sábado, 1 de janeiro de 2011

RETROSPECTIVA 2010: na ginástica, tristeza de Diego e alegria de Jade

Lesão no pé faz ginasta amargar ausência no Mundial, que marcou a volta de Jade à seleção e ao pódio; Daiane dos Santos cumpre suspensão por doping

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro
Ginástica - Jade Barbosa comemora no mundial de RoterdãJade Barbosa comemora com seus técnicos  o
bronze em Roterdã (Foto: AFP)
No início da temporada, Diego Hypolito e Jade Barbosa dividiam o mesmo ginásio de treinamento, mas viviam momentos diferentes. O bicampeão mundial era só sorrisos. Os bons resultados se transformaram em rotina. O salto novo, visando um lugar no pódio nos Jogos de Londres-2012, funcionava e apontavam para um Mundial de sucesso. Enquanto isso, Jade vivia dias tumultuados. O impasse com relação ao seu contrato com a CBG a impedia de voltar a disputar competições internacionais. A situação a incomodava e o xodó da ginástica se isolava. Além disso, tinha que seguir lidando com as dúvidas causadas pela grave lesão no punho direito.
O panorama mudou. Diego foi freado por um problema no pé esquerdo, que teve de ser resolvido com um cirurgia na Suíça. E quem acabou indo para o Roterdã, disputar o Mundial, foi Jade, que voltou de lá com a medalha de bronze no salto sobre o cavalo e a certeza de que está novamente no caminho certo.
Quem também passou da angústia a alegria foi Daiane dos Santos. Depois de ter testado positivo para o uso de furosemida, a campeã mundial do solo em 2003 conseguiu convencer a comissão disciplinar da Federação Internacional (FIG) de que o uso da substância foi para tratamento estético e sem intenção de outro ganho. Os dois anos de suspensão caíram para apenas cinco meses. Ela voltou a competir no Paulista, em julho, mas, pouco depois, por questões burocráticas, teve de se afastar dos torneios por exigência da FIG já que precisaria aguardar a conclusão de novos exames para ser liberada.

Ginástica - Jade Barbosa no mundial de RoterdãJade Barbosa salta no Mundial de Roterdã
(Foto: AFP)
Jade Barbosa não sabia quando e se conseguiria voltar ao cenário internacional. Com o impasse entre o pai, Cesar, e a CBG, só restava a ela se empenhar para manter o corpo em forma e a cabeça no lugar. Com o problema resolvido, ela não desperdiçou a chance de mostrar para as adversárias que estava de volta, apesar de ter chegado fora de ritmo e desacreditada ao campeonato.
Três anos depois da medalha de bronze no individual geral, a ginasta voltou a subir no mesmo degrau do pódio de um Mundial. Agora no salto sobre o cavalo. Foi também à final do individual geral, mas ficou em 15º lugar.
Retornou também, sob muitos aplausos e com a timidez habitual, ao palco da cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico, para receber o troféu de melhor atleta do ano em sua modalidade.
No dia 29 de janeiro, a FIG tornou pública a suspensão de Daiane dos Santos, definida pela sua comissão disciplinar após investigar o resultado do exame antidoping feito em 2 de julho do ano passado. Na ocasião, a campeã mundial do solo em 2003 foi pega pelo uso de furosemida. A comissão disciplinar considerou o comportamento de Daiane "altamente negligente", mas aceitou suas explicações e decidiu pela suspensão de apenas cinco meses, e não pelo período de até dois anos que ela poderia ter pego pelo uso da substância.
Aos 16 anos, a russa Aliya Mustafina foi o maior nome do Mundial de Roterdã. Coube a ela, a última a se apresentar, roubar dos Estados Unidos a medalha de ouro e levar a Rússia ao primeiro título por equipes. Foi também a  primeira competidora em 13 anos a conseguir disputar finais em todos os aparelhos. Ela deixou a Holanda com outro ouro no individual geral e mais três medalhas de prata (salto, assimétricas e solo).
Ginástica - Alyia Mustafina no mundial de Roterdã A jovem Mustafina foi o grande nome do Mundial da Holanda (Foto: AFP)

Diego Hypolito vinha fazendo uma das melhores temporadas de sua carreira, que o levava a acreditar no tricampeonato mundial no solo. Mas os traumatismos repetitivos nos treinamentos provocaram uma lesão no pé esquerdo que o tiraram no Pré-Pan de Guadalajara e do Mundial de Roterdã. Em setembro, sua ida à competição foi vetada e o ginasta teve de ser submetido a uma cirurgia na Suíça. Ele não escondeu sua angústia e o medo de ter de deixar a ginástica. Agora a corrida é contra o tempo para poder disputar o Pré-Olímpico.
Logo depois da disputa do Mundial, Daniele Hypolito usou o Twitter para reclamar a falta de apoio dos patrocinadores. Desde julho sem patrocínio, a experiente ginasta disse que no Brasil era preciso ser mais do que herói para ser valorizado. Reclamou da falta de invetimento no país que receberá as Olimpíadas de 2016.  Em Roterdã, Daniele comemorou seu retorno às competições internacionais e o 18º lugar no individual geral.
Ginástica Marian Dragulescu Mundial de RoterdãMarian Dragulescu decepcionou na Holanda
(Foto: AFP)
Sem Diego Hypolito e o chinês Zou Kai, Marian Dragulescu tinha o caminho aberto para brilhar no Mundial. Mas passou longe disso. Dono de oito títulos na competição, o romeno ficou fora de todas as finais individuais e ainda sofreu quedas, chegando a receber uma das notas mais baixas entre os competidores da barra fixa.
Em setembro, Dragulescu teve uma contusão no pé direito e quase não treinou para o campeonato que reúne a nata da modalidade.
Diego Hypolito depois da cirurgiaDiego após cirurgia (Foto: Bianca Rothier / TV Globo)
Diante de uma lesão considerada rara, Diego Hypolito não escondeu sua angústia. Antes do embarque para a Suíça, a confiança e o pensamento positivo, que tanto marcam sua personalidade, mostraram-se abalados.
- Sempre que você se lesiona, passa um furacão na sua vida. Ultimamente é o que eu me queixo muito, porque hoje não tenho mais essa força emocional toda que eu tinha para segurar essa barra, por isso eu fico triste.

Sérgio Sasaki, e 18 anos, é apontado pela CBG como uma de suas maiores promessas para a próxima temporada. Em 2010, ele ficou com a medalha de prata no salto no Pré-Pan de Guadalajara e conseguiu o melhor resultado da desfalcada da seleção masculina no Mundial. Só não conseguiu repetir o feito da edição anterior, quando ficou entre os 24 finalistas no individual geral. Em Roterdã foi o 46º, mas ajudou a equipe brasileira a se classificar para o Pré-Olímpico.
Sergio Sasaki Ginástica OlímpicaSergio Sasaki é a aposta da CBG para a próxima temporada da ginástica (Foto: Divulgação)

 

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