Troféus. Pôsteres que lembram outro tempo. Pôsteres que lembram feitos
recentes. Fotos de outro Roberto Dinamite - do artilheiro de cabelos
revoltos e negros cujo chute demolidor construiu uma geração de
vascaínos - dividem espaço com outras onde o Dinamite atual, de cabelos
brancos e terno, está ao lado de políticos ou cartolas. Atrás da cadeira
do presidente do Club de Regatas Vasco da Gama, passado e presente se
misturam em vários Robertos. Mas, para a torcida cruz-maltina, o Roberto
presidente não recebe um décimo do aplauso do Roberto jogador. Mas é
ele, com ternos bem cortados e cabelos brancos, que tem a missão de
tirar o Vasco de um dos momentos mais difíceis de sua história.
O presidente Dinamite recebeu o GLOBOESPORTE.COM em seu gabinete. Foram
mais de duas horas de conversa. Dinamite desenhou com os dedos, mexeu
com a caneta, mostrou o celular com reclamações de torcedores que
descobriram seu número... falou de e-mails com cobranças que recebeu na
Alerj e na presidência. E falou. Falou sobre o presente, o passado e
sobre as difíceis últimas semanas - em que ouviu até pedidos de
renúncia.
Dinamite gesticula durante a conversa em seu gabinete em São Januário (Foto: Diego Rodrigues)
Dinamite repetiu que o momento do Vasco é de profissionalização.
Admitiu que pode demitir os parentes que contratou para trabalhar no
clube: o cunhado, o genro e o sobrinho. O primeiro, Leonardo Marins -
que, mesmo apoiado por Roberto, fracassou na tentativa de se eleger
vereador no Rio em 2012, recebendo apenas 1.480 votos. O segundo, Gerson
Junior - da empresa que faz todas as viagens do clube. E o terceiro,
Vitor, que trabalha nas categorias de base.
Dinamite garantiu que não teme novo rebaixamento à Série B e lembrou
com suspeição do comportamento de alguns jogadores durante a campanha
que culminou na queda em 2008. Eleito com a promessa de ficar no máximo
dois mandatos em São Januário, ele despistou sobre a possibilidade de
concorrer ao terceiro triênio nas eleições de julho de 2014 e promete
que dias melhores estão por chegar. Leia os principais trechos da
entrevista:
GLOBOESPORTE.COM: O Vasco vive uma fase de reestruturação. Como o presidente analisa as dificuldades dentro e fora de campo?
As pessoas (vice-presidentes) pediram para sair. Algumas delas
entregaram algumas cartas, documentos. Diziam o porquê, dizendo que as
pessoas tinham perdido um pouco da autonomia. E acho que não. Acho que o
processo tinha autonomia para trocar, mas ao mesmo tempo eu estava
querendo participar mais, estar dentro"
Roberto Dinamite
Roberto Dinamite: Nosso time vai se reforçar. Agora,
dentro de um critério. Às vezes, você contrata um jogador dentro de uma
situação que você não vai pagar nada e tal, só simplesmente em cima do
salário. É isso que temos que estar trabalhando aqui dentro, dia e
noite, noite e dia. Dentro do estatuto, você tem vice-presidentes
fazendo suas funções, mas eles não ficavam o dia a dia no clube. Hoje, o
que nós estamos buscando é isso: você ter uma pessoa qualificada dentro
do mercado que fique, não digo 24 horas, mas que viva o clube para que a
gente possa estar resolvendo e buscando também coisas de interesse do
clube. A diferença hoje com relação a alguns setores é essa. Que você
tenha um vice-presidente na função, mas que você tenha também, delegue
dentro de cada setor, autonomia para que essa pessoa dê resultado.
Precisamos ter profissionais que possam ter a noção do que acontece, não
uma vez por semana, duas ou três, mas no dia a dia do clube..
Como o clube funciona sem vice-presidentes? Hoje, estão vazios
os cargos do jurídico, de finanças e do futebol, sendo que esta o senhor
acumula.
O jurídico já vai ocupar a função...
O nome é do Roberto Duque Estrada mesmo?
Isso. Mas temos um diretor (Gustavo Pinheiro) que vai estar trabalhando
aqui dentro dessa parte jurídica, que veio do Sul. Temos o Cristiano.
Tem a parte administrativa.
Em 2012, houve uma debandada de vice-presidentes. Por que houve esses pedidos de saídas em sequência?
As pessoas pediram para sair. Algumas delas entregaram algumas cartas,
documentos. Diziam o porquê, dizendo que as pessoas tinham perdido um
pouco da autonomia. E acho que não. Acho que o processo tinha autonomia
para trocar, mas ao mesmo tempo eu estava querendo participar mais,
estar dentro. Não tenho nada pessoal contra as pessoas que estavam.
Caminhamos juntos. Houve um comentário que eu estava querendo puxar para
mim uma situação de voltar ao regime presidencialista, de centralizar. O
que não é verdade. Se alguém falar aqui, qualquer um que saiu, se falar
que eu centralizei, que não deleguei e não permiti dentro de cada setor
que desenvolvesse com autonomia, e ao mesmo tempo competência, não vão
estar sendo verdadeiros. Então, mais do que nunca, hoje qualquer coisa
que aconteça, meu diretor executivo, que está hoje lá em cima, vai ter
que me passar, para que eu dentro disso estar autorizando e concordando o
que está sendo feito.
