Para Jones, vitórias sobre Gustafsson e DC o tornariam melhor da história
Campeão peso-meio-pesado do UFC traça plano para "limpar
divisão" e entreter superlutas com pesados em seguida, e nega brigas na
faculdade
Por Evelyn Rodrigues
Las Vegas, EUA
Jon Jones
nunca escondeu que seu objetivo é ser considerado o melhor lutador de
todos os tempos. O atual campeão dos pesos-meio-pesados do UFC acha que
está perto de conquistá-lo. Durante bate-papo com os jornalistas após a
coletiva de imprensa "The Time Is Now", que divulgou o calendário
completo do Ultimate para 2015, o atleta americano afirmou que vitórias
sobre Daniel Cormier, seu próximo adversário, e numa revanche contra
Alexander Gustafsson tornariam indiscutível seu status como melhor
artista marcial peso-por-peso.
Jon Jones já tem o cronograma em mente: Cormier, Gustafsson e pesos-pesados (Foto: Evelyn Rodrigues)
- Sobre eu ser o melhor de todos os tempos, acho que, se eu bater
Gustafsson e DC, como você discorda disso? O argumento acaba ali. Neste
momento, acredito que tenho o melhor currículo na história do esporte,
acho que ninguém bateu em tantos campeões, mas depois disso, bater em DC
e Gustafsson, não importa qual seja seu favorito, não se pode negar que
terei o melhor currículo do esporte. (Quero Gustafsson) Só para deixar
todas as dúvidas para trás. Talvez (conquistar) um daqueles caras que
digam "Talvez eu não goste de Jon Jones, mas ele ganhou a luta." Quando
eu ganhar de Gustafsson uma segunda vez, será, "Você gosta de mim ou
não, não importa, você viu o que viu, eu ganhei claramente." No momento,
eu não ganhei claramente para algumas pessoas. Considero uma vitória,
mas algumas pessoas não consideram. Eu venço Gustafsson e DC, será,
"Este cara ganhou dos caras mais maus dos últimos 10 anos, ganhou de
todos". Como você pode discordar que ele é o melhor peso-por-peso? Este é
meu objetivo. Não estou dizendo isso de um ponto de vista arrogante,
mas porque, droga, é isso que as pessoas deviam querer ser, o melhor -
argumentou "Bones" Jones.
Cormier é o primeiro obstáculo neste plano, no evento principal do UFC
182, em 3 de janeiro de 2015. Em seguida, viria Gustafsson, caso o sueco
derrote Anthony Johnson no dia 24 de janeiro, na Suécia. Depois,
poderia vir a sempre tão comentada subida de Jones ao peso-pesado.
- Isso seria tudo (subir ao peso-pesado). Sempre terá um cara novo (no
meio-pesado). Você ganha de DC, de Gustafsson, agora terá o Anthony
(Johnson), todo mundo vai querer me ver contra Anthony, agora ele é o
(melhor)... Depois desses dois, eu consideraria a divisão limpa. Depois
dessas duas lutas, eu consideraria a divisão limpa e é aí que você
começa a entreter superlutas. As principais superlutas que consideraria
seriam contra pesos-pesados. Treino com pesos-pesados há anos e sei que
posso vencer esses caras, me saio muito bem contra eles. Esse seria o
próximo capítulo - detalhou o campeão.
A revanche contra Gustafsson parece ser uma questão de honra para
Jones, que o derrotou numa controversa decisão unânime no UFC 165, em
setembro de 2013. Uma derrota do sueco para Anthony Johnson, todavia,
praticamente encerraria a possibilidade de um reencontro entre os dois.
- Sim, se Anthony ganhar de Gus, minha revanche contra Gus não seria
tão importante, porque seria, "Cara, você perdeu para mim, você perdeu
para Anthony, você não é um dos grandes". Seria mais para as pessoas que
honestamente acham que eu perdi, deixem-me consertar isso - explicou.
Confira as demais declarações de Jon Jones na entrevista em Las Vegas:
Pesquisa sobre outras encaradas que geraram brigas:
- Eu realmente pesquisei isso, pela razão que eu iria defender meu caso
com isso, quando falássemos com a comissão. "Ei, quando as pessoas
fazem encaradas, elas tocam testas toda hora. Elas tocam nariz com
nariz, lábios com lábios, toda hora, mas o que você não vê é um cara
levar a mão na garganta do outro." Para mim, isso foi onde a verdadeira
(atitude) antidesportiva começou. Eles me multaram em US$ 50 mil e em
quatro horas de serviço comunitário, só porque botei minha testa na
testa dele? Do que estão falando? Esse não foi o começo da briga, o
enforcamento foi o início da briga! As pessoas simplesmente não viram
dessa forma, e aceitei isso. Mas pesquisei sim, vi como Conor McGregor
entra na cara dos outros, aconteceu tantas vezes em tantos casos que nem
consigo lembrar agora. Mas foram os socos que tornaram isso diferente.
