Lyoto admite lesão, mas aceita luta com Hendo e quer voltar no UFC 155
Brasileiro comenta sobre mudanças no UFC Rio III, fala do
domínio de Jon Jones entre os meio-pesados e diz aceitar combate entre
os pesos-médios
Por Luis Guilherme Hasselmann
Rio de Janeiro
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Lyoto Machida teve a oportunidade de fazer a tão sonhada revanche com
Jon Jones, no UFC 152, após
Dan Henderson
ter se lesionado, mas prevendo que o tempo não seria suficiente para
uma preparação adequada para enfrentar o campeão dos meio-pesados e
acreditando que uma segunda derrota poderia levá-lo para o fim da fila
na categoria, o brasileiro preferiu recusar o combate e deixou o
presidente do UFC, Dana White, chateado. Lyoto ainda se ofereceu para
lutar com Jones no Rio, em 13 de outubro, mas, em entrevista ao
SPORTV.COM, ele revelou que uma lesão tornou mesmo esta possibilidade inviável.
- Estou com uma lesão de esgarçamento do ligamento medial e não estou
podendo treinar. Eu só estou podendo fazer algumas atividades limitadas e
a fisioterapia com o Dr. Ângelo Scotta, que é o meu doutor aqui (em
Belém, no Pará). Eu tenho me esforçado muito nas sessões de fisioterapia
e por isso não posso treinar forte. Cobrir um buraco (no UFC Rio III)
não daria para mim. Fechar um buraco da forma como teria de acontecer,
eu não teria condições de fazer.
Lyoto Machida fala de lesão, próximo adversário e volta ao octógono (Foto: Divulgação/UFC)
Com a previsão de retorno ao octógono no fim do ano, Lyoto espera fazer
parte do UFC 155, dia 29 de dezembro, e Dan Henderson pode ser seu
adversário. Após Dana White ter declarado que o brasileiro precisaria de
um combate antes de uma nova oportunidade pelo cinturão dos
meio-pesados, essa parece ser a chance perfeita para o brasileiro
mostrar que está pronto para lutar pelo título da categoria.
- Eu acho que essa luta com Dan Henderson já era para ter acontecido
antes. Tanto eu quanto Dan Henderson já tentamos fazer essa luta, mas
não houve a possibilidade. Agora, eu acho que seria uma grande
oportunidade. As pessoas estão cogitando e parece que o Dana White
comentou alguma coisa. Apesar disso, nada foi oficializado, nem comigo e
nem com ninguém. Por enquanto são só boatos, mas que podem se tornar
verdades em um futuro breve.
Lyoto também analisou as recentes mudanças no card UFC Rio III, com a inclusão de
Anderson Silva e
Rodrigo Minotauro,
falou das recentes declarações de Jon Jones, que o desqualificou para
uma possível revanche, e declarou que adoraria ser um dos treinadores da
próxima edição do TUF Brasil, juntamente com
Maurício Shogun.
SPORTV.COM: Você disse que teria enfrentado o Jon Jones caso o
confronto tivesse sido marcado para o UFC Rio III. O que mudaria para
você? Quais seriam as mudanças na sua preparação? Você acredita que a
torcida brasileira poderia fazer a diferença?
LYOTO MACHIDA: A torcida brasileira com certeza faria
uma diferença enorme. Foi por isso também que eu achei que seria uma
grande luta no Brasil. Lutando em casa e com a torcida empurrando, eu
acho que seria uma grande luta. A preparação, eu faria nos Estados
Unidos, procuraria fazer tudo da melhor forma e reuniria toda minha
equipe. Eu teria tido uma preparação de seis semanas e acho que isso
seria o suficiente. Seria diferente do que na primeira luta (caso
tivesse aceitado lutar no UFC 152, marcado para o dia 22 de setembro),
pois eu teria três semanas somente para me preparar, praticamente.
Fala-se que seria um mês, mas não é um mês na verdade, pois na última
semana ninguém treina. A última semana é hora de perder peso, de fazer a
adaptação e de viajar para o combate. Essa última semana, portanto, não
existe.
