sábado, 21 de setembro de 2013

Cris Cyborg atropela francesa em competição de muay thai nos EUA

Brasileira comemora vitória e diz não fazer questão de disputar cinturão de Ronda Rousey no UFC: 'Precisamos lutar, mas não precisa ser pelo título'

Por Direto de Las Vegas, EUA
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Cris Cyborg roubou a cena na sua estreia na 11ª edição do Lion Fight - tradicional competição de muay thai nos EUA. Em duelo na noite na última sexta-feira, 20 de setembro, na Freemont Street, em Las Vegas, a brasileira praticamente atropelou a rival Jennifer Colomb de forma brutal, levando o público presente ao evento ao delírio.
Cris Cyborg X Jennifer Colomb mma (Foto: Evelyn Rodrigues)Cris Cyborg nocauteia Jennifer Colomb em evento de muay thai em Las Vegas (Foto: Evelyn Rodrigues)
A francesa entrou no ringue invicta, com um cartel de dez vitórias, mas bastaram alguns minutos de luta para ela se mostrar bastante desconfortável. Cyborg impôs um ritmo de luta muito agressivo, distribuindo chutes e socos fortíssimos, que levaram a rival ao desespero. Jennifer ainda tentou responder aos golpes, mas não teve sucesso, pois a brasileira estava determinada a liquidá-la. E foi no início do terceiro round que Cyborg conseguiu finalizar a luta soltando uma combinação de socos no corpo da oponente. Após a vitória por nocauute, a Colomb chorava copiosamente enquanto a brasileira comemorava, emocionada, a sua primeira vitória na competição.
Após o duelo, Cyborg conversou com o Combate.com e falou da emoção de se testar em outras modalidades de luta. Ela também comentou o desejo de concretizar a luta contra a campeã peso-galo feminino do UFC, Ronda Rousey, mas afirmou que não faz questão de disputar o cinturão da rival.
- Eu não me importo com o cinturão dos galos do UFC. Acho que não precisamos lutar pelo cinturão, se a Ronda faz tanta questão de mantê-lo. Agora que finalmente o MMA feminino chegou a um patamar de maior reconhecimento, acho que os fãs merecem um grande duelo, e o momento para essa luta é agora. Eu quero que essa luta aconteça e as pessoas que me seguem sabem que eu nunca corri desse combate, sempre lutei na categoria de 65,8 kg. Não estou dizendo que a Ronda correu também, eu acho que cada uma tem um objetivo diferente. Eu não tenho nada pessoal contra ela, só acho que esse é o momento para essa luta acontecer.
Confira a entrevista na íntegra:
Combate.com: Você fez hoje a sua estreia nessa competição de muay thai, e praticamente aniquilou a sua rival. Como é a sensação de se sair tão bem em outros tipos de luta?
Cris Cyborg: Na verdade eu comecei a minha carreira no muay thai, que é um esporte que eu sempre gostei. Mas quando quis fazer a minha primeira luta no esporte, me disseram que tinham conseguido uma luta de MMA, então passei a lutar MMA e só depois fiz algumas lutas de muay thai. Mas é um esporte que eu amo e estou muito feliz por essa oportunidade de lutar no Lion Fight. Eu ía lutar na Tailândia antes, mas aí apareceu essa oportunidade e fiquei muito lisonjeada, porque faz com que eu não saia da academia. Tenho motivação para continuar treinando duro e me manter em forma, já que consigo lutar sem tanto intervalo de tempo.
Cris Cyborg X Jennifer Colomb mma (Foto: Evelyn Rodrigues)Cris Cyborg se emociona após a vitória contra a francesa Jeniffer Colomb (Foto: Evelyn Rodrigues)
Sua última luta de MMA foi pelo Invicta FC e foi quando você conquistou o cinturão com uma performance dominante contra Marloes Coenen. Quando é a sua próxima luta?
A minha próxima luta pelo Invicta deve ser em novembro, eu ainda não sei quem vai ser minha adversária. Estou bem animada em defender meu cinturão e também estou muito feliz em saber que as portas estão abertas para lutar muay thai de novo.
A sua intenção é tocar carreiras paralelas em diferentes modalidades?
Eu gosto de competir, então quando eu não luto MMA, tento me aventurar. Já competi no Mundial de Jiu-Jítsu, e ganhei duas vezes na minha categoria, e também já participei de competições de wrestling. Isso me mantém motivada e melhora também o meu jogo de MMA. Você fica mais confiante dentro do octógono quando melhora outras áreas do seu jogo. Isso te ajuda também a abrir a sua visão para o que você faz dentro da jaula. Eu acho que a vida é assim, você tem que buscar iniciativa, adrenalina. Eu gosto de fazer coisas diferentes.
cris cyborg ensaio moda praia (Foto: Renata Amazonas / Divulgação)Lutadora fez ensaios mais sensuais e diz que assédio
dos fãs cresceu (Foto: Renata Amazonas / Divulgação)
De uns tempos para cá os fãs passaram a conhecer um lado seu que eles não conheciam antes, pois você se aventurou em fazer fotos mais sensuais, passou a usar maquiagem, a se produzir mais. Isso tem a ver com o atual momento da sua carreira e com o fato de estar cuidando mais de você?
Antes eu achava que dar tudo de mim dentro do octógono era suficiente, e que era só isso que importava. Conquistei o cinturão do Strikeforce, fui considerada a melhor do mundo, mas não me cuidava tanto. Focava só no treino, na parte atleta. Hoje eu acho que não é só ali dentro do octógono que importa, e sim um compilado de coisas. Você tem que dar atenção aos fãs, tem que fazer foto, não pode deixar de ser feminina, e eu só focava em treino e casa. Estou muito mais feliz com a Cris Cyborg de hoje, acho que me encontrei.
