terça-feira, 11 de setembro de 2018

Em quase dois anos, nove cinturões são destituídos ou deixados vagos no UFC

No mesmo período, os campeões fizeram 30 lutas defendendo seus respectivos cinturões, ou seja, o número de títulos vagos foi de 30% em relação às defesas no Ultimate

Por Combate.com, Rio de Janeiro
 
Na última sexta-feira, véspera do UFC 228, Dana White revelou em Dallas que o cinturão peso-mosca (até 56kg) feminino estava vago. A declaração aconteceu horas depois que a então campeã Nicco Montaño foi hospitalizada e acabou fora da luta com a então desafiante Valentina Shevchenko. O presidente do UFC não quis esperar que Nicco se recuperasse para remarcar o combate. Nos últimos quase dois anos, esse filme se repetiu por nove vezes, contando também campeões que não quiseram lutar mais.
A marca de nove cinturões destituídos ou vagos é marcante se levarmos em conta o número de títulos defendidos no mesmo período. A partir do dia 9 de novembro de 2016, quando Jon Jones teve retirado seu cinturão meio-pesado (pela segunda vez na carreira), o Ultimate assistiu a 30 defesas de título, já contando o UFC 228 do último sábado. Ou seja, o número de cinturões sem defesa corresponde a 30% dos que efetivamente foram colocados em jogo pelos campeões.
A partir de uma lista elaborada pelo jornalista Dave Marsdino, do MMA Today, o Combate.com listou abaixo todos os casos dos últimos quase dois anos em que os cinturões foram retirados dos campeões ou deixados vagos por quem o detinha.

JON JONES - MEIO-PESADO INTERINO (09/11/16)

Jon Jones foi destituído em duas ocasiões — Foto: Evelyn RodriguesJon Jones foi destituído em duas ocasiões — Foto: Evelyn Rodrigues
Jon Jones foi destituído em duas ocasiões — Foto: Evelyn Rodrigues
Em novembro de 2016, Jon Jones vivia o mesmo filme que já tinha protagonizado em 2015. Nessa ocasião, depois de ser suspenso durante um ano devido ao doping por ter ingerido um estimulante sexual contaminado com substâncias proibidas, o lutador teve o cinturão interino dos meio-pesados retirado por Dana White.
Jones havia conquistado o título ao vencer Ovince St. Preux por decisão unânime no UFC 197, em abril de 2016, e na véspera de enfrentar Daniel Cormier e tentar unificar os cinturões da divisão até 93kg surgiu a notícia do doping, em julho. Meses depois veio a suspensão da USADA e a decisão do Ultimate de lhe tirar o título.

CONOR MCGREGOR - PESO-PENA (26/11/16)

Irlandês jamais defendeu um título do UFC — Foto: Evelyn RodriguesIrlandês jamais defendeu um título do UFC — Foto: Evelyn Rodrigues
Irlandês jamais defendeu um título do UFC — Foto: Evelyn Rodrigues
Em 2 de dezembro de 2016, o UFC oficializou a decisão de tirar de Conor McGregor o cinturão peso-pena (até 65kg). Ele era o dono do título da categoria desde o dia 12 de dezembro de 2015, quando nocauteou José Aldo, mas no período de quase um ano não subiu ao octógono para defender seu cinturão.
No período em que ostentou o cinturão peso-pena, Conor McGregor fez duas lutas no peso-meio-médio com Nate Diaz e depois conquistou o cinturão peso-leve (até 70kg) diante de Eddie Alvarez. Menos de um mês depois de ter o segundo cinturão da organização, Conor foi destituído do posto de campeão dos penas, seguindo apenas campeão peso-leve.
Com essa decisão do UFC, José Aldo foi automaticamente alçado ao posto de campeão peso-pena novamente. Depois que perdeu para Conor McGregor, o brasileiro voltou a lutar em julho de 2016 e conquistou o cinturão interino, o que o possibilitou se tornar campeão com a saída do irlandês do peso-pena.