Sala de Dinamite tem quadro com o retrato do
presidente (Foto: Diego Rodrigues)
Muitos vice-presidentes falaram que essa sua diferença na gestão aconteceu em 2011, quando você ganhou a Copa do Brasil e foi reeleito. Citam o caso da renovação do Felipe, por exemplo. O que você tem a dizer?
Primeiro, todos os contratos que foram feitos com jogadores foram
delegados a quem ficou à frente do futebol profissional, que era o
Rodrigo Caetano junto com o Mandarino. O que pedi, é que, antes de as
coisas acontecerem, eu tivesse ciência das coisas que iriam acontecer.
Isso não quer dizer que estou centralizando.
Aconteceu de não te passarem algumas coisas e isso te incomodar
por não ficar sabendo de tudo, coisas que deveriam passar por você?
De algumas coisas, eu tinha que ser informado. E aí você tem o caso do
Diego Souza, que chegou aqui com uma proposta fechada do empresário do
jogador, querendo sair, e que naquele momento entendia-se que a saída do
Diego não seria boa. Tentei junto com os nossos diretores que estavam
aqui buscar uma solução. O caso do Felipe, por exemplo. Ele era titular
no time, foi fazer uma partida amistosa, um jogo de despedida onde ele
jogava (Catar). E, quando ele retornou, colocou uma situação que teria
uma proposta para voltar ao Catar e, entendemos que a participação dele
naquele momento para o Vasco seria importante, e não foi uma decisão
simplesmente do presidente. O Felipe teve um aumento de salário. Em
razão disso, gerou talvez essa situação. Isso foi falado, foi
conversado, achamos que era importante o jogador permanecer no Vasco. Se
eu levar para o outro lado, não participei de negociação nenhuma de
contrato de jogador nenhum. Lá tinha um diretor de futebol, um
vice-presidente, e vieram vários jogadores. Em alguns acertamos, em
outros erramos. O Mandarino tinha autonomia com relação a essas coisas. A
única coisa que eu quis e que vou participar é com relação a isso, das
contratações e das negociações. No final, quem assina é o presidente.
Como era o tipo de conversa na hora de contratar um jogador?
Eles falavam quem seria contratado e o senhor só aprovava? Como era a
negociação?
Num primeiro momento, o Rodrigo teve autonomia total para buscar
jogadores. O Vasco vivia uma situação em 2008, quando tinha seis a sete
jogadores e tinha que fazer um time. E em cima disso começamos a
trabalhar. Vieram o Rodrigo e o Dorival. Na época, quem nos ajudou muito
nesse processo foi o Carlos Leite. Antes, as coisas eram feitas
diretamente com o Rodrigo Caetano e com o próprio Mandarino. Quando eu
quis participar mais do processo, gerou esse mal-estar. Mas o Vasco é
maior que isso..
Nós estávamos trabalhando com uma proposta de dois mandatos. Se vou
ser candidato ou não, eu acredito que não. Agora, como fui candidato
dentro de uma situação para unir os vascaínos, posso dizer para você que
não tenho vaidade nenhuma, não estou projetando nada em uma próxima
eleição"
O fato de você querer participar mais foi o que motivou a saída do Rodrigo?
Não posso falar pelo Rodrigo. Nós sentamos aqui e conversamos por cinco
horas com relação à renovação. No primeiro momento, no primeiro
contrato para o segundo, ele já teve uma proposta do Fluminense. Ele
colocou isso na mesa. E o Vasco entendeu que seria importante ele
continuar. E o Vasco fez um novo contrato. Ao término desse outro
contrato, ele teve proposta de outros clubes e de novo do Fluminense.
Mas, oficialmente, isso não foi falado como da primeira vez. Ficamos
aqui discutindo cinco horas o que seria feito para o ano seguinte.
Dentro disso, após quatro horas e pouco, o rapaz que trabalha comigo
falou que estava dando na rádio que o Rodrigo estava saindo do Vasco. E
ele estava aqui. Falei com ele: “Rodrigo, a rádio está dando que você
está saindo do Vasco”. Isso depois de quatro horas de conversa de
programação para o ano seguinte. Ele falou que não tinha nada disso e
continuamos conversando. Meia hora depois, aí sim ele colocou que estava
cansado, pelo jeito dele de trabalhar, muito intenso, ele iria dar um
tempo. Não tivemos como nos posicionar como foi da vez anterior, que foi
uma situação de negociação. Ali nós estávamos discutindo o calendário
do ano seguinte. Com quase cinco horas, ele falou que estava cansado, e
nós não pudemos fazer mais nada. Agora, dizer outra coisa, de não ter
tido autonomia, acho que o Vasco nesse sentido com o Rodrigo foi
maravilhoso. A decisão de sair foi dele. E o Vasco tem que continuar.
Quando você se candidatou, disse que queria ter dois mandatos.
Há gente especulando sobre um terceiro mandato. Mas nunca ouvi você
falar sobre isso.
E nem vai ouvir.
