vence por decisão unânime e garante a terceira medalha de ouro do Brasil na Olimpíada 2016 de forma imponente, no Riocentro

Por Rio de Janeiro
Quando criança, Robson Conceição não tinha sonhos muito grandes. Invocado, queria ser que nem o tio, famoso por brigar na rua. Virou o “Terror” de Boa Vista de São Caetano, bairro humilde onde nasceu, em Salvador. Ao descobrir a nobre arte do boxe, porém, viu que brigar não estava com nada. Trocou os socos nas ruas pelos ringues e viu que poderia sonhar mais alto. Para alcançar seus sonhos, ralou muito. Conciliou trabalho, estudos e o boxe. Foi feirante, vendeu picolé na praia, foi ajudante de pedreiro… Sonhou tão alto que alcançou. Nesta terça-feira, ao derrotar o francês Sofiane Oumiha por decisão unânime, com 3 a 0 (30-27, 29-28 e 29-28), virou campeão olímpico. Colocou seu nome na história do boxe brasileiro ao conquistar a primeira medalha de ouro da modalidade em Jogos Olímpicos. Hoje, é o orgulho de Boa Vista. Orgulho de Salvador. Orgulho da Bahia. Orgulho do Brasil.
Para alcançar o maior resultado do país na nobre arte em Olimpíadas, Robson esbanjou serenidade. Convenhamos, não deve ser fácil disputar uma competição deste porte. Imagine uma final olímpica. Mas este baiano, cada vez que entrava no ringue, impressionava pela serenidade. O ringue, na verdade, virou o quintal de sua casa, como o que utilizou para aprender os primeiros socos com seu primo, ainda na infância.
A LUTA
A pressão da torcida em cima de Oumiha era enorme. A entrada deixou perceptível. Quando o brasileiro adentrou o ginásio, a plateia, em uníssono, berrou que "o campeão chegou". Na vez do francês, o "uh, vai morrer!" foi na mesma medida. Mas foi Oumiha quem disparou os primeiros golpes, com jab e direto. Robson tratou de colocar ordem na casa e conectou dois bons cruzados e um overhand. O francês respondeu furando a guarda do rival em três oportunidades. Robson controlava o centro do ringue e busca jogar na média distância. Um direto de direita balançou Oumiha. Escaldado com os golpes na cabeça, o francês levantou mais a guarda e foi golpeado na linha de cintura, mas procurou jogar nos cruzados. Sereno, o baiano mantinha a estratégia, mas Oumiha tentou era perigoso e procurava jogar overhands por cima dos cruzados. Uma direita desequlibrou Robson, que terminou o round com um contra-ataque bem colocado, mas com um ferimento na altura do olho direito. Faltavam seis minutos para o ouro.
No segundo assalto, Robson Conceição usou mais seus jabs em um primeiro momento. A arquibancada explodia toda vez que o brasileiro tocava o rival. Oumiha tentava entrar no raio de ação e, quando conseguia chegar na curta distância, ameaçava. Mas é difícil se aproximar do baiano sem ser punido. As combinações de jab e direto e os cruzados mostraram-se muito efetivas. Com menos de um minuto para o fim do assalto, uma direita derrubou o rival, mas o árbitro central não abriu contagem. Oumiha se arriscou nos segundos finais, mas não dava para tirar a vantagem aberta pelo brasileiro. Faltavam três minutos para o ouro.
Era só administrar. Robson sabia disso. Consciente, não caía na pilha da torcida que pedia "porrada no francês". Mas os golpes entravam nos momentos certos, e Oumiha sofria. Não precisava mais controlar o centro do ringue e caçar sua presa. Circulando com calma, apenas se aproveitou do desespero do francês, que, mesmo inferior tecnicamente, mostrou coração ao buscar a luta o tempo todo. Robson esquivava, se mexia, caminhava para o lado e era preciso nas investidas. Mostrou com quantos golpes se faz um campeão olímpico e garantiu para o Brasil o primeiro ouro da história do país na nobre arte. Não faltava mais nada. Pode comemorar, Robson! Pode comemorar, Brasil!
A TRAJETÓRIA ATÉ A DECISÃO
Robson Conceição foi soberano em sua campanha até a decisão. Além de conseguir um nocaute técnico na estreia, venceu seus outros oponentes por decisão unânime. O GloboEsporte.com agora relembra os confrontos que o brasileiro teve durante a Olimpíada Rio 2016.
- O fim da maldição da estreia
Estrear em Olimpíadas não trazia boas lembranças para Robson Conceição. Nas duas anteriores, Pequim 2008 e Londres 2012, foi eliminado na primeira luta. Mas não dava para cogitar essa possibilidade na Rio 2016. Ele precisava vencer e desejava convencer. E concluiu com maestria. Contra Anvar Yunusov, do Tajiquistão, o brasileiro precisou de apenas um round para celebrar o triunfo. Após domínio no primeiro assalto, Yunusov não voltou para o segundo por conta de uma lesão na mão direita e abriu caminho para o baiano avançar para as quartas de final.
- A primeira pedreira e garantia de medalha
Para ganhar uma medalha olímpica é preciso bater adversários de alto nível. E o primeiro deles foi Hurshid Tojibaev, do Uzbequistão. A expectativa era de combate parelho, mas Robson Conceição mostrou que seu favoritismo no combate não era em vão. Seguro e técnico, controlou o rival e venceu por decisão unânime, com 3 a 0 (30-27, 29-28 e 30-27), sacramentando o duelo mais esperado, contra seu grande rival Lazaro Alvarez.
- Rivalidade e consagração contra adversário "marrento"
Lazaro Alvarez estava entalado na garganta de Robson. Nas duas vezes que se enfrentaram até então, uma vitória para cada lado. O tira-teima na semifinal olímpica, atuando em casa, era o que o brasileiro queria. No duelo mais difícil da campanha, ele teve dificuldades no primeiro assalto, quando dois juízes pontuaram para o cubano, mas Robson, com a tranquilidade que foi sua marca na Olimpíada, mostrou poder de reação e garantiu a vaga na final com outro 3 a 0 (29-28, 29-28 e 30-27). Depois da luta, ainda criticou o adversário ao chamá-lo de marrento.

