quarta-feira, 3 de julho de 2013

ufc

Belfort espera Spider ou Weidman: 'Tentaram tudo para me tirar, e liquidei'

Brasileiro reclama de política no UFC, rejeita ser escada para outros atletas e diz que americano é o primeiro desde ele próprio a ameaçar Anderson Silva

Por Rio de Janeiro
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Vitor Belfort vai estar com olhos grudados na televisão para ver o UFC 162, na noite deste sábado. Dé férias no Rio de Janeiro, o peso-médio carioca está convicto de que é merecedor de disputar o cinturão da categoria em sua próxima luta, neste caso enfrentando o vencedor de Anderson Silva x Chris Weidman. Afinal, ele vem de dois belos nocautes sobre nomes expressivos: Michael Bisping e Luke Rockhold. Mas o Ultimate ainda não deu qualquer sinal favorável a Vitor. Pelo contrário. O presidente Dana White afirmou que o Spider, se vencer, vai fazer uma superluta na sequência e, se perder, terá a revanche imediata.
- Os caras (UFC) tentaram tudo para me tirar. Botaram todos os campeões, todos os detentores, e eu liquidei - disse, em entrevista ao Combate.com em sua academia na Barra da Tijuca.
lutador Vitor Belfort com o filho (Foto: Ivan Raupp)Vitor Belfort mostra sua academia quase pronta na Barra da Tijuca (Foto: Ivan Raupp)
Belfort reclamou da política que existe na organização, principalmente por parte de empresários, e rejeitou ser escada para outros atletas. Perguntado se acha que está funcionando realmente como escada, ele deixou bem clara sua opinião:
- Tem certas coisas que a gente não precisa nem falar, né? O meu silêncio é a melhor resposta neste momento, a melhor arma. Conversei muito com a Joana (Prado, sua esposa) sobre isso. Tenho pedido muito a Deus para me dar as palavras sábias, até para não agredir ninguém. Prefiro ficar em silêncio e aguardar a posição. Existe muita política. A gente tem que falar a verdade. Os lutadores, com seus empresários, ficam escolhendo, pedindo, ligando, insistindo, usando Twitter. E às vezes o Dana White abraça isso. Então, vou fazer o contrário, e meu silêncio vai ser minha resposta. Vai chegar a hora de eu falar.
É impossível hoje você não enfrentar brasileiro. Acho falta de esportividade e até de humanidade eu tirar o sonho do outro porque eu conquistei. Hoje existem vários amigos lutando na mesma categoria no UFC"
Vitor Belfort, sobre declaração do Spider
Após as vitórias de Vitor Belfort, Anderson foi questionado sobre uma possível revanche e declarou que "prefere não enfrentar brasileiros". O carioca, que perdeu para ele no UFC 126, ressaltou que prefere enfrentar estrangeiros, mas que isso não é um empecilho para que o duelo seja realizado:
- Isso mostra que o Brasil é rico, está campeão, e que em luta de brasileiro contra brasileiro o Brasil ganha. Não posso deixar de conquistar meu sonho. Acho falta de esportividade e até de humanidade eu tirar o sonho do outro porque eu conquistei. Hoje existem vários amigos lutando na mesma categoria no UFC.
O lutador disse ainda que Gegard Mousasi, que tem pedido para enfrentá-lo, ainda não merece essa oportunidade e que Chris Weidman é o primeiro, desde ele próprio, a oferecer perigo de fato a Anderson Silva. Quanto ao polêmico tratamento de reposição de testosterona (TRT), esclareceu que tudo teve início após a luta contra o Spider, em fevereiro de 2011, e que provavelmente terá de fazer o procedimento até o fim de sua vida. Vitor também explicou detalhes de como vai funcionar sua academia no Rio, que tem previsão de inauguração para daqui a um mês, e contou que não assistiu sequer a um episódio da segunda temporada do reality show The Ultimate Fighter Brasil.
A seguir, veja a entrevista com Vitor Belfort na íntegra:
COMBATE.COM: Você não costuma ficar muito tempo no Brasil, e agora está passando férias aqui. Qual o motivo?