E o assédio masculino aumentou?
Sim, hoje tenho mais assédio (risos), mas recebo também muitos comentários positivos dos meus fãs. No começo eu tinha um pouco de vergonha de fazer foto, posar sexy, essas coisas. Mas fui aprendendo. Hoje todo mundo elogia, até porque estou tentando melhorar a minha imagem, fazer com que as pessoas me vejam como uma mulher que bate como homem, mas que nem por isso deixa de ser feminina.
Você passou por várias dificuldades depois que venceu o cinturão do Strikeforce - foi pega no antidoping, perdeu o cinturão, teve que ficar um ano sem lutar, terminou seu casamento… Agora que tudo passou, que lição você tirou disso tudo?
Eu acho que toda dificuldade tem um porquê, e eu aprendi muito com tudo o que aconteceu na minha vida. Nada acontece por acaso. Talvez se eu tivesse vivenciado esse momento de agora antes, eu não teria amadurecimento para lidar com ele. Refleti muito em todo esse tempo que passou, cresci muito como pessoa e também tecnicamente, porque treinei muito durante esse tempo todo. Hoje tenho uma cabeça muito melhor, e estou cheia de sonhos. Quero defender o meu cinturão no Invicta, quem sabe eu não possa disputar em breve o cinturão do Lion Fight? Eu só quero continuar evoluindo como pessoa e como lutadora e, graças a Deus, hoje acho que estou no caminho certo. Eu até abri um projeto social no Rio de Janeiro, em Belford Roxo, e a gente fez um programa de MMA contra drogas, do qual sou madrinha, então tem muita coisa acontecendo. Vou para o Rio de Janeiro e dou a minha vida por aquelas crianças, que às vezes não têm o que comer, mas estão lá porque têm um sonho de um dia lutar no esporte. Eu quero mudar a vida dessas crianças.
Ronda Rousey na coletiva do UFC (Foto: Divulgação / UFC)Cris Cyborg busca luta contra Ronda Rousey, mesmo
sem valer o cinturão do UFC  (Foto: Divulgação / UFC)
Tito Ortiz disse que você ainda tem interesse no duelo contra Ronda Rousey, mas que você não faz questão de disputar o cinturão dos pesos-galos do UFC. É verdade? Você desistiu de ser campeã do UFC?
Eu não me importo com o cinturão dos galos do UFC. Acho que não precisamos lutar pelo cinturão, se ela faz tanta questão de mantê-lo. Agora que finalmente o MMA feminino chegou a um patamar de maior reconhecimento, acho que os fãs merecem um grande duelo, e o momento para essa luta é agora. Eu quero que essa luta aconteça, e as pessoas que me seguem sabem que eu nunca corri desse combate, sempre lutei na categoria de 65,8 kg. Não estou dizendo que a Ronda correu também, acho que cada uma tem um objetivo diferente. Não tenho nada pessoal contra ela, só acho que esse é o momento para essa luta acontecer.
Você foi uma das precursoras do MMA feminino em uma época em que as mulheres ainda tinha muita dificuldade para conseguir lutas, porque não eram reconhecidas. Como você se sente vendo a evolução do esporte?
Eu estou muito feliz com o crescimento do MMA feminino. Quando eu comecei era muito difícil, eu treinava na academia que tinha uns 40 homens e só eu de mulher treinando todos os dias. O interesse das mulheres pelo MMA também está crescendo cada vez mais, e isso é uma conquista. MMA ainda é muito vinculado ao UFC, mas não é só isso que existe. Todo mundo me pergunta o porquê de eu não estar lutando lá, mas a verdade é que eu não me importo se não estou no UFC. Estou muito feliz no Invicta, que me acolheu de braços abertos. É a minha casa agora, e é um torneio que vai crescer comigo, nós vamos crescer juntos. E tanto o Invicta quanto o UFC, que agora fez até um TUF com mulheres, todas essas competições estão levando o MMA feminino adiante. É muito bom ver as mulheres mostrando a que vieram. E eu, claro, tenho muito orgulho de ser parte dessa história.
Você ainda enfrenta dificuldades para conseguir adversárias?
Agora está um pouco mais fácil. Veja essa menina que eu lutei hoje, a Jessica. Ela merece todo o meu respeito porque aceitou a luta com uma semana de antecedência, já  que a minha adversária inicial, a Martina Jindrova, se machucou. Ela foi muito guerreira. Eu não sei se eu aceitaria uma luta faltando apenas uma semana para me preparar, e olha que eu treino todos os dias. É difícil! Ela foi guerreira e eu admiro a atitute dela. No Invicta também está mais fácil, mas elas perguntaram se eu lutaria no peso de 70 kg. Ou seja, a gente tem que ter jogo de cintura para fechar os combates. As meninas fogem de mim, mas eu também não sou tão má assim (risos).
Na Chute Boxe, quando você começou, você treinava com Wanderlei Silva, Maurício Shogun, Anderson Silva... E hoje?
Eu ainda  treino com homem, faço sparring com o Tito Ortiz às vezes, bato nele um pouquinho (risos). É difícil encontrar mulheres para fazer sparring contra mim. Eu estou acostumada a treinar com homens e posso garantir que eles não aliviam o meu lado. A gente sai na porrada mesmo!

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