BJ Penn retorna ao octógono e encara Ricardo Lamas no UFC Filipinas 2

Duelo dos penas será luta principal do segundo evento realizado pelo Ultimate no país

Por Manila, Filipinas
gancho de seis meses que BJ Penn pegou após ser flagrado em exame antidoping pela Usada, por causa do uso do soro intravenoso, termina dia 25 de setembro. Vinte dias depois, o americano vai voltar ao octógono do UFC pela primeira vez desde que perdeu para Frankie Edgar, em julho de 2014. O ex-campeão dos leves e meio-médios vai enfrentar Ricardo Lamasna luta principal do UFC Filipinas 2, marcado para 15 de outubro. A luta foi anunciada pelo perfil UFC Asia, no Twitter
montagem_-BJ-Penn-x-Ricardo-Lamas (Foto: editoria de arte)BJ Penn vai enfrentar Ricardo Lamas na luta principal do UFC Filipinas 2, dia 15 de outubro (Foto: editoria de arte)
Penn venceu apenas uma das últimas sete lutas que fez. O americano tem 16 vitórias (sete por nocaute ou nocaute técnico), dez derrotas (sete por decisão) e dois empates na carreira. Ele vem de três derrotas consecutivas e a última vez que teve o braço erguido no octógono do UFC foi em novembro de 2010, quando nocauteou Matt Hughes no primeiro round.
Ricardo Lamas tem o mesmo número de vitórias que o futuro adversário (sendo oito por decisão), mas apenas cinco derrotas no cartel (três por nocaute ou nocaute técnico). O americano é o quarto colocado no ranking da categoria e vem de uma derrota para Max Holloway, por decisão unânime, em junho deste ano, no UFC 199. A última vez que saiu como vencedor de uma luta foi quando derrotou Diego Sanchez, também por decisão unânime, em novembro do ano passado.
UFC Filipinas 2
15 de outubro, em Manilla (FIL)
CARD DO EVENTO: (até o momento):
Peso-pena: Ricardo Lamas x BJ Penn
Peso-pesado: Derrick Lewis x Marcin Tybura

