quarta-feira, 2 de novembro de 2011

No aniversário da morte de Irons, Kelly Slater conquista seu 11º título mundial

Americano derrota australiano Daniel Ross em bateria equilibrada, avança para a quarta fase em São Francisco e garante o troféu pela primeira vez nos EUA

Por GLOBOESPORTE.COM São Francisco, EUA
Ele foi o maior adversário e, por muito tempo, um desafeto. Mas no fim da vida se permitiu enxergar a rivalidade de outra forma. Andy Irons tinha certeza de que Kelly Slater chegaria ao seu 10º título mundial na temporada passada. Não teve tempo de vê-lo alcançar a façanha, que acabou sendo dedicada a ele. Nesta quarta-feira, em São Francisco, Irons foi homenageado e lembrado no aniversário de um ano de sua morte, enquanto Slater escreveu mais um grande capítulo em sua vitoriosa carreira: o 11º título mundial.
- Tive muito apoio aqui. Eu não sabia o que esperar, mas todos estão sendo ótimos, tem sido especial. Não sei o que aconteceu com o tempo e com as ondas. Deve ser Andy. É meio estranho. Eu estava pensando sobre muitas coisas, estive pensando muito nele nos últimos dias. De um jeito, torna isso mais especial. Acho que celebra as lembranças que eu tenho dele. Eu provavelmente poderia escrever um livro de memórias nossas, as boas, as ruins, as feias – disse Slater à transmissão oficial.
kelly slater surfe campeão (Foto: Divulgação / ASP)Kelly Slater é carregado pela torcida depois de ser campeão pela 11ª vez (Foto: Divulgação / ASP)
Era a 11ª vez que Kelly Slater levantava o troféu de campeão mundial do surfe. Mas ainda dava para ser novidade para ele. Campeão em 1992, 1994, 1995, 1996, 1997, 1998, 2005, 2006, 2008, 2010 e 2011, pela primeira vez o surfista da Flórida conquistou o título mundial nos Estados Unidos.
O 11º título mundial veio depois que o americano derrotou o australiano Daniel Ross passou para a quarta fase na etapa de São Francisco, mas Kelly Slater precisou suar. Ross abriu a sexta bateria com um 7,70 e aumentou sua vantagem com um 5,00 na segunda onda. Slater diminuiu a distância com uma nota 6,00 na quarta onda, o aussie respondeu com um 6,70, mas o surfista dos Estados Unidos tirou um 7,53 para deixar a bateria equilibrada.
A bateria já se encaminhava para o fim, e Kelly Slater precisava de um 6,88 para tomar a liderança e chegar ao título. Aproveitou tudo de uma onda e, faltando 1m07s, a nota 7,60 fez a praia explodir de felicidade. Com 15,13 contra 14,40, a vitória era americana.
A bateria seguinte, com o segundo do mundo Owen Wright, já havia começado, mas Slater aproveitou para iniciar a comemoração com mais uma onda encerrada com um aéreo. Deixou a água para ser carregado pela multidão que o esperava na praia.
- Eu não ganhei sem esforço. Disputei muitas baterias contra o Ross nesta temporada e sabia que ele era perigoso nessas condições. Eu estava um pouco fora de sincronia no início. E não estava conseguindo ouvir direito. Ele me deu parabéns pelo 11º título e pensei ‘Acho que venci’. Eu estava nervoso, estou apenas feliz que isso acabou. É uma satisfação pessoal. Todo o esforço do ano é recompensado.
Foram três vitórias em 2011, a primeira logo na estreia, na Gold Coast, na Austrália. Depois de ficar fora da quarta etapa, em Jeffreys Bay (África do Sul), o americano voltou para vencer em Teahupoo, no Taiti, ficar com o vice em Nova York e o primeiro lugar em Trestles, na Califórnia.
O pior desempenho de Slater foi justamente no Rio de Janeiro, um 13º lugar. Teve ainda outro vice-campeonato, em Portugal, derrotado na final pelo brasileiro Adriano de Souza. E duas quintas colocações, em Bells Beach (Austrália) e na França.

