Assim como no jogo de cem anos atrás, foram os tricolores que
comemoraram. Em tarde de festa - e chuva - no Engenhão pela data
comemorativa do Fla-Flu, Fred desencantou em seu sexto clássico contra
os rubro-negros e marcou o único gol da partida, logo aos dez minutos. O
placar de 1 a 0 deixa o Fluminense na vice-liderança do Brasileiro, com
18 pontos. O Tricolor chegou a assumir a ponta provisória, mas foi
ultrapassado pelo Atlético-MG, que bateu a Portuguesa e tem 19.
O Flamengo, que se viu obrigado a tomar a iniciativa de atacar após
sofrer um gol cedo, terminou a partida com 61% de posse de bola. E teve o
dobro de finalizações do que o adversário (14 a sete), mas sem criar
tantas chances de perigo assim. O time fica estacionado nos 12 pontos,
na nona colocação.
Fred, que voltou a jogar após duas partidas ausente, agora está a dois
gols de se igualar a Magno Alves como o maior artilheiro do Fluminense
em Brasileiros.
- Só de poder participar, me sinto honrado. Fazer gol é especial para
mim. É especial porque eu estava esperando esse gol há tanto tempo, e
ele veio na hora boa, na hora dos cem anos, uma data especial. É o
clássico mais charmoso do Brasil, e eu estou muito feliz. Está tudo bem
comigo, agora é só pegar ritmo e fazer mais e mais gols.
No Flamengo, Renato lamentou o resultado, mas procurou ver o lado positivo da derrota:
- O jogo todo foi com o Flamengo no ataque e o Flu no contra-ataque.
Fiz questão de reunir o nosso time para saudar a torcida, porque
brigamos o tempo todo, e ela nos apoiou. Um tinha de sair feliz daqui
hoje, infelizmente não fomos nós, mas o time mostrou que tem qualidade
para enfrentar de igual para igual qualquer um.
Fluminense e Flamengo retornam a campo no próximo domingo. O Tricolor
faz o clássico com o Botafogo, no Engenhão, enquanto o Rubro-Negro
visita o Bahia, em Pituaçu.
A partida no Engenhão teve público de 32.591 pagantes (38.862
presentes), com renda de R$ 1.149.110. Cem anos atrás, o placar a favor
do Fluminense foi 3 a 2.
Fred comemora após marcar o gol que decidiu o Fla-Flu (Foto: André Durão / Globoesporte.com)
Festa e gol logo cedo
Antes do apito inicial, houve muita festa pelos 100 anos do clássico.
Foi disputada uma preliminar de 20 minutos, com artistas e ex-jogadores
de Fla e Flu. Depois, Toni Platão e Dudu Nobre cantaram os hinos dos
clubes, acompanhados pela banda dos Fuzileiros Navais. Por fim, Peter
Siemsen e Patricia Amorim, presidentes de Flu e Fla, receberam um troféu
comemorativo aos 100 anos do clássico.
Com a bola rolando, o que se viu foi o Flamengo tomando a iniciativa
nos primeiros minutos. Luiz Antonio, improvisado pela lateral direita,
buscou o apoio. No meio, Bottinelli e Ibson tentaram municiar o ataque
formado por Diego Maurício e Vagner Love, que teve a primeira chance do
jogo, após bom passe do argentino, mas bateu nas mãos de Cavalieri.
O Fluminense, por sua vez, entrou em campo com a opção de jogar
fechado. Apesar de ter jogadores de característica ofensiva em campo,
como Deco, Thiago Neves, Wellington Nem e Fred, o time ficou à espera de
bobeadas do Flamengo para contragolpear. E, logo na primeira
oportunidade que teve, abriu o placar.
Aos dez minutos, Wellington Nem foi lançado em velocidade e acabou
parado com falta por González, no bico direito da grande área. A
cobrança não foi boa e parou na barreira, mas a zaga do Flamengo afastou
mal, e a bola voltou a Thiago Neves na ponta direita. Ele limpou a
jogada e cruzou com açúcar para Fred, no meio da área, desviar de pé
direito e marcar seu primeiro gol em Fla-Flus.
O gol não fez o panorama da partida mudar no primeiro tempo. O Flu
continuou com duas linhas de quatro, à espera de vacilos rubro-negros,
enquanto o Fla tinha mais a bola, mas trocava passes sem objetividade e
praticamente não criava chances de gol.
Ao final da etapa, o Flamengo tinha 57% da posse de bola e oito
finalizações, contra três do adversário. Entretanto, só assustou em uma
falta de longe de Renato, que saiu rente ao travessão.
O Fluminense, por outro lado, esteve muito próximo de ampliar sua
vantagem aos 34 minutos. Thiago Neves foi à linha de fundo pela direita e
cruzou para Fred. A bola passou na boca do gol, e o camisa 9, que
entrou de carrinho, não alcançou por questão de centímetros.
Gum e Love se estranham em disputa perto da área tricolor (Foto: André Durão/Globoesporte.com)
Fla lança garotos e parte para o abafa
Na volta para o segundo tempo, Joel Santana promoveu uma alteração no
Flamengo: Adryan, de 17 anos, entrou na vaga de Diego Maurício. O
Fluminense manteve sua formação inicial. Adryan, que é meia de origem,
passou a exercer a função de segundo atacante. O Tricolor continuou bem
armado na defesa, saindo na boa e deixando o adversário sem poder de
penetração - apenas arriscando bolas levantadas e chutes de fora da
área.
O jogo se desenrolou ao feitio que agradava ao Fluminense. O Flamengo,
com 60% da posse de bola, não conseguia espaços e, com o passar do
tempo, foi ficando nervoso. O Flu, toda vez que ia à frente,
principalmente com Wellington Nem, causava calafrios à defesa
rubro-negra, que ainda teve um desfalque ao longo da etapa final: o
chileno Marcos González, sozinho, machucou as costas e teve de dar lugar
a Arthur Sanches, que passou a formar dupla com Marllon.
Por volta dos 30 minutos, o clássico passou a ganhar outros ares. Abel
tirou Fred, que voltava de lesão, e lançou Samuel. Joel respondeu
tirando o volante Amaral para a entrada do meia-atacante Mattheus. Abel
agiu rapidamente, tirando Deco para a entrada de Valencia.
Na base da vontade, o Flamengo foi para o ataque e chegou a criar
chances para empatar. Magal fez boa jogada pela esquerda e cruzou na
medida para Adryan, livre na área. O jovem cabeceou, e a bola saiu
tirando tinta do poste direito de Cavalieri.
Depois, numa sequência de escanteios, o ataque do Flamengo fez uma
blitz na área tricolor e ainda acertou a trave, numa cabeçada de Arthur
Sanches, mas não conseguiu o empate. O Fluminense, com Wellington Nem
puxando contra-ataques, mostrou também que não estava morto no jogo e
que poderia ampliar a qualquer momento. No fim, com atuação
irrepreensível de sua dupla de zaga (Gum e Anderson), o time de Abel
garantiu a vitória no Fla-Flu do centenário.