Você não vai ser candidato em 2014?
Hoje, mais do que nunca, eu não posso pensar no Vasco em 2014. Eu tenho que pensar no Vasco hoje.
Mas você dizia, antes, que só queria dois mandatos.
Nós estávamos trabalhando com uma proposta de dois mandatos. Se vou ser
candidato ou não, eu acredito que não. Agora, como fui candidato dentro
de uma situação para unir os vascaínos, eu posso dizer para você que
não tenho vaidade nenhuma, não estou projetando nada em uma próxima
eleição. O que eu quero cumprir hoje é com as minhas obrigações como
presidente, buscar o equilíbrio necessário. Por isso hoje deixei de lado
essa coisa amadora. Amadora no sentido de agora ter na administração
profissionais de quem você possa cobrar. Esse é o grande problema que o
clube tem. As pessoas acham que não podem ser tocadas. Eu poderia ir
numa visão que é o seguinte: tenho mandato até 2014. Poderia aumentar
esse dívida. Mas hoje, mais do que nunca, entendo que temos que
profissionalizar a nossa administração. Precisamos resgatar a
credibilidade, não só com discurso, mas com atitude, competência, com
cada setor fazendo o seu melhor.
Torcedores fazem protesto antes do jogo contra
o Friburguense (Foto: Raphael Zarko)
Como equilibrar a parte profissional e a política?
O clube tem duas vertentes: uma que é mais profissional, e a outra mais
política, mas o resultado político vem quando você faz uma boa
administração, cumpre com as obrigações e os resultados vêm dentro do
campo. Essa é a razão de uma administração de clube. E, para isso, você
tem que ter, além dos vice-presidentes, pessoas preparadas para tocar a
parte jurídica, a parte de pessoal do clube e a parte administrativa.
Essas três forças precisam estar juntas com o restante das pessoas que
estão no clube, que são importantes para que as decisões tomadas sejam
as melhores para o Vasco. Então, não estou pensando em eleição, como
nunca pensei em tentar outra eleição. O que fiz e quero fazer pelo Vasco
é dar minha contribuição. E dar minha contribuição é com resultado
dentro do campo? É. Sei que é importante o resultado dentro do campo.
Mas sei também que só isso não basta, senão o clube daqui a pouco fica
inviável. Com certeza as pessoas que estão se lançando candidatas vão
encontrar um Vasco muito melhor do que eu encontrei. Nós conseguimos
viver um novo momento do Vasco.
O grupo político de seu antecessor, Eurico Miranda, se
movimenta para lançar um candidato nas eleições de 2014. Como é sua
relação com ele atualmente?
A minha relação com ele é institucional. Tenho que estar numa reunião,
ele está na reunião, eu tenho que falar. Se tiver que me dirigir a ele,
vou me dirigir. Agora, necessariamente, no meu dia a dia, não existe
nenhuma ligação, nenhuma relação. Aí, quando você cumprimenta dentro de
uma reunião, você está dentro do processo. Quando vem um ministro
(Dinamite refere-se à visita de Aldo Rebelo, ministro dos Esportes, a
São Januário) que você está dentro de um processo, você cumprimenta,
entendeu? E não simplesmente vira as costas, porque a instituição... Mas
tem que ter limites. A única coisa que foge a isso é eu ser obrigado a
estar tendo que me relacionar. Tendo a obrigação institucional, é uma
coisa, agora eu, Roberto, ter que estar falando no dia a dia, encontrar e
tal, eu não tenho. Mas não é com ele (Eurico Miranda), é com qualquer
um. Sou uma pessoa assim, eu sei com quem tenho que conviver, mas não
sei ser vaselina. Vaselina, fazer uma média com o cara, vou falar um
negócio. Cara, não tem um, desses que saíram (vice-presidentes), que
fale algum dia que destratei ou tirei deles a condição de autonomia e de
fazer o que achavam em prol do clube.
Você é a voz
contrária na venda do Dedé neste momento? Outra pergunta em cima disso: a
venda dele é fundamental para dar um alívio aos cofres?
O que às vezes me deixa triste e chateado é que eu tenho a melhor das
intenções. Mas melhor das intenções não adianta. Acredito nos
profissionais que estão e acreditei nos que estavam"
Todo mundo fala do Dedé, diz que tem proposta do Dedé. O Dedé é
importante para o Vasco? É para caramba. Aí vocês falam: vai vender o
Dedé? Eu falei isso para o Diego Souza. Falei para o Rômulo, para o
Fagner, vamos trabalhar para buscar uma situação. Já conversei com o
Dedé. Entendo que o mercado apresenta uma situação e que hoje ele tem
consciência de que o Vasco reconheceu o valor que ele tem, o valorizou
financeiramente. Ele estava em um patamar e hoje está em uma situação de
ser o jogador mais valorizado no clube. Agora o Dedé vai ser vendido ou
não? Temos que analisar e ver da melhor maneira possível. Quando falo
isso, não estou em cima do muro. Se o Vasco tiver condições de manter o
Dedé e equilibrar as finanças, e com isso buscar parceiros, não se pensa
duas vezes. Agora, pelo quadro que nós temos hoje, a permanência dele
dentro do processo de tudo, ela não é tão simples. Ela fica quase que
meio a meio. Não adianta ficar com o Dedé e não adianta simplesmente
vender o Dedé. Temos que ter outras coisas.