Dodô passa Cortês, assume ponta no Armandão e traça meta: Olimpíadas

Lateral-esquerdo do Bahia se torna o melhor da posição no Brasileirão, mas diz que só comemora quando afastar definitivamente risco de rebaixamento

Por Cahê Mota Rio de Janeiro
O começo foi discreto, sem muitas expectativas. Franzino, jovem e de cabeça raspada, Dodô chegou ao Bahia em janeiro como promessa para lateral esquerda, mas mais famoso pelo fato de vir do Corinthians do que pelo que tinha feito no futebol. A desconfiança era grande. Afinal, o dono da posição era Ávine, ídolo da torcida. Dez meses depois, porém, o tempo passou, o cabelo cresceu e, como Sansão, o menino de 19 anos e cachos esvoaçados amadureceu e se tornou titular graças à regularidade demonstrada em uma equipe que faz dos altos e baixos característica na campanha contra o rebaixamento.
dodô bahia (Foto: Agência Estado)Dodô comemora gol marcado contra o Flamengo: ponto determinante para boa fase (Foto: Agência Estado)
Substituto do lesionado Ávine no início do segundo turno, Dodô não deixou apenas o antigo titular, já recuperado, para trás. Prestigiado por Joel Santana, superou também o novo queridinho do torcedor brasileiro para lateral esquerda, Cortêz, do Botafogo, para se tornar o melhor da posição no Troféu Armado Nogueira, com média de 6,13 pontos por partida. O sucesso individual, porém, não o satisfaz por completo. Celebração, só com a permanência do Bahia na Série A.
Tenho um sonho, uma meta na minha vida, que é participar das Olimpíadas. Sei o quanto é difícil, a quantidade de jogadores bons por posição, mas sei que tenho condições e vou lutar por isso"
Dodô, lateral do Bahia
- Não jogo pensando em conquistas individuais. Quero ajudar o time a sair dessa. Mas é legal ter esse reconhecimento. Mostra que estou no caminho certo.
Caminho que Dodô não pensa em mudar, pelo menos no momento. Vinculado ao clube baiano até o fim do Brasileirão, o lateral tem contrato com o Corinthians até a metade de 2012. Um retorno ao Parque São Jorge não é sua preferência. Ciente da força do elenco corintiano, principalmente pela iminente classificação para Libertadores, ele até deseja ampliar seu vínculo com o Timão, mas projeta um futuro em Salvador. Até mesmo por uma meta especial:
- Tenho um sonho, uma meta na minha vida, que é participar das Olimpíadas. Sei o quanto é difícil, a quantidade de jogadores bons por posição, mas sei que tenho condições e vou lutar por isso. Atualmente, não sei se teria tantas oportunidades no Corinthians que me fariam demonstrar meu futebol para ser chamado.
A seu favor, Dodô tem a boa relação com Mano Menezes, responsável por sua chegada aos profissionais no Corinthians. Em bate-papo com o GLOBOESPORTE.COM, o lateral do Bahia falou sobre sua primeira temporada jogando para valer, os planos para o futuro, as “aulas” que recebeu de Ronaldo e Roberto Carlos e até mesmo do jeito soteropolitano de ser, que ele incorpora aos poucos, mas avisa:
- Sem dançar.
Confira toda entrevista:
Depois de poucas oportunidades no Corinthians e de um início instável no Bahia, você, enfim, tem conseguido uma sequência de jogos e, inclusive, está se destacando, mesmo com o time não tão bem. Queria que você falasse sobre a temporada de 2011, o que mudou tanto em você?
Dodô, lateral do Bahia, na Praia do Forte (Foto: Arquivo Pessoal)Dodô curte momento de folga na Praia do Forte,
próximo a Salvador (Foto: Arquivo Pessoal)
No começo do ano, todo o time não se acertava. Acabamos eliminados na Copa do Brasil e não ganhamos o Baiano. Aqui, quando não é campeão fica difícil. Não acho que fui mal individualmente. Fui titular na reta final do Estadual, mas acabei ficando fora dos jogos contra o Vitória (pela semifinal). Depois, só fui jogar praticamente no segundo turno do Brasileirão.
Essa volta por cima aconteceu justamente em um momento delicado, com o time no Z-4, e entrando no lugar de um dos maiores ídolos da torcida, que é o Ávine. A pressão foi maior por causa disso? Acha que a cobrança do torcedor foi dobrada?
O Ávine é um ídolo, muito querido pela torcida. Torcem mesmo pelo sucesso dele, até se for o caso de se transferir para um clube grande de São Paulo, do Rio... É um cara que merece conquistar muitas coisas. Até por esse carinho, a disputa é difícil. Lembro que nas vezes em que fui bem, diziam que o Baiano era fácil e queriam me ver no Brasileirão. No segundo turno, tive uma sequência, ganhei confiança e pude ir bem. Principalmente depois do jogo com o Flamengo, quando fiz um gol e o time viveu boa fase no campeonato.
O Bahia voltou a oscilar, mas suas atuações o colocam como melhor lateral-esquerdo do campeonato no Troféu Armando Nogueira...
Não jogo pensando nisso, em conquistas individuais. Quero ajudar o time a sair dessa. Mas é legal ter esse reconhecimento. Mostra que estou no caminho certo.
Você subiu para o profissional no Corinthians muito jovem, com 17 anos. Acha que só agora pode realmente se dizer um jogador de verdade, com maturidade para encarar qualquer situação? Essa temporada no Bahia está sendo boa para esse crescimento?