JON JONES - MEIO-PESADO (13/09/17)

Jones nunca perdeu o título dentro do octógono — Foto: Evelyn RodriguesJones nunca perdeu o título dentro do octógono — Foto: Evelyn Rodrigues
Jones nunca perdeu o título dentro do octógono — Foto: Evelyn Rodrigues
Com Jon Jones nenhuma confusão é pouca. Depois de acabar suspenso anteriormente, perder seu título interino no meio-pesado (até 93kg) e a chance de enfrentar Daniel Cormier pela unificação, o lutador voltou a se ver flagrado em novo exame antidoping. Desta vez, "Bones" tinha acabado de ter uma nova chance e vencido Cormier no UFC 214, em julho de 2017.
A luta entre Jon Jones e DC se deu em 29 de julho - e dia 22 de agosto veio a notícia do resultado positivo após teste feito na véspera do confronto. A Comissão Atlética da Califórnia primeiro transformou a luta em "No Contest" (sem resultado). Na sequência, em 13 de setembro, o UFC anunciou que havia retirado o cinturão de “Bones” e o devolveu a Cormier, que se mantém até hoje o campeão meio-pesado do UFC.
Neste caso, Jon Jones ainda aguarda um desfecho da Agência Antidoping dos EUA (USADA). O americano foi flagrado pela presença do esteroide “turinabol” em seu exame.

GERMAINE DE RANDAMIE - PENA (19/06/17)

Holandesa foi a primeira campeã do peso-pena feminino — Foto: Getty ImagesHolandesa foi a primeira campeã do peso-pena feminino — Foto: Getty Images
Holandesa foi a primeira campeã do peso-pena feminino — Foto: Getty Images
Em fevereiro de 2017, Germaine de Randamie chegou a ser homenageada pelo clube de coração na Holanda, o Utrecht, após conquistar o cinturão peso-pena (até 65kg) da então recém-inaugurada divisão entre as mulheres no UFC. Durou apenas quatro meses o posto de campeã da lutadora.
Germaine enfrentou Holly Holm em 11 de fevereiro de 2017 e venceu por decisão unânime a luta que definiu a campeã inaugural do peso-pena do UFC. O duelo já era polêmico devido à ausência de Cris Cyborg no embate, que primeiro alegou não poder bater o peso em 12 semanas e depois chegou a ser suspensa provisoriamente por conta de um teste antidoping. Depois que a holandesa se tornou campeã, o Ultimate buscou casar a luta com a brasileira para que Germaine pudesse fazer sua primeira defesa de título. A holandesa, porém, alegou lesões e se negou a enfrentar Cyborg.
Com a recusa de Germaine e com Cris Cyborg pedindo passagem para lutar na categoria, o Ultimate anunciou no dia 19 de junho de 2017 que a brasileira enfrentaria Megan Anderson pelo título linear do peso-pena, automaticamente retirando de Germaine de Randamie o cinturão. No mês seguinte, Cyborg se tornou campeã, mas venceu Tonya Evinger, já que Megan se retirou do embate.

GEORGES ST-PIERRE - MÉDIO (07/12/17)

GSP entrou no seleto grupo de campeões em duas divisões — Foto: Getty ImagesGSP entrou no seleto grupo de campeões em duas divisões — Foto: Getty Images
GSP entrou no seleto grupo de campeões em duas divisões — Foto: Getty Images
Em 8 de dezembro de 2017, um mês após conquistar o cinturão peso-médio (até 84kg) do UFC batendo o então campeão Michael Bisping, Georges St-Pierre abriu mão do posto de campeão para tratar uma colite ulcerosa (doença inflamatória crônica do intestino grosso que ocasiona úlceras na camada interna do cólon). A notícia foi anunciada pelo perfil do UFC no Twitter.
GSP voltou para duelar com Bisping após quatro anos de aposentadoria, tendo parado de lutar enquanto ainda era o campeão meio-médio (até 77kg) do Ultimate. A atitude de retornar veio na categoria de cima.
Com a decisão do canadense de parar novamente após conquistar o título no peso-médio, o UFC automaticamente alçou Robert Whittaker como campeão linear, já que ele era o dono do título interino. Na mesma ocasião, a organização anunciou que o australiano defenderia o título contra Luke Rockhold na luta principal do UFC 221. Essa luta nem chegou a acontecer na Austrália, já que o campeão se machucou.

