sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

À la Ronda Rousey, piauiense dribla resistência dos pais e estreia no MMA

Mirelle Oliveira se prepara para estreia na luta principal do Piauí Fight Gladiators: 'Quero o nocaute, quero colocá-la para baixo no soco', diz atleta sobre adversária

Por Teresina
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Mirelle Oliveira - MMA Feminino (Foto: Emanuele Madeira/GLOBOESPORTE.COM)Mirelle Oliveira provoca adversária antes de disputar luta (Foto: Emanuele Madeira/GLOBOESPORTE.COM)
O dia de Mirelle Oliveira não termina com o baixar dos portões da papelaria onde trabalha. Depois de horas dedicadas ao trabalho, a atendente percorre alguns quilômetros e vira lutadora de MMA. Com uma carreira nova, um desafio assumido e uma luta se aproximando, ela ainda enfrenta a resistência da família quando o assunto é entrar no octógono.No dia 8 de fevereiro, ela fará a luta principal do Piauí Fight Gladiators II.
Há dois meses Mirelle treina forte para estrear no octógono. Nesse período e nos próximos dias, ela intensifica os fundamentos de trocação, tem muita aula de boxe e muay thay.
No treino nada de moleza. Levantar pneu, levantar peso e treinamento de resistência. Tudo isso para nocautear a adversária. Disputando na categoria até 60kg, ela terá pela frente a maranhense Pollyana, com uma experiência de duas lutas, mas o currículo da rival não é suficiente para intimidar a piauiense. Mirella dispara no trash talk e promete aprontar no dia da pesagem.
Mirelle Oliveira - MMA Feminino (Foto: Emanuele Madeira/GLOBOESPORTE.COM)À la Ronda Rousey, Mirelle não dispensa utilizar conhecimentos de jiu jitsu para finalizar adversária no solo
(Foto: Emanuele Madeira/GLOBOESPORTE.COM)
- Eu conheço muito pouco dela. Ela já tem uma experiência de duas lutas, é faixa branca de jiu jitsu. Por mais que eu tenha oito anos no jiu jitsu, não quero levar a luta para o chão, quero o nocaute, quero colocá-la para baixo no soco – desafia Mirelle.
Mirelle Oliveira - MMA Feminino (Foto: Emanuele Madeira/GLOBOESPORTE.COM)Mirelle Oliveira levanta pneu durante treinos (Foto: Emanuele Madeira/GLOBOESPORTE.COM)
Para melhorar sua performance, o treino acontece com os homens. Um dos seus sparings é Uriel Patrick, que já possui participações em outros eventos de MMA no nordeste. Mirelle é a primeira piauiense que vai disputar uma luta de MMA e conta com a confiança do seu técnico.
- Acredito que ela vai vencer. Ela tem o chão muito bom e queremos manter isso forte. Vamos intensificar a parte de luta agora. Ela tem vontade e potencial. Acredito que com a experiência pode até chegar a lugares maiores – analisou Luiz Oliveira.
O evento do dia 8 de fevereiro irá reunir sete lutas entre piauienses e maranhenses onde a luta feminina será a principal do evento.

Donald Cerrone: 'Não tenho a menor ideia de quem seja Adriano Martins'

Peso-leve do UFC diz que luta contra brasileiro no dia 25 de janeiro, em Chicago, veio em boa hora, porque ele está falido, sem dinheiro para nada

Por Albuquerque, EUA
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Famoso por dividir sua vida entre lutas e esportes motorizados, o peso-leve do UFC Donald Cerrone percebeu que seu estilo de vida consumiu mais recursos do que ele poderia prover em 2013. Em entrevista ao site "Examiner", o lutador admitiu estar falido e revelou ter pedido uma luta urgentemente a Joe Silva, matchmaker do UFC.
Montagem Adriano Martins e Donald Cerrone UFC (Foto: Editoria de arte)Donald Cerrone (dir.) disse que não sabe quem é Adriano Martins, seu rival em Chicago (Foto: Editoria de arte)
- O que aconteceu foi que gastei todo o meu dinheiro. Estou falido e não tenho outra opção a não ser lutar. Mandei uma mensagem para Joe Silva pedindo uma luta o mais rápido possível. Ele perguntou se eu estaria disponível no dia 25 de janeiro, e eu disse que era perfeito. A verdade é que não tenho controle sobre meus gastos. É difícil ter dinheiro, querer algo e não comprar. Eu vou lá e compro. Não tenho ideia do que é poupar.
Adversário de Adriano Martins no UFC de Chicago, no próximo dia 25 de janeiro, Cerrone, que venceu apenas duas de suas quatro lutas em 2013, admite que não sabe nada sobre o brasileiro.
- Eu acho que ele tem um bom jiu-jítsu, mas não tenho ideia de quem ele seja. Nós vamos lutar e eu estarei pronto. É só com isso que me preocupo. Não me interessa em que posição ele esteja no ranking, ou mesmo se está lá ou não.  Eu vou subir ao octógono e arrebentar com ele. Os fãs podem esperar uma surra. Eu vou com tudo para essa luta, estou pronto para voltar a brigar por uma disputa de título. Não sei dizer o que aconteceu comigo nos últimos tempos. Acho que me senti confortável financeiramente e relaxei, perdi a fome de vencer.
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Donald Cerrone UFC mma (Foto: Divulgação UFC)Cerrone disse estar pronto para voltar a brigar pela
disputa do cinturão dos leves (Foto: Divulgação UFC)
Perguntado sobre a razão de ter relaxado a ponto de estar sem dinheiro, o lutador revelou que chegou a pensar em se aposentar antes da vitória contra Evan Dunham.
- Não tenho como explicar o que é treinar forte e receber socos na cara para quem vive de ficar sentado em uma redação teclando em um computador. Vocês não sabem o que é apanhar e ter aquele fogo dentro de você que te faz ter vontade de acabar com o seu adversário. Contra KJ Noons eu lutava, mas não tinha o instinto assassino dentro de mim. Na minha última luta contra Evan Dunham eu pensei seriamente em me aposentar se não conseguisse "apertar o gatilho". Dizer que vou lá fazer isso ou aquilo é fácil, mas fazer é mais difícil. Quando as luzes se apagam é a hora da verdade. E eu fui lá e fiz o que disse que ia fazer. Agora sinto que a fome voltou. Estou adorando treinar e amando a ideia de voltar a lutar - finalizou.
UFC: Henderson x Thomson
25 de janeiro de 2014, em Chicago (EUA)
CARD PRINCIPAL
Peso-leve: Ben Henderson x Josh Thomson
Peso-pesado: Gabriel Napão x Stipe Miocic
Peso-leve: Donald Cerrone x Adriano Martins
Peso-pena: Darren Elkins x Jeremy Stephens
CARD PRELIMINAR
Peso-galo: Alex Caceres x Sergio Pettis
Peso-galo: Eddie Wineland x Yves Jabouin
Peso-galo: Chico Camus x Yaotzin Meza
Peso-galo: Junior Hernandez x Hugo Wolverine
Peso-leve: Daron Cruickshank x Mike Rio
Peso-pesado: Walt Harris x Nikita Krylov
Peso-meio-médio: George Sullivan x Mike Rhodes

Rayner Silva mantém título do Jungle Fight com luta polêmica em Campos

Campeão dos moscas desfere sequência de socos em Junior Abedi quando árbitro decide interromper e decretar técnico mesmo com o desafiante em pé

Por Rio de Janeiro
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Acabou em polêmica a 64ª edição do Jungle Fight, realizada nesta sexta-feira, em Campos-RJ. Rayner Silva manteve o cinturão do peso-mosca ao derrotar Junior Abedi por nocaute técnico no segundo round, mas o desafiante terminou a luta reclamando da interrupção do árbitro, alegando que tinha condições de continuar. Abedi ainda estava em pé quando o combate foi encerrado.
Sem se preocupar muito com a polêmica, Rayner Silva preferiu elogiar o adversário após a luta.
- Eu não mando em nada, quem manda é o árbitro, acho que ele quis preservar a integridade física do atleta. O adversário foi duro, esta foi a luta mais difícil que tive no Jungle Fight - disse Rayner ao canal Combate.
Jungle Fight - Rayner Silva x Junior Abedi (Foto: Reprodução/Twitter)Rayner Silva e Junior Abedi partem para a trocação franca em Campos (Foto: Reprodução/Twitter)
No coevento principal, Fabiano Soldado e Herisson Medeiros fizeram quatro minutos de trocação equilibrada e sem muitos golpes contundentes. Até que Soldado conseguiu derrubar o adversário e aplicar um forte ground and pound para obrigar o árbitro a interromper o combate.
Outra polêmica na noite
Em um dos confrontos entre México e Brasil, Iskar Waluyo venceu Magno Magu com 32 segundos de luta, mas, assim como na atração principal, houve reclamação do derrotado. Waluyo acertou dois bons golpes na trocação e levou Magu à lona. Entretanto, o brasileiro caiu consciente e se defendendo, mas o árbitro Flávio Almendra interrompeu o combate.
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Depois da luta, Almendra reconheceu que errou na paralisação e pediu desculpas a Magnu Magu. O resultado, entretanto, não tinha como ser mudado, e Iskar ficou com a vitória.
No outro combate México x Brasil, mais uma vitória estrangeira. Juan Manuel Fénix não deu chances a Bruno Batista e obrigou o rival a desistir do combate após uma forte pressão no ground and pound e nas tentativas de finalização.
Resultados completos da noite:
Rayner Silva venceu Junior Abedi por nocaute técnico no segundo round
Fabiano Soldado venceu Herisson Medeiros por nocaute técnico no primeiro round
Juan Manuel Fénix venceu Bruno Batista por desistência no primeiro round
Luis Japeri venceu Leandro "7 Bala" por nocaute técnico no segundo round
Iskar Waluyo venceu Magno Magu por nocaute técnico no primeiro round
Francinei Farinazo venceu Thiago Sagat por nocaute no terceio round
Matheus Mattos venceu Jefinho Silva por nocaute técnico no primeiro round
Otavio Javali venceu Marcelo Melão por decisão unânime dos jurados

