Jaque espera fechar com Pinheiros ou Minas em alguns dias: "Quero muito"
Ponteira bicampeã olímpica confirma propostas e aguarda uma definição para que ela possa abandonar o desemprego e atuar no Brasil: "Está abrindo um caminho agora"
Por David AbramveztSão Paulo
Jaqueline em ação no Mundial deste ano, na Itália (Foto: Divulgação / FIVB)
Bicampeã
olímpica,
Jaqueline reclamou, lamentou e até chorou
em público para deixar
claro
o seu descontentamento com o desemprego, realidade
que ela passou a conviver desde que decidiu realizar o sonho de ser mãe.
Cheio
de saúde, o pequeno Arthur, filho da atleta com o ponteiro Murilo,
também da
seleção brasileira, já tem nove meses de idade, e a busca por um clube
para jogar
no Brasil parecia não ter prazo para acabar. Mas isso mudou nos últimos
dias. De acordo com
Jaque, o destino dela pode ser o Pinheiros ou Minas. A definição vai
ocorrer
até a semana que vem, às vésperas do início da Superliga feminina
2014/2015, no dia 7 de novembro. Calejada, a titular da seleção
brasileira na conquista do
bronze no Mundial da Itália, no início deste mês, mantém os pés
no chão, mas deixa clara a sua enorme torcida pelo fim da novela que ela virou
protagonista.
- Ainda não há nada concreto. Mas eu falei com o Pinheiros e o
Minas. Eles me ligaram e espero que dê tudo certo com um deles. Mas não depende só de
mim, depende deles. Espero que nesta semana ou na próxima, já tenha algo
definido e eu possa falar que encontrei um clube. Eu quero muito jogar, estou na torcida - afirmou Jaqueline.
Pinheiros e Minas confirmaram ao GloboEsporte.com a
negociação com Jaque. Ambos os clubes tentam viabilizar um patrocinador que
banque os salários pedidos por uma das mais vitoriosas jogadoras da história do
vôlei brasileiro. Em troca, ela vestiria a marca da empresa investidora e
poderia participar de campanhas publicitárias. Quem está cuidado do assunto no
clube da capital paulista é o gerente de vôlei, Antônio Berardino. Já no Minas
a incumbência está nas mãos do presidente, Luís Gustavo Viana Lage. Enquanto
não existe um acordo, Jaqueline aproveita o tempo livre para cuidar de Arthur e
ficar mais tempo com o marido Murilo, que se recupera de uma operação reparadora no ombro direito e só voltará a jogar em
2015.
- Está abrindo um caminho agora. Já estou meio cansada de falar
sobre isso e, por enquanto, a minha realidade é essa. Estou aproveitando muito
a minha família: o meu marido e meu filho. Se não der certo dessa vez, eu vou
levantar a cabeça e seguir em frente. Tentei de tudo.
Jaqueline chora durante o Mundial da Itália, no início deste mês, quando ganhou o bronze com a seleção (Foto: FIVB)
Jaqueline mora em São Paulo, onde Murilo defende o Sesi-SP e
tem mais um ano de contrato. Apesar da facilidade gerada por um eventual acerto com o
Pinheiros, ela assegura que não seria problema mudar para Belo Horizonte, caso
o acerto aconteça com o Minas. Ela também diz que está mantendo a forma física
e pode retornar às quadras assim que tiver um clube.
- Na situação que estou hoje não tenho preferência. Sendo no
Brasil, eu jogo no clube que me contratar. Eu vou jogar onde tiver condições de
jogar e me manter. Estou bem fisicamente e posso estrear por um novo clube assim
que tudo estiver certo.
Além da questão financeira, outro fator que vinha
dificultando um acerto de Jaqueline com algum time é a sua pontuação 7 - a
máxima - no ranking da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Por conta disso,
ela não pode fechar com o Osasco, seu último empregador. De acordo com o
regulamento da competição, cada clube só pode ter duas jogadoras com a
pontuação máxima, dada apenas para oito atletas, todas da seleção. E o time da
Grande São Paulo já conta com Dani Lins e Thaisa. Sesi-SP (Fabiana) e Rio de
Janeiro (Natália), os outros dois clubes que contam com os maiores
investimentos no Brasil, teriam vaga e condição financeira de contar com a mãe
de Arthur - Tandara (Praia Clube), Sheilla e Fernanda Garay (ambas na Europa)
são as outras atletas de nível 7.
- O ranqueamento que a CBV
fez me prejudicou. A CBV não fez nada
para me ajudar. Não me ligaram nem para saber como estou. Ninguém. Só o
Zé
(Roberto Guimarães, técnico da seleção feminina). Ele foi a única pessoa
que me
estendeu a mão, quando me convocou para a seleção neste ano mesmo eu
estando sem clube e parada por quase um ano. A minha volta por cima foi
porque o Zé me estendeu a mão -
comentou a ponteira, que teve uma participação de alto nível no Mundial
da Itália.
Jaque elogia Zé Roberto Guimarães que a levou para o Mundial mesmo após longa inatividade (Foto: Getty Images)
Na
semana passada, o diretor geral da CBV, Radamés Lattari, já havia se
pronunciado sobre o assunto. Ele disse que a entidade tinha feito tudo
que era possível para ajudar Jaque.
- Dos 13 clubes que estão participando da competição, o único que tem duas
jogadoras de 7 pontos é o Osasco. Todos os outros clubes têm uma vaga
para jogadora de 7 pontos. Aí é um acordo entre o desejo do clube e o
desejo da jogadora. Não compete à CBV fazer esse tipo de acordo - explicou Lattari.
Jaqueline aproveitou o momento para agradecer ao grande
carinho que ela tem recebido dos milhares de fãs nos seus perfis em rede
sociais e nas ruas de São Paulo, cidade onde vive em um apartamento, na Zona Oeste, com o marido Murilo e o filho Arthur.
- O povo fez campanha na internet e isso pode ter me ajudado
a receber propostas. Eu tenho um número enorme de fãs e estou vendo o carinho
deles diariamente. Eu fico muito feliz. Eu não conquistei as pessoas pela minha
beleza, foi pelo meu vôlei e por tudo que eu passei. Eles ficam felizes com a
minha alegria e querem me ver jogar no Brasil. Espero que isso aconteça.