VITOR BELFORT: São férias de trabalho. As crianças estão de férias, e decidimos vir para cá para ver os amigos, os avós deles. Enfim, eles sentem muita saudade. E a gente está construindo essa academia. Sempre foi meu sonho fazer essa academia voltada para a família, que poderá curtir o MMA de uma maneira exclusiva para eles. O Belfort Team, o Belfort Team e o Belfort Up serão aulas para adultos, crianças e adolescentes. Vamos focar no treinamento funcional. A academia vai ter fisioterapia, massagem, toda feita para cadeirante. A gente vai oferecer esses serviços. Esse sempre foi o meu sonho.
Na sua academia vai existir uma equipe de lutadores de MMA, que seria o Belfort Team? Como vai funcionar isso?
Não. Minha equipe de MMA é a Blackzilians. Aqui vai ser uma sede da Blackzilians. Quando os lutadores de lá estiverem no Brasil e precisarem treinar, aqui é a casa deles. A academia é feita para o mensalista, para a família, crianças, adultos, para que eles possam participar de aulas. Tudo o que aprendi a vida inteira me fez ter um método de criança até adulto. Fora isso teremos aulas de jiu-jítsu, judô, boxe, muay thai, tudo focado no treinamento funcional.
UFC Vitor Belfort e Luke Rockhold (Foto: Agência Getty Images)Lutador vem grande nocaute contra Luke Rockhold em Jaraguá do Sul-SC (Foto: Agência Getty Images)
O Alex Gazé (treinador de muay thai) vai ser o responsável por treinar esses atletas da Blackzilians aqui no Brasil?
O Gazé quer muito fazer. Acho que é um cara capaz. Estamos conversando com vários profissionais. A gente ainda não definiu toda essa parte. Eu dou meus pitacos, mas não sou quem contrata. Não tenho essa função. Minha função é trazer as ideias, investir, trazer minha visão. Aprendi uma coisa importante: cada macaco no seu galho. É o relacionamento entre as pessoas. É importante cada um estar na sua função, no seu lugar. Esse não é meu lugar no empreendimento, até porque teremos filiais no Brasil todo. Tem muita gente querendo, pedindo, mas é uma coisa que estou fazendo com muito carinho, não pode se tornar uma franquia só para ganhar dinheiro. A função é oferecer serviços. Acho que a melhor coisa que você pode fazer na vida por alguém é dar uma oportunidade e oferecer um bom serviço. É isso que estou fazendo.
A última luta dele não foi convincente. Ele está querendo pular à frente de muita gente. Primeiro ele vai ter que entrar
no bandejão para depois ter o
prato principal"
Sobre Gegard Mousasi
Fica pronta daqui a quanto tempo?
Daqui a um mês.
Qual será o nome da academia?
Está entre dois nomes: Up Gym e Fort Fit. Estamos decidindo, e levará minha assinatura. Esse é o modelo de negócio que estou criando. É importante eu assinar a academia, mas ela tem que ser a própria identidade. Ela está criando essa identidade porque é um negócio. O Vitor Belfort é um lutador, um empreendedor. Esse é um empreendedorismo que estou fazendo. O sonho é que isso cresça, que um fundo possa comprar, levar isso para todas as cidades. Quando a academia estiver pronta, terá o modelo dela, as cores, tudo certinho. Você entra aqui e acha motivador ver tudo branco. Sou um cara da paz, a cor branca é a cor da paz.
Qual a sua situação neste momento? Está à espera de uma posição do UFC? Espera pegar o vencedor da luta deste sábado?
É uma boa pergunta. Falou tudo, estou à espera. Quando lutei contra o Bisping, se ele ganhasse lutaria pelo cinturão. Mas, como tinha avisado: arruma outro, liquidei a fatura. Depois trouxeram o campeão do Strikeforce, liquidei. Agora acho que todos os lutadores estão querendo uma oportunidade. "Poxa, deixa eu tentar minha vez". Já está meio chato. Até os fãs já estão: "Que saco, o cara ganha de todo mundo e o UFC não dá o direito dele?". Então, não tem nada melhor do que a voz do povo. A voz do povo é a voz de Deus. Estou esperando a posição deles. Não tenho mais nada a falar. Já fiz. Algumas pessoas pedem, e outras exercem o merecimento. Foi assim que aprendi, que meu pai e minha mãe me ensinaram. A gente tem que ser merecedor. Assim que ensino para os meus filhos. Tem coisas que são negociáveis, coisas que não são negociáveis, e coisas que a gente tem que conquistar. Meu filho falou para mim: "Papai, quero dormir mais tarde". Eu mostrei para ele uma seleção de contas e falei: "Filho, está aqui. No dia em que você pagar uma delas você vai ter o direito". Tudo é merecimento na vida. No esporte não é diferente. Eu mereço meu lugar e estou esperando para ver qual será o comunicado deles (UFC). Tenho uma equipe que cuida disso. Meu trabalho é treinar, me divertir, cuidar dos meus negócios.
