Faber: "Vejo a vitória por nocaute ou finalização de Chad no quarto round"
Veterano da Alpha Male esteve em shopping na zona norte
do Rio e falou sobre Nova União, Cruz e sua preferência por lutar em
cards preliminares
Por Marcelo Russio
Rio de Janeiro
Faber saboreia um sorvete com açaí durante o evento
em shopping no Rio de Janeiro (Foto: Marcelo Russio)
Urijah Faber
nunca lutou fora da América do Norte - atuou apenas nos EUA e no Canadá
- mas sua fama como um dos maiores atletas do MMA mundial cruza
fronteiras e o faz ser uma peça importante na globalização do UFC.
Presente na última quarta-feira a um evento promocional em um shopping
localizado na zona norte do Rio de Janeiro por conta do UFC Rio 5, que
acontece no próximo sábado, Faber teve a companhia de Bethe Correia e
Rafael dos Anjos, além das ring girls Camila Oliveira e Jhenny Andrade.
Antes de dar autógrafos e tirar fotos com centenas de fãs presentes ao
local, o veterano saboreou um sorvete com açaí e conversou com o
Combate.com sem fugir da pergunta sobre como seu pupilo,
Chad Mendes, deve se sair contra
José Aldo na luta principal, que vale o título dos penas da organização.
- Se eu pudesse escolher, eu diria que um nocaute no primeiro round,
para dar o troco da primeira luta seria o ideal. Mas, colocando os pés
no chão, acho que a luta será decidida nos rounds finais. Acredito muito
em um nocaute técnico ou finalização no quarto round. Não vejo
fraquezas em José Aldo. Talvez aconteça com ele o que pode acontecer com
todos nós, por ser seres humanos, é o cansaço no fim da luta. Já
aconteceu antes, mas o que faz dele um campeão é, entre outras coisas,
conseguir manter o ritmo alto de luta mesmo estando cansado e
desgastado. Se houver uma fraqueza nele, acredito que sejam os rounds
finais.
Faber também falou sobre vir sendo escalado para lutar nos cards
preliminares dos eventos. Ao contrário do que se possa imaginar, ele se
disse feliz.
- Não me incomoda lutar no card preliminar. Gosto de estar no grande
evento. Acho que as pessoas não entendem muito bem como funciona o
pay-per-view. Só vale à pena estar no card principal de um evento que é
transmitido em pay-per-view se você recebe uma parte das vendas além do
seu salário normal. Para mim, faz mais sentido estar na parte do evento
que é transmitido de graça em TV aberta, porque sou visto por milhões de
pessoas. O pay-per-view do meu último card vendeu cerca de 450 mil
pacotes. O card preliminar foi visto por mais de um milhão de pessoas, e
isso me interessa muito mais agora, porque se não ganho mais por estar
no card principal, que é transmitido em pay-per-view, então que eu seja
visto por muito mais gente.
Centenas de pessoas acompanharam a sessão de autógrafos e fotos do UFC no Rio (Foto: Marcelo Russio)
Confira a entrevista de Urijah Faber na íntegra.
Combate.com: Expectativa para os membros da Alpha Male no UFC Rio 5
Urijah Faber: Espero grandes lutas e grandes vitórias de Chad
Mendes e Andre Fili. É uma revanche para o Chad, que melhorou muito
desde a primeira luta entre eles. A forma como ele se desenvolveu e
lutou nos últimos anos, e principalmente como venceu todas suas lutas
após aquela derrota me mostrou que hoje ele é um lutador muito diferente
de antes, e que fará uma luta totalmente diferente daquele dia.
Como a Alpha Male pretende manter um ou dois cinturões mais tempo do que a Nova União?
É difícil responder o que podemos fazer diferente deles para manter
dois cinturões por mais tempo que eles mantiveram os deles. O MMA é um
esporte individual, não podemos controlar a forma como as lutas
acontecem, mas podemos controlar a nossa mentalidade e a forma como nos
preparamos e enfrentamos as nossas lutas. Temos que nos manter
positivos, trabalhar muito e ser inteligentes nos nossos treinos. Acho
que a rivalidade entre a Alpha Male e a Nova União está longe de acabar.
