McGregor não se intimida no Rio e dispara: "José Aldo, uh, vai morrer!"

Torcedores brasileiros insultam, xingam, vaiam e até desafiam "falastrão" irlandês, que dá show particular em sessão de perguntas e respostas

Por Adriano Albuqueque, Ivan Raupp e Raphael Marinho Rio de Janeiro

Se Chael Sonnen impressionou ao falar mal dos brasileiros em pleno Rio de Janeiro em 2012, Conor McGregor o superou nesta sexta-feira. O peso-pena irlandês, tido como o próximo desafiante número 1 e conhecido por sua língua afiada, não se intimidou frente à torcida brasileira e deu um show particular na sessão de perguntas e respostas que precedeu a pesagem oficial do UFC Rio 5 (UFC 179), no Maracanãzinho.

Conor McGregor beija o muque ao subir ao palco para sessão de perguntas e respostas (Foto: André Durão)

Com um terço das arquibancadas reservado para o evento e lotado de fãs, McGregor, que já deu declarações de que venceria José Aldo com facilidade, suportou insultos, xingamentos, vaias e até desafios da plateia, e os respondeu com desenvoltura, senso de humor e confiança incomuns. Ele já subiu ao palco sob vaias, mas, vestido com um terno listrado e gravata, beijou o muque e disse, "Olá, Senhoritas!" em perfeito português. Logo na primeira pergunta, sobre sua expectativa para a luta de sábado à noite entre Aldo e Chad Mendes, disparou:
- Acredito que vai ser uma boa luta. Mas não importa qual vai ser o resultado. Só tem um campeão aqui, e todo mundo sabe que ele está aqui no palco agora. Eu vou levar o cinturão do garoto da casa - afirmou McGregor, vaiado maciçamente assim que o tradutor Derek Lee repetiu sua resposta em português.
A partir daí, a hostilidade do público cresceu a cada declaração bombástica de McGregor, que não recuava. A apresentadora Paula Sack teve dificuldades para conter os ânimos dos torcedores, que não pegaram leve com o lutador. Quando o famoso grito de "Uh, Vai Morrer!" começou a ecoar pela arena, o irlandês foi para a frente do palco e desafiou:
- Eu ainda estou vivo! Falar é fácil!
Alguns torcedores passaram a emitir desafios ao protagonista, desdenhando de sua faixa-marrom de jiu-jítsu, ao que McGregor respondia positivamente, convidando-os a descer ao palco e enfrentá-lo. Um espectador que disse no microfone ser fã de McGregor foi vaiado tanto que não conseguiu nem terminar sua pergunta. Mais tarde, os gritos mudaram para "O Aldo Vai Te Pegar", ao que McGregor respondeu:
- Obrigado pelo seu apoio, agradeço isso. Mas vocês não são tão fortes como a torcida irlandesa. Um dia veremos Irlanda x Brasil, eu x José Aldo! José Aldo, Uh! Vai morrer!
Confira as melhores declarações de Conor McGregor na pesagem:
Sobre como pretende derrotar José Aldo:
- Nenhum desses pesos-penas aguenta a força do meu gancho de esquerda. Quando eu acertar no garoto da casa, ele vai cair de cara no chão! Enquanto isso, tenho uma luta contra Dennis Siver em 17 de janeiro, em Boston. Escolhi essa luta porque o corpo de José é fraco, e ele vai se machucar. Contra José, eu me sinto confiante. Tentei o meu melhor para ser humilde e dar a ele dois rounds, mas eu não consigo. Vou nocauteá-lo em um round.
Sobre comparações a Chael Sonnen:
- Eu não só falo, eu faço. Sempre que digo algo, eu faço o que disse. McGregor x José Aldo, em um round, vou erguer sua cabeça depois. Chael falava, mas não fazia. Eu falo, mas faço. Não sou o mesmo que Chael Sonnen. Não falo igual, não luto como ele.

McGregor acompanhado de um segurança, do tradutor e da apresentadora Paula Sack (Foto: André Durão)

Sobre derrotas por finalização na carreira, e como enfrentaria um faixa-preta de jiu-jítsu em José Aldo:
- Não dá para passar do meu poder. Ele não vai passar do meu gancho de esquerda. Eu não preciso fazer luta agarrada, ele não aguenta minha força. Simples assim.
Sobre como suportaria o poder de José Aldo:
- Ele não termina uma luta há nove anos. Sempre que passamos aos rounds posteriores, ele se cansa. Como você pode dizer que eu não estou preparado para enfrentá-lo?
Sobre estratégia contra chutes baixos de Aldo:
- Lutar com José Aldo, todo mundo fala dos seus chutes. Mas quando você luta com lutador de postura oposta, seu joelho está protegido. Vou acertar um chute rodado no queixo dele. Acredito que a velha base do muay thai é ultrapassada. Ele fica com os pés chatos. Serei muito rápido, muito ágil para ele. Ele não vai conseguir me achar, vou terminar com ele. O alcance dele é muito pequeno, ele é muito baixo, tem o mesmo biotipo do Diego Brandão. Não vai acertar nada em mim.
Sobre enfrentar José Aldo no Brasil:
- Se eu estivesse lutando no Brasil, estaríamos lutando ao lado, no estádio de futebol com 80 mil pessoas, porque eu loto estádios de futebol. Diferente de seu campeão, José Aldo. Eu adoraria lutar aqui, sem problema. Se quiserem que eu lute com o José amanhã à noite, sem problema!
Mas e o Dennis Siver?
- Dennis é uma luta fácil. Ele é so uma ponte. Vou ganhar dele, vamos levar o José Aldo para a Irlanda, fazer uma luta num estádio de futebol de 80 mil pessoas, e vou ganhar o cinturão. Quando eu bater o José Aldo na Irlanda, eu vou voltar e fazer o evento principal no Brasil, vou defender meu cinturão frente aos meus fãs brasileiros.
Em resposta a um fã que perguntou sobre se McGregor passaria por Siver, Dennis Bermudez e Ricardo Lamas:
- Não sinto confiança nas suas palavras. Você está mencionando outros desafiantes, americanos, não está mostrando confiança no José Aldo.
Sobre vontade de lutar entre os pesos-leves:
- Cem por cento, quero me desafiar no 70kg. Antes de vir ao UFC, eu era campeão em duas divisões. Quando eliminar José Aldo e tomar seu cinturão, vou subir e desafiar o cinturão dos 70kg.
Sobre provocações ao seu corte de cabelo:
- Eu gosto do meu cabelo. "Mamacitas" brasileiras gostam do meu cabelo!
Sobre o fato de a Irlanda não ter campeões mundiais nos grandes esportes:
- Nós teremos um título mundial, vocês vão ver! Os brasileiros nunca mais terão um título depois que eu vencer o José!