Curtinhas: Ronny Markes e Thiago Marreta se enfrentam no UFC Natal

WSOF oferece abrigo a Patrício Pitbull; Bellator anuncia novos eventos

Por Rio de Janeiro
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Mais um potiguar foi adicionado ao card da primeira edição do UFC em Natal, dia 23 de março de 2014. O peso-médio Ronny Markes vai enfrentar o carioca Thiago Marreta na busca pela redenção na organização, após perder para Yoel Romero no UFC: Fight for the Troops 3, em novembro de 2013. A informação foi dada primeiramente pelo site "MMA Space". O lutador possui 14 vitórias e duas derrotas como profissional de MMA.
Montagem MMA UFC Ronny Markes e Thiago Marreta (Foto: Editoria de Arte)Ronny Markes (esq.) e Thiago Marreta: duelo brasileiro no UFC em Natal (Foto: Editoria de Arte)
Thiago Marreta, de 30 anos, também irá buscar melhorar sua imagem no Ultimate. O carioca estreou com derrota na organização quando foi escolhido para substituir Clint Hester faltando apenas duas semanas para o UFC Rio 4, e acabou finalizado por Cezar Mutante no primeiro round. Apesar da rápida derrota, o ex-TUF Brasil 2 ganhou nova chance com Dana White justamente por ter "quebrado um galho" da companhia. O atleta da TFT, que normalmente compete na categoria meio-médio, tem um cartel de oito vitórias e duas derrotas.
UFC
23 de março de 2014, em Natal-RN
CARD DO EVENTO
Peso-médio: Cezar Mutante x CB Dollaway
Peso-meio-pesado: Fábio Maldonado x Gian Villante*
Peso-mosca: Jussier Formiga x Scott Jorgensen*
Peso-médio: Ronny Markes x Thiago Marreta*
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WSOF oferece abrigo a Patricio Pitbull 
A revolta de Patrício Pitbull com a direção do Bellator por ter dado a revanche imediata a Pat Curran contra Daniel Straus não demorou a ecoar em outra grande organização mundial de MMA. Pouco depois do brasileiro dar declarações afirmando que se o Bellator não o quisesse campeão, então seria melhor liberá-lo para outro evento, Ali Abdel-Aziz, dirigente do WSOF, mandou uma mensagem ao potiguar convidando-o a se juntar ao plantel de lutadores da organização americana.
- Patricio Pitbull, nós adoraríamos ter você lutando no WSOF. O Bellator não quer te dar uma chance de título, mas nós podemos - postou o dirigente, que recentemente desafiou o Bellator a um evento conjunto com duelos entre atletas das duas companhias.
Bellator anuncia mais dois eventos
Alheio à polêmica, o Bellator anunciou nesta quinta-feira mais dois eventos para este primeiro semestre de 2014. Em 21 de março, em Mulvane, o Bellator 113 terá a disputa do cinturão absoluto dos pesos-meio-pesados, entre o campeão linear, Attila Vegh, e o campeão interino, Emanuel Newton, além da abertura do GP dos pesos-leves. Pouco depois, em 4 de abril, em Reno, o Bellator 115 terá a disputa do cinturão peso-pesado, entre o atual campeão, Vitaly Minakov, e o francês Cheick Kongo, ex-UFC.

Técnico espera retorno de Cigano em maio ou junho e mira Overeem

Luiz Dórea diz que ex-campeão peso-pesado está 'faminto' e vai fazer treinos nos EUA e em outras academias no Brasil para buscar evolução

Por Rio de Janeiro
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Junior Cigano Luiz Dorea mma (Foto: Reprodução/Twitter)Junior Cigano e o treinador Luiz Dórea: em busca de
evolução (Foto: Reprodução/Twitter)
Afastado do UFC desde outubro do ano passado, quando foi derrotado por Cain Velásquez por nocaute técnico, o brasileiro Junior Cigano está de volta aos treinos, e seu treinador, Luiz Dórea, já começa a projetar seu retorno ao octógono. Segundo o técnico, o ex-campeão dos pesos-pesados pode estar pronto para lutar novamente no fim do primeiro semestre.
- Ele tirou um tempo de descanso e agora está de volta aos treinos. Nós estamos pensando em lutar por volta de maio ou junho, mas ainda não tem nada certo - disse Dórea ao site "MMA Fighting".
Para esse primeiro combate depois da derrota, o técnico tem na mira um velho desafeto de Cigano: o holandês Alistair Overeem, que enfrenta o americano Frank Mir no UFC 169, no próximo dia 1º de fevereiro. "The Reem" já chegou a estar programado para desafiar o brasileiro em sua primeira defesa de cinturão, em 2012, mas falhou num exame antidoping surpresa e acabou suspenso por nove meses. Desde então, sofreu duas derrotas consecutivas, para Antônio Pezão e Travis Browne. O duelo voltou a ser marcado para o UFC 160, em maio passado, mas Overeem se machucou e Cigano acabou enfrentando - e vencendo - Mark Hunt.
- O UFC tem grandes atletas, os melhores, mas uma luta que gostaríamos de ver é contra Overeem. Essa luta era esperada antes e não aconteceu. Mas eles têm grandes lutadores no UFC, qualquer coisa pode acontecer. Ele vai enfrentar qualquer um que eles quiserem - afirmou Dórea.
Junior Cigano Overeem luta UFC  (Foto: Reprodução / UFC)Junior Cigano e Alistair Overeem se encaram: luta entre os dois nunca aconteceu (Foto: Reprodução / UFC)
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Após muitas críticas à estratégia e ao treinamento de Cigano antes da derrota contra Velásquez - a terceira luta entre os dois, após uma vitória para cada lado - o treinador afirmou que o ex-campeão peso-pesado está "faminto" e que ele vai fazer mais intercâmbio para evoluir seu jogo.
- Nós temos planos de passar um tempo nos EUA, buscando novo treinamento. Nós precisamos continuar evoluindo. Quando um atleta acha que sabe tudo, é o começo do fim. Nós precisamos aprender novas técnicas, então planejamos ir aos Estados Unidos para treinar wrestling, e também treinar em outras academias no Brasil - explicou Dórea ao "MMA Fighting".

Donald Cerrone: 'Não tenho a menor ideia de quem seja Adriano Martins'

Peso-leve do UFC diz que luta contra brasileiro no dia 25 de janeiro, em Chicago, veio em boa hora, porque ele está falido, sem dinheiro para nada