A diferença do ano passado para esse é grande. Joguei mais, enfrentei pressão, vivi o pós-jogo com derrotas... Tudo isso foi importante. O Bahia tem jogadores experientes, como Fabinho, Carlos Alberto, Ricardinho, Reinaldo, o próprio Joel. Todos me ajudam muito. Sou um curioso. Gosto de sentar, conversar, ouvir histórias. Isso me ajuda. Hoje, estou mais pronto. Talvez não estaria assim se ficasse no Corinthians.
E você pensa em voltar para o Corinthians no fim do ano, quando acaba seu contrato com o Bahia?
Meu contrato com o Corinthians acaba no meio do ano que vem. O interessante é renovar e ser emprestado para poder jogar. Se for assim, seria bom continuar no Bahia. Estou feliz e ambientado"
Dodô, sobre o futuro
Tenho um sonho, uma meta na minha vida, que é participar das Olimpíadas. Sei o quanto é difícil, a quantidade de jogadores bons por posição, mas sei que tenho condições e vou lutar por isso. Atualmente, não sei se teria tantas oportunidades no Corinthians que me fariam demonstrar meu futebol para ser chamado.
Sendo assim, a preferência é seguir no Bahia?
Meu contrato com o Corinthians acaba no meio do ano que vem. O interessante é renovar e ser emprestado para poder jogar. Se for assim, seria bom continuar no Bahia. Estou feliz e ambientado.
Apesar de ter subido jovem, foram poucas as oportunidades no profissional do Corinthians. Tem alguma explicação para isso ou foi algo que você encarou com naturalidade?
Em 2009, fui campeão sul-americano pela Seleção e subi para o profissional com 17 anos e seis meses a pedido do Mano. Logo depois, tive uma contusão no quadril. Acabei indo para o Mundial antes de finalizar o tratamento, nem joguei. Na volta, participei dos últimos quatro jogos do Brasileirão. Desci para o juniores para Taça São Paulo e quando voltei o Roberto Carlos tinha sido contratado. Joguei só dois jogos no ano todo. O Mano até me relacionou para Libertadores, o que surpreendeu muita gente, mas o Roberto Carlos não se machuca nunca. Com o Mano na Seleção, o Adilson não me aproveitou, não sei o motivo. Fiquei um pouco de lado. Com o Tite, também não tive oportunidades.
Para um jovem de 17 anos, viver ao lado de Ronaldo e Roberto Carlos deve ter sido um sonho. Você mesmo disse que é “curioso”. O que eles dois te agregaram de positivo? Como foi esse período?
Aproveitei demais. Convivi com o Ronaldo por dois anos e com o Roberto, um. Só tenho lembranças ótimas. Eu sentia que o carinho deles por mim era grande. Sempre pegavam no pé, incentivavam a treinar, falavam do meu potencial. O Roberto era sensacional. De todos os jogadores com quem convivi, é o mais fantástico. Com a idade dele, não ficava fora de treino, de jogo, não tinha mau humor, tratava todo mundo bem. É um exemplo. E também um professor. Sempre me deu conselhos de como bater na bola, treinava faltas comigo, cruzamentos. Aprendi muito com ele.
Dodô, lateral do Bahia, na Praia do Forte (Foto: Arquivo Pessoal)Dodô caminha pelas pedras da Praia do Forte. Lateral mora com os pais em Salvador (Arquivo Pessoal)
Você disse que sonha com a Olimpíadas, e o Mano te conhece bem. Acha que larga em vantagem por isso?
Ele trabalhou um ano e meio comigo. Apostou em mim, viu potencial, me colocou no profissional e conhece minha característica e personalidade. Nunca tivemos problema, muito pelo contrário. Se eu fizer por onde, acho que posso ter esperança.
E a luta do Bahia contra o rebaixamento? Acha que é uma caminhada tranquila para a permanência ou o sofrimento vai até o fim?
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Esperamos fazer valer o mando de campo nessa reta final para acabar com o desespero o quanto antes"
Dodô
É a primeira vez que passo por isso. É muito incômodo. Mesmo quando ganhamos, não há tranquilidade, ainda corremos risco. Enquanto não fugirmos matematicamente, será um problema. O Brasileirão é difícil, ninguém consegue embalar uma sequência grande de vitórias. Esperamos fazer valer o mando de campo nessa reta final para acabar com o desespero o quanto antes.
Como tem sido sua vida em Salvador? Você é do interior de São Paulo (Campinas), logo cedo foi para capital... Já se acostumou com a praia, a vida tranquila e divertida da capital baiana?
Sou bem tranquilo. Não sou de ir muito à praia. Vou às vezes porque moro em frente (risos). Meus pais estão morando comigo e mantenho a rotina de São Paulo. Jantar, shoppings, cinema, teatro. Fora isso, procuro descansar. Meus parentes vêm bastante de São Paulo, ficam comigo. Nas ruas, a torcida apoia daquele jeito extrovertido do baiano. É bem legal.
E já entrou no ritmo do axé também? Arrisca uma dancinha com o Souza nas comemorações?
Sou bem eclético. Curto o pagode baiano, que é como eles chamam o que tratamos como axé. Eu já tinha amizade com o Léo Santana, do Parangolé. Aqui, ficamos mais próximos, saímos para comer. Mas eu não danço, não. Isso deixa para Souza, que é quem faz os gols (risos).

