Ex-pizzaiolo e triatleta, padrasto diz que Medina tem QI de superdotado
Treinador do surfista, primeiro campeão mundial na modalidade, Charles Rodrigues trocou SP pela vida na praia de Maresias. Orgulhoso, elogiou Gabriel: "Um monstro"
Charles leva prancha para Gabriel Medina em Pipeline (Foto: Pedro Gomes Photography)
Eles
se conheceram quando Gabriel Medina ainda era um menino de oito anos,
mas construíram uma relação de pai e filho como se tivessem se conhecido
por toda a vida. Paulistano de Vila Nova Conceição, filho de
engenheiro, Charles Rodrigues deixou o curso de arquitetura na
Universidade Presbiteriana Mackenzie para viver perto da praia. Mudou-se
para Maresias, trabalhou como ajudante de pizzaiolo e depois virou
proprietário de uma loja de produtos de surfe na cidade de São Sebastião
(SP), onde conheceu e se apaixonou por Simone. Ela já era mãe do
surfista e de Felipe, que sonha em se tornar jogador de futebol. Depois,
veio Sophia, a caçula, fruto da união. Charles era triatleta e sempre
gostou de surfar, sendo uma das maiores influências do atleta, ao lado
da mãe, bodyboarder.Foi o padrasto quem deu a primeira prancha para Medina, quando ele tinha 10 anos, e ensinou a ele os primeiros passos no esporte. Mas, o paulistano diz que o filho tem um talento nato, como um dom divino, e um QI impressionante para tomar decisões no mar. Em Maresias, eles foram evoluindo juntos e, hoje, chegaram ao auge, com o primeiro título mundial do Brasil no surfe.
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Falando como pai, não sei se estou exagerando, mas eu acho o Gabriel um
superdotado. Ele tem um QI esportivo muito alto. Todos têm um dom ou
fazem alguma coisa melhor, e o Gabriel tem o dom de surfar. Ele consegue
tomar uma decisão diferente dentro da bateria rapidamente. Posso até
combinar com ele um negócio, mas lá dentro ele muda a estratégia,
percebe algo, é muito inteligente. Desde pequeno, ele é assim. Eu
chegava para ele e falava para fazer de tal jeito, que a manobra seria
mais bonita. Aí ele fazia o jeito que achava e usava o corpo dele para
fazer uma manobra melhor. A inteligência é o ponto forte dele - disse
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Treinador do fenômeno, o padrasto acredita que todo o ser humano tem uma missão nesse mundo e a sua foi cuidar de Gabriel. Para Charles, ainda é difícil de constatar que ele menino que viu crescer é o atual campeão mundial de surfe. Era um sonho que eles tinham desde a infância do surfista, quando selaram um pacto.
Charles Medina levanta voo em aéreo em Pipeline, no Havaí (Foto: Pedro Gomes Photography)
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A ficha não caiu, sei que ele ganhou e fez um campeonato belíssimo, mas
este sonho era um que a gente tinha desde que ele era pequenininho. Ele
tinha 10 anos quando a gente fez um pacto. Falamos um para o outro que
ele seria campeão mundial e que iríamos atrás disso. Eu sempre brincava
com ele e falava que a gente podia brigar, mas que eu só iria
abandoná-lo depois que ele fosse campeão mundial. Conseguimos
concretizar isso, o que acabou ajudando na relação de pai e filho. Foi
tudo de bom. A gente fez um negócio ético também, sem prejudicar os
outros, através de treinamento, longe de drogas e festas. Tudo o que um
ser humano tem de fazer conforme a cartilha da família - contou o
padrasto.
Do fundo do baú: Charles, Gabriel e Sophia Medina em foto antiga (Foto: Arquivo Pessoal)
Ninguém
foi mais competente do que Medina nesta temporada. Liderou o ranking em
10 de 11 etapas do WCT e foi campeão em Snapper Rocks, na Gold
Australiana, nas ilhas Fiji e em Teahupoo, no Taiti, em uma grande final
contra o mito Kelly Slater. Na briga pelo título na última parada do
WCT, em Pipeline, no Havaí, desbancou o americano e o australiano Mick
Fanning. Chegou à final do Pipe Masters, levou uma nota 10 em um tubo
impressionante, mas acabou levando uma virada no fim do australiano
Julian Wilson. Mas, nada que tirasse o brilho do jovem de 20 anos, que
assombrou o mundo do surfe e e escreveu o seu nome na história.- O Gabriel sempre foi um menino superbom, obediente e consciente. Acho que a gente ajudou um pouquinho ele, mas o Gabriel é realmente é especial e tem uma maturidade incrível. No esporte, ele é um monstro mesmo - finalizou.