Lutando em casa e com a torcida empurrando, eu acho que seria uma grande luta"
Sobre possível confronto com Jones no UFC Rio
Com as recentes contusões que aconteceram antes do UFC Rio III,
muitos lutadores foram cogitados para substituírem os ausentes e você
estava entre eles. Apesar disso, agora é sabido que você está com uma
lesão no joelho e que, portanto, você não poderia participar do UFC Rio
III. Como está a recuperação da lesão?
Estou com uma lesão de esgarçamento do ligamento medial e não estou
podendo treinar. Eu só estou podendo fazer algumas atividades limitadas e
a fisioterapia com o Dr. Ângelo Scotta, que é o meu doutor aqui (em
Belém, no Pará). Eu tenho me esforçado muito nas sessões de fisioterapia
e por isso não posso treinar forte. Cobrir um buraco (no UFC Rio III)
não daria para mim. Fechar um buraco da forma como teria de acontecer,
eu não teria condições de fazer.
Você acredita que o card do UFC Rio III ficou mais interessante
com a inclusão de dois ídolos brasileiros, Anderson Silva e Rodrigo
Minotauro?
Eu acho que não. As lutas do José Aldo contra o Frankie Edgar e do
Glover contra o Rampage (Quinton Jackson) seriam bastante interessantes.
Todos queriam ver o combate entre o Aldo e o Edgar. Apesar disso, as
substituições no card, com as entradas de Anderson Silva e Minotauro, eu
acho que ficou à altura do evento que teria antes. A luta principal
anterior (José Aldo x Frankie Edgar) era uma luta que valia pelo título e
por isso todo mundo espera ver. Todos querem saber quem será o novo
campeão. Por esse motivo, seria uma luta muito forte também. Com o nome
que Anderson Silva e Minotauro têm, eles representaram muito bem o
evento. Acredito nisso, mesmo que os adversários deles não lutem pelo
cinturão. Os adversários deles são duros, apesar de não serem muito
conhecidos, e acredito que farão grandes lutas contra os brasileiros.
Você acredita que Stephan Bonnar e Dave Herman podem levar
grandes riscos para Anderson Silva e Rodrigo Minotauro, respectivamente?
Toda luta tem um risco, mas acho que tecnicamente Anderson e Minotauro
são superiores. Na luta, tudo pode acontecer, mas se for colocar em
condições normais, essa vitória é do Brasil, com certeza.
Anderson Silva enfrenta Stephan Bonnar UFC Rio 3 (Foto: Montagem sobre foto da Getty Images)
Stephan Bonnar nunca foi nocauteado e fez combates duros com
grandes lutadores. Ele é conhecido por ter o queixo duro e por aguentar
muita pancada. Apesar disso, você acredita que Anderson Silva tem
condições de nocauteá-lo?
Eu acho que o Anderson consegue nocauteá-lo. Bonnar tem um queixo duro e
é um oponente respeitável, mas Anderson está muito maduro, com um ritmo
muito bom e com a confiança apurada. Eu acho que tudo isso vai
contribuir para que ele possa nocautear o Stephan Bonnar.
Inicialmente, Dana White havia anunciado você como substituto
de Dan Henderson no confronto com Jon Jones, mas depois você veio a
recusar o combate. Uma das coisas que fez com que ele parecesse chateado
com sua atitude foi que ele disse que tanto você quanto seu empresário,
Ed Soares, estava pedindo esta luta fazia muito tempo. O que você acha
dessa declaração de Dana White? Você entende a postura dele?
Olhando pelo lado do Dana White, eu acho que ele tem as razões dele.
Ele queria realmente cumprir com o evento (UFC 151, que posteriormente
foi cancelado) e ele estava precisando de um lutador para cobrir o
buraco causado. Como eu era o primeiro da fila para lutar pelo cinturão,
ele logicamente recorreu a mim, acreditando que eu iria aceitar o
combate dessa forma. Apesar disso, essa não é uma luta que eu encaro com
irrelevância e que eu possa banalizar a proposta. Para essa luta, eu
tenho que estar treinado e preparado. Eu nunca vi um cara que perdeu
duas vezes para o campeão e se manteve na categoria. Rich Franklin,
Chael Sonnen, BJ Penn, e até o próprio Frankie Edgar, todos esses que
perderam duas vezes mudaram de categoria. Eu quero permanecer nessa
categoria e para isso tenho que fazer uma luta bem preparado. Eu acho
que perder ou ganhar faz parte, mas você tem de estar bem preparado para
depois não ficar insatisfeito. É melhor do que ficar pensando: “Por que
eu não me preparei mais? Por que eu aceitei a luta muito em cima?”. Eu
achei que o tempo (de preparação para o UFC 151 e para o UFC 152) não
era suficiente para mim. Dana tem as razões dele de falar o que falou,
mas na minha visão aquele não era o momento certo.
