Werdum revela mágoa com Spider: 'Nunca mais falei com ele. Nem quero'
Peso-pesado afirma que não estava torcendo por Anderson
Silva na luta contra Weidman e sai em defesa do americano: 'Bloqueio não
foi sorte'
Por Evelyn Rodrigues
Las Vegas
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Sem lutar desde junho de 2013, quando finalizou
Rodrigo Minotauro com uma chave de braço,
Fabricio Werdum sempre
teve uma relação tranquila com o adversário, para quem já tinha perdido
anteriormente em duelo válido pelo extinto Pride, em 2006. Mas o duelo
dos treinadores do TUF Brasil 2 acabou influenciando o relacionamento de
“Vai Cavalo” com outro atleta, a quem ele considerava seu amigo: o
ex-campeão dos pesos-médios do UFC,
Anderson Silva.
Isso porque, na chave de braço, Werdum acabou rompendo o ligamento
lateral do cotovelo esquerdo de Minotauro, amigo e mentor de
Spider.
Após a luta, ainda no octógono, Werdum foi checar se Rodrigo estava
bem, momentos mais tarde ele cumprimentou o córner do adversário, mas
acabou ouvindo uma negativa de Spider, conforme ele mesmo revelou ao
Combate.com em entrevista por telefone:
- Desde aquela luta eu
nunca mais
falei com o Anderson e vou te falar que nem quero. Não quero falar com
ele pelo fato de ele ter feito aquela sacanagem lá. Depois da luta
contra o Minotauro, eu fui e abracei o Rodrigo, abracei o Dórea e falei
assim “E aí Anderson? Me dá um abraço aqui” e ele falou: “Não, abraço
não”. Foi dentro do octógono ainda. Então eu nem tenho vontade de falar
com ele depois disso. Claro que eu não queria que ele tivesse se
machucado daquele jeito na luta contra o Weidman, mas eu não estava
torcendo para o Anderson. Porque eu acho assim, quando você tem um amigo
e é um amigo de verdade, essa pessoa não muda com você ou não te trata
diferente dependendo do lugar em que vocês se encontram. Se eu te
encontro no UFC hoje e trato bem e ai te encontro em outro lugar amanhã e
nem te dou bola, então eu não estou sendo verdadeiro contigo e isso não
é legal. E foi mais ou menos isso o que aconteceu.
Fabricio Werdum revelou mágoa com Anderson Silva após luta com Minotauro. Os dois já haviam treinado juntos antes (Foto: Reprodução )
Werdum afirma que o relacionamento entre ele e Anderson sempre foi tranquilo e que sempre o respeitou como amigo e como atleta:
- A gente sempre se deu bem, dava risada juntos antes, eu brincava com
ele e eu acho que, de repente, o Anderson confunde um pouco as coisas.
Na minha opinião, ele tem uma coisa com o pessoal da
Chute Boxe
das antigas. Ele tem o pé atrás porque, nas antigas mesmo da Chute
Boxe, o negócio ali era complicado. O bicho pegava mesmo. A galera tinha
muita maldade e isso era da cultura deles mesmo. O treinamento era 100%
forte, sem luva, e eu acho que judiaram muito do Anderson na época,
então ele tem aquela mágoa com o pessoal da Chute Boxe. Isso é algo que
eu tenho certeza, ninguém me falou, é algo que eu sinto até porque o
nosso relacionamento sempre foi tranquilo. O Anderson é um cara
engraçado, divertido e, depois que isso aconteceu, eu fiquei muito
chateado, não acreditei que ele fez isso. Eu realmente pedi um abraço e
ele meio que me segurou “Não, abraço não” e já foi meio andando, saindo,
me deu as costas - disse, para logo em seguida completar.
O Anderson é um cara engraçado, divertido e, depois que isso
aconteceu, eu fiquei muito chateado, não acreditei que ele fez isso. Eu
realmente pedi um abraço e ele meio que me segurou 'Não, abraço não'"
Fabrício Werdum
- Se você olhar bem o vídeo da luta, dá para ver ele fazendo isso. O
Dórea me abraçou, o Minotauro me abraçou na boa e por que ele não me
abraçou? Quer dizer que ele não era meu amigo verdadeiro, nunca foi na
real, mas eu acho que ele confunde porque eu nunca fui da Chute Boxe no
mesmo tempo que ele. Eu fui da Chute Boxe depois que ele saiu, mas eu
nunca treinei lá quando ele estava lá. Quando eu cheguei na Chute Boxe,
todo mundo foi embora. Eu fui "pé frio" porque sempre quis treinar lá,
mas quando cheguei, o
Wanderlei Silva
e o Anderson já tinham ido embora, aí uma semana depois o Shogun foi
embora, depois o Dida, depois o Ninja e eu fiquei sozinho. Só ficou o
Cyborg e aí, quando o Rafael Cordeiro saiu, eu resolvi vir atrás dele
nos EUA. Eu já estava numa situação mais ou menos, já tinha perdido para
o Cigano, então eu quis vir para os EUA para treinar com os melhores do
mundo, porque na verdade a ideia foi da minha esposa e eu vim. E foi a
melhor coisa que eu fiz - desabafou Werdum.