Como o clube poderia solucionar a crise financeira sem vender o Dedé?
Há outras iniciativas que já foram e que estão sendo tomadas para que a
gente possa viabilizar o clube. Temos outros caminhos, mas são coisas
internas do clube que nós precisamos desamarrar, abrir para dizer que o
Vasco pode hoje sair no mercado e buscar aquilo que lhe cabe como marca,
como instituição. Um dos caminhos é viabilizar essas coisas das
Certidões (Negativas de Débito), senão o clube não anda. Para que isso
aconteça, temos que estar trabalhando, e estamos trabalhando. Sentamos
recentemente para fazer acordo com Romário. E tivemos que fazer. Pagamos
Euller, Donizete, Júnior Baiano, Viola. Coisas de 2000 ou 2001. Mas, se
eu não pagar, o clube para. O que às vezes me deixa triste e chateado é
que eu tenho a melhor das intenções. Mas melhor das intenções não
adianta. Acredito nos profissionais que estão e acreditei nos que
estavam.
E como encara o constante atraso de salários dos jogadores e funcionários?
Tu acha que eu gosto disso? C..., isso me deixa... Não existe ninguém
com mais vontade que eu em relação a isso. Por isso que a forma
profissional de hoje é o caminho. Para que todos possam receber seus
direitos em dia. Não adianta tapar as coisas. Para isso, estamos
caminhando. Temos algumas situações financeiras e essa pendência do
clube. Resolvendo isso, vamos ter a condição de cumprir com essas
condições. Eu tenho que pagar. Quero pagar os funcionários, mas, se não
tivesse nada lá de trás, seria tranquilo. Mas eu tenho responsabilidade
com o clube. Esse é o caminho que vai ser a redenção do clube. Espero
que aconteça nos próximos meses para que a gente possa estar
equilibrando, começar a pagar melhor, não atrasar três meses.
O patrimônio do clube também enfrenta problemas, como a piscina de São Januário...
Renúncia de Dinamite já foi pedida em faixa
num avião na orla do Rio (Foto: Fabio Penna)
Esta semana vi um documento de um diretor questionando por que a
piscina do Vasco não funciona. Tem o problema do vazamento. Temos que
rever essa situação. A piscina do Vasco não funciona, você tem um número
reduzido de pessoas, e você tem um custo mensal de mais de R$ 100 mil. E
as pessoas questionam por que a piscina não funciona. Gostaríamos de
poder solucionar, mas tudo sai de uma certa forma do futebol. Tudo que é
modalidade passa pelo futebol. Eu não falei, mas tive que pagar ao Luiz
Lima, que foi nadador, ele entrou com uma ação contra o clube. E a
gente busca não colocar isso para fora, mas o Vasco pagou R$ 1,2 milhão
para um nadador que passou pelo Vasco lá em 2000, 2001, sei lá. Mas teve
que pagar, senão estava tudo sendo penhorado. Fizemos acordos, e
pagamos.
Sabe quanto o clube já pagou de dívidas na sua gestão?
É coisa para caramba. Por isso que eu falo. Estou presidente, e é o
Vasco que tem que pagar. Isso que as pessoas não entendem e te cobram
uma situação: “O clube não tem dinheiro”. Tem. Só que o dinheiro, em
parte, ou quase na totalidade, está comprometido em razão dessas coisas.
Nesse sentido que eu quero colocar o seguinte: o Vasco é viável. As
pessoas que gostam e respeitam o clube, que querem ajudar, que venham.
Porque jogar pedra é fácil para cacete.
O senhor acha que faltou se posicionar de uma maneira mais firme em relação às situações do clube?
Por isso que coloquei aqui esses caras (aponta para o assessor) para
ver se melhora (risos). Mas às vezes você fala. Até para vocês mesmo.
Vocês fazem o dia a dia, mas o cara que tem uma coluna, ou o cara que
alguém mandou alguma coisa para ele. O cara joga no ar. Você fala uma
coisa e o cara... Tem gente de vocês também que não está nem aí. Esse
negócio agora do estádio. Não tenho culpa se o Botafogo ou o Engenhão
tem problema. Fui para a reunião, e o Botafogo, o Fluminense, não tinham
onde jogar. Vamos ter que ver, jogar no Vasco. Ok, beleza, tudo certo. E
Vasco x Botafogo, como fica? Aí o Maurício (Assumpção) se posicionou
falando que só joga em São Januário com 50% (de torcida para cada lado).