Muita gente acha que o UFC está te colocando como escada na categoria dos médios. Você concorda com isso?
Tem certas coisas que a gente não precisa nem falar, né? O meu silêncio é a melhor resposta neste momento, a melhor arma. Conversei muito com a Joana (Prado, sua esposa) sobre isso. Tenho pedido muito a Deus para me dar as palavras sábias, até para não agredir ninguém. Prefiro ficar em silêncio e aguardar a posição. Existe muita política. A gente tem que falar a verdade. Os lutadores, com seus empresários, ficam escolhendo, pedindo, ligando, insistindo, usando Twitter. E às vezes o Dana White abraça isso. Então, vou fazer o contrário, e meu silêncio vai ser minha resposta. Vai chegar a hora de eu falar. Só peço aos fãs que me ajudem e torçam, porque já fiz tanto por esse esporte que não acho que estou pedindo nada de especial. Estou pedindo que possam abrir os olhos e entender, como nas passeatas (os protestos públicos pelo Brasil). A voz do povo é a voz mais forte. Acho que tenho os fãs a meu favor. Tenho caráter, não sou perfeito, tenho meus erros, mas acho que tenho a grande virtude de reconhecê-los e melhorar, me aprimorar neles.
zico Vitor Belfort mma ufc (Foto: Ivan Raupp)Vitor Belfort na casa de Zico, após jogar uma
pelada com os amigos (Foto: Ivan Raupp)
Se analisarmos a categoria dos médios agora, não aparece outro nome da mesma força que você e o Weidman para desafiar o Anderson. Enxerga algum nome que possa surpreender no futuro próximo, um lutador que talvez valha a pena você enfrentar caso não dispute o cinturão na próxima luta?
Pensando assim na minha agora, é difícil. Quando a gente exerce uma posição, é difícil chegar para alguém e dizer: "Vou te promover. Você merece e conquistou, fez a empresa crescer. Foi por você que nós conquistamos. Mas agora que chegamos a um lugar maior, vou ter dar um cargo menor". É difícil para mim isso. Não vivo do "se", vivo do que é. Tenho certeza que o UFC vai tomar a decisão adequada. E confio muito em Deus. Sei que Ele tem algo reservado para mim. Nunca escolhi nada, mas quando você cresce pensa em ir para cima,  não em retroceder. Espero crescer, como todo mundo.
O Mousasi, que está baixando para a sua categoria de peso, está pedindo para te enfrentar. Na falta de opções, você consideraria esse duelo?
Ele vai ter que conquistar o lugar dele. Por enquanto, na categoria ele não está nem entre os dez. Tem que entrar e batalhar pelo espaço dele. Para você conquistar algo, tem que batalhar. A última luta dele não foi convincente. Ele está querendo pular à frente de muita gente. Quer fazer exatamente isso, usar uma escada. Acho isso falta de respeito com os fãs e, principalmente, comigo. Acho que ele é um bom lutador, tem boas qualidades, assim como vários do UFC têm. O desejo dele é que nem o Hector Lombard, que baixou para os meio-médios. É o Lombard querer lutar contra o Johny Hendricks agora. Ele está entrando e vai ter que conquistar. O Demian Maia está conquistando o lugar dele. Acho que é isso. Se com os brasileiros é assim, por que com os outros não é? Primeiro ele vai ter que entrar no bandejão para depois ter o prato principal. Com todo o respeito, acho que ele tem qualidades sim, mas da mesma forma que ele quer olhar para cima eu também quero. Depois de um cara trabalhar numa empresa, ter grandes conquistar e fazer a empresa crescer, o dono chega e fala que você vai passar de diretor para gerente? Na minha cabeça, não vejo isso acontecendo.
Você já declarou torcida pelo Anderson contra o Weidman, mas qual é o seu palpite? Como acha que essa luta vai se desenrolar?