Por Albuquerque, EUA
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Famoso por dividir sua vida entre lutas e esportes motorizados, o peso-leve do UFC Donald Cerrone percebeu que seu estilo de vida consumiu mais recursos do que ele poderia prover em 2013. Em entrevista ao site "Examiner", o lutador admitiu estar falido e revelou ter pedido uma luta urgentemente a Joe Silva, matchmaker do UFC.
Montagem Adriano Martins e Donald Cerrone UFC (Foto: Editoria de arte)Donald Cerrone (dir.) disse que não sabe quem é Adriano Martins, seu rival em Chicago (Foto: Editoria de arte)
- O que aconteceu foi que gastei todo o meu dinheiro. Estou falido e não tenho outra opção a não ser lutar. Mandei uma mensagem para Joe Silva pedindo uma luta o mais rápido possível. Ele perguntou se eu estaria disponível no dia 25 de janeiro, e eu disse que era perfeito. A verdade é que não tenho controle sobre meus gastos. É difícil ter dinheiro, querer algo e não comprar. Eu vou lá e compro. Não tenho ideia do que é poupar.
Adversário de Adriano Martins no UFC de Chicago, no próximo dia 25 de janeiro, Cerrone, que venceu apenas duas de suas quatro lutas em 2013, admite que não sabe nada sobre o brasileiro.
- Eu acho que ele tem um bom jiu-jítsu, mas não tenho ideia de quem ele seja. Nós vamos lutar e eu estarei pronto. É só com isso que me preocupo. Não me interessa em que posição ele esteja no ranking, ou mesmo se está lá ou não.  Eu vou subir ao octógono e arrebentar com ele. Os fãs podem esperar uma surra. Eu vou com tudo para essa luta, estou pronto para voltar a brigar por uma disputa de título. Não sei dizer o que aconteceu comigo nos últimos tempos. Acho que me senti confortável financeiramente e relaxei, perdi a fome de vencer.
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Donald Cerrone UFC mma (Foto: Divulgação UFC)Cerrone disse estar pronto para voltar a brigar pela
disputa do cinturão dos leves (Foto: Divulgação UFC)
Perguntado sobre a razão de ter relaxado a ponto de estar sem dinheiro, o lutador revelou que chegou a pensar em se aposentar antes da vitória contra Evan Dunham.
- Não tenho como explicar o que é treinar forte e receber socos na cara para quem vive de ficar sentado em uma redação teclando em um computador. Vocês não sabem o que é apanhar e ter aquele fogo dentro de você que te faz ter vontade de acabar com o seu adversário. Contra KJ Noons eu lutava, mas não tinha o instinto assassino dentro de mim. Na minha última luta contra Evan Dunham eu pensei seriamente em me aposentar se não conseguisse "apertar o gatilho". Dizer que vou lá fazer isso ou aquilo é fácil, mas fazer é mais difícil. Quando as luzes se apagam é a hora da verdade. E eu fui lá e fiz o que disse que ia fazer. Agora sinto que a fome voltou. Estou adorando treinar e amando a ideia de voltar a lutar - finalizou.
UFC: Henderson x Thomson
25 de janeiro de 2014, em Chicago (EUA)
CARD PRINCIPAL
Peso-leve: Ben Henderson x Josh Thomson
Peso-pesado: Gabriel Napão x Stipe Miocic
Peso-leve: Donald Cerrone x Adriano Martins
Peso-pena: Darren Elkins x Jeremy Stephens
CARD PRELIMINAR
Peso-galo: Alex Caceres x Sergio Pettis
Peso-galo: Eddie Wineland x Yves Jabouin
Peso-galo: Chico Camus x Yaotzin Meza
Peso-galo: Junior Hernandez x Hugo Wolverine
Peso-leve: Daron Cruickshank x Mike Rio
Peso-pesado: Walt Harris x Nikita Krylov
Peso-meio-médio: George Sullivan x Mike Rhodes

Dan Henderson aposta na vitória de Chris Weidman contra Vitor Belfort

Veterano diz que brasileiro teria chance apenas nos minutos iniciais, e o alfineta por ter feito suas últimas lutas no Brasil e pela mudança no físico

Por Los Angeles, EUA
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lutador Dan Henderson (Foto: agência Getty Images)Dan Henderson aposta na vitória de Weidman sobre
Vitor Belfort no meio do ano (Foto: Getty Images)
Última vítima de Vitor Belfort, o american Dan Henderson não acredita que o brasileiro vá conseguir o cinturão dos pesos-médios do UFC contra Chris Weidman. Ainda sem data definida, o duelo pelo cinturão da categoria acontecerá nos EUA, provavelmente em maio ou julho de 2014. Segundo o veterano, em entrevista ao programa "MMA Hour", a realização da luta fora do Brasil tira de Belfort uma vantagem importante.
- Não acho que Vitor vencerá Weidman. Ele é capaz de vencer qualquer um nos primeiros minutos de luta, porque é muito perigoso e bate muito forte. Mas não o vejo vencendo, especialmente com a luta acontecendo nos EUA. É óbvio que ele não poderá fazer uso do TRT fora do Brasil. Tenho certeza que seu corpo mudou um pouco nos últimos anos em que não lutou nos EUA. Há razões para isso. Vitor luta há muito tempo, e é possível ver que seu corpo sofreu mudanças de lá pra cá.
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Henderson aproveitou para ironizar o uso do TRT pelo brasileiro.
- As coisas são como são. Ele pode estar fazendo tudo certo, dentro das regras e dos limites estabelecidos. Que é, aliás, o que ele deveria ter feito alguns anos atrás - finalizou o lutador.

Agora ex-campeão, Dominick Cruz aparece em 12º no ranking dos galos

Disponível para receber voto pela primeira vez desde que perdeu o cinturão por lesão, americano fica fora até do top 10 da categoria

Por Rio de Janeiro
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No ranking oficial do Ultimate, os campeões ficam fora da votação e aparecem em destaque no topo de cada categoria. Assim foi com Dominick Cruz desde que a primeira lista foi divulgada até o início do ano, quando o americano sofreu uma nova lesão e perdeu o cinturão por causa do longo tempo de inatividade - não entra no octógono desde outubro de 2011. Na edição atualizada nesta sexta-feira, Cruz estreou entre os atletas que podiam receber votos no peso-galo. Como resultado, ele ficou fora até do top 10, aparecendo na 12ª colocação.
Dominick Cruz mma ufc (Foto: Getty Images)Dominick Cruz não luta desde outubro de 2011 (Foto: Getty Images)
No ranking peso por peso, Dominick Cruz também perdeu posições. O americano foi ultrapassado pelos compatriotas Urijah Faber e Gilbert Melendez e foi para 15º. Faber, inclusive, é o substituto de Cruz na luta contra Renan Barão, o novo campeão, no próximo dia 1º de fevereiro, no UFC 169.
Vencedores de suas lutas no card principal do UFC: Rockhold x Philippou, Brad Tavares e Yoel Romero apareceram pela primeira vez no ranking do peso-médio, respectivamente na 13ª e na 14ª colocação. Lorenz Larkin, derrotado por Tavares, e Chael Sonnen saíram da lista.
Também vencedor do card principal de quarta-feira, TJ Dillashaw subiu uma posição no peso-galo e agora é o quinto colocado. Ele trocou de posição com Brad Pickett.
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A curiosidade ficou por conta da posição de Dustin Ortiz. Ele perdeu por pontos para John Moraga e ainda assim ganhou as posições de Darrel Montague e Darren Uyenoyama e chegou à 13ª.
As demais alterações foram resultado de mudanças realizadas pelos jornalistas com direito a voto em seus rankings. Nesta última atualização, 69 profissionais de imprensa atualizaram suas listas.
Ranking UFC (Foto: Reprodução/Site Oficial do UFC)

Central do Mercado: Grêmio monitora Vargas; Pedro Botelho chega ao Galo

Atlético-MG está bem perto de acertar com lateral-esquerdo, ex-Furacão. Bahia tenta camisa 9 chileno, enquanto Santos desiste de Bruno Uvini

Por Rio de Janeiro
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Pedro Botelho Aeroporto Atlético-MG (Foto: Reprodução /Tv Globo)Pedro Botelho chega a Belo Horizonte para fazer exames médicos (Foto: Reprodução /Tv Globo)
No último dia em que a Central do Mercado acompanhou as negociações em tempo real antes das estreias de alguns dos principais estaduais - Carioca, Paulista, Gaúcho e Paranaense começam neste sábado -, as movimentações foram poucas. Quem apareceu mais próximo de um acerto foi o lateral-esquerdo Pedro Botelho, que deve trocar o Atlético Paranaense pelo Mineiro. O jogador chegou a Belo Horizonte para realizar exames e assinar com o Galo.
A novela Vargas não poderia ficar sem capítulo. Com a desistência anunciada pelo Santos, o Grêmio, clube que contou com o chileno em 2013, segue monitorando o atacante, que pertence ao Napoli. No Peixe, que também não vai insistir por Bruno Uvini - do mesmo clube italiano de Vargas -, não há pressa para encontrar um companheiro para Leandro Damião. Pelo menos é o que afirma o diretor de futebol Zinho.
Entre os clubes paulistas, o São Paulo viu a contratação de Rafael Sobis ficar ainda mais complicada. Sem um acerto salarial com o jogador do Fluminense, o empresário Jorge Machado definiu como "muito difícil" a ida do gaúcho para o Morumbi. No Palmeiras, Gilson Kleina ainda aguarda Bruno César, com quem conversou, e um lateral-direito.
Quem surgiu como novidade, mas ainda apenas como especulação, foi o atacante chileno Sebastián Pinto. Sem Obina, Fernandão, Souza e Jonathan Reis, o Bahia deseja contar com o camisa 9 gringo para compor o ataque ao lado do também estrangeiro Maxi Biancucchi.