Jon Jones ri após dizer a Cormier que "poderiam brigar no palco de novo" (Foto: Evelyn Rodrigues)
Serviço comunitário:
- O que estou fazendo para serviço comunitário é que estou abrindo
minha academia todas as noites por duas horas para o público me assistir
treinando, para eu assinar autógrafos, tirar fotos com as crianças,
ensinar e falar sobre escola ou o que quer que eles queiram conversar
com as crianças, e tem sido uma oportunidade perfeita para eu fazer meu
serviço comunitário. Isso tem me forçado a ficar na academia. Estou
devolvendo para a comunidade.
Importância de derrota para Matt Hamill:
- Ser invicto não muda nada. Estar invicto provavelmente tornaria tudo
mais difícil para mim. Eu colocaria mais pressão sobre mim, me veria de
uma forma diferente. Sei que não sou invencível, eu levo surras no
treino o tempo todo. Ser invicto não é muito importante para mim. De um
ponto de vista de marketing, ser invicto seria incrível para o UFC
promover esta luta, "Jon Jones vs. Blá blá blá, o zero de alguém vai
acabar", seria ótimo para vendas de ingressos, mas, para mim,
pessoalmente, não significa nada.
Sobre Daniel Cormier:
- Não nos falamos, nem nos vimos. Falamos um sobre o outro, mas não olhamos um para o outro. É estranho.
Brincadeira sobre repetir confusão na encarada:
- Sim, eu disse, "Podemos fazer de novo agora, aqui no palco". Foi só
uma piada, não tenho intenções de fazer o que fiz de novo, fora do cage.
Sabiam que aquela foi a primeira "briga de rua" em que entro em 11
anos? Eu não entro em confrontos fora do que faço para viver. O negócio
foi bastante não-característico para mim.
Brigaria com outro lutador fora do cage de novo?
- Eu faria, só porque é parte de quem sou. Não enfrentaria um civil,
que não sabe como lutar. Mas outro artista marcial de alto nível, é o
que eu faço. Nem consideraria agressão quando se briga com alguém que
sabe lutar.
Sobre declarações de Colby Covington, ex-colega de faculdade,
de que Jon Jones brigava e já teria jogado pessoas através de janelas:
- Viram uma entrevista que saiu sobre eu jogar pessoas pela janela?
Aquilo foi mentira total. Esse cara sai do nada e se associa ao meu
nome. Nós nem gostávamos um do outro na faculdade. Não minta e faça
parecer que somos amigos e brigamos com pessoas juntos, tudo isso. Para
com isso, cara.
Motivação:
Toda vez que você tem uma grande luta, você tem que achar sua
motivação. Você tem que lembrar por que você faz isso, o que significa
para você e é isso que eu faço. Toda vez, encontro uma razão pela qual
quero vencer e me seguro nela. Lembro das minhas filhas e lembro dos
objetivos que eu marco para mim mesmo, lembro que os objetivos não serão
fáceis. Ser o melhor de todos os tempos, não é algo fácil de se tentar
ser, sabe? Mas é isso que quero ser. Então, às vezes, quando você fica
cansado, você pensa, "O quanto vale continuar fazendo esse tipo de
coisa?" Você precisa lembrar que vai ser difícil, nem sempre vai ser
divertido, às vezes vai parecer mesmo um emprego, mas você precisa se
levantar, põe para fora e supera, se não por você, mas pelas pessoas que
acreditam em você, como sua família. Sempre encontro motivação nas
pessoas que me cercam, elas querem que eu me saia muito bem, e eles me
mantêm na caça.
Sobre andar com o cinturão:
- Quando eu enfrentei o Lyoto - quer dizer, qual era o nome do cara?
Estou tentando lembrar de todos esses brasileiros... Shogun, quando
enfrentei o Maurício Shogun, seu irmão, Ninja Rua, levou o cinturão para
o cage, e quando vi Ninja com o cinturão sobre Shogun, lembro de sentir
no coração que não havia nada que aconteceria no octógono que me
impediria de sair com aquele cinturão. Aquilo me lembrou de por que eu
estava ali. Eu estava no cage, estava nervoso, entrei primeiro porque
estava no córner azul, estou vendo Shogun e vi o cinturão. Todos o meu
nervosismo foi embora, tudo foi embora, porque eu pensei, "Uau, o
cinturão está logo ali. Posso fazer isso, está tão perto! Estou lutando
pelo cinturão". Me tornei super-humano depois disso, e por isso que
Shogun perdeu tanto, porque eu pude ver o cinturão antes da luta. Eu
nunca levaria o cinturão ao cage, porque, para o desafiante, ver aquilo
logo antes da luta, é como beber um galão d'água antes de entrar no
deserto.
Onde guarda o cinturão?
- Eu mantenho meu cinturão em casa, numa caixa. Levo para os camps de treino comigo. Durante os treinos, mantenho no armário.
Potencial superluta contra Cain Velásquez:
- Seria uma grande luta, cara, seria a luta da minha vida, com certeza.
É isso que importa. Não é divertido participar daquela luta contra o
Gustafsson, sair sangrando, exausto, mas estaria disposto a fazê-lo,
pelo preço certo, principalmente, e pelos fãs. Há muitas lutas que
podemos fazer e ainda receber para isso, mas seria uma coisa mais para
os fãs, porque sei que as pessoas realmente gostariam disso.