Antes do retorno ao Beira-Rio, Abel resume a expectativa: 'Emoção louca'

Técnico enfrenta o Inter no Sul pela primeira vez depois dos títulos da Libertadores e do Mundial de 2006: 'Vai ser diferente de tudo o que já vivi'

Por Edgard Maciel de Sá Rio de Janeiro
Um reencontro especial, emocionante e muito aguardado. No próximo domingo o técnico Abel Braga pisará no Beira-Rio pela primeira vez como adversário depois da conquista dos dois títulos mais importantes de sua carreira. Em 2006, no comando do Internacional, ele ajudou o clube gaúcho a se sagrar campeão da Libertadores e do Mundial de Clubes. Agora com a camisa do Fluminense, o treinador tentará calar o estádio que um dia fez chorar de alegria. Mas sabe que será difícil conter a emoção na hora do reencontro.
montagem Abel Braga Internacional Fluminense (Foto: Editoria de Arte)Abel colorado e tricolor: emoções à flor da pele no próximo domingo, dia do retorno como adversário ao Estádio Beira-Rio  (Foto: Editoria de Arte)
- Vai ser diferente de tudo o que já vivi no futebol. Voltar ao Beira-Rio depois de quatro anos, enfrentar o Internacional... Emocionante mesmo. O carinho e o respeito que tenho por esse clube e pelo torcedor colorado é inatingível. Muito forte mesmo. Trata-se de uma relação humana construída durante cinco passagens. Foi no Inter que consegui meus maiores títulos. Já os enfrentei esse ano, no Engenhão (2 a 0 Flu), mas é diferente. A torcida vai lotar o estádio. Estão tratando como o jogo do ano. Vou sentir aquela forte energia outra vez, mas agora do outro lado - resumiu o técnico tricolor.
Vai ser diferente de tudo o que já vivi no futebol. Voltar ao Beira-Rio depois de quatro anos, enfrentar o Internacional... O carinho e o respeito que tenho por esse clube e pelo torcedor colorado é inatingível".
Abel Braga
A última vez que Abel Braga enfrentou o Internacional no Beira-Rio foi pelo Campeonato Brasileiro de 2005, e coincidentemente no comando do Fluminense. No placar, empate em 2 a 2, resultado que agora não interessa para nenhuma das equipes. Com 53 pontos, o Tricolor ocupa a quarta posição do Brasileirão 2011. O Colorado vem logo atrás, em sexto, com 51. Perguntado por quem torceria, caso não estivesse trabalhando, em uma eventual final, o treinador deixou claro o seu carinho por ambos os clubes.
- Ai você (jornalista) quer me complicar... Faz isso comigo não. Esse retorno já vai ser uma emoção louca. Para mim seria realmente um orgulho muito grande ver Internacional e Fluminense decidindo qualquer competição. Mas essa eu passo (risos) - finalizou.
A partida entre o Colorado e o Tricolor está marcada para o próximo domingo, às 19h (de Brasília), no Beira-Rio, pela 33ª rodada do Brasileirão.