Justiça suspende torcida organizada do Vasco dos estádios por um ano

Reincidente, Força Jovem não pode frequentar eventos esportivos no Rio no período, e envolvidos na briga em Joinville terão que se apresentar à delegacia durante jogos

Por Rio de Janeiro
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confusão torcida Atlético-PR e Vasco jogo (Foto: Reuters)Vascaínos se envolveram em briga com torcedores do Atlético-PR na Arena Joinville (Foto: Reuters)
A 1ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretou na tarde desta sexta-feira que a torcida Força Jovem do Vasco não poderá frequentar estádios e qualquer outro evento esportivo no Rio de Janeiro por um ano. A punição se refere à pancadaria generalizada entre torcedores do Cruz-Maltino e do Atlético-PR no dia 8 de dezembro, na Arena Joinville, em Santa Catarina, pela última rodada do Brasileirão. A decisão, considerada uma antecipação de tutela, ainda é temporária, mas já vale para a estreia do Campeonato Carioca, neste sábado, contra o Boavista, em São Januário. Cabe recurso, mas há possibilidade de extensão para três anos.
Este é o segundo gancho à organizada em menos de dois anos. Em em 2012, o afastamento foi por seis meses. Na ocasião, o motivo foi uma briga com flamenguistas, que terminou em morte de Bruno Saturnino. O espaço normalmente ocupado pelo grupo no estádio ficou esvaziado. A provável sanção diz respeito à utilização de uniformes, faixas e bandeiras da Força Jovem.
Mais de dez torcedores identificados nos atos de violência que interrompeu o jogo por 73 minutos estão presos, mas, se forem soltos, terão de comparecer a uma delegacia durante um ano nos dias de partidas do Vasco. Outros seguem foragidos. Três deles foram acusados de tentativa de homicídio e respondem a processo em regime de isolamento, em Joinville.
Segundo nota oficial do órgão judicial, a Força Jovem do Vasco também foi intimada a entregar um cadastro com a relação de todos os associados. O objetivo é cruzar esses dados com a relação de denunciados pelo MP. A torcida tem cinco dias para entregar a lista de nomes.
Caso descumpra a decisão, a organizada terá de pagar multa de R$ 10 mil (jogos de futebol) e R$ 5 mil (outros eventos esportivos). Quem desobedecer, será retirado do local e indiciado.

São Paulo fecha com Pereira e só
aguarda contrato para anunciá-lo

Tricolor entra em acordo com Inter de Milão e o jogador uruguaio, que chegará
ao Brasil nos próximos dias para assinar seu vínculo com o clube do Morumbi

Por São Paulo
Alvaro pereira internazionale apresentação (Foto: Agência EFE)Álvaro Pereira é o segundo reforço para 2014
(Foto: Agência EFE)
Virá da Itália o segundo reforço do São Paulo para a temporada 2014. O Tricolor acertou nesta sexta-feira a contratação por empréstimo do lateral-esquerdo Álvaro Pereira, do Inter de Milão, provável titular da seleção uruguaia na Copa do Mundo. O clube só anunciará o acerto depois que o jogador assinar o contrato.

A diretoria são-paulina pagará cerca de € 1 milhão (aproximadamente R$ 3,2 milhões) pelo acordo de um ano e meio. O jogador fará exames médicos assim que chegar à capital paulista, provavelmente no início da próxima semana. Depois, será apresentado.

Pereira, de 28 anos, vinha atuando pouco nas competições disputadas pelo Inter na temporada. Reserva do japonês Nagatomo em boa parte do Campeonato Italiano, o lateral manifestou o desejo de ser emprestado para jogar regularmente e não perder espaço na seleção de seu país.

Curiosamente, opções não faltam na lateral esquerda do Tricolor. Em dezembro, a direção comprou parte dos direitos de Reinaldo. Carleto se recupera de uma cirurgia no joelho direito, enquanto Clemente Rodríguez, pouco aproveitado, ainda pode ser negociado. E o clube ainda não sabe o que fazer com Cortez e Henrique Miranda, que retornaram de empréstimo.

Este é o segundo reforço do São Paulo para 2014. Antes, a diretoria havia reforçado o outro lado da defesa ao contratar o lateral-direito Luis Ricardo, destaque da Portuguesa no último Brasileirão.

Álvaro Pereira começou a carreira no Miramar Misiones, do Uruguai, e também acumula passagens por Quilmes e Argentinos Juniors. Na Europa, atuou por Cluj, da Romênia, e pelo português Porto, de onde foi comprado pelo Inter por € 10 milhões (cerca de R$ 32 milhões) na temporada 2012.

Flu, Palmeiras e rótulo de joia perdida: o Lenny que encantou projeta retorno

Grande promessa do Flu em 2006, atacante está há quase ano e meio sem disputar jogo oficial. Além de relembrar histórias, fala em volta por cima no Atlético Sorocaba-SP

Por Rio de Janeiro, RJ
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Lenny Fernandes Coelho é um desses jogadores que têm histórias para contar. São tantas que podem até fazer com que ele pareça mais velho do que é na realidade. No entanto, não se engane: ele ainda é um garoto de 25 anos. E com o mesmo semblante moleque que em 2007 encantava a torcida do Fluminense. Veloz e habilidoso, viu o futebol carioca ao seus pés. Mas por pouco tempo. Um ano depois, a má fase forçou uma saída pela porta dos fundos do clube rumo a Portugal. Retornou ao Brasil para jogar no Palmeiras. Novamente virou uma esperança, mas as lesões foram vilãs. Rodou ainda por Figueirense, Boavista, Madureira, Desportivo Brasil e Ventforet Kofu (JAP) e praticamente desapareceu dos holofotes do futebol.
Lenny 3 (Foto: Marcos Paulo Rebelo)Lenny rejeita o rótulo de joia perdida: 'Ainda tenho muito para brilhar' (Foto: Marcos Paulo Rebelo)

Agora, há mais de um ano distante dos gramados, Lenny está próximo do retorno. Desta vez, pelo Atlético Sorocaba, clube que disputa a elite do futebol paulista. Para quem um dia já foi esperança de uma torcida como a do Fluminense e reforço de peso de um Palmeiras, atuar por um clube do terceiro escalão do futebol de São Paulo não deixa de ser um recomeço - cheio de esperança, é verdade. No entanto, a juventude de Lenny permite novas tentativas. Essa é mais uma delas.
- O campeonato é curto, tem que começar bem. Um objetivo de cada vez. O principal é fazer um bom Campeonato Paulista e aí, sim, pensar em voltar a um clube grande. Não tem como planejar, é viver esse Campeonato Paulista e tentar ter um bom rendimento - disse Lenny, que não disputa uma partida oficial há praticamente um ano e meio.
Lenny 1 (Foto: Marcos Paulo Rebelo)Uma das distrações de Lenny é o Instagram: já tem mais de 3 mil seguidores (Foto: Marcos Paulo Rebelo)
Após a saída do Palmeiras, no fim de 2010, Lenny começou a viver um inferno astral na sua carreira. Com duas lesões sérias em sequência nas costas, o atacante perambulou pelo Brasil. Amargou lesões, estádios vazios e a inquisição das ruas - esta última, na visão do jogador, a pior de todas elas. A curiosidade dos torcedores atormentava. As perguntas inocentes feriam o orgulho de Lenny, que, com uma sinceridade incomum, confessou:
- Eu gostaria que ninguém, mas ninguém mesmo, falasse comigo na rua. Mas isso não tem como. Hoje em dia eu não gostaria. Eu acho que as pessoas admiram uma pessoa porque elas gostam do trabalho dela. A partir do momento que você não tem mais isso (o trabalho a ser admirado), acho que não existe necessidade (de idolatria). Eu queria andar na rua normal, ir ao restaurante e ninguém falar comigo. Fico incomodado. Eu não vou tratar mal a pessoa, mas quando for chato também... Sempre gostei muito de velho e criança. Adulto "normal" eu tenho minhas ressalvas. É porque vão falar comigo coisas que vão me irritar. São as perguntas: "Onde você está?", "Você está machucado?". A última impressão fica, e é chato. Comentar minha carreira é chato. Eu preferiria não ser reconhecido - disse o jogador.
 Eu gostaria que ninguém, mas ninguém mesmo, falasse comigo na rua"
Lenny
O retorno fez Lenny pensar na carreira. Os acertos, erros... O GloboEsporte.com participou dessa reflexão. O divã - ou cenário - era a varanda da casa da mãe, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio de Janeiro, com um belo entardecer ao fundo. Não foi fácil ouvir o jogador. Avesso à imprensa, Lenny prefere fugir das entrevistas. Depois de aceitar, a espera foi demorada Três horas até ele concretizar a venda de um carro - sim, Lenny hoje também é um investidor. A conversa foi longa, e a carreira de Lenny - contada pelo próprio jogador - você confere abaixo.
o começo e a explosão no flu
Lenny é mais uma cria da fábrica de Xerém - centro de treinamento de base do clube localizado na Baixada Fluminense. O atacante é da mesma safra que Digão, Marcelo e cia. Nas categorias de base, era tratado como uma joia. Tanto que subiu para o profissional rapidamente, com 16 anos, em 2005. No ano seguinte, estourou.
 
