Odone nega vaidade, critica Koff e garante lisura no contrato da Arena
Em tom de desabafo, ex-presidente do Grêmio diz que atual
gestão acabou com autoestima do torcedor ao defender que estádio
pertence à construtora
Por GLOBOESPORTE.COM
Porto Alegre
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Paulo Odone, ex-presidente do Grêmio
(Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)
Por uma hora, o ex-presidente do Grêmio Paulo Odone falou abertamente
sobre a Arena desde a inauguração, em 8 de dezembro. Em entrevista ao
programa Bate-Bola, da TVCOM, o deputado estadual se defendeu contra as
críticas de uma eventual abertura precipitada do novo estádio, não
poupou o atual mandatário Fábio Koff, o tratando como protagonista de
uma espécie de campanha 'anti-Arena', e garantiu lisura na confecção do
contrato com a construtora OAS, da qual o clube será parceiro por 20
anos.
- Eu tinha determinação de ficar quieto sobre tantos debates na Arena.
Nesta preocupação eu acabei me calando para não criar uma situação
irreversível. A Arena só dará certo se ela for o orgulho dos gremistas,
sendo turbinado por isso. Ela foi inaugurada em dezembro não por
vaidade, mas, sim, porque dois anos e pouco atrás eu fui a São Paulo
para saber da OAS se teriam condições de entregar pronta para jogos,
para a próxima Libertadores, e para o Rio Grande do Sul lutar para a
Copa das Confederações. Diante desses dois argumentos, eu só voltaria à
presidência se pudesse conquistar issso. Diante da resposta da OAS,
positiva, é que eu assumi a presidência (2011) e não fiz outra coisa em
dois anos a não ser lutar que isso acontecesse. Foi duro. Nunca pensei
que teríamos tantos obstáculos - disse. - Koff declarou em bom tom: 'A
Arena não é nossa'. Acabou com a autoestima do torcedor, que recém tinha
visto a inauguração. Tive que aguentar calado. Acabei vindo aqui (ao
programa) porque já tem torcedor achando que foi mau negócio.
‘Vida’ para Arena
Em tom de desabafo, o dirigente falou e repetiu inúmeras vezes sobre a
autoestima. Disse acreditar que a emoção gerada pela Arena poderia alçar
o clube a 200 mil sócios. Mas que, se o clima não se inverter e o
ambiente não for vencedor, toda grandiosidade e benefícios do projeto
irão gerar um “elefante branco”.
- Se o Grêmio não criar um ambiente vencedor, vai ficar um mau negócio.
Durante 20 anos tem que compartilhar com a Arena. O duro é dar vida
para ela. Se não, aquela coisa belíssima vai virar um elefante branco.
Se não fizermos isso, vai destruir a imagem da Arena – opina.
Paulo Odone usou números da gestão anterior
como defesa (Foto: Diego Guichard)
Matemática como defesa
Além de se explicar sobre a inauguração e criticar Koff, Odone abordou a
polêmica questão a respeito do dinheiro a ser repassado à OAS oriundo
das cadeiras usadas pelos sócios - o clube comprou determinada
quantidade de assentos para repassá-los aos sócios. A atual gestão
critica um aditivo que aumentou o número de cadeiras compradas e passou
de R$ 23 milhões para 41 milhões a quantia desembolsada pelo Grêmio. A
direção alega que tal conta pode onerar o futebol. Ainda aponta que esse
aditivo não passou pelo Conselho Deliberativo. Odone nega:
- Tudo foi levado para o Conselho do Grêmio. Foram 18 reuniões só para
estudar a Arena. Todos examinaram o início dos laudos. Contratamos
empresa para analisar.
De acordo com Odone, Grêmio recebe R$ 66,5 milhões por ano com o
associado, mais 9 milhões da OAS, por contrato. São R$ 75 milhões de
receita, no total, portanto. Desses, tiram-se R$ 41 milhões que são
pagos pelo “aluguel” das cadeiras. Sobram R$ 34 milhões para o clube,
anuais.
- Em 2011, recebíamos 29 milhões por ano. O Grêmio recebe hoje mais do
que naquela época. O que eles querem é R$ 120 milhões. Fizeram altos
investimentos no futebol e estão apertados – disse Odone.
Nesta segunda, às 11h, Odone concede entrevista coletiva no Estádio
Olímpico. O ex-presidente também deve se encontrar nesta semana com o
Koff em busca de uma trégua.
Paulo Odone participou de programa de debate na noite deste domingo
(Foto: Diego Guichard / GLOBOESPORTE.COM)