O Weidman falou uma coisa muito interessante, que as maiores armas do Anderson são a autoestima e a autoconfiança dele. Esse é o grande diferencial do Anderson, e o Weidman reconheceu isso. Acho que vai ser um combate duro, muito parelho. A força do Weidman é o contrário da do Anderson. O Weidman é um lutador de chão, tem bom wrestling. Mas ele é diferente de um Chael Sonnen. Não te nada a ver com o Chael Sonnen. Ele tem pegada, mais força, tem punch e está querendo. Mas luta é luta. Ele vai encontrar o campeão do outro lado. Tem que ver quem vai estar preparado no dia, quem vai acordar bem e fazer com que a autoconfiança e o treinamento se unam e tragam a vitória. De todos os lutadores que lutaram contra o Anderson depois de mim, ele é o único que oferece perigo. Os outros (Yushin Okami, Chael Sonnen e Stephan Bonnar) eu dava a vitória de olho fechado para o Anderson. Eram lutas boas, foram vendidas, mas não via o cara merecer e oferecer algum perigo ao Anderson. O Weidman oferece, mas acho que o Anderson tem todas as qualidades. Na minha concepção, acho que ele leva vantagem.
O TRT não ensina ninguém a fazer o que
eu fiz"
Sobre tratamento
Com suas recentes vitórias, o Anderson recebeu várias perguntas sobre lutar contra você de novo e respondeu que "prefere não enfrentar brasileiros". O que você acha disso?
Eu não gosto de enfrentar brasileiro. É um esporte que tem diversos americanos, russos e tal. Mas é impossível hoje você não enfrentar brasileiro. Isso mostra que o Brasil é rico, está campeão, e que em luta de brasileiro contra brasileiro o Brasil ganha. Não posso deixar de conquistar meu sonho. Acho falta de esportividade e até de humanidade eu tirar o sonho do outro porque eu conquistei. Hoje existem vários amigos lutando na mesma categoria no UFC. Legal foi o caso do Dedé (Pederneiras, líder da Nova União). O Dedé não pôde tirar o sonho de um atleta dele por causa do outro (na luta entre Dudu Dantas e Marcos Loro, ambos da equipe, no Bellator). Ele deu esse grande exemplo. Vai ter que surgir muitas lutas de brasileiro contra brasileiro. Estou nesse esporte para isso. Alguns estão ali só para ganhar dinheiro, para vender luta. Eu estou ali para ganhar, para conquistar, deixar um legado. Tem um lado ruim, por serem dois brasileiros, mas tem um lado bom. Eles têm que se render. Os caras (UFC) tentaram de tudo para me tirar. Botaram todos os campeões, todos os detentores, e eu liquidei. Então, provamos que o Brasil está bom e continua criando campeões.
Você foi técnico do TUF Brasil e pode falar com propriedade. A segunda edição do programa recebeu muitas críticas pelo suposto exagero das brincadeiras dos lutadores na casa. O que achou disso tudo? Deixou a desejar?
Eu vou te falar que não vi um capítulo. Não teve ninguém que chegou e falou para mim: "Caraca, vamos ver! Estão acontecendo várias coisas legais". Ao contrário, eu via só sempre críticas. Reality show é conteúdo. O que vende é o conteúdo. O UFC vai ter que entender que o que vende não é o nome, é o conteúdo. No passado eles tinham conteúdo. Tinham o Wanderlei (Silva) de um lado, que, por mais que ele tenha aquele jeitão dele e toda aquela rivalidade comigo, ele me respeitava e respeitava os atletas. Ele tinha uma visão, e eu tinha outra. Teve coisa boa, coisa ruim, é conteúdo. Não sei se foi editado da maneira errada. Não vi e não posso julgar. Mas o que vende o reality show são os técnicos e os atletas. Não sei o que houve. Sei que quem vende o programa do Faustão é o Faustão. Quem vende o programa do Luciano Huck é o Luciano. E os conteúdos que eles têm. Agora é aguardar para ver qual mudança vai haver.
lutador Vitor Belfort com o filho (Foto: Ivan Raupp)Vitor e o filho mais velho, Davi (Foto: Ivan Raupp)
Seria treinador do TUF Brasil de novo?
Com certeza.
Agora vamos à polêmica questão do TRT. As mesmas perguntas têm sido feitas a você, e algumas coisas ainda não foram reveladas. Quando começou o tratamento exatamente?
