RETROSPECTIVA 2011: com amplo domínio, Vettel leva o bicampeonato
Alemão domina desde o início, vence 11 corridas, bate recorde de poles em uma temporada, com 15, e leva título com quatro provas de antecedência
Vettel acabou levando o bicampeonato mais jovem da história da Fórmula 1, aos 24 anos, três meses e seis dias. Ele simplesmente aniquilou Mark Webber, seu companheiro de equipe, que venceu apenas uma vez e foi só o terceiro no campeonato. A McLaren, com Jenson Button e Lewis Hamilton, até tentou chegar, mas não foi páreo para a RBR. Já a Ferrari deixou a desejar mais uma vez e triunfou apenas na Inglaterra, com Fernando Alonso.
O ano também foi marcado pelas polêmicas envolvendo Felipe Massa e Lewis Hamilton, que tiveram desempenhos ruins. O brasileiro e o inglês protagonizaram nada menos do que seis incidentes de pista em 2011. No final, fizeram as pazes com um abraço no GP do Brasil.
Vettel com a taça da F-1 2011 (Foto: AFP)
Sebastian Vettel (RBR)Quando todos achavam que a temporada seria equilibrada, este alemão veio e colocou esta ideia por terra. Com muita facilidade, ele se tornou o mais jovem bicampeão da história da Fórmula 1. A RBR, sua equipe, fez mais uma vez o melhor carro do ano, com Adrian Newey, o mago da aerodinâmica.
Se na conquista anterior ele só liderou o campeonato após a última corrida, desta vez, dominou desde o início. Em sua curta carreira na Fórmula 1, o alemão não demorou a deixar sua marca nas estatísticas da categoria. Em pouco mais de quatro anos de atividade, ele derrubou praticamente todos os recordes de juventude que encontrou pelo caminho. Muitos deles de Fernando Alonso.
Além disso, em seu quinto ano de carreira, além dos dois títulos, Vettel já detém 21 vitórias, 30 poles e nove melhores voltas, marcas parecidas às obtidas por duas lendas da F-1 no mesmo número de temporadas: Ayrton Senna e Michael Schumacher. A permanecer neste ritmo, o alemão poderá, em breve, até bater os números dos dois.
O dia 9 de outubro entrou para a história da Fórmula 1 após a conquista de Sebastian Vettel. Após a pole sensacional no sábado e a largada ousada no domingo, quando fechou Jenson Button e manteve a ponta, o alemão parecia disposto a repetir o roteiro de domínio no GP do Japão. Nem precisou. O desgaste dos pneus macios em Suzuka mudou um pouco a história da corrida, mas não um destino que já parecia traçado há muito tempo. Atrás de apenas um ponto, o alemão da RBR fez uma prova sem riscos e cruzou em terceiro. Foi o suficiente para se tornar o mais jovem bicampeão da categoria, aos 24 anos, três meses e seis dias. A marca anterior pertencia a Fernando Alonso, que em 2006 levou o segundo título com 25 anos, dois meses e 24 dias.
Sergio Pérez na Malásia (Foto: Divulgação/Sauber)
Sergio Pérez (Sauber)O mexicano começou o ano sob muitas dúvidas. Vice-campeão da GP2, ele estreava na Fórmula 1 pela Sauber, mas contando com a ajuda do endinheirado empresário Carlos Slim, que praticamente pagou sua vaga. Entretanto, bastaram poucas corridas para esta impressão se dissipar. Ousado, Pérez conseguiu boas ultrapassagens, mas revelou habilidade também na conservação dos pneus.
O bom desempenho do mexicano de 21 anos colocou pressão no japonês Kamui Kobayashi, tido como uma das maiores revelações dos últimos anos, que começou a cometer erros primários. Apesar de ter ficado à frente de Pérez no campeonato, sua reputação sofreu um leve abalo.