Na vitória de 3 a 2 sobre o Cruzeiro (confira no vídeo ao lado), em 2006, no Mineirão, pela Copa do Brasil, Lenny marcou um golaço. Recebeu no meio-campo de Petkovic, arrancou, driblou três jogadores e, com extrema categoria, colocou a bola no ângulo de Fábio. Enlouqueceu a torcida do Fluminense e despertou a atenção de todo o futebol brasileiro. Ao ver o gol de novo, Lenny se emociona. Lembra com carinho da data e é enfático ao afirmar: aquele dia (26 de abril) mudou sua vida.
- Mudou em vários aspectos. Eu passei a ser o cara que ia resolver todos os jogos. Todo jogo eu teria que driblar todo mundo e fazer os gols. Depois da parada para a Copa, o time foi muito mal. Hoje em dia, você blinda o moleque novo e joga a responsabilidade para os mais velhos. Quem dá entrevista é o cara mais velho. Naquela época, não tinha esse aparato de assessoria. Não tinha esse pensamento com a joia do clube. O time foi mal, eu caía mais ainda. Com aquele peso da cobrança era ainda pior. Hoje, no Fluminense, o garoto vai mal, mas falam do Fred. O Wellington Nem ia bem em todos os jogos? Não. Mas quando ia mal, falavam dos mais experientes. São esses aspectos que não aconteceram comigo. Eu tinha 17 anos. Depois da 'Era Neymar', o pensamento com o jovem jogador mudou. O caso dele mudou a forma de trabalhar dos clubes - relembrou Lenny.
O dia seguinte também foi muito importante para Lenny. Guarda até uma história engraçada. O jogador havia marcado um encontro com uma garota - que, posteriormente, viria a ser sua companheira por sete anos. Ansioso para o compromisso, Lenny teve que enfrentar um batalhão de repórteres no aeroporto do Rio sedentos por suas declarações. E, acredite, esse não foi o único desafio.
- Eu ia sair com uma menina que viria a ser minha namorada. Na hora em que eu cheguei ao aeroporto, os jornalistas apareceram, e eu querendo ir embora para encontrar com ela. Eu falava com ela há um mês, menina que mexia comigo, e queria logo encontrá-la. Não conseguia ir embora. Depois, ainda tinha que escapar dos repórteres porque eu era menor de idade e não podia dirigir, né? - diz Lenny, entre gargalhadas.
O DINHEIRO E AS MOLECAGENS

O Lenny desconhecido ganhava R$ 400. Despontou, passou a ganhar R$ 2.500. O mundo dos carros já enchia os olhos do jogador de origem pobre. Após o jogo contra o Cruzeiro, o contracheque apontava R$ 20 mil. Com o aumento, Lenny não hesitou. Correu para uma concessionária. De lá, saiu com um Audi dourado e um carnê recheado de parcelas. No entanto, o salário atrasou, e faltou dinheiro, acredite, para a gasolina.
 Eu tinha 17 anos, nunca tinha visto dinheiro na minha frente. Eu não tinha cabeça? Claro que não tinha cabeça. Tinha 17 anos. Fui ao shopping e aquilo parecia um parque de diversões pela primeira vez. Só ia em shopping pra comprar uma bermuda"
Lenny
 - Com 17 anos, a gente faz muita b... . Eu não acho errado o cara no primeiro salário comprar um carro. Naquela época, eu só queria comprar carro. Eu tinha um salário de R$ 2.500, mas no mês seguinte ia ganhar R$ 20 mil. Daí fui comprar um carro. Vi um Audi dourado e falei: "Quero esse carro". E eu nem tinha recebido o aumento, seria no mês seguinte. Não dei um real de entrada. Muita parcela. Parcelei e paguei quase dois carros. Ainda comprei um carro todo sambado. Mas aconteceu que o salário atrasou, e eu tinha um Audi, mas não tinha dinheiro pra pagar gasolina. Tive que pedir ao meu empresário: "Me dinheiro aí que eu não tenho para colocar gasolina." Eu tinha 17 anos, nunca tinha visto dinheiro na minha frente. Eu não tinha cabeça? Claro que não tinha cabeça. Tinha 17 anos. Fui ao shopping, aquilo parecia um parque de diversões pela primeira vez. Só ia em shopping pra comprar uma bermuda - disse.
Uma outra passagem de Lenny, ainda no Fluminense, mostra como a pouca idade - e uma certa imaturidade - se refletia também no profissional. Sob o comando de PC Gusmão, o atacante comprou um carro, que, coincidentemente, era o mesmo modelo do chefe. O meia Carlos Alberto levantou a história, PC Gusmão alfinetou, e Lenny rebateu.
- O Carlos Alberto veio me zoar: "Comprando carro igual ao do chefe, né, Lenny?." Eu falei para ele: "Cala a boca, cara!." O PC Gusmão ouviu e falou: "Mas o meu é todo completo." Eu não pensei duas vezes e mandei: "Mas eu tenho 18 anos, né?". Ele não gostou nem um pouco da brincadeira e me afastou por dois jogos ainda - contou Lenny, não segurando o riso.
a saída do flu e a mágoa
lenny fluminense gol  (Foto: Agência Fotocom.net)Lenny comemora gol com a camisa do Fluminense (Foto: Agência Fotocom.net)
Chegou o ano de 2007. O Fluminense conquistava a Copa do Brasil, mas Lenny seguia no banco. A má fase se instalou. O peso da expectativa criada caía como um fardo pesado nas costas do jogador, que não conseguia segurar. O título da Copa do Brasil e a classificação para a Libertadores aceleraram o processo de renovação. Lenny, sem corresponder, foi uma das vítimas.
- Eu senti o peso da responsabilidade de um Fluminense. E eu não sou como o Neymar, por exemplo, que é amado. Sou diferente. Não sou daqueles caras que têm 200 amigos. Sou mais fechado. O Neymar acho que tem quatro melhores amigos, tenho um e olhe lá. Acho que isso ajuda. Esperava um abraço maior. Estava lá há dez anos. Hoje tenho uma cabeça diferente. Claro que me faltou experiência, mas todo mundo precisa de um suporte. Principalmente quando se é jovem. Por tudo que eu fiz no tempo em que fiquei no Flu, acho que poderiam ter feito um pouco mais por mim. Acabou o ano de 2006, contrataram jogadores. Eu ainda tinha resquícios de não ter terminado bem o ano. Um exemplo: Neymar terminou mal 2009, mas começou 2010 voando. Tudo isso porque ele teve um suporte. Eu tinha 18 anos, era um garotão. Perdi espaço - analisou.
Em seguida, Lenny foi emprestado para o Braga, de Portugal. Ficou seis meses e fez apenas três partidas, marcando um gol. Durante o período de empréstimo, a Traffic comprou seus direitos federativos e o cedeu ao Palmeiras.
a tentativa e o grande erro


A chegada ao Palmeiras dava uma nova chance a Lenny, que chegou festejado pela imprensa local. Empolgou logo de cara, mas caiu em seguida. Duas lesões e, consequentemente, cirurgias atrapalharam a sequência do jogador. Entre 2008 e 2010, o atacante fez 57 jogos e marcou nove gols com a camisa alviverde.
- Eu nunca fui de sofrer lesão. Tinha lesões comuns. No Palmeiras, acabei tendo mais problemas. Eu operei o pé, logo em seguida operei o joelho. Depois disso, comecei a ter problemas musculares. Ingenuidade minha ou burrice, não sei - contou.
lenny palmeiras gol (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Lenny diz que ainda guarda muito carinho pelo Palmeiras (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

Foi também no Palmeiras que Lenny ficou marcado por um aspecto da vida pessoal. Em uma entrevista coletiva, o então técnico do Palmeiras, Vanderlei Luxemburgo, disse que o atacante era uma espécie de "filhinho da vovó". O rótulo ficou para sempre na biografia de Lenny, que faz questão de dizer que se orgulha de ter sido criado pelos avós.
- Sempre fui criado pelos meus avós. Não fosse por eles, eu não estaria em pé aqui agora. O certo é pai e mãe criarem. Nunca fui mimado. Sempre tomei sozinho as decisões da minha vida.
Inclusive, Lenny aponta e assume sozinho o que ele acredita ser o maior erro da sua carreira: a ida para o Figueirense. O atacante nunca escondeu sua chateação com o clube que, segundo ele, atrapalhou o tratamento de recuperação da cirurgia do joelho direito.
- Saí para ir para o Figueirense. Esse foi o maior erro da minha carreira, sem dúvida. O Kleber (Gladiador) falou para mim: "Mas tu é uma mula. Por que você não ficou aqui?". Nessa época, eu estava nos Estados Unidos, e então surgiu a proposta do Figueirense. Foi o meu grande erro. Quando eu cheguei lá, encontrei uma estrutura horrível, profissionais péssimos. E para quem está voltando de um problema no joelho, não adiantam só exames, tem que fazer um bom trabalho de reforço muscular. Meu futebol era muita velocidade e força. Lá (no Figueirense), eu não consegui recuperar nada disso - detonou Lenny.
Dívida com o flu ou palmeiras?