Foi depois da luta contra o Anderson (em fevereiro de 2011). Tive que fazer uma série de exames, e foi quando detectaram isso. A gente tentou fazer a reposição de várias maneiras e não estava adiantando. Foi quando começaram a desenvolver isso. "Vamos fazer uma forma para você, e vai ter que fazer isso acho que até o resto da sua vida. Você tem uma deficiência, e é difícil explicar a causa. É difícil não somente para o seu rendimento físico".  Para quem não não sabe, vários artistas de Hollywood fazem. Eles chegam a uma idade em que não produzem direito o hormônio e fazem para ter uma vida mais ativa. A vida da pessoa melhora, a pele melhora, enfim... Hoje existe uma ciência por trás disso. É uma deficiência que o seu corpo tem, e o tratamento te oferece a chance de ter uma qualidade de vida melhor. Assim como hoje existem tratamentos para bipolaridade, diabetes, até diabetes infantil. Não é uma doença, é uma deficiência. Faço tudo legal, não escondo de ninguém. Mas acho que não é superior aos chutes rodados e aos nocautes que tenho feito. O TRT não ensina ninguém a fazer o que eu fiz. Acho que o foco tem que ser esse.
Em relação à força e ao rendimento físico, é muita diferença da época em que você não fazia o TRT para agora?
Não, porque na verdade eu não tenho nada a mais. É para manter o que não tenho.
Mas antes você tinha menos...
Eu não tinha menos. Na época eu logo descobri que estava com a deficiência. Foi a partir disso. Agora voltei ao que eu era antes. Não sou um garoto de 20 anos, até porque meus hormônios estão muito mais abaixo do que os de um garoto. Eu tenho que estar na média. Mas o que muda mesmo é o treinamento. Muita gente está no TRT e muita gente usa o próprio esteroide (anabolizante) e não tem rendimento. A ética mesmo é isso. É o talento que Deus te dá e o que você faz com ele.
De todos os lutadores que lutaram contra o Anderson depois de mim, ele é o único que oferece perigo. Os outros (Yushin Okami, Chael Sonnen e Stephan Bonnar) eu dava a vitória de olho fechado
para o Anderson"
Vitor Belfort
Você faz isso só para as lutas ou não? Está fazendo agora, mesmo de férias?
Como eu falei, o médico disse que tenho que fazer isso até o final da minha vida. É uma deficiência como a do diabético. Ele não faz só para alguma coisa. Ele faz esse tratamento sempre e é acompanhado.
Quem cuida dessa parte é o Dr. Marcio Tannure?
O meu médico não é o Tannure. É outro médico que faz isso. O Tannure cuida da Comissão Atlética Brasileira, então tenho que me referir a ele e apresentar os meus exames de sangue praticamente mensais. Quando chega a luta, como na última, faço exames de sangue semanais. O Dana White falou que muitos lutadores usam e abusam, então quis mostrar que não era um deles. Paguei do meu bolso. Fiz e mostrei quem eu era, que o resultado e a execução estavam ali. Queria poder obter dele o respeito de que estou fazendo algo da maneira correta.
Algumas comissões atléticas, como a de Nevada, não aceitam o TRT. Dá para dizer então que você nunca mais vai lutar em Las Vegas?
Engraçado que eles aceitaram outros atletas, como Frank Mir e Randy Couture. Não sei qual é o critério que eles usam. Diversos outros que fazem uso do TRT já lutaram em Las Vegas. Não posso afirmar o porquê. O grande problema da vida profissional é quando uma coisa se torna pessoal. O esporte tem que ter igualdade. A diferença entre liderança e tirania é que o líder lidera, e o tirano manda, exige, é do jeito dele. No esporte não pode ter tirania, tem que ter liberdade. O cara conquista a camisa 10, a posição de centroavante. Não é por que o técnico vai mais com a cara de um ou de outro. Existem muitos conflitos de identidade e interesse. Não pode não concordar por não concordar. Quando você mostrou que tem o direito de ter... Assim como os protestos. O brasileiro está entendendo que a voz do povo vale muito mais do um partido corrupto. Sobre meu direito, todo brasileiro tem o direito de protestar com respeito e dignidade. E aqui vai me protesto, com respeito e com dignidade.

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