Eu nunca vi um cara que perdeu duas vezes para o campeão e se manteve na categoria"
Sobre a recusa do combate com Jon Jones
Você disse que não pretende mudar de categoria, mas isso já foi
cogitado em outro momento. Uma possível mudança para os pesos-médios
não faria sentido para você?
Por enquanto, eu não penso nisso. Por eu ser um lutador que não é muito
pesado para minha categoria, já que o limite entre os meio-pesados é
93kg, e eu peso em torno de 94kg, às vezes até menos, cerca de 92kg, eu
acho que tenho condições de lutar na categoria de baixo. Mesmo assim,
minha prioridade é a categoria de cima (meio-pesados), a partir de 93kg.
Apesar disso, fazer alguma luta na categoria de baixo não faria mal
nenhum para mim.
Em sua luta anterior com Jon Jones, uma das esperanças dos fãs
era que você conseguisse atingi-lo mais do que os outros oponentes que o
haviam enfrentado antes. De certa forma, você conseguiu
desestabiliza-lo em alguns momentos da luta e para muitos venceu o
primeiro round, mesmo que os juízes tenham dado vitória para Jones. O
que desse primeiro combate você procuraria manter e o que você mudaria
para um segundo confronto com Jones?
Eu acho que não mudaria. Eu manteria o ritmo que procurei impor no
primeiro round durante todo o combate. Eu acho que esse seria o melhor
caminho para mim.
Jon Jones finalizou Lyoto Machida no UFC 140, em dezembro de 2011 (Foto: Getty Images)
Você acredita que o corte na sua testa, após uma cotovelada de Jones, prejudicou muito seu desempenho no primeiro confronto?
Prejudicou demais. Se formos fazer um retrospecto da luta, eu acho que
venci o combate até o momento do corte. Mesmo no segundo round, eu acho
que estava na frente dele. De repente, como luta é luta, ele me colocou
para baixo e acertou uma cotovelada. Isso mudou o rumo da luta. Meu olho
ficou cheio de sangue na hora e eu não conseguia enxergar nada. Eu
pensei em ir para o tudo ou nada, pois não conseguia ver quem estava na
minha frente. O UFC não permite que o juiz interrompa a luta para limpar
o ferimento e eu desconhecia esse fato. Eu achava que o juiz podia pelo
menos parar para limpar o olho, pois assim a luta seria mais justa.
Apesar disso, se faz parte da regra, eu tenho que aceitar isso e tudo
bem. Depois disso, eu tenho que pensar em uma próxima luta.
Após você ter recusado o combate com Jon Jones, no UFC 151,
Dana White falou que você precisaria fazer mais uma luta antes de ter
uma nova oportunidade pelo cinturão. Um dos confrontos que vem sendo
cogitados para você é contra Dan Henderson. Tem alguma verdade nisso? O
que você acha dessa luta?
Eu acho que essa luta com Dan Henderson já era para ter acontecido
antes. Tanto eu quanto Dan Henderson já tentamos fazer essa luta, mas
não houve a possibilidade. Agora, eu acho que seria uma grande
oportunidade. As pessoas estão cogitando e parece que o Dana White
comentou alguma coisa. Apesar disso, nada foi oficializado, nem comigo e
nem com ninguém. Por enquanto são só boatos, mas que podem se tornar
verdades em um futuro breve.
Dan Henderson pode enfrentar Lyoto Machida
(Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)
Qual a sua previsão de retorno após a recuperação da lesão?
Você pensa em lutar em algum card deste ano ou somente no ano que vem?
Em 15 ou 20 dias, eu acho que já estou voltando aos treinamentos. Eu
acho que estarei preparado para lutar no dia 29 de dezembro (no UFC
155). Eu acho que até lá terei tempo de voltar a treinar e de me
recuperar. Caso não aconteça, em janeiro também será uma boa
oportunidade.
Uma das coisas que Jon Jones declarou, quando seu nome foi
cogitado para fazer uma revanche com ele, é que ele não achava que seria
um confronto interessante, já que o primeiro combate de vocês teve a
menor venda de pacotes de pay-per-view nas lutas dele e que ele já o
havia derrotado recentemente. O que você achou dessa declaração?