Porque no Engenhão havia um acordo de se jogar 50%, que para mim é
ruim. Eu jogava duas vezes com o Botafogo no campo dele. E com Flamengo e
Fluminense da mesma forma. Eu tenho um campo e meu campo não pode ser
utilizado. Teve um problema mais sério de interditar o estádio e nos
comprometemos com o negócio do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta). A
parte do bombeiro, a parte hidráulica aqui embaixo. Outras coisas que se
fazem necessárias. Exigência que se tinha era em relação a roletas, que
tinha que botar roletas. O grande problema do estádio, que tem aquela
divisão que representa 10%, o que se joga em todo o Brasileiro e na
Europa. O que se tinha de acordo no Engenhão era uma situação
excepcional. Por exemplo: Botafogo fala em 50%. Uma coisa que vocês
sabem, mas outras pessoas não sabem, quem define o público é o Gepe. Se o
Gepe fala: “Presidente, eu garanto 50% no estádio”. Ok. Não fui eu que
vetei o jogo aqui. A polícia militar determinou que garante 90% (de
torcida mandante) e 10% (de torcida visitante). Ficou a impressão de que
o Vasco que vetou. O Mauricio falou que só joga com 50% porque foi
campeão, a torcida está empolgada. Na final teve mais vascaíno que
botafoguense. Mas não é ele que decide nem eu. Eu poderia ter falado:
“Ok, 50%. Bota a polícia”. Aí a polícia fala: “Não garanto o jogo”.
Mas por que o Vasco vetou que o Botafogo enfrentasse clubes pequenos em São Januário?
Você tem que se posicionar. Nesse sentido eu acho que tinha que me
posicionar. O Botafogo não pode jogar com o Vasco lá, por que jogar na
quinta-feira lá? Me posicionei. Era uma coisa lógica, legal. O Botafogo
poderia jogar lá. O Fluminense me pediu para jogar aqui dia 18 (contra o
Caracas, pela Libertadores). O torcedor do Vasco é contra. O torcedor
fala: “O Abel falou mal de São Januário”. Aí eu falo: "Vamos ver o
futebol do Rio". Mas falam: “Não pode fazer isso, eles não podem jogar
aqui. Vai jogar no Aterro e tal”. E não deixa de ser uma fonte de renda.
Estou até analisando essa coisa, sei que não tem influência nenhuma,
mas isso gera uma situação de desgaste e já até conversei com o próprio
Cristiano, dentro desse aspecto profissional, é uma das pautas que vamos
estar debatendo, sobre parentes e tal. Se isso gera, de uma certa
forma, resistência, gera o cara falar de uma situação ou outra ali, por
que não (tirar)?"
Uma crítica constante ao senhor é a colocação de parentes no
clube. Isso era muito criticado na época do Eurico e acabou se repetindo
contigo.
Qual é a situação? O Leonardo (Marins, secretário do Vasco, que foi
candidato a vereador e não se elegeu nas últimas eleições municipais)
está aqui. Uma pessoa próxima a mim. Aqui na presidência tem que ter
alguém que faça esse link. O clube hoje tem 630 funcionários. Tem o
Leonardo (cunhado) aqui, o Vitor (sobrinho) no futebol da base, e tem o
Gerson (genro) que, que... (presta serviço, diz o assessor). Dentro de
uma relação de 600 funcionários, você tem três pessoas que têm uma
relação de estar mais próximos, que trabalham para cacete, fazem um
trabalho legal para o clube. As pessoas querem justificar, se poderia
ter outra pessoa para fazer esse trabalho. Poderia. Poderia ter também
dentro do financeiro, administrativo, pessoas que pudessem ter ligação
direta. A tua direção, o jornal em que trabalha tem pessoas ligadas
diretamente a ele. E nem por isso estão ali para fazer o que tem que ser
feito para trabalhar em prol do clube. O Gerson tinha que ter alguém
para fazer o trabalho. Ele ganha dinheiro? Ganha. O custo operacional
dele é mais caro do que outras empresas? Não. Ele recebe em dia? Não.
Ele faz um bom trabalho? Faz. No primeiro momento, quando entramos, que
não tinha porcaria nenhuma, o dinheiro estava curto, ele colocou alguma
coisa dele, porque no primeiro momento era muito mais fácil falar que
não posso pagar do que simplesmente botar uma empresa aqui que no mês
seguinte iria entrar com uma ação contra a gente. São coisas pequenas.
Pequenas, que quero dizer...
Seus parentes vão continuar no clube?
Estou até analisando essa coisa, sei que não tem influência nenhuma,
mas isso gera uma situação de desgaste e já até conversei com o próprio
Cristiano, dentro desse aspecto profissional, é uma das pautas que vamos
estar debatendo, sobre parentes e tal. Se isso gera, de uma certa
forma, resistência, gera o cara falar de uma situação ou outra ali, por
que não (tirar)? Vamos trabalhar ali. Mas é mais um ponto, não é porque
vocês me perguntaram agora, mas estamos conversando sobre a
possibilidade..
Muitas pessoas questionam você usar algumas situações do clube para ganhar voto. Como vê isso?
