CR7 bate recorde, Real esfria "inferno" do Bayern e vai à final da Champions
Craque marca duas vezes, chega a 16 gols em 10 jogos e se torna maior artilheiro
em uma só edição do torneio. Merengues goleiam bávaros por 4 a 0 em Munique
Por Cassio BarcoMunique, Alemanha
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Não foi fácil, mas o
Real Madrid
fez parecer ser. Com um baile tático e
físico, o time espanhol, de Cristiano Ronaldo e companhia, mostrou
frieza diante do "inferno" prometido pelo adversário e fez o Bayern
de Munique comer poeira. Os comandados de Guardiola foram inferiores
durante toda a partida, e não conseguiram frear os merengues, que
aplicaram uma histórica goleada por 4 a 0, na Allianz Arena, e vão à
final da Liga dos Campeões da Europa pela primeira vez após 12 anos, em
busca do sonhado décimo título da competição
(assista aos melhores momentos no vídeo acima).
O
clima de inferno, prometido pela torcida e
diretoria do Bayern, estava lá, desde o começo. Foram 67.500 vozes
gritando a plenos pulmões para apoiar o time alemão. Mas foram
necessários apenas 19 minutos para três homens aparecerem com um
gigantesco
balde de água fria, apagarem o fogo e calarem o estádio.
Os três algozes do Bayern foram Sergio Ramos,
que marcou
de cabeça os dois primeiros gols da partida e se vingou do
goleiro Neuer, após ter sido zombado pelo alemão, quando perdeu um
pênalti na eliminação de dois anos atrás; o técnico Carlo Ancelotti,
destruidor no duelo tático com Guardiola; e, claro, Cristiano Ronaldo.
O
português fechou a goleada: no primeiro tempo, marcou em rápido contra-ataque e celebrou mais um
recorde em sua
carreira com a
alegria de uma criança que acabava de
ganhar um presente que buscava há muito tempo. Dançando com as mãos
espalmadas e movendo uma delas, para somar 15, Ronaldo gritou ao mundo
que é o maior artilheiro
da história em uma só edição da Liga dos Campeões, superando o rival
argentino Messi, do Barcelona, e o brasileiro Mazzola, autores de 14.
Aos 44 minutos da etapa final, brilhou de novo e aumentou a marca: em
uma cobrança de falta genial, bateu por baixo da barreira, à la
Ronaldinho Gaúcho e definiu a goleada. São 16 gols em 10 jogos nesta
temporada da Champions.
Alegria de criança: Cristiano Ronaldo comemora seu recorde (Foto: AFP)
A atuação do Bayern de Munique foi constrangedora. O
atual
campeão da Liga foi um time inofensivo e apagado durante quase
todo o jogo. Guardiola não conseguiu fazer os ajustes necessários para
tornar seu time mais agressivo que na partida de ida.
Do outro lado,
Ancelotti melhorou sua equipe, que desta vez não foi submissa.
Taticamente, continuou explorando somente os contra-ataques, mas
melhorou a marcação. Mérito do italiano, que soube usar a principal
característica de Guardiola contra o espanhol. O Real Madrid marcou só
no ataque e na defesa e deu todo espaço do mundo ao meio do Bayern.
Dali, não saiu nada, porque o time pouco chuta de fora da área, e assim
ficou
mais fácil ao Madrid reduzir os espaços mais perto do gol.
Nesta quarta-feira, o Real conhece seu adversário do
dia 24 de maio, quando será disputada a final da Liga dos Campeões, em
Lisboa. Chelsea e Atlético de Madrid se enfrentam no estádio Stamford Bridge, na
Inglaterra, a partir de 15h45 (de Brasília), para definir quem será o segundo finalista -
o GloboEsporte.com transmite em Tempo Real. A primeira
partida entre os dois times terminou empatada em 0 a 0.
Bayern desolado: time alemão não conseguiu reagir contra o Real Madrid (Foto: Reuters)
REAL MADRID DECIDE EM 19 MINUTOS
O
Real Madrid mostrou desde o começou que seria necessário muito
mais do que somente barulho para fazer o time espanhol se intimidar. O
Bayern, que precisava ser mais agressivo e objetivo, não conseguiu nada
disso e não ameaçou o gol de Casillas nos primeiros minutos. Pelo
contrário, levou sufoco. Bale quase fez um golaço de longe após saída
infantil de Neuer da área, que tentou afastar a bola e tirou mal
de cabeça, jogando nos pés do galês na intermediária.
O clima da semifinal esquentou ainda mais quando
Ribéry dividiu bola no
ataque com
Carvajal, pediu falta, não ganhou, e
peitou o português Pepe. O bate-boca foi rápido, mas o suficiente para
incendiar as arquibancadas, que gritavam o nome do francês. A raiva de
Ribéry, pedida por Guardiola na véspera do jogo, estava ali, mas foi
canalizada do jeito errado. Sobrou depois para Carvajal, vítima de um
tapa do melhor jogador da Europa na temporada passada, eleito pela Uefa
(assista o lance no vídeo acima). Enquanto isso, o Real Madrid continuava
mandando no jogo. Com muito espaço, o ataque merengue conseguiu
sobressair. Di Maria quase abriu o placar aos 12, mas chutou por cima do
gol.