Pérez também não escapou dos sustos. No treino classificatório em Mônaco, ele cometeu um erro na saída do túnel e bateu forte na barreira de proteção da curva seguinte. Por causa disso, ele acabaria fora do GP do Canadá por ainda se sentir tonto por causa da batida.
Mark Webber no GP do Brasil (Foto: Getty Images)
Mark Webber (RBR)O australiano viveu uma temporada complicada. Terceiro colocado no campeonato, Mark Webber venceu apenas uma corrida contra 11 do companheiro. Além disso, ele ficou longe da briga pelo título, monopolizada pelo alemão da RBR.
O desempenho ruim rendeu várias críticas e várias justificativas também. Segundo o australiano, ele demorou a se habituar com os pneus Pirelli, que estrearam nesta temporada. As largadas também foram prejudicadas e o australiano foi um dos pilotos que mais perdeu posições no começo das corridas em 2011.
De contrato renovado, Webber precisa ficar atento. Aos 35 anos, sua aposentadoria já é especulada há tempos. Ele tem a sombra agora do compatriota Daniel Ricciardo e do francês Jean-Eric Vergne, que foram confirmados na STR, espécie de time júnior da RBR, para a temporada 2012.
Foi um dos grandes assuntos do ano. Felipe Massa e Lewis Hamilton, rivais no campeonato de 2008, fizeram temporadas ruins e se encontraram várias vezes ao longo das 19 etapas. Foram nada menos do que seis incidentes de pista entre ambos em 2011. Até discussões em entrevistas os dois tiveram. Após o GP do Brasil, entretanto, um avanço. Logo após a corrida, enquanto Massa atendia os jornalistas brasileiros, Hamilton interrompeu a conversa para dar um abraço no colega. Um gesto que rendeu aplausos de quem estava no local.
- Nunca tive nada contra ele, sempre o respeitei em todos esses anos. E depois de tudo o que aconteceu neste ano, achei muito bacana ele vir aqui falar comigo. Eu é que não iria lá, porque não fiz nada de errado. Agora é pensar no ano que vem, em ter um carro melhor. Até para evitar esse tipo de situação que a gente viveu: eu com um carro onde estava sempre em dificuldades, na frente dele, e ele com um carro melhor, atrás, querendo passar.
Hamilton e Massa se cumprimentam após o GP do Brasil (Foto: Alexander Grünwald/GLOBOESPORTE.COM)
Vettel brinca com Nigel Mansell após bater o recorde de poles em uma temporada (Foto: Getty Images)
Vettel é humilde sobre marcas (Foto: Getty Images)
Vettel, sobre os recordes de Schumacher"O que Michael conseguiu está muito longe do que fiz até agora. Por isso não dá para estabelecer isso como um alvo. Não é muito sobre recordes, é sobre focar em cada passo que se dá. Seria errado dizer que eu quero quebrar esse ou aquele recorde porque está perto. Se você fizer isso, estará pensando mais no recorde do que em como quebrar o recorde. Acho que assim você falharia. É melhor focar no que você deve fazer."
Uma corrida antes, no GP da Europa, em Valência, a FIA proibiu a mudança do mapeamento de motores do treino classificatório para a corrida. Apenas os pilotos poderiam fazer isso, pelo volante, com uma série de pré-programações decididas com o engenheiro. Para a Inglaterra, a entidade foi mais radical. A RBR, primeira a fazer isso, montou um sistema que permite que esses gases sejam liberados para o difusor mesmo quando o piloto não esteja acelerando. Assim, a aderência é constante. A FIA, então, limitou o uso desse sistema a 10%.
No fim de semana de Silverstone, a FIA protagonizou três reviravoltas no tema. Primeiro, obrigou as equipes a usar apenas 10% do difusor, mas permitiu que as escuderias de motor Renault (incluindo a RBR) usassem 50%. No treino classificatório de sábado, o panorama mudou: todos ficaram com 10%, menos a Mercedes, que provou precisar de 20%. Após toda a confusão, a FIA revogou a mudança de regra após a anuência de todas as equipes da F-1.
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