Depois que entrei no Vasco, a minha pior eleição em termos de votos foi
essa (a última). Você vai explicar na prática como? Foi a eleição mais
difícil para mim. Fui o 15º, 16º do partido de 17 eleitos. Outro dia, o
cara falou que eu usei o negócio de Pinheiral. Quando você tem o
mandato, pode encaminhar, fazer emendas, esse negócio todo. Tenho um
trabalho em Pinheiral, de muito tempo. Em Volta Redonda, eu tenho lá uma
escolinha do meu instituto. O cara que procurou de Pinheiral querendo
abrir escolinha do Vasco, falei: “Não, não abre escolinha do Vasco”. Vai
dar uma conotação que você está usando, sabe. Tenho escolinha em Volta
Redonda, uma porção de lugares. Com meu nome, meu instituto. Um ou outro
pede: “Você pode ir?”. Nem tenho ido a esses lugares. Não tem conotação
política nenhuma. Ou que o Vasco foi para Pinheiral. Quando foi feita a
negociação de ficar um período, o René gostou tanto que quis segurar os
caras num contrato de três ou cinco anos, porque o local é muito bom
para fazer pré-temporada. O Vasco tinha lá em São Paulo (Atibaia), o
Fluminense foi lá, pagou antes e tirou. Hoje, quando faz isso, você faz
pensando na frente e o cara acha você está fazendo alguma coisa. Até o
político que ganhou lá é oposição..
CT de Pinheiral, de aliado político de Dinamite,
despertou polêmica (Foto: Gustavo Rotstein)
Muitos questionam também o contrato do CT da base, em Itaguaí, que pertence ao empresário Pedrinho Vicençote...
O Vasco já utiliza o espaço do Pedrinho há dois anos mais ou menos,
porque a gente não tinha campo para treinar. A gente tinha que sair,
treinar na Marinha, aqui, ali. Às vezes nem ia treinar. E esse espaço,
na época nem fui eu que consegui para treinar lá. O Vasco já estava
treinando lá, não sei o quê. E não pagava p... nenhuma. Aí se buscou,
foi lá, olhou ano passado, e vamos buscar isso aqui, porque tem um grupo
de vascaínos que ajudam a gente nos momentos mais críticos, mais
difíceis. É um grupo de vascaínos que não ganha p... nenhuma, mas que
são vascaínos que querem ajudar. O doutor Olavo é um desses. O que eles
fazem? Injetam alguma coisa nesse período e depois, quando o Vasco faz
tipo um contrato de mútuo, o Vasco vai ressarcindo essas pessoas. Não
são investidores, são vascaínos que não querem ter nada, não buscam
negócio de jogador, entendeu? Esse grupo entendeu: por que não buscar
esse espaço que já existe, que a gente pode ter esse espaço,
principalmente para a base? Eles se colocaram dentro de uma situação de
fazer um aporte, de repente faz uma proposta para comprar o espaço. E a
gente compra o espaço para o Vasco e depois o Vasco vai ressarcir dentro
da medida do possível.
Já comprou?
Não, não comprou.
A utilização do CT não está relacionada à sua ligação pessoal com o Pedrinho?
Por que o negócio do Pedrinho? Podem achar que é porque o Pedrinho
jogou comigo. Não tenho relação nenhuma com nenhum empresário. Tanto
que, um dos caras de que mais gosto dentro do processo, foi o cara que,
quando o Vasco precisou, ele ajudou, foi o Carlos Leite. Ele é um
empresário, mas, quando o Vasco precisou, ele ajudou o Vasco. Trouxe
essas pessoas que eu falei, o Rodrigo (Caetano) e o Dorival (Junior). O
Vasco pagando, claro. E buscou outros jogadores. Então, as pessoas
confundem um pouco essa situação. Então não existe nada disso com
relação a Pedrinho ou qualquer outro. Carlos Leite tem jogador, Reinaldo
Pitta tem jogador. Todo mundo tem jogador dentro dos clubes. Qual
jogador que botei, que no caso o Pedrinho trouxe? O jogador que o
Pedrinho trouxe foi o Dakson. E não tenho por que não falar. Muitos dos
jogadores que vieram para cá... É o que digo: acertamos em um e erramos
em outros. Eu não lembro o caso do menino, lá atrás, desde o início,
veio do Japão, um baixinho (Fernandinho, meia contratado em 2009). E
ganhando muito bem. Entrou um, dois jogos, não fez p... nenhuma e
tivemos também nesse período do próprio Rodrigo Caetano e Mandarino de
contratações. Por exemplo, a gente ainda paga o meia que jogou com a
gente aqui, disputou a Segunda Divisão. O Jéferson foi um. Tem outro, um
canhotinho que estava no Ceará, depois foi para o ...
Não tenho relação nenhuma com nenhum empresário. Tanto que, um dos
caras de que mais gosto dentro do processo, foi o cara que, quando o
Vasco precisou, ele ajudou, foi o Carlos Leite. Ele é um empresário,
mas, quando o Vasco precisou, ele ajudou o Vasco"
O Enrico?
É, o Enrico.
Ele foi reintegrado, estava treinando à parte.
Mas há quanto tempo esse cara estava aí? Há quanto tempo o Vasco não
usava e pagava por esse jogador? São esses levantamentos, essas coisas
que a gente está fazendo aqui dentro. Falar para você: nunca chegou
alguém aqui me oferecendo jogador aos montes. A primeira coisa que
falava era: “Procura o Rodrigo Caetano, conversa com ele lá no futebol”.
O que gerou em parte essa situação, aí sim passa por isso. Quando eu
comecei a perguntar quem era esse jogador, de onde veio, de uma certa
forma incomodou e não sei por quê. Você acha que não posso perguntar?
Quando digo nós, nós acertamos e erramos com muitos jogadores.