Somos dois dos melhores times do mundo, temos os melhores treinadores e
atletas de altíssimo nível.
Chad Mendes está, na opinião de Faber, no seu auge
como lutador profissional (Foto: Evelyn Rodrigues)
Nível de Chad Mendes hoje
Chad hoje está no seu auge, com certeza. As pessoas podem não saber,
mas ele respondeu a algumas entrevistas do Aldo mostrando um jornal
local da sua cidade quando ele tinha 12 anos. Ele treina forte desde os
seis anos de idade, e trará essa bagagem consigo para a luta de sábado. O
MMA é um esporte novo, se compararmos com os treinos e as competições
de que ele participava desde muito cedo. Leva tempo para que um atleta
como ele aprenda a trocar em pé em alto nível e se sinta confortável com
esse tipo de luta. Mas Chad é um vencedor, e por isso ele vai disputar o
título mundial pela segunda vez.
Conselho para seu pupilo sair com o cinturão dos penas
Meu principal conselho a Chad para a luta contra Aldo é ter em mente o
plano de luta que foi desenvolvido exaustivamente nos últimos meses
pelos nossos treinadores. Também é importantíssimo estar preparado para
uma guerra. Não importa o que um ou outro façam, vai ser uma guerra. Não
tenham dúvida disso. Mas há aspectos importantes a prestar atenção.
Aldo tem chutes baixos devastadores, é muito explosivo, mas Chad tem que
estar preparado para isso, porque já vimos na primeira luta que Aldo
estará preparado para o que Chad pode fazer. Acho que Chad estava indo
muito bem na luta em pé na primeira luta contra o Aldo. Ele estava
preparado e estudou muito para aquela luta. Como ele é um grande atleta,
conseguiu diminuir a distância que o separava do Aldo muito rápido e já
estava invicto entre os melhores do mundo quando lutou no UFC Rio 2.
Agora, acredito que a sua evolução tenha se dado por ele ter se tornado
mais completo. Acho que essa é a grande questão para essa luta. TJ e
Chad têm mais ou menos o mesmo perfil, eles se prepararam desde crianças
para serem grandes atletas. Nós dizemos que eles são perigosos até para
si mesmos (risos). TJ se preparou para ser campeão mundial desde a
primeira vez em que pisou em uma academia. Essa é a sua mentalidade, e
era apenas uma questão de tempo até ele ter ao seu redor a estrutura e
as pessoas certas para que ele evoluísse até chegar ao topo do mundo.
Acho que o Chad é muito parecido nesse sentido.
Previsão de resultado para Aldo x Mendes
Se eu pudesse escolher, eu diria que um nocaute no primeiro round, para
dar o troco da primeira luta seria o ideal. Mas, colocando os pés no
chão, acho que a luta será decidida nos rounds finais. Acredito muito em
um nocaute técnico ou finalização no quarto round. Não vejo fraquezas
em José Aldo. Talvez aconteça com ele o que pode acontecer com todos
nós, por ser seres humanos, é o cansaço no fim da luta. Já aconteceu
antes, mas o que faz dele um campeão é, entre outras coisas, conseguir
manter o ritmo alto de luta mesmo estando cansado e desgastado. Se
houver uma fraqueza nele, acredito que sejam os rounds finais.
Acha que José Aldo deve se mudar para os pesos-leves?
Não gosto de dizer aos lutadores o que eles devem fazer. Mudar de
categoria é a lgo que apenas o atleta e seu treinador conseguem decidir.
Já tendo lutado entre os penas e entre os galos, eu posso dizer que
gosto de lutar na categoria de cima, principalmente por ter menos peso a
perder. Mas eu já fiquei lado a lado com Aldo, e ele não é tão grande
quanto Anthony Pettis, por exemplo. Já treinei muito com Pettis, que é
meu amigo, e ele é um cara bem grande. Fora de treino, ele pesa
normalmente 86kg. Aldo teria muita dificuldade de vencer um atleta desse
tamanho.
Duane Ludwig está no Brasil para ajudar na preparação
de Chad Mendes para a luta (Foto: Evelyn Rodrigues)
Presença de Duane Ludwig no Rio
Duane se mudou há cerca de um mês para o Colorado, e nessa
segunda-feira ele abre a sua academia, que sempre foi o seu objetivo.