Sem salário digno, ex-jogadora deixa o Galo para trabalhar no Mineirão

Bárbara Fidélis ajuda nas obras do estádio, mas ainda sonha em
vestir a camisa do Atlético-MG no maior palco do futebol de Minas Gerais

Por GLOBOESPORTE.COM Belo Horizonte
Os problemas financeiros sempre foram muitos. Os contratempos, maiores ainda. Mas alguma coisa, talvez uma mistura de destino e predestinação, não deixou que Bárbara Fidélis, de 18 anos, se afastasse do futebol. A sua história não é muito diferente da de milhares de jovens brasileiros que sonham em trabalhar dentro das quatro linhas. A situação, porém, tornou-se muito mais difícil ainda pelo simples fato de o futebol feminino não ser valorizado no Brasil.
Especial Mineirão Bárbara Fidélis (Foto: Lucas Catta Prêta) Bárbara Fidélis brinca com a bola nas obras do Mineirão (Foto: Lucas Catta Prêta / Globoesporte.com)
Tudo bem que essa jovem não está ligada ao mundo da bola do jeito que queria, mas, de uma forma ou de outra, está inserida na reforma de um dos principais palcos do futebol brasileiro, o Mineirão, em Belo Horizonte. E, claro, ficar pertinho do “Gigante da Pampulha” alimenta os sonhos de voltar a atuar profissionalmente. Afinal, seria apenas coincidência o fato de a ex-atacante ter conseguido o primeiro emprego, com carteira assinada, justamente no canteiro de obras do estádio?
Da passagem de ônibus à carteira assinada
Bárbara, atleticana fanática, começou a jogar bola aos 14 anos. Ficou no Atlético-MG até pouco antes de atingir a maioridade. Mas o salário não permitiu que ela continuasse. Salário, na verdade, é força de expressão.
- Fiquei lá por cerca de três anos e meio. Comecei com quase 15 anos, quando subi para o time A. Quando a equipe começou a receber patrocinador, dispensaram algumas meninas e chamaram outras de São Paulo. Fiquei sentida porque fiquei três anos com elas, só recebendo passagem. Mas aqui no Brasil é assim mesmo.
Para ajudar a família, o sonho de jogar ficou de lado, forçosamente interrompido. Bárbara teve que correr atrás de um emprego certo, com salário fixo e com todas as garantias possíveis. Ela só não imaginava que o local de trabalho seria aquele onde ela vibrou, chorou e sorriu ao ver o time do coração jogar.
- Minha tia trabalha aqui na obra. E ela uma vez disse que tinha serviço. Fiz a integração, mas não pude entrar porque era menor de idade. Aí fiz 18 anos, e apareceu nova oportunidade no Mineirão. Fiz os exames, mas falaram que não contratariam mais mulheres para a obra. Passou um tempo, e minha tia arrumou outro emprego aqui. Como o serviço não seria fácil, me advertiram que teria que ficar no sol quente, de um lado para o outro, com muita poeira. Falei que não tinha problema, porque já fazia isso quando jogava futebol. Sou atleta.
Arrepios na espinha
Especial Mineirão Bárbara Fidélis (Foto: Lucas Catta Prêta)Bárbara Fidélis mostra toda a sua habilidade
(Foto: Lucas Catta Prêta / Globoesporte.com)
Após três tentativas de trabalhar nas obras do Mineirão, Bárbara tinha motivos para estar feliz. A insistência, além de ter sido recompensada, permitiu que ela pudesse conhecer por dentro o estádio no qual tanto sonhou em jogar.
- Eu sou apontadora. Uma vez, fui conhecer a obra, andei, cheguei no meio-campo, que tinha só terra, e fiquei pensando como deve ser. Fico arrepiada só de pensar na torcida inteira gritando meu nome. É incrível!
A previsão do consórcio que constrói o Mineirão é que o estádio esteja completamente pronto em dezembro de 2012. Para Bárbara, ter a oportunidade de ver, antes da maioria das pessoas, a nova arena vale todos os esforços de ficar sob sol forte, chuva e no meio da poeira.
- Acho que foi o melhor emprego que poderia ter conseguido. Vou poder falar que não deu para jogar neste estádio, mas ajudei a construí-lo. Sem estar pronto, já é lindo. Quero ver mesmo é o Galo ganhar aqui dentro.
Quem acredita...
O discurso oficial de Bárbara é que, no futuro, uma carreira de engenheira possa virar realidade. Porém, foi só deixar uma bola nos pés dela para perceber que o futebol ainda mexe com a garota.
- Não desisti, não. Mas tenho uma prioridade: estudar para ser engenheira. Mas o que queria para mim é jogar bola fora do Brasil e estudar, como acontece em algumas universidades americanas. Mas fora do país, sozinha... São muitos obstáculos.
Enquanto não pode cursar a faculdade de engenharia ou voltar a se dedicar ao futebol, Bárbara acompanha de perto a reconstrução do estádio onde ídolos alvinegros como Reinaldo, Dadá, Toninho Cerezo, Paulo Isidoro e João Leite brilharam. São ex-jogadores que já proporcionaram a sensação de arrepio que a apontadora tanto fala. Se a própria Bárbara, um dia, poderá vivenciar isso, do gramado, somente o tempo dirá.