Você passou por um rebaixamento em 2008. Neste ano, o segundo
turno do Vasco no Carioca foi muito ruim, você tem medo de ver aquele
desespero novamente de não cair? Estou perguntando porque o time
enfraqueceu muito e há risco de nova queda.
Não. Não penso nisso, porque acho que nosso time vai se reforçar. Nós
vamos estar, dentro daquilo que nós podemos, porque entendo que é
fundamental também buscar o equilíbrio financeiro para o clube. Existe
uma insatisfação. O ideal seria estar pagando tudo em dia. Uma cobrança
de um lado, que acho que legal. E tem que ter uma cobrança do outro lado
também, para que a gente busque o equilíbrio e o entendimento. Não é
simplesmente falar: “O time está mal. O time é ruim. Temos que contratar
de qualquer jeito”. Vamos buscar. Agora, dentro de um critério. Às
vezes, você contrata um jogador dentro de uma situação que você não vai
pagar nada e tal, só simplesmente em cima do salário. É isso que temos
que estar trabalhando aqui dentro, dia e noite, noite e dia.
Dinamite com Autuori e o diretor Cristiano Koehler:
caras novas (Foto: Marcelo Sadio / Vasco.com.br)
Como foi viver aquele momento do rebaixamento? O senhor era um ídolo recém-chegado à presidência e convivia com aquela situação.
Era muito fácil. Era só chegar e falar: “A culpa é do outro (se refere a
Eurico Miranda)”. Quando entrei, tinham não sei quantos jogadores, os
caras não se dedicavam. Posso falar isso. Mas não é essa a solução. Eu
não acredito, até que me provem o contrário, não acredito que jogador
vai se permitir a uma situação que vá prejudicar o clube.
Tinha gente fazendo corpo mole para prejudicar?
Nessa hora falam tudo. Cada um fala uma coisa, mas eu não acredito.
Sinceramente eu não posso acreditar e tal coisa. Até por ter sido
atleta.
Porque seria prejudicial ao próprio jogador.
Prejudica todo mundo. Agora, que era esquisito, era. Mas acho que foi
uma lição, por isso houve uma mudança dentro de uma situação que era
muito crítica, difícil financeiramente. Conseguimos dar a volta por
cima. O time voltou para a Primeira Divisão, conseguiu ser campeão.
Prefiro falar mais nisso. Foi uma emoção fantástica, nunca vi, nem como
jogador, a festa que a torcida fez na volta de Curitiba lá no aeroporto
(depois do título da Copa do Brasil). Nunca vi, nem nos títulos de
campeão brasileiro, qualquer coisa do Vasco, nunca vi. Buscamos esse
trabalho fortalecendo a equipe, fazendo uma equipe competitiva.
Trouxemos jogadores, o caso do Diego (Souza), que estava lá no
Atlético-MG, não estava legal. Veio, fortaleceu. Jogadores que foram
importantes no processo, como a vinda do Juninho, do Felipe e outros. E o
Vasco tinha um time competitivo, forte. Acredito que, se tivesse essa
programação, de futebol, parte financeira, diretor, nós teríamos hoje a
base daquele time. E que hoje não estaríamos nessa situação. Mas
aconteceu, saíram. Esses que estão aqui também podem estar saindo amanhã
ou no fim do ano. Mas dentro de uma nova filosofia, de sentar e
discutir. E aí você não vai ser pego de surpresa. A saída desses atletas
que estavam aqui para nós foi muito ruim. Aí a situação foi só o
presidente? Não. Todos nós.
Hoje também há muitos protestos da torcida. Vi na frente do
estádio, em um bar, um adesivo com a frase “Renuncie, Dinamite”. Na rua
tem muro pichado escrito “Fora, Dinamite!”. Como você vê essa mudança da
sua imagem com a torcida? Machuca?
Eu sabia que iria encontrar uma situação em que seria vidraça. Quando o
Vasco ganhou e voltou para a Primeira Divisão, não foi o presidente só.
Foram os jogadores, os diretores, técnico, todo mundo. Claro que hoje
dentro da visão que as pessoas têm de "O Roberto não é um
administrador”. Mas o que é ser um bom administrador? É você ser mão de
ferro? Não. Essa coisa da imagem é ruim para caramba. É desagradável,
porque hoje eu tenho consciência de que os resultados que o Vasco teve
nessas partidas, você buscar uma explicação e simplesmente falar que o
presidente contratou errado, eu sei que não é isso. Quando o Vasco
empata ou perde em uma situação ou outra, isso mexe. Não tem como não
mexer. No jogo passado aqui, estava vendo um cara com cabelinho todo não
sei o quê, escreve: “Fora, presidente. Renuncia, Roberto”. Você vai
fazer o quê? Vai proibir o torcedor de entrar no estádio? Hoje, se fizer
isso, está indo contra a história do clube. Sei que teve um rapaz que
fazia o negócio de Mister M. O clube o ajudava. Trabalhou aqui. E foi
ali para o protesto (no jogo contra o Friburguense, em São Januário). No
último jogo, os torcedores ficaram de fora. Tem um grupinho. Mas isso
faz parte. Você falou quando o Vasco caiu para a Segunda Divisão. No
jogo em que o Vasco caiu aqui, a torcida teve o momento triste, mas ao
mesmo tempo levantou para poder dar forças para que a gente pudesse sair
daquele momento. Quero ganhar, ser campeão e ter o momento bom. Mas eu
passo, o outro passa, o outro passa. A grande diferença de tudo isso é
que fui jogador, ídolo do clube, e estou exposto dentro de uma situação.