Lenny encheu de esperanças a torcida do Fluminense, que vivia tempos difíceis quando ele surgiu. No Palmeiras, foi contratado como reforço de peso. Em nenhum dos dois clubes o atacante conseguiu um sucesso duradouro. E quando a pergunta é se ele sente que tem uma dívida com os clubes, Lenny não titubeia.
- Se eu tiver alguma dívida, é com o Palmeiras. Lá eu passei um ano e meio machucado. Lá eu fui querido. Dentro do grupo e também da torcida, coisa que não enxerguei no Flu. No Fluminense, sinto que eu não tenho dívida nenhuma.
joia perdida?


Lenny, reforço do Atlético Sorocaba (Foto: Emílio Botta / globoesporte.com)Lenny vai reforçar o Atlético Sorocaba no Campeonato Paulista (Foto: Emílio Botta / globoesporte.com)
Depois do Figueirense, Lenny rodou. Boavista, Desportivo Brasil e Ventforet Kofu, do Japão. Em nenhum desses clubes o atacante foi sombra daquele jogador que surgiu como uma grande promessa do futebol brasileiro. No entanto, Lenny descarta completamente o título de joia perdida. Com 25 anos, ele acredita no próprio potencial.
- Se eu puder jogar 10 jogos seguidos, vou ficar muito feliz. Eu quero ter uma sequência, coisa que não tenho há três anos. Claro que tem aquele lance de jogar em um estádio cheio. Sempre fui acostumado a jogar em estádio cheio. De um tempo para cá, não. Preciso só de sequência. Eu tenho ideia que eu não sou um jogador normal. Faço coisas que são diferenciadas. De qualquer forma, me sinto um vencedor, mas que ainda tem muito para vencer. Eu não sou uma joia perdida. Sou uma joia a brilhar, mas isso só depende de mim.

Fusões, migrações e trocas de nome: o que os clubes fazem pra sobreviver

A cada nova temporada, muitas agremiações adotam estratégias arriscadas para aumentar receita e se tornar competitivas. Porém, nem sempre conseguem sucesso