Cigano aposta no ouro de Robson: "Conquistará de forma contundente"

Atleta do UFC e parceiro de equipe do boxeador na academia Champions, na Bahia, catarinense exalta dedicação do compatriota: "Não ficava de conversinha nos treinos"

Por Rio de Janeiro
Junior Cigano UFC MMA (Foto: Raphael Marinho)Cigano afirma que experiência fará a diferença a favor de Robson na final (Foto: Raphael Marinho)
Carro-chefe da academia Champions, em Salvador (BA), o boxe rendeu através de Junior Cigano o cinturão peso-pesado do UFC. E, dentre outros títulos, a equipe liderada por Luiz Dórea poderá alcançar o ápice nesta terça-feira, no Pavilhão 6 do Riocentro: a medalha de ouro com Robson Conceição, adversário de Sophiane Oumiha, na final do peso-leve (60kg), às 19h15h.

Cigano não é amigo próximo de Robson, mas o conhece há dez anos, quando ambos começaram a aprender a nobre arte com Dórea. Seguiram caminhos distintos no esporte, porém, o peso-pesado do UFC é testemunha, desde 2006, do esforço do compatriota. Em entrevista aoGloboEsporte.com, o catarinense afirma que Robson é merecedor do momento que atravessa em virtude da sua obstinação.

- O Robson sempre foi muito dedicado, um cara que não ficava de conversinha nos treinos, jogando conversa fora na academia. Treinava sério, se dedicava muito e até hoje é assim. Independentemente do nível que atinja, é um dos que mais treinam lá e, por isso, os resultados estão aparecendo - declarou Cigano, que bem como Robson, vendeu picolé na praia na época em que as dificuldades financeiras eram gigantes.

Depois da "final antecipada" contra o cubano Lazaro Alvarez, Robson terá pela frente o francês Sophiane Oumiha. Sem ficar em cima do muro, Cigano enxerga favoritismo para o brasileiro, que poderá conquistar a primeira medalha de ouro do boxe do país em uma Olimpíada.
Robson Conceição em luta contra cubano Lázaro Álvarez (Foto: AP)Robson Conceição em luta contra cubano Lázaro Alvarez, com quem travou a semifinal da categoria (Foto: AP)


- Essa disputa do ouro vai ser muito boa. O cara mais duro, que apresentava um desafio maior a qualquer adversário nos 60kg, era o Lazaro Alvarez. O Robson conseguiu uma grande vitória, um tira-teima, pois tinha perdido em 2013 e o vencido em 2015. Espero que ele faça uma grande luta e, se conseguir colocar em prática tudo o que treinou, mostrar o quão duro se preparou, tenho certeza que o ouro virá. O Robson vai fazer história no boxe brasileiro, mundial e olímpico. É favorito contra o Sophiane, é mais experiente. O francês é novo, está indo muito bem no Campeonato Europeu, vai dar o máximo... Luta é luta. Acredito que a experiência e a disciplina do Robson farão a diferença e ele conquistará o ouro de forma contundente, sendo superior durante a luta.

Embora reconheça - e elogie a capacidade técnica e disciplinar de Robson - Cigano destaca o trabalho feito na Champions e acredita que outros talentos possam surgir na academia baiana nos próximos anos.
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- O professor Dórea tem o dom de ensinar, consegue transformar situações comuns em resultados positivos devido ao treinamento e a seriedade dele. Todos os meninos que treinavam na época e treinam hoje, tem capacidade de participar de uma Olimpíada e até mesmo conseguir ótimos resultados no boxe amador e no profissional. O grande diferencial da Champion é a metodologia que o Dórea aplica na academia, transformando pessoas normais em grandes lutadores, como o caso do Robson, fazendo história na nossa terra.