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Apesar de revelar a mágoa com o ex-amigo, o brasileiro afirma que ficou
chateado pela lesão do ex-campeão, mas explica que não estava torcendo
por Spider no duelo contra Chris Weidman, em 28 de dezembro:
- É óbvio que eu não queria que ele se machucasse daquele jeito,
porque pode acontecer comigo ou com qualquer um. Foi uma lesão muito
grave, mas eu não estava torcendo para ele. Também não estava assim
torcendo para o Weidman. Eu estava comentando a luta em um canal de TV
em espanhol e eu tenho que ser imparcial. Mas vou ser bem sincero, eu
não estava torcendo para o Anderson, também não estava torcendo pelo
Brasil não perder o cinturão para os EUA. Nesse ponto, eu não queria
saber de nada. Depois do que o Anderson fez na luta contra o Minotauro,
eu o tirei da minha lista de amigos…porque eu me considerava amigo dele,
né? Mas tudo bem, fazer o quê…
Fabricio
Werdum, que trabalhou no UFC 168 como comentarista, revelou que não
torceu por Anderson Silva (Foto: Agência Getty Images)
Quanto ao desempenho de Spider no octógono, “Vai Cavalo” disse que não
achava que o brasileiro iria recuperar o cinturão. Ele também elogiou a
performance de Chris Weidman, dizendo que o tipo de bloqueio que o
americano fez no golpe que causou a lesão de Anderson é algo que poucos
atletas conseguem fazer:
O Chris segurou muito bem a luta por cima ali, na cotovelada, ele estava batendo forte. E aquele bloqueio, ele treinou aquilo"
Fabricio Werdum
- Eu acho que o Anderson ia perder de novo. O Weidman entrou muito bem,
estava bem confiante realmente, acertou um knockdown no primeiro round.
E a lesão não aconteceu logo no começo da luta, pois se tivesse sido no
começo a galera ia dizer: “Pô, de novo? Ele é pé frio!”. Mas não foi
isso que aconteceu. O Weidman começou bem, mostrou que estava bem,
ganhou o primeiro round muito bem do Anderson, deu um knockdown. Na hora
em que ele foi dar a joelhada, ele clinchou e acertou um socão e o
Anderson caiu e deu para ver nitidamente que os olhos dele viraram. O
Chris segurou muito bem a luta por cima ali, na cotovelada, ele estava
batendo forte. E aquele bloqueio, ele treinou aquilo. O Weidman não é um
especialista na parte em pé e claro que ele não bloqueou esperando
quebrar a perna do Anderson, porque isso não existe, mas ele bloqueou de
uma maneira que ele estudou sim, ainda mais porque o Anderson é canhoto
e ele bloqueou com a perna esquerda cruzando. Normalmente a pessoa
bloqueia com a outra perna. Mas ele bloqueou com a perna cruzando e isso
é um bloqueio de muay thai mesmo e poucas pessoas fazem esse tipo de
bloqueio cruzando. Não foi um bloqueio sem querer. Mas claro que
surpreendeu, foi uma cena muito forte, todo mundo ficou surpreso, mas
aconteceu. A lesão foi um acidente, mas eu acho que o Weidman ía ganhar
por pontos, porque o Anderson é um cara duro de ser nocauteado, mas o
Weidman faz aquele jogo de botar para baixo e ficar por cima e ia
acabar ganhando por pontos essa revanche.
Fabrício também aproveitou para falar sobre o TUF Brasil 3 e a rivalidade entre Wanderlei Silva e
Chael Sonnen.
O programa, que deve começar a ser gravado ainda em janeiro no Brasil,
terá provavelmente uma participação especial do peso-pesado como
treinador convidado do time de Wand:
- O Wanderlei me convidou para fazer parte do time, mas eu tinha a
intenção de lutar contra o Cain e não ia poder participar. Agora pintou
essa luta contra o Travis Browne, mas eu vou fazer uma visita para o
Wanderlei lá. Eu acho que vou ficar uma semana no TUF, vou participar um
pouco. O Wanderlei está agilizando essa parte. E eu acho que vai ser o
TUF mais visto e o mais polêmico de todos. A galera vai gostar mesmo,
porque o Wanderlei é um cara que vende muito, ele é verdadeiro, fala
realmente o que pensa, não faz onda, não faz média com ninguém, é
autêntico e eu adoro ele por isso. Quando estamos juntos, damos muita
risada, mas quando ele dá entrevistas e tal ele fala a verdade. É por
isso que todo mundo gosta do Wanderlei. No TUF Brasil 1, o Vitor
Belfort foi meio querido no começo, mas depois a galera começou a ver
que não era verdadeiro. E o Wanderlei é engraçado naturalmente, né? E a
galera vai querer ver justamente por essa rivalidade entre ele e o
Sonnen, que além de tudo é americano. Vai ser o TUF mais visto com
certeza.
Werdum
afirmou que irá fazer uma participação especial no TUF Brasil 3, no
time de Wanderlei Silva contra Chael Sonnen (Foto: Getty Images)
Amigo e companheiro de treinos de Wanderlei, “Vai Cavalo” afirma que o
brasileiro está aprontando algumas surpresas para o time de Sonnen
dentro da casa:
- O Wanderlei com certeza vai querer fazer várias sacanagens com o
Sonnen, tem várias legais. Ele já me falou que vai ter uma sacanagem bem
boa, é que eu não posso contar (risos). E a galera da casa vai mostrar
aquela vontade, mostrando para o Brasil cada vez mais o que é o MMA.
Para os fãs mesmo, é fácil, a galera que gosta vai assistir. Mas o
objetivo mesmo do programa é atingir as pessoas que não conhecem o
esporte, para poder divulgar mais ainda e para eles verem que é um
esporte sério e seguro. Eu sei disso porque eu vou muito para vários
países pelo UFC para justamente divulgar isso falar sobre o MMA nas
entrevistas. No fundo a gente está falando para o público que não
conhece, que quer conhecer. Então justamente por isso acho que o TUF
Brasil 3 tem tudo para atrair a curiosidade de quem nunca ouviu falar
sobre o esporte. - finalizou.