Por Rio de Janeiro
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Uma cena curiosa vem acontecendo de Norte a Sul do Brasil a cada vez que começam os Estaduais. Ao olhar a tabela da competição regional, o torcedor percebe que seu clube está diferente, não só na escalação, como na estrutura. Às vezes, até no próprio nome. Na tentativa de aumentar as suas receitas e continuar montando equipes competitivas, muitos clubes, sobretudo os de menor investimento, deixam para trás toda uma história construída no lugar onde foram fundados e mudam de cidade. Como retirantes, vão para centros maiores em busca de melhores condições de sobrevivência. Na esperança de conseguir apoio financeiro de prefeituras e patrocinadores longe do local de origem, alguns acabam trocando de identidade. Há também aquelas equipes que se fundem, ou então, são compradas por outras no melhor estilo ‘a união faz a força’. Tudo com o objetivo de manter suas contas devidamente equacionadas e não serem obrigadas a fechar as portas.
O torcedor acompanha a situação de longe, muitas vezes sem poder fazer nada para ajudar ou impedir que o destino e o futuro dos seus clubes de coração sejam decididos unicamente por dirigentes. Uns até conseguem compreender que a decisão foi a melhor e continuam torcendo, mesmo à distância e se aceitando um outro nome. Outros ficam extremamente contrariados por se sentirem traídos e órfãos do clube pelo qual sempre foram apaixonados. O GloboEsporte.com selecionou alguns casos recentes, uns bem sucedidos, outros não, mas todos tentando se manter vivos dentro do mercado do futebol brasileiro.
sucessos e insucessos
CLUBES ITINERANTES COLORADO - PINHEIROS - PARANÁ CLUBE (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)Paraná Clube, fundado em 1989, é fruto da fusão entre o Colorado e o Pinheiros, dois dos mais tradicionais times de Curitiba na época (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)
Quando o assunto é fusão de clubes, um dos casos mais lembrados, até pelo êxito que alcançou, é o do Paraná Clube, que teve uma trajetória vitoriosa logo após a sua fundação, em 1989. Fruto da fusão do Colorado com o Pinheiros, dois dos mais tradicionais clubes de Curitiba, o time ganhou nada menos do que seis títulos estaduais nos seus primeiros dez anos de existência, sendo um pentacampeonato (1991, 1993/94/95/96/97). Além disso, em apenas três anos, o Tricolor da Vila Capanema saiu da Terceira Divisão para a elite do Campeonato Brasileiro, conquistando a Série B em 1992.
Na opinião do ex-presidente do Paraná, Ernani Buchmann, a fusão aliada à fase ruim vivida por Coritiba e Atlético-PR na época da fundação é a principal responsável para que a criação do Tricolor paranaense tivesse êxito.
Ernani Buchmann - Ex-presidente do Paraná (Foto: Arquivo Pessoal)Ernani Buchmann, ex-presidente do Paraná, acredita que parte do sucesso do clube se deve ao estatuto (Foto: Arquivo Pessoal)
- A grande vantagem da fusão é que os dois estatutos – Colorado e Pinheiros – foram extintos, enquanto que um outro exclusivo para o novo clube, que estava surgindo a partir da junção, foi redigido. O Paraná incorporou o patrimônio dos dois, sobretudo a estrutura do Pinheiros e a torcida do Colorado. Ao mesmo tempo, Coritiba e Atlético-PR passavam por momentos difíceis. O Coxa estava na Terceira Divisão, e o Furacão com enormes dificuldades financeiras. 
Ao contrário do Paraná Clube, que não precisou sair de Curitiba para trilhar seu caminho de vitórias, outros times se veem obrigados a deixar o seu local de origem para despontar. No entanto, assim que chegam ao seu novo destino, percebem que o futuro é incerto e que para conseguir um 'lugar ao sol' é necessário "matar um leão por dia". Fundado em 1993 na cidade de Cristinápolis, no interior de Sergipe, o Boca Júnior Futebol Clube se transferiu em 2011 para Estância, município 49 km distante. Segundo o presidente Gilson Behar, o apoio financeiro da prefeitura foi determinante para a mudança.
Behar ainda espera ajuda da prefeitura (Foto: Felipe Martins/GLOBOESPORTE.COM)Presidente Gilson Behar considera que apoio da prefeitura foi determinante para a mudança do Boca Junior para Estância (Foto: Felipe Martins/GLOBOESPORTE.COM)
- Numa cidade maior, a chance de conseguir anunciantes e investidores também aumenta. Cristinápolis tem 18 mil habitantes. Já a população de Estância beira os 100 mil. A verdade é que Cristinápolis não suportou o tamanho do time, que cresceu muito rápido num período de dez anos. Aqui temos o apoio da prefeitura, enquanto que lá não tinha nenhum projeto voltado para o clube. Em Estância, o estádio da cidade (Francão) comporta 14 mil pessoas. Em Cristinápolis, apenas duas mil.
Apesar da distância, a população de Cristinápolis continua torcendo pelo Boca Júnior-SE da mesma forma. Nos dias de jogos, os torcedores pegam a estrada, seja de carro ou de ônibus, e vão para o estádio com bandeiras e vestidos com a camisa do time. Na opinião do dirigente sergipano, o mais difícil é conquistar a simpatia dos torcedores no novo endereço.
- Estamos há três anos na cidade trabalhando diariamente para que a população de Estância aceite e torça cada vez mais pelo time, pois temos metas ambiciosas. Visamos a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.
Tal tarefa, porém, se torna menos árdua se o time conquista títulos em um curto espaço de tempo. Foi o que aconteceu com o Cene-MS. Fundado em 1999 no município de Jardim, no interior de Mato Grosso do Sul, o clube se mudou em 2002 para a capital Campo Grande. De lá pra cá, o Furacão Amarelo conquistou o Estadual cinco vezes (2002, 2004/05, 2011 e 2013), além de uma Copa Governador do Estado, em 2010. Segundo o presidente, José Rodrigues, agora até os torcedores de Jardim entendem que a mudança foi melhor para o clube.
José Rodrigues, presidente do Cene, ergue troféu de campeão estadual (Foto: Lucas Lourenço/GE MS)José Rodrigues, presidente do Cene, afirma que títulos conquistados nos últimos anos foram importantes para crescimento do clube (Foto: Lucas Lourenço/GE MS)
- Na época, o torcedor de Jardim não gostou da mudança. Até em Campo Grande encontramos resistências, mas após os recentes títulos, o Cene-MS acabou conquistando o estado. Já temos torcida suficiente até para lançar um programa de sócio torcedor. O time é o número um do ranking da CBF em Mato Grosso do Sul. Como se não bastasse, temos um dos maiores CTs do Centro-Oeste, inclusive com um estádio (Olho do Furacão) dentro dele.
Além das conquistas e do aumento do número de torcedores após a ida para a capital, o clube conseguiu também patrocinadores dispostos a investir mais.
- Em Campo Grande temos a oportunidade de captar recursos maiores tanto do poder público como da iniciativa privada. No interior, por sua vez, contamos basicamente com o apoio das prefeituras e de pequenos comerciantes – afirma o dirigente.
Além de beneficiar os clubes envolvidos, a fusão também pode ser positiva para terceiros. Foi o que aconteceu em Alagoas com o Santa Rita após a união com o Corinthians-AL. Campeão da Segunda Divisão local, o time herdou a vaga do Timão da Via Expressa na Copa do Brasil deste ano e ainda favoreceu o Penedense, terceiro colocado da Segundona em 2013 que acabou conseguindo o acesso para a elite do futebol alagoano em 2014. O curioso é que o presidente da Federação Alagoana, Gustavo Feijó, é prefeito de Boca da Mata, cidade onde está a sede do Santa Rita. Além disso, o seu irmão, João Feijó, era o presidente do Corinthians-AL.
futebol é negócio
Se até os clubes grandes sofrem para manter as suas contas em dia, imagine os chamados times de menor investimento? Dificuldades a parte, o clube precisa ser tratado como um negócio para que a história não pare de ser contada. Neste caso, todo o romantismo, emoção e fanatismo que envolvem o mundo do futebol são deixados de lado e se tornam um mero detalhe.
Boa Esporte, por exemplo, foi o primeiro nome oficial do Ituiutaba, criado em 1947, mas que profissionalizou o seu futebol em 1998. Ao se transferir para Varginha, em 2011, em busca de melhor infraestrutura, o clube teve que retomar o nome de origem por conta de uma cláusula existente no contrato com a prefeitura da nova cidade. Apesar da insatisfação de alguns torcedores de Ituiutaba, que desejavam a volta do time, a equipe renovou no final de 2012 a sua permanência em Varginha por quatro anos. Na ocasião, o presidente do Boa, Roberto Moraes, fez um apelo para que a cidade abraçasse o clube.
- A gente chegou em Varginha para fazer um trabalho a longo prazo tendo como principal objetivo chegar na Série A do Brasileiro. Agora é ter tranquilidade e que o torcedor, a cidade e o povo de Varginha possam nos abraçar.
 O Comercial perdeu a vaga na Série A2 e surgiu essa negociação. Hoje em dia, o futebol é negócio
Giovanni Coutinho, ex-gerente de futebol do Votoraty
 Quem também mudou de cidade, mas por ter sido adquirido por um grupo empresarial ligado a outro clube foi o Votoraty, que deixou de existir. Em 2010, o time estava na Série A2 do Paulista, quando foi comprado pela empresa que administra o Comercial-SP. Na ocasião, a equipe de Ribeirão Preto disputava a Série A3 do Paulista e terminou a competição em quinto lugar. Com a negociação, o Leão do Norte acabou conquistando o acesso para disputar a A2 no ano seguinte na vaga do próprio Votoraty, mesmo sem ter chegado entre os quatro primeiros. Na época, inclusive, alguns jogadores e membros da comissão técnica foram para o Comercial, sendo que dois deles permanecem lá ainda.
- Foi um negócio. O Comercial perdeu a vaga na Série A2, aí surgiu essa situação dessa negociação. O Votoraty não disputou a a competição em 2011, e o Comercial herdou a vaga. Na época, alguns jogadores e integrantes da comissão técnica foram para o Comercial. Dois deles ainda permanecem na comissão técnica. Foi uma negociação. Hoje em dia, o futebol é negócio - afirma Giovanni Coutinho, ex-gerente de futebol do Votoraty.
No entanto, mudar de cidade, fazer fusões, aumentar os recursos e melhorar a infraestrutura não significa necessariamente resultados positivos em campo. Em 2013, por exemplo, o Boca Júnior-SE estreou na Primeira Divisão do Sergipano, mas acabou sendo rebaixado.
os arrependidos; barueri e ipatinga
CLUBES ITINERANTES GRÊMIO BARUERI - PRESIDENTE PRUDENTE - BARUERI OSASCO (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)Grêmio Barueri mudou de nome ao se transferir para Prudente, mas troca não deu certo e time voltou para o seu local de origem (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)
Independente da estratégia escolhida, é preciso de sorte. Muitos conseguem vencer, enquanto outros ficam perdidos sem saber o que fazer ou para onde ir. Há também aqueles que sem alternativa acabam voltando pra casa em busca de um novo recomeço ao lado de quem sempre os acolheram.
O Grêmio Barueri, que chegou a estar entre os melhores times do país, teve um declínio enorme, sobretudo após a mudança de nome e sede para Presidente Prudente em 2011. O objetivo de conquistar mais receitas e conseguir estabilidade em um mercado carente de uma equipe profissional não deu certo por conta da distância e das condições oferecidas. Em meados de 2012, o clube voltou para o local de origem. No ano seguinte, se associou ao Grêmio Osasco, passando a se chamar Grêmio Barueri Osasco. Mas uma série de divergências entre as diretorias provocou o fim da parceria quatro meses depois. Com tantas mudanças, a identidade criada com os torcedores desde a fundação, em 1989, ficou totalmente destruída. Trabalho este, que está sendo refeito pela atual diretoria, que tem como vice-presidente o ex-jogador Edmilson.
