Tradicionalmente um celeiro de artilheiros do Campeonato Brasileiro, o
futebol carioca se aproxima da metade da edição de 2012 com seus três
principais atacantes na liderança da tabela, com oito gols cada. Com
regularidade e estilo que por vezes se assemelham, e em outras se
diferem,
Alecsandro,
Fred e
Vagner Love
têm uma motivação que os une na caça ao nobre objetivo: jamais se
tornaram goleadores da competição, que, somados, disputaram em 21
oportunidades. É a chance de cravar de vez o nome nesta história.
Em 42 torneios, o Rio registrou 17 artilheiros, mais do que qualquer
outro estado. O Vasco tem oito, com destaque para Romário (três vezes) e
Roberto Dinamite (duas); o Flamengo, quatro, sendo três com Zico;
Fluminense e Botafogo, dois cada; e América, um. Nesta temporada, o trio
goleador já passou por jejum e tem média inferior, por exemplo, à que
conseguiu o então santista Borges no ano passado (0,74). Fred é quem
mais se aproxima do número, com 0,73. Love tem 0,56, e Alecsandro, 0,5 -
que não deixa sua marca há quatro partidas.
- Nunca falei de artilharia. Mas é algo natural. No ano passado bateu
na trave, e eu fiquei muito decepcionado. Principalmente porque fiz
muitos gols na reta final. Então neste ano seria muito bom terminar no
topo. Vou tentar sempre fazer os gols, mas o importante é ver o
Fluminense vencer - disse em sua última entrevista coletiva o craque
tricolor, que em 2011, quando seu time foi terceiro colocado, somou 22
gols, um a menos do que Borges.
A variedade dos 24 gols dos três atacantes passa pela característica
deles e, também, do setor ofensivo dos times. Sem um garçom desde a
saída de Ronaldinho, o camisa 99 rubro-negro costuma batalhar mais pelos
seus, arrancando e dividindo com os zagueiros. Dos três artilheiros, é
quem mais domina a bola antes de concluir: em cinco dos seus oito foi
assim. Fred só fez isso uma vez, e Alecsandro marcou todos os oito com
apenas um toque. Neste quesito, o trio tem algo em comum: sempre
balançou a rede em finalizações dentro da área.
Alecsandro é o mais eficiente pelo alto, com quatro gols de cabeça;
Fred não ficou duas partidas sem marcar; e Love se diferencia por chutes
em diagonal e de canhota
- O Vasco mostra estrutura tática ao defender e atacar. Se tenho oito
gols hoje, é porque lá atrás está tudo bem. A bola sai redonda desde a
defesa, passa com qualidade pelos meias e chega em condição de eu fazer o
gol. E o atacante também tenta ajudar um pouco a marcação para a bola
sair espirrada e dificultar a saída do adversário - comentou Alecsandro,
antes de encarar o Corinthians, há dez dias.
O vascaíno, que crê que sua média atual seja suficiente para brigar até
o fim, é o mais eficiente pelo alto, com quatro gols de cabeça. Fred,
único que sofreu lesão, não ficou mais do que duas partidas sem
comemorar, mas alcançou a ponta com três pênaltis. Vagner Love, menos
centralizado, é forte nos arremates em diagonal e tem status de
ambidestro, com dois gols com a canhota (e quatro de pé direito). É ele,
no entanto, que amarga o maior período em baixa (oito jogos, entre a 5ª
e 14ª rodadas) e é o único que não deu assistência.
- Não tenho dúvidas de que ele vai brigar pela artilharia, sempre nos
passou uma confiança muito grande. Em todas as equipes em que atuou
brigou diariamente para ser o artilheiro, não vai ser diferente dessa
vez. Pode produzir muito mais, mas está recuperado com certeza -
analisou o técnico rubro-negro Dorival Júnior, após a vitória sobre o
Náutico.
Fora dessa disputa, o Botafogo ostenta o segundo melhor ataque entre os
cariocas, atrás do Fluminense, mas sofre com a falta de pontaria
recente, muito pela queda dos números de seus homens de frente. As
referências Herrera e Loco Abreu foram negociados, e é o meia Andrezinho
que aparece na artilharia do time, com cinco gols. Elkeson, que teve de
virar centroavante - ainda que já carregasse o sugestivo número 9 às
costas - tem quatro.
Cena repetida oito vezes para cada um: Alecsandro, Fred e Love comemoram neste Brasileirão
Artilheiros do Rio na história do Campeonato Brasileiro:
1974 - Roberto (Vasco): 16 gols
1978 - Paulinho (Vasco): 19 gols
1979 - César (América): 12 gols (empatado com Roberto César, do Cruzeiro)
1980 - Zico (Flamengo): 21 gols
1981 - Nunes (Flamengo): 16 gols
1982 - Zico (Flamengo): 21 gols
1984 - Roberto (Vasco): 16 gols
1992 - Bebeto (Vasco): 18 gols
1994 - Túlio (Botafogo): 19 gols (empatado com Amoroso, do Guarani)
1995 - Túlio (Botafogo): 23 gols
1997 - Edmundo (Vasco): 29 gols
2000 - Magno Alves (Flu) e Romário (Vasco): 20 gols (empatados com Dill, do Goiás)
2001 - Romário (Vasco): 21 gols
2005 - Romário (Vasco): 22 gols
2008 - Washington (Flu): 21 gols (empatado com Keirrison, do Coritiba, e Kleber Pereira, do Santos)
2009 - Adriano (Flamengo): 19 gols (empatado com Diego Tardelli, do Atlético-MG)