‘Fator Martinuccio’ faz Palmeiras recusar Saviola e Roque Santa Cruz

Clube tem maior resistência a negociação com estrangeiros desde imbróglio com argentino. Empresário diz que Felipão vetou contratação de dupla

Por Diego Ribeiro São Paulo
O imbróglio envolvendo o argentino Alejandro Martinuccio fez o Palmeiras ficar mais conservador em relação à contratação de jogadores estrangeiros. Esse foi o motivo pelo qual o clube recusou negociar com os atacantes Javier Saviola, argentino, e Roque Santa Cruz, paraguaio. Mesmo reconhecidos no futebol europeu, os dois têm o desejo de atuar no futebol brasileiro e foram oferecidos ao Verdão pelo empresário Roberto Tadeu, que recebeu a negativa nesta semana.
– Ofereci os nomes, mas recebi na segunda-feira a informação de que o Felipão não teve interesse nos atacantes. Agora vou estudar outras possibilidades – afirmou Tadeu.
saviola roque santa cruz  (Foto: Getty Images)Javier Saviola e Roque Santa Cruz: recusados por Felipão no Palmeiras (Foto: Getty Images)
Felipão não gostou da condução do caso Martinuccio, que tinha pré-contrato assinado com o Verdão e, mesmo assim, foi induzido por seu empresário a acertar contrato com o Fluminense, onde joga hoje. O caso está na Fifa, e os advogados do Palmeiras acreditam em um desfecho favorável. A decisão, porém, não sai em menos de um ano. Desde então, o clube tem um pé atrás para negociar com estrangeiros, ainda que o vice-presidente Roberto Frizzo não descarte.
– Aquele foi um caso isolado (Martinuccio), mas temos de levar em conta a facilidade que o jogador terá para se adaptar, mais uma série de fatores antes de pensar em uma contratação – afirmou o vice.
Outro temor da comissão técnica é justamente a possível demora na adaptação dos atletas. Jogando na Europa há um bom tempo, Saviola e Santa Cruz poderiam demorar a se ambientar ao clube. A impaciência atual da torcida palmeirense não daria tempo suficiente para os jogadores ganharem ritmo no futebol brasileiro.
Atualmente, Saviola está no Benfica-POR e tem contrato vencendo no meio do ano. Já Santa Cruz está no Betis-ESP, mas pertence ao Manchester City-ING.
Felipão entregou uma lista com 12 possíveis reforços ao presidente Arnaldo Tirone, que já trabalha para viabilizar pelo menos três nomes para a próxima temporada.