Thadeu Gonçalves, Diretor Executivo do Barueri (Foto: Assessoria do Barueri)Thadeu Gonçalves, Diretor Executivo do Barueri, diz que clube quer resgatar identidade que tinha com o torcedor antes da mudança pra Prudente (Foto: Assessoria do Barueri)
- Temos três grandes objetivos neste retorno a Barueri: resgatar a identidade que o clube tinha com a cidade, ajudando na formação de atletas e cidadãos; ter uma equipe competitiva na Série A2 do Paulista para que o torcedor volte a frequentar o estádio; e sensibilizar os empresários sobre os objetivos do Barueri para que o clube possa atrair recursos e melhorar suas finanças – afirma o Diretor Executivo Thadeu Gonçalves.
 A palavra planejamento no futebol é bonita, mas passa por dinheiro
Itair Machado, ex-presidente do Ipatinga
Outro exemplo de insucesso recente em tal investida é o Ipatinga. Fundado em 1998, o time do Vale do Aço mineiro foi campeão estadual em 2005, semifinalista da Copa do Brasil em 2006 e vice da Série B em 2007. Mas em 2012, perdeu o apoio da prefeitura da cidade e dos parceiros que o patrocinavam. Com proposta do poder executivo de Betim, a equipe rumou no ano seguinte para a cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. No entanto, o clube mandava seus jogos na Arena do Calçado, em Nova Serrana, distante 90 km. Após uma temporada com fraca campanha no Módulo II do Campeonato Mineiro, eliminação na Série C do Brasileiro e frustração com a prefeitura de Betim, o clube voltou ao seu berço.
 - O time nunca teve torcida direito. Subimos para a Série A, jogávamos com o Flamengo e dava no máximo 5 mil pessoas. Tivemos problemas financeiros, e essa foi a única saída. Infelizmente, a palavra planejamento no futebol é bonita, mas passa por dinheiro. E arrumar grana no interior é muito difícil, por isso parei com o futebol. Em 13 anos fui campeão mineiro, duas vezes vice, semifinalista da Copa do Brasil, vice da Série B, mas não conseguimos dinheiro. O sistema do futebol é para matar os pequenos. Não é possível crescer no futebol brasileiro – opina o ex-presidente do Ipatinga, Itair Machado, responsável pela mudança para Betim.
CLUBES ITINERANTES IPATINGA BETIM (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)Ipatinga foi para Betim, mas depois voltou para a sua cidade natal. Estratégia não deu certo e dirigente aconselha ninguém a fazer isto (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)
Agora com Jaider Moreira na presidência, e com o ídolo do Atlético-MG, Reinaldo, à frente do time como técnico, o Ipatinga está de volta às origens em 2014. As dificuldades financeiras persistem, mas a experiência da última temporada ficou como lição. Por conta disso, Itair Machado recomenda que outras equipes não optem por uma mudança tão radical como esta.
- Mesmo se a prefeitura de Betim tivesse apoiado, tivesse honrado os compromissos, não valeria a pena. Um time precisa ter alma, ter raiz e isso não se transfere. Sou a favor de transferir clube, mas se for clube-empresa. Acho que errei pensando que seria melhor para o clube. Depois do exemplo do Barueri, Guaratinguetá e Ipatinga, se outro tentar, é loucura – declara.
os nômades
Diretor de futebol do Nacional-MG, Amarildo Ribeiro (Foto: Valquíria Souza /Tv Integração)Amarildo Ribeiro, diretor do Nacional-MG, é a favor do time mudar de cidade e diz que fazer futebol sem o apoio da prefeitura é difícil (Foto: Valquíria Souza /Tv Integração)
Com discurso totalmente contrário, o diretor de futebol do Nacional-MG recomenda tal solução. Amarildo Ribeiro participou da fundação do Fabriciano, em 2008, em Coronel Fabriciano. No ano seguinte, junto com um grupo de empresários de Nova Serrana, ele comprou o clube e o transferiu para a cidade. Em 2013, sem apoio da prefeitura local, a instituição migrou para Patos de Minas. Diante da concorrência dos tradicionais URT e Mamoré na cidade, o time foi para Muriaé e se uniu com o Nacional Atlético Clube. Hoje, o Nacional-MG usa as cores e a estrutura física do homônimo de Muriaé, que tem a diretoria, comissão técnica e jogadores do antigo time de Nova Serrana, que estava em Patos de Minas.
 No interior, é muito difícil fazer futebol se não tiver apoio da prefeitura.
Amarildo Ribeiro, Diretor de futebol do Nacional-MG
- No interior, é muito difícil fazer futebol se não tiver apoio da prefeitura. Aqui em Muriaé, conversamos com a prefeitura, que não pode dar apoio financeiro, mas nos indica a possíveis parceiros. Em Nova Serrana, o prefeito deixou claro que não ia apoiar. Tivemos que sair. E estamos muito felizes com a mudança. O Nacional tem uma estrutura invejável, com estádio para 15 mil pessoas. Temos um contrato de utilização de bens. A diretoria aceitou bem, a torcida abraçou, assim como os empresários da cidade. Nem penso em voltar ou mudar de novo – relatou.
Em alguns casos, o clube se torna um típico nômade do futebol, trocando de endereço de acordo com o que lhe for mais conveniente ou vantajoso no momento. Exemplo disso é o União-MS. Fundado em 1998, o time já teve como sedes a capital Campo Grande – duas vezes – e as cidades de Inocência e Camapuã, antes de se estabelecer em Dourados, onde está desde 2012. Uma rota de quase 1.000km, que impedia o clube de ganhar identidade e a empatia dos torcedores. Após tantas idas e vindas, a diretoria decidiu promover a fusão com o Inter Flórida, equipe amadora criada em 1992 e que buscava a profissionalização. Uma solução que foi boa para as duas partes, na opinião do presidente do União-MS, Jânio Miguel.
CLUBES ITINERANTES UNIÃO-MS 2 (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)Após percorrer várias cidades de Mato Grosso do Sul, o União se fixou em Dourados em 2012 onde se juntou com o Inter Flórida (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)
- Como time amador, o Inter Flórida não pode participar de campeonatos oficiais, ao contrário do União-MS, que é filiado à Federação Sul-Mato-Grossense. Por outro lado, o Inter Flórida é importante para o União-MS, pois já tem uma torcida estabelecida na cidade de Dourados, o que ajuda a criar uma identidade. Então, todo mundo sai ganhando com o União Inter Flórida.
Trocar muitas vezes de cidade, independentemente do motivo, não é uma prática que seduz a maioria dos clubes. Prova disso é o Boca Júnior-SE. Mesmo que o time receba uma nova proposta para mudar mais uma vez, o presidente, Gilson Behar, afirma que o clube dificilmente sairá de Estância.
- Vamos continuar na cidade, pois caso contrário corremos o risco de ficar sem identidade. Não digo que uma mudança é impossível, mas é bem difícil. Estamos até montando um centro de treinamento e alojamento pros jogadores no município.
nome da cidade
Há também a situação em que o clube troca o nome, mas não sai do local onde foi criado. Recém-promovido para a elite do futebol paranaense, o Metropolitano, fundado em 2010, resolveu usar o nome Maringá na sua estreia na Primeira Divisão do Estadual, após uma pesquisa feita com torcedores e empresários da cidade. Na ocasião, 87% dos entrevistados escolheram esta opção. A prefeitura não interferiu na escolha, mas gostou do resultado, pois dá maior visibilidade ao município. Segundo o presidente Zebrão, o mais importante é a cidade ter um time forte e competitivo. 
CLUBES ITINERANTES BAHIA FEIRA - ESPORTE CLUBE FEIRA (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)Bahia de Feira trocou o nome para Esporte Clube Feira de Santana para não ser confundido com o rival da capital baiana (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)
- Independente de ser Metropolitano, Grêmio Maringá ou simplesmente Maringá, o que o torcedor mais quer é um time da cidade despontando no cenário estadual e nacional.   
A história do Bahia de Feira é semelhante. Além de estreitar ainda mais a relação com o torcedor de Feira de Santana, o clube queria deixar de ser tratado como o Bahia genérico, em função do já existente na capital. Então, o nome foi alterado para Esporte Clube Feira de Santana. Apesar da troca já ter sido feita na sede, nos uniformes e até mesmo no site, no Baianão o time ainda será chamado de Bahia de Feira por conta de trâmites burocráticos na CBF, mesmo tendo dado entrada com o pedido de mudança em julho do ano passado.
vale tudo para o clube não acabar
Em nome da paixão pelo time de coração vale tudo. Até mesmo criar um outro após pedido de afastamento do original, que posteriormente decidiu retomar suas atividades, dando origem a uma batalha judicial que até agora nenhuma fusão conseguiu resolver.
Em Mato Grosso, o Ceov é o tradicional Clube Esportivo Operário Várzea-Grandense, fundado em 1º de maio de 1949 e dono de 13 estaduais (1964, 1967/68, 1972/73, 1983, 1985/86/87, 1994/95, 1997 e 2002), mas pelo excesso de dívidas, pediu afastamento após conquistar o último título. Na época, para o time continuar atuando, os dirigentes criaram o chamado Operário Empresa, equipe que herdou as cores, uniforme, escudo, história e títulos do anterior. Além de participações na Copa do Brasil, o clube foi campeão da Copa Mato Grosso em 2005 e do Estadual em 2006. Eis que, em 2013, um empresário de São Paulo reativou o antigo Ceov.
O fato é que os dois Operários – Ceov e Empresa – chegaram a se enfrentar duas vezes. Em uma delas, o Operário Empresa teve que jogar de preto, pois o Ceov tinha conseguido na Justiça uma liminar proibindo que o time jogasse com suas cores e escudo. O Ceov acabou conquistando posteriormente uma vaga na Primeira Divisão do Estadual em 2014, enquanto que o Operário Empresa segue na Segundona. Mas o impasse entre ambos permanece indefinido na Justiça.
CLUBES ITINERANTES OPERÁRIO - CEOV (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)Operário Empresa surgiu em 2002 após título Estadual do Ceov, com mesmas cores, escudo e uniforme. Clubes atualmente são rivais (Foto: infoesporte / Cláudio Roberto)
Na opinião do treinador Eder Taques, que já dirigiu os dois Operários, essa situação não era nem para ter existido. O ideal seria que eles fizessem uma fusão. No entanto, como ambas as diretorias já fizeram investimentos e tomam rumos opostos, embora tenham a mesma origem, esta é uma possibilidade cada vez mais remota.
- Quando o Ceov se licenciou em 2002 foi criado o Operário Futebol Clube, que não era um clube empresa, mas sim, uma empresa para administrar o Ceov. Mas acho que esqueceram de dar baixa no registro do Ceov, que estava licenciado, na Federação e na CBF. Como isso não foi feito, os dois puderam continuar atuando. Pior para o torcedor, que não sabia para qual Operário torcer, sendo que ambos tinham o mesmo uniforme, escudo e hino. O resultado foi este imbróglio, que dura até hoje.
Seja grande ou pequeno, todo clube tem a obrigação de manter em dia os salários dos jogadores e da comissão técnica, dos funcionários, além das despesas com viagens, hospedagem, alimentação, material esportivo e manutenção do local de treinamento. Como só cada um sabe o tamanho do seu ‘aperto’, as estratégias para manter o orçamento equilibrado variam. Não há uma fórmula definida. Ainda é cedo para afirmar que tais práticas serão comuns no futebol brasileiro e atingirão até mesmo os clubes de maior expressão. No entanto, exemplos recentes mostram que estes são procedimentos adotados com cada vez mais frequência, sobretudo pelas equipes de pequeno e médio porte.