Claro que o torcedor está p..., chateado. Eu também estou. Agora, eu tenho que respirar e buscar o caminho para sair disso.
E isso estamos fazendo"
Que tipo de cobrança o senhor costuma receber?
Sinceramente, já vivi até como jogador. Quando perdia o jogo e saía
aqui, não é agredir, é xingar falar e tal. Tudo tem um limite. Acho que
não posso ficar respondendo, falando. O cara manda um negócio e tenho
que estar respondendo. Tenho que responder com as atitudes e buscando
dentro do clube fazer o meu melhor e dar condições para que as coisas
aconteçam. Claro que o torcedor está p..., chateado. Eu também estou.
Agora, eu tenho que respirar e buscar o caminho para sair disso. E isso
estamos fazendo.
O Olavo (Monteiro de Carvalho, empresário, presidente da
Assembleia Geral e antigo personagem político no clube) foi a pessoa que
mais te ajudou?
É o cara que mais ajuda diretamente. Acho que ele teve um gesto aqui
comigo, eu falei isso para ele mais de uma vez. A atitude que ele teve
comigo na eleição que nós perdemos aqui (na primeira vez em que Dinamite
disputou a eleição, em 2003). Eram três horas da manhã para sair do
Vasco, ele ficou comigo até três e pouca da manhã. O cara com mais de
sessenta... Não posso falar muito que estou chegando lá (risos). O cara
com setenta anos, realizado, com o nome dele, o prestígio... São esses
gestos que representam e valem muito. Essa é a coisa diferente que eu
vejo dentro do Vasco com relação a pessoas. O que entendo é que é uma
troca que existe entre a gente. A pior coisa para mim é ter que pedir
alguma coisa. Acho que você tem que agir, ter atitude. E atitude não é
chegar aqui e dar esporro, xingar alguém. Atitude é você mostrar uma
linha do que quer e buscar com determinação o que você quer. Tem muita
gente aqui dentro que eu gosto, admiro, respeito. Independente disso,
vou tratar todos como acho que deva ser tratado, que é tratar bem.
Voltando para a área administrativa: vocês pretendiam fazer a reforma do estatuto. Isso o senhor pretende deixar como legado?
Estamos tratando disso. Daquilo que poderia ser feito. Entra até o
negócio de dois mandatos ou mais que já falamos. Hoje o estatuto diz que
você pode se candidatar várias vezes. Essa era uma ideia de proposta lá
atrás. Hoje estão sendo debatidos esses pontos para que a gente possa
dar agilidade e viabilizar o clube para outros processos do tempo de
hoje. O estatuto vem lá de trás. Há parcerias, essa coisa de empresas
estarem dentro do processo, são alguns pontos que vão estar sendo
debatidos e que já estão sendo debatidos em beneficio do Vasco.
Quais foram seus arrependimentos nesse período?
O torcedor pode e tem o direito de expressar o sentimento. Tem a frase
“O sentimento não pode parar”. Ele não pode parar nunca. Mas nós temos
que prepará-lo para isso. E a forma de preparar é ter essa estrutura boa
e um time não para uma temporada, mas preparado para ao longo dos anos
ser forte e competitivo"
Não ter sido campeão brasileiro (em 2011). Acho que o Vasco merecia
pela trajetória. Foi um detalhe. E, na vida, acho que você não pode
viver de arrependimentos. Você tem que tirar lição do que foi feito de
bom para melhorar e o que foi feito de ruim não se repetir. Eu quero,
junto com esse trabalho que está sendo feito, fazer isso. Vamos
trabalhar juntos, todo mundo. Vamos ganhar todos. E, quando perder,
vamos perder todos.
O que o torcedor do Vasco pode esperar do futuro?
Quero regularizar a vida do Vasco, administrativa, financeira para
poder projetar logo na frente algo para que o torcedor possa ter motivo
de orgulho, que é ter um time competitivo, em condições de brigar e ser
campeão. Que o torcedor do Vasco possa ter a certeza de que nós não
vamos só sair desse momento, mas o que está sendo feito é de
reestruturar, preparar o Vasco não só para este ano, não só para o meio
do ano que vem, quando termina meu mandato, mas preparar para o Vasco
digno, em condições de proporcionar ao torcedor o que ele espera. É isso
que estou querendo e buscando, um Vasco forte administrativamente,
forte internamente. E aí passa principalmente para não ficarmos pequenos
no discurso, ou em algumas atitudes. O torcedor pode e tem o direito de
expressar o sentimento. Tem a frase “O sentimento não pode parar”. Ele
não pode parar nunca. Mas nós temos que prepará-lo para isso. E a forma
de preparar é ter essa estrutura boa e um time não para uma temporada,
mas preparado para ao longo dos anos ser forte e competitivo.