Neymar viajou 14 horas de Estocolmo, na Suécia, até Florianópolis, pois
estava com saudade de jogar pelo Santos. A prova disso, para o azar do
Figueirense, foi mostrada na noite desta quinta-feira, na vitória do
Peixe por 3 a 1 sobre o time catarinense, no Estádio Orlando Scarpelli.
Com golaço e assistência do craque de moicano para Paulo Henrique Ganso,
o Peixe venceu e desencantou fora de casa, já que não havia marcado
nenhuma vez como visitante no Brasileirão. Bruno Peres, também com belo
gol, fez o outro do Santos. Fernandes marcou o do Figueira.
Mesmo saindo na frente e ficando com um a mais durante certo tempo, o
Figueirense não conseguiu aproveitar a vantagem e levou a virada num
jogo marcado por duas expulsões logo no início - Juan, do Santos, e
Túlio, do Figueirense, foram corretamente expulsos pelo árbitro mineiro
Emerson Ferreira por faltas violentas em Caio e Neymar, respectivamente.
Com o resultado, o Santos fecha a rodada na 14ª posição com 20 pontos,
quatro acima da zona do rebaixamento e 11 abaixo do G-4. Já o
Figueirense permanece na lanterna com 11 pontos, cada vez mais ameaçado
pela degola.
O próximo jogo do Santos será o clássico contra o Corinthians, domingo,
às 16h, na Vila Belmiro. Será o reencontro das duas equipes após as
semifinais da Libertadores. Já o Figueirense pega o Grêmio no Olímpico,
também no domingo, às 16h.
Neymar parte para cima da marcação do Figueirense (Foto: Rubens Flores / Agência Estado)
10 contra 10 eletrizante
Nove retornos do lado do Figueirense, de jogadores que estavam no
departamento médico, entre eles o do capitão Túlio. No Santos estavam de
volta os astros Ganso e Neymar, além do goleiro Rafael, recuperado de
lesão, e mais a estreia de André, recém-contratado. Ingredientes de
sobra para um jogo emocionante e corrido. Todos confirmados quando a
bola rolou.
Armado no 4-4-2 em losango no meio de campo, com Jackson na contenção,
Claudinei na direita vigiando Neymar, Túlio pela esquerda como terceiro
homem e Fernandes livre na criação, o Figueirense começou pressionando. E
achou no lado direito, defendido por Juan, um caminho de ataque.
Enquanto isso, o 4-2-3-1 de Muricy Ramalho parecia ser eficiente no
papel, mas nem sequer teve tempo de mostrar serviço. A formação só durou
12 minutos. O tão esperado quarteto Patito Rodriguez, Ganso, Neymar e
André foi desfeito por conta da expulsão (justa) de Juan, que, sendo o
último homem, fez falta por trás em Caio. Até aquele momento, o Peixe
havia assustado só em bola parada com Neymar, defendida por Wilson. E se
retraiu ainda mais quando Caio, com muita velocidade, deixou para trás
Adriano e foi parado pelo lateral-esquerdo com carrinho por trás. Não
fosse a falta de Juan, o atacante sairia livre contra Rafael.
A expulsão foi a senha para o Figueira ir para cima e tomar conta do
jogo. Em dividida de cabeça entre David Braz e Aloisio, a bola espirrou e
quase encobriu Rafael, aos dez. O atacante do time catarinense ainda
receberia mais bons passes dos companheiros na etapa inicial, mas em
todos pecou nas conclusões.
Ainda assim, o time mandante teve duas ótimas chances de marcar com o
próprio Aloisio que, de cabeça, acertou o travessão de Rafael, aos 24
minutos, e Caio, o melhor do Figueira, em bomba de fora da área
defendida por Rafael, no lance seguinte.
O Santos vivia de lampejos de seus craques. Num deles, em bela linha de
passes entre Neymar, Ganso e André, o craque de moicano, maior alvo da
torcida do Figueira, perdeu gol inacreditável. Ele recebu totalmente
livre cruzamento da esquerda de Gerson Magrão. Teve tempo de dominar,
mas tirou demais de Wilson, chutando à esquerda do gol, aos 28 minutos.
Muricy ficou uma fera - o técncio gritou no banco que Neymar deveria ter
tentado driblar o goleiro antes de finalizar de chapa. Para sua sorte,
dois minutos depois, o volante Túlio "compensou" seu gol perdido, dando
uma tesoura duríssima no próprio atacante. Acabou expulso.
Neymar comemora seu gol, o primeiro do Santos em Floripa (Foto: Cristiano Andujar / Agência Estado)
Gols relâmpagos e virada santista
Dez jogadores para cada lado e mais espaço no campo. O panorama já
sugeria ainda mais correria no segundo tempo, com gols. Em cinco
minutos, um para cada lado, de dois ícones dos dois clubes.
Aos dois, inversão de papéis entre o centroavante Aloisio e o meia
Fernandes, ídolo do Figueira. Pela esquerda, o camisa 9 teve calma,
driblou e cruzou bola perfeita para o principal armador do time
catarinense cabecear e vencer Rafael, que espalmou em vão. Foi o seu gol
de número 108 com a camisa do Figueirense, pelo qual já tem mais de dez
anos somando as três passagens. Ele é o maior artilheiro da história do
clube.
O gol poderia abalar o Santos, mas quem tem Neymar em campo sempre pode
esperar algo diferente e espetacular. E se alguém pensava que o jogador
poderia estar cansado pela viagem de 14 horas entre Estocolmo e
Florianópolis, a resposta veio aos cinco minutos. Da esquerda para o
meio, ele tirou Fred e Claudinei. De fora da área, finalizou de chapa no
ângulo esquerdo de Wilson, sem chances. Chegou ao gol de número 112 com
a camisa do Peixe.
A resposta poderia ter vindo com Aloisio, que perdeu duas boas chances
de colocar o Figueira à frente aos sete e dez minutos. Na primeira,
errou o alvo, e na segunda novamente parou em Rafael.
Neymar, o mais provocado pela torcida do Figueira, tentou decidir
servindo Miralles, argentino que substituiu André e parou em Wilson, aos
24 minutos. Mas foi Bruno Peres o responsável pela virada, em jogada à
lá Neymar. Curiosamente, antes ele havia protagonizado jogada bizarra,
ao pisar na bola e provocar risos dos torcedores. Acabou se redimindo
com sobras, ao puxar da direita para o meio, driblando boa parte da zaga
do Figueira, e marcando aos 31 minutos.
Na sequência, o Peixe matou o jogo. Miralles, que entrou muito bem,
enfiou para Neymar. Livre, o craque de moicano viu bem Ganso ainda mais
solto ao seu lado e rolou para o meia empurrar para a rede, aos 39
minutos. O gol fez boa parte dos torcedores deixarem o estádio, com
exceção, claro, dos santistas, que comemoraram a vitória ao som de
"olé". Nem a ótima chance desperdiçada por Almir nas mãos de Rafael
acabou com a festa dos visitantes.