Eu acho que ele não foi feliz nessa declaração. Eu não tenho muito que
falar porque eu conquistei essa oportunidade mais uma vez, após ter
vencido o combate com Ryan Bader. Eu acho que eu realmente sou o
primeiro da fila. Como campeão, ele pode até se expressar na hora que
ele quiser, mas é uma luta que tem uma tendência a acontecer daqui a
alguns meses.
Também foi cogitado um terceiro confronto entre você e Maurício
Shogun, apesar de ele estar com um confronto marcado para o dia 8 de
dezembro, contra Alexander Gustafsson. Inclusive, vocês já chegaram a
afirmar que gostariam de ser treinadores de uma edição do The Ultimate
Fighter, se enfrentando no final do reality show. Você acha que tem
alguma chance de isso acontecer?
Eu acho que a chance dessa terceira luta acontecer existe (Lyoto ganhou
o primeiro confronto e Shogun o derrotou na revanche). Tanto eu como
Shogun gostaríamos que essa luta viesse a acontecer em uma edição do
TUF. Seria uma grande luta. Nós já fomos campeões e nós merecemos essa
oportunidade no TUF também. Eu gostaria de promover essa luta e teria um
grande apelo do público.
Lyoto quer enfrentar Shogun no TUF Brasil
(Foto: Reprodução/Youtube)
Alguns rumores apontam para uma nova edição do TUF Brasil
ocorrendo em janeiro de 2013. Você acha que vocês estariam preparados ou
pensa que seria melhor em uma outra oportunidade?
Eu acho que o início de 2013 seria uma boa data.
Você chegou de uma forma avassaladora no UFC, utilizando
técnicas de caratê e socos de encontro, surpreendendo muitos adversários
e fãs de MMA. Nocauteou o Rashad Evans para conquistar o título dos
meio-pesados e ele era um atleta que muitos viam como um adversário duro
de derrubar. Após vencer o cinturão, você ouviu críticas de pessoas que
diziam que você andava para trás em suas lutas e que passou a lutar com
as regras debaixo do braço. Em seus últimos combates, mesmo na derrota
para o Jones, você voltou a partir para cima e adotar uma postura
agressiva. Como você analisa tudo isso?
As mudanças ocorrem todos os dias com qualquer ser humano e dentro da
luta isso também acontece. Eu estou sempre procurando melhorar e procuro
ouvir as críticas também, pois isso é muito importante para o nosso
crescimento. Eu realmente mudei alguns detalhes no meu treinamento e
algumas coisas que é difícil explicar, mas que deram resultado. Eu acho
que, daqui para frente, ainda terei grandes lutas.
Eu acho que estarei preparado para lutar no dia 29 de dezembro (no UFC 155)"
Lyoto Machida
O Rogério Minotouro, que é seu amigo e que treina junto com
você, irá completar um ano sem lutar. Você acha que ele continua entre
os postulantes ao título? Acredita que ele irá retornar bem? Como está a
recuperação dele?
O Minotouro é um grande atleta. Ele sempre fez frente aos grandes
adversários e sempre figurou entre os postulantes ao cinturão, com
chances de ser campeão. Às vezes, por um fator externo, ele ainda não
conseguiu chegar ao seu objetivo, mas com certeza ele terá sua
oportunidade. Ele está na fase final de sua recuperação e já está
treinando duro. Eu conversei com o Rodrigo (Minotauro) recentemente e
ele disse que o irmão está voltando. Na nossa categoria, tudo pode
acontecer. Com certeza, se ele vier a fazer uma ou duas grandes lutas,
pode se tornar um futuro desafiante pelo título.
Você acredita que o meio-pesado é hoje a categoria mais
disputada do UFC? Acha que o Jon Jones, como muitos acreditam, é tão
dominante hoje na categoria?
Eu acho que essa categoria era mais disputada, mas ainda é uma
categoria muito disputada mesmo com Jon Jones tendo um grande domínio.
Eu acho que essa categoria tem grandes atletas, que conseguem unir
força, técnica e velocidade. Não digo que o melhor atleta está nessa
categoria, mas grande parte dos atletas fortes, técnicos e rápidos fazem
parte dela. Isso torna a categoria difícil, pois todo oponente é duro.