Não sei o que vai acontecer no futuro, mas se ele se esforçar muito
para ficar no time e vir ajudar os nossos lutadores, há sempre uma
oportunidade para ele fazer parte da equipe. Com Chad, ele trabalhou no
começo dos treinos, e depois na segunda metade e veio para o Brasil para
ajudar. Tudo depende do seu relacionamento com alguns dos nossos
atletas, mas ele sempre será bem-vindo, por ser uma grande vantagem
tê-lo ao nosso lado. Se for bom, estaremos juntos.
Luta contra Francisco Rivera
Nada no UFC me surpreende. As pessoas confundem notoriedade com
habilidade. Muita gente tem um ou outro. Eu tenho um pouco dos dois.
Quando luto, sempre parece que estou enfrentando alguém não tão bom,
porque estou nesse negócio há um bom tempo. Rivera é muito bom, tem
socos fortes e é muito talentoso. Espero uma luta muito dura, mesmo ele
não estando no top 10. Acho que tudo está montado ao redor de TJ na
categoria. Ele é o rei, e não me incomodo com isso. Teria que acontecer
muita coisa para que eu lutasse com TJ. Eu teria que vencer várias lutas
e ele teria que defender seu cinturão algumas vezes. Normalmente uma
luta assim acontece quando o UFC nos procura e diz que ela tem que
acontecer, e só então discutimos o assunto. Não quero lutar com ele. Já
fui campeão, estive no topo por muito tempo, construí uma equipe e me
tornei mentor de vários atletas. Esse esporte é diferente para mim
agora, e significa muito mais para mim do que um cinturão. Claro que
quero conquistar o cinturão, e se aparecer uma oportunidade para que nós
dois ganhemos um bom dinheiro nos enfrentando. Muito dinheiro não é o
que eu estou ganhando agora. Muito dinheiro é bem mais que isso (risos).
Vamos ver o que acontece.
Faber diz preferir lutar no card preliminar por ser mais
visto que nos cards principais (Foto: Marcelo Russio)
Lutar nos cards preliminares do UFC
Não me incomoda lutar no card preliminar. Gosto de estar no grande
evento. Acho que as pessoas não entendem muito bem como funciona o
pay-per-view. Só vale à pena estar no card principal de um evento que é
transmitido em pay-per-view se você recebe uma parte das vendas além do
seu salário normal. Para mim, faz mais sentido estar na parte do evento
que é transmitido de graça em TV aberta, porque sou visto por milhões de
pessoas. O pay-per-view do meu último card vendeu cerca de 450 mil
pacotes. O card preliminar foi visto por mais de um milhão de pessoas, e
isso me interessa muito mais agora, porque se não ganho mais por estar
no card principal, que é transmitido em pay-per-view, então que eu seja
visto por muito mais gente.
Rivalidade com Dominick Cruz
Sempre me interesso pelas lutas de Dominick Cruz. Todo mundo sabe que
nós não nos gostamos, mas como tenho certeza que ele vai perder para TJ
Dillashaw, talvez nos enfrentemos depois. Ele é um cara de números e tem
alguns recordes, mas se ele perder para TJ e para mim em seguida, ele
terá sofrido três derrotas na carreira para a mesma equipe. Nada mal...
(risos).
Planos de lutar no Brasil
Eu quero de lutar algum dia no Brasil. Mas eu gostaria de passar o
verão todo aqui primeiro, para me ambientar bem e me acostumar com o
país, fazer alguns amigos (risos). Aí poderia lutar contra quem quer que
fosse. Mas só depois de passar algum tempo aqui. A torcida brasileira é
fantástica. Na primeira vez que estive aqui, vi que existe um nível
diferente de esportividade e rivalidade dos caras daqui. Eles fazem a
"ola", cantam músicas para os atletas, lutam com seus lutadores.
Gostaria que houvesse um pouco mais disso nos EUA. Mas o meu país é
formado por imigrantes. Minha família, por exemplo, vem da Holanda,
Itália e Escócia. Temos orgulho de sermos americanos, mas é uma história
diferente.