"Estou aqui": Sergio Ramos comemora um de seus gols e prova
que não só de Cristiano Ronaldo vive o Real Madrid (Foto: AFP)
Foi em um contra-ataque de pura imaturidade da zaga
do Bayern que o Real Madrid conseguiu abrir o placar. Ronaldo deu de
calcanhar para Di Maria, que inverteu o jogo para Benzema, e deixou a
defesa adversária perdida. O francês conseguiu dominar e dar mais um
toque na bola antes de Dante aparecer para cortar para escanteio. Na
cobrança de Modric,
Sergio Ramos saltou alto para cabecear sozinho e com
força, para o fundo das redes.
O mesmo Sergio Ramos fez o segundo gol e, com apenas
19 minutos de jogo, despejou um balde de
água fria gigante em todo o
estádio, capaz de apagar o fogo no 'inferno'. O zagueiro decretou o
silêncio quando cabeceou mais uma para o fundo das redes, após cobrança de
falta de Di Maria pela direita.
E o Bayern? Depois de um começo ruim, os dois gols
enfraqueceram ainda mais o time. Seriam necessários, no mínimo, quatro
gols para avançar à final. Mas a raiva e a vontade não foram
transformadas em futebol. Os bávaros não criaram uma chance relevante de
gol na primeira etapa. Absolutamente nada capaz de assustar o
adversário. Impressionante para um time dono da força que tem, e jogando
em casa. Mais uma vez, foram só passes de lado, cruzamentos mal feitos e
tentativas de dribles frustradas.
O terceiro gol do Real Madrid foi uma aula de
contra-ataque, que Guardiola assistiu sentado no banco de reservas. O
semblante do técnico era de quem parecia não acreditar quando, aos 33 minutos, mais uma
vez, os atacantes do Real Madrid fizeram os defensores do Bayern comerem
poeira, e Bale só rolou para
Cristiano Ronaldo, na cara de Neuer, marcar
seu 15º gol nesta Liga dos Campeões, tornando-se o maior
artilheiro da história em uma só edição da competição.
Cristiano Ronaldo bate rasteiro na saída de Neuer para quebrar mais um recorde na carreira (Foto: AFP)
BAYERN NÃO REAGE, E CR7 FECHA O CAIXÃO
O Bayern melhorou no segundo tempo. Muito também porque o próprio
Real, que já tinha 4 a 0 no placar agregado, naturalmente, relaxou um
pouco. Mesmo assim, não foi o suficiente para fazer um gol de honra
sequer. Os alemães não souberam aproveitar as poucas chances que
criaram.
Sem reação: de cabeça baixa, Guardiola pensa em alternativas contra o Real Madrid (Foto: AFP)
A troca do centroavante Mandzukic pelo volante Javi Martinez deixou a
equipe mais solta. Logo aos sete minutos, Alaba teve uma boa
oportunidade, quando chutou de dentro da área do Real, mas a bola foi
desviada pela zaga para escanteio. Era necessário para o Bayern balançar a rede logo,
afinal, se já não é fácil fazer cinco gols em 45 minutos em uma semifinal
de Champions, diante de um time aplicado como o Real, a missão era quase
impossível.
Robben teve sua chance de abrir o placar, aos 12
minutos. O chute do holandês, plasticamente perfeito, com curva
impecável, até pareceu que iria morrer dentro do gol, mas a bola foi
para fora, para lamento dos torcedores que voltavam a gritar na Allianz
Arena. Ribéry, outro de quem se esperava muito, não foi feliz na noite
desta terça-feira. O francês só apareceu bem na partida uma vez, quando
driblou dois na entrada da área, avançou e chutou fraco.
Cristiano Ronaldo bate rasteiro, engana barreira e decreta goleada do Real Madrid (Foto: Reuters)
Götze
substituiu Ribéry e quase fez o gol de
honra aos 20 minutos, na primeira infiltração dentro da área com sucesso
em troca de passes. Mas chutou por cima. Os torcedores começaram a
desistir do Bayern e deixar o estádio aos 35 minutos. Estes devem ter
ficados
agradecidos por não precisarem assistir a mais um momento de gênio de
Cristiano Ronaldo, quando o português cobrou falta por baixo da
barreira, no canto de Neuer, marcou seu 16º gol e fechou o placar em 4 a
0.
Depois do apito final, os merengues vestiram a camisa com a
inscrição: "Por la Décima", em alusão à busca pelo 10º título europeu.
Recado direto para quem for enfrentar na final. O Real engrenou.