Vasco x Botafogo será em São Januário, diz Rádio Globo

Clubes e Polícia Militar ainda não confirmam, mas também não negam a informação. Mudança deve ser oficializada nesta quinta-feira

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
A luta do Vasco para mandar clássicos em São Januário parece ter surtido efeito. Segundo noticiou a Rádio Globo nesta quarta-feira, será oficializado nesta quinta que o jogo entre Vasco e Botafogo, marcado para dia 13 de novembro, no Engenhão, passará para o estádio vascaíno. Se confirmada a notícia, dificilmente haverá tempo para uma reviravolta, uma vez que é preciso no mínimo dez dias de antecipação para que sejam mudados datas e locais de jogos (nesta quinta, faltarão exatos dez dias para o jogo).
As partes envolvidas nesta decisão ainda não confirmam a informação, porém também não desmentem. A CBF não tem expediente, por conta do feriado de Finados, e não foi ouvida. Polícia, Vasco e Botafogo adotam discurso de cautela, mas não descartam a possibilidade.
- Não posso confirmar. Não fui comunicado oficialmente pela federação (Ferj), nem pelo comando intermediário (responsável por operações especiais) e também não houve contato do estado maior da corporação. Não acredito que confirmem algo no feriado. Até onde sei é no Engenhão, até porque estava marcado para lá. Eu prefiro aguardar a definição oficial, por enquanto estou pensando no Engenhão e é nisso em que estou trabalhando. Não acho que seja temerário levar o jogo para São Januário, mas a gente sempre procura estabelecer as melhores condições de segurança e conforto para o torcedor. Na minha opinião, o mais confortável seria no Engenhão, mas o mando é do Vasco - disse o tenente-coronel João Fiorentini Guimarães, responsável pelo Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe).
faixa clássicos em são januário vasco (Foto: Rafael Cavalieri / Globoesporte.com)Torcida do Vasco exibe faixa pedindo clássicos em São Januário (Foto: Rafael Cavalieri / Globoesporte.com)
Na semana passada, Fiorentini havia se mostrado contrário à realização de clássicos em São Januário. O comandante do Gepe lembrava que há um acordo entre os clubes para que sejam divididos, em partes iguais, a renda e o número de ingressos para a partida.
Vasco cauteloso
O vice-presidente de patrimônio do Vasco, Fred Lopes, não confirmou, mas também não negou a mudança de local. No clube, no entanto, existe o sentimento que é complicado dividir igualmente a carga de ingressos entre cruz-maltinos e botafoguenses. No clássico do primeiro turno, no Engenhão, o estádio foi dividido igualmente entre as partes.
- Ainda não tivemos confirmação nenhuma. Só vamos falar se isto acontecer, não queremos criar expectativas - disse o dirigente.
Botafogo desconhece
Anderson Barros, gerente de futebol do Botafogo, disse desconhecer a possibilidade.
- O Botafogo não foi informado de nada. Hoje é feriado, por isso, nem expediente na CBF tem. Para a gente, isso não faz sentido porque ainda na semana passada o comandante do Gepe deu uma declaração afirmando que não era possível ter jogos com metade da torcida para cada lado lá. O que mudou em poucos dias? Teve obra de modernização? A própria CBF marcou o jogo há cerca de vinte dias para o Engenhão. Porque mudaria agora? Será muito estranho se a mudança for feita justamente faltando dez dias para a partida, prazo máximo permitido pelo estatuto do torcedor. Com isso, não daria a chance do Botafogo contestar.
O dirigente alvinegro destaca que o clube não está satisfeito com a forma que o assunto está sendo conduzido.
- O jogo tem que ser com metade da torcida e metade da renda. Isso não é questionável. Foi assinado um termo antes do começo do campeonato entre os clubes. E isso foi cumprido em todos os jogos até agora. Aliás, se o jogo do Botafogo puder ser lá, espero que o do Flamengo também seja, afinal se o estádio pode receber um jogo, pode receber o outro também. A questão não é jogar em São Januário. Se tivermos que jogar lá, vamos jogar sem problema algum. A questão é de como as coisas são feitas - finalizou.