CONOR MCGREGOR E TONY FERGUSON - LINEAR E INTERINO DO LEVE, RESPECTIVAMENTE (07/04/18)

McGregor exibe os dois cinturões conquistados no Ultimate — Foto: Jason SilvaMcGregor exibe os dois cinturões conquistados no Ultimate — Foto: Jason Silva
McGregor exibe os dois cinturões conquistados no Ultimate — Foto: Jason Silva
O UFC 223, realizado no dia 7 de abril deste ano, entrou para a história com uma série de confusões e mudanças na semana do evento no Brooklyn, em Nova York. Além das cenas de selvageria protagonizadas por Conor McGregor e as incertezas de quem enfrentaria Khabib Nurmagomedov na luta principal, o UFC 223 selou a perda de dois cinturões no peso-leve (até 70kg).
Originariamente, Khabib Nurmagomedov enfrentaria o campeão interino Tony Ferguson em luta que selaria o campeão linear da categoria dos leves. Automaticamente, Conor McGregor perderia seu posto de campeão, pois não defendeu desde novembro de 2016 o título conquistado contra Eddie Alvarez.
Tony Ferguson teve os planos frustrados por uma lesão — Foto: Getty ImagesTony Ferguson teve os planos frustrados por uma lesão — Foto: Getty Images
Tony Ferguson teve os planos frustrados por uma lesão — Foto: Getty Images
Mas a confusão começou com uma lesão de última hora de Ferguson. O campeão interino saiu da luta e Max Holloway ficou com a vaga. Mas o havaiano campeão peso-pena não pôde lutar após veto por questões médicas na véspera da luta. Al Iaquinta acabou na luta com Khabib, que se tornou campeão após vitória dominante. Dana White colocou o cinturão no russo, e McGregor e Ferguson automaticamente perderam os seus.

NICCO MONTAÑO - MOSCA (08/09/18)

Nicco Montaño discordou da decisão do UFC — Foto: Josh Hedges/Getty ImagesNicco Montaño discordou da decisão do UFC — Foto: Josh Hedges/Getty Images
Nicco Montaño discordou da decisão do UFC — Foto: Josh Hedges/Getty Images
Nicco Montaño só pôde ostentar seu cinturão peso-mosca (até 56kg) por nove meses, e sem conseguir defendê-lo uma vez sequer. A lutadora de 29 anos conquistou o título no dia 1° de dezembro de 2017, quando venceu Roxanne Modafferi na final do TUF Finale 26. Depois disso, alegou que precisava de tempo para se recuperar de lesões após o programa. Até que marcou o duelo com Valentina Shevchenko para o último sábado, no UFC 228, em Dallas.
Na última sexta-feira, dia da pesagem oficial dos lutadores, Nicco Montaño foi hospitalizada após problemas com o corte de peso para atingir até 56,7kg, o limite dos moscas. Horas depois, na pesagem cerimonial em Dallas, Dana White anunciou que retirava o cinturão de Nicco. Na mesma ocasião, o presidente do UFC disse que o título estaria em jogo até o fim do ano com Valentina Shevchenko já garantida na luta.

COLBY COVINGTON - MEIO-MÉDIO INTERINO (08/09/18)

Colby se tornou campeão interino ao vencer Dos Anjos — Foto: Getty ImagesColby se tornou campeão interino ao vencer Dos Anjos — Foto: Getty Images
Colby se tornou campeão interino ao vencer Dos Anjos — Foto: Getty Images
Colby Covington se tornou campeão interino do peso-meio-médio (até 77kg) em 9 de junho deste ano, depois de vencer de forma dominante Rafael dos Anjos no UFC 225, em Chicago. Era o que precisava para garantir um lugar contra o campeão linear Tyron Woodley? Não. Pouco mais de um mês depois, o Ultimate ignorou Covington e escalou Darren Till como desafiante diante de Woodley.
A alegação do Ultimate para colocar Till no duelo do último sábado, no UFC 228, em Dallas, foi que Covington recusou a luta por não poder estar pronto nesta data depois de uma cirurgia no nariz. Ele queria lutar pelo título no UFC 230, em 3 de novembro, sugestão que não foi aceita pela organização. Depois da vitória de Woodley diante de Till por nocaute, no sábado, automaticamente Colby Covington perdeu seu cinturão interino. A retirada oficial deve aparecer na próxima atualização do ranking. Mas, antes desta luta, Dana White garantiu que o “Caos” seria o próximo desafiante. Será?