Eurico oferece apoio a Dinamite e detona trabalho de Dorival Júnior
Possível candidato em 2014 como
oposição, ex-presidente diz que 'sente que pode agregar' à administração
e não poupa nem Ricardo Gomes
Por GLOBOESPORTE.COM
Rio de Janeiro
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Eurico passeia pelos camarotes no jogo contra o
São Paulo (Foto: Bruno Gonzales / O Globo)
Cada vez mais ativo nos bastidores do Vasco, à medida que mais uma
eleição se aproxima, Eurico Miranda deu seu parecer sobre a interminável
crise no clube, que volta a respingar nos resultados em campo. Em
entrevista à Rádio Tupi, o ex-presidente desta vez adotou tom ameno em
relação a seu sucessor, Roberto Dinamite, e ofereceu ajuda em meio ao
momento conturbado - mesmo já tendo anunciado que será oposição nas
urnas, em 2014. De resto, não poupou ninguém e apontou o dedo na direção
de todos os setores: detonou o trabalho do técnico Dorival Júnior e diz
que reprova Ricardo Gomes na função atual.
Segundo Eurico, parte das dificuldades foram motivadas pela sequência
de dirigentes que deixaram São Januário nos últimos 12 meses e colocaram
o mandatário, seu desafeto de longa data, em xeque.
- As pessoas colocaram o Roberto no mais alto posto e o abandonaram,
largaram. E de repente vejo eles de novo querendo postular, eles que
tinham obrigação de estar do lado dele e o deixaram praticamente
sozinho. O vice de futebol foi embora, o de finanças foi embora, o
primeiro vice-presidente foi embora... Deixaram ele numa situação
extremamente complicada. Ele está se vendo em enorme dificuldade para
resolver os problemas do Vasco, que são muitos - ponderou.
O presidente do Conselho de Beneméritos foi além e mostrou que deseja
participar diretamente do comando para ajudar a evitar que o Vasco seja
rebaixado mais uma vez - hoje, a equipe ocupa a 17ª posição no
Brasileirão e perdeu os últimos quatro jogos.
Hoje me sinto, acima de tudo, que possa agregar ao Roberto, que está
no poder, com alguém que possa ajudá-lo. Ele queria ajuda, isso que é
fundamental. Dificilmente você vai conseguir agregar todas as correntes
do Vasco, mas sim quem quer ajudar com quem está no poder. Me sinto na
obrigação de vir oferecer ajuda, para que aquilo que estou vendo
acontecer, com o tempo que tenho de futebol"
Eurico Miranda
- Eu já disse que se o Vasco tivesse para cair, que eu ia intervir e
fazer tudo que fosse necessário. Hoje me sinto, acima de tudo, que possa
agregar ao Roberto, que está no poder, com alguém que possa ajudá-lo.
Ele queria ajuda, isso que é fundamental. Dificilmente você vai
conseguir agregar todas as correntes do Vasco, mas sim quem quer ajudar
com quem está no poder. Eu me sinto na obrigação de vir oferecer ajuda,
para que aquilo que estou vendo acontecer, com o tempo que tenho de
futebol.
Reprovação a Dorival e Ricardo Gomes
Ao que tudo indica, sua primeira ação seria demitir Dorival. Com
aproveitamento de 42,5% dos pontos disputados, o treinador permanece
prestigiado pela diretoria, mas não escapou de críticas duras feitas por
Eurico, que curiosamente fala em primeira pessoa, como se estivesse no
poder.
- Não posso ter um treinador com o discurso de que estamos fazendo
experiências, porque vai melhorar, acredito no fulano, no cicrano...
Tenho 16 jogos para jogar. O Vasco precisa de sete vitórias, sendo que
três empates é uma vitória, para chegar aos 45, pontuação que permite
não cair. Só que, diante do que está acontecendo, vamos jogar só três em
casa. Perdemos quatro mandos de campo. E com adversários fortíssimos,
um deles o Cruzeiro. Então, acho que tem que trazer o choque, no sentido
de pessoa que conheça, dirigida, com objetividade - declarou o cartola,
emendando na sequência ao pôr a culpa em Dorival.
- O time do Vasco, se é bom, ruim, eu não discuto. Qual o jogador do
Vitória jogaria no atual time do Vasco? O Vasco perde. Com qualquer
outro, o Vasco perde. Então quem é o culpado, o time? O fato de não ter
pago o salário? Evidente que a culpa é do treinador. Culpado direto
nisso. E quando você precisa de um choque de comando, precisa da
mudança. É fundamental que o Vasco hoje tenha um treinador cascudo, que
conheça o Vasco e que não pode ir sozinho, mas com uma pessoa que lhe dê
respaldo.
Para Eurico Miranda, o diretor Ricardo Gomes, responsável pelas
contratações e pelo elo entre o grupo e a alta cúpula, não tem condições
físicas de exercer o papel, apesar dos elogios à sua capacidade. Gomes
não é mais treinador por ter sofrido um AVC em 2011 e ainda estar em
processo final de recuperação, tanto da fala quanto da parte motora.
- Com todo respeito, gosto muito dele, mas o Ricardo Gomes não tem hoje
a condição física, pode ter a intelectual, mas não tem a física para
enfrentar uma barra como essa. Dizer para mim que vai deixar o CEO
(nomenclatura do cargo de Cristiano Koehler) do Vasco resolver e vai
manter da mesma maneira o salário não resolve o problema. Se fosse falta
de salário, tem exemplo em todos os clubes, principalmente aqui no Rio,
como o Botafogo que está lá em cima. O que precisa é de um choque, como
teve o São Paulo trazendo o Muricy. Uma nova filosofia e dizia o
seguinte: "Não venho para resolver, nosso objetivo é fugir do
rebaixamento". Pronto, três partidas e três vitórias - simplificou.
Torcodores se voltam em fúria contra Dinamite após a derrota para o Vitória (Foto: Raphael Zarko)
Com a torcida furiosa pelos maus resultados, Eurico também não tem
passado impune aos protestos e se viu envolvido em episódios
desconfortáveis recentemente no estádio. Na derrota para o Vitória, na
noite de quarta-feira, por exemplo, ouviu ofensas assim como Dinamite. O
ex-presidente lamenta a postura de quem o ataca e garante que não quer
chamar a atenção de ninguém em seu camarote, onde leva seus netos.
- Eu vou aos jogos, para o meu camarote, que é propriedade minha, sento
lá no meu canto e não faço qualquer tipo de incentivo, nem a favor e
nem contra. Assisto, levo meus netos, é o maior prazer que tenho levar
meus netos para São Januário. É evidente que não vou para procurar
confusão, mas infelizmente tem um grupo radical xiita que fica na
expectativa de dizer "Eurico nunca mais", esquecendo que eu sou o
dirigente mais vitorioso na história do Vasco. Não sei se no futebol
brasileiro teve um dirigente tão vitorioso como eu. Eles ficam esperando
uma oportunidade para jogar coisas contra mim - defendeu-se.