Fãs pedem e ministra quer alteração de nome de circuito por Simoncelli

Abaixo-assinado para rebatizar pista de San Marino com nome do piloto ganha apoio de política italiana. Mobilização teve início nas redes sociais

Por GLOBOESPORTE.COM Coriano, Itália
Marco Simoncelli MotoGP (Foto: Divulgação/MotoGP)Simoncelli morreu após grave acidente no GP da
Malásia em outubro (Foto: Divulgação/MotoGP)
Torcedores italianos dispostos a homenagear o piloto Marco Simoncelli criaram um abaixo-assinado online pelas redes sociais que pretende alterar o nome do circuito que abriga o GP de San Marino para Circuito Marco Simoncelli. A pista de Misano fica a dez quilômetros de Coriano, cidade natal do piloto, que morreu em um acidente no GP da Malásia há duas semanas. A ideia ganhou o apoio da ministra da Juventude da Itália, Giorgina Meloni.
Nesta quarta-feira, Meloni afirmou que se empenhará pessoalmente no objetivo de conseguir o aval para que a alteração ocorra.
- Concordo totalmente. Por isso, decidi pessoalmente participar do recolhimento das assinaturas e promover, a pedido dos fãs, a alteração no nome da pista. Simoncelli foi um grande atleta, mas também um exemplo de humanidade para os jovens italianos. Acho que é um gesto simpático continuarmos a lembrar dele, dando seu nome ao circuito - afirmou a ministra.
Pelo Facebook, alguns fãs do piloto já combinaram de se reunir fora do circuito, após os treinos de sábado, para acelerar suas motos.

Confiante, Mendes afirma que José Aldo perdeu o 'instinto assassino'

Lutador americano afirma que brasileiro tem usado mais a inteligência do que a força durante suas lutas e dispara: 'É melhor para mim'

Por SporTV.com Rio de Janeiro
Lutador do UFC Chad Mendes posa com a camisa do Vasco, ao lado do seu técnico Fábio Pateta (Foto: Reprodução Facebook)O baixinho Chad Mendes posa com a camisa do
Vasco, ao lado do seu técnico Fábio Pateta
(Foto: reprodução Facebook)
Rival do brasileiro José Aldo no próximo UFC do Brasil, em janeiro, o ''baixinho folgado'' Chad Mendes continua esbanjando confiança para derrotar o atual campeão dos pesos-pena. Depois de falar que sabia como diminuir seu rival, ele afirmou que Aldo já não é mais o mesmo lutador agressivo que chegou ao topo da categoria.
- Acho que José Aldo está fazendo lutas inteligentes e não tem mais aquele ''instinto assassino'' que tinha no passado. Sinceramente, acho que foi isso que fez Aldo ser tão perigoso, ia para cima do rival tentar arrancar a cabeça. Ele desacelerado é melhor para mim - analisou Mendes, em entrevista ao site ''MMAJunkie''.
José Aldo, por sua vez, não tem se importado muito com as declarações do rival americano, que chegou a vestir a camisa do Vasco para provocar o lutador rubro-negro. Nesta terça-feira, o brasileiro chegou a afirmar que não se importava com as alfinetas e que a luta era decidida dentro do octógono.
A última luta de José Aldo foi no UFC 136, há quase um mês. Na ocasião ele venceu o americano Kenny Florian por decisão unânime.
Aldo tem 20 vitórias e apenas uma derrota na carreira. Ele defendeu seu título pela última vez no dia 8 de outubro, no UFC 136, contra Kenny Florian. Chad Mendes venceu todas suas 11 lutas, a última em agosto, no UFC 